Quando a dor vira campo: o luto como experiência afetiva na clínica gestáltica

Resumo

Este trabalho apresenta uma reflexão sobre o luto sob a perspectiva da Gestalt-terapia, articulando uma experiência clínica nascida de uma vivência pessoal, elaborada a partir do compartilhamento de tal processo em uma rede social profissional e as repercussões de tais eventos dentro da prática clínica. Parte-se de uma revisão breve e crítica das contribuições da psicologia sobre o luto, deslocando o foco para a dimensão relacional, sensível e singular do sofrimento. Apresenta-se a clínica gestáltica como espaço de escuta estética e ética, que sustenta a experiência do luto como gestalt inacabada, mobilizando o corpo, a figura e o fundo do campo existencial. Aborda-se a potência do vínculo terapêutico e as tensões específicas do luto em territórios vulneráveis, enfatizando o caráter coletivo e político da dor. Reflete sobre o corpo enlutado e as possibilidades criativas da elaboração simbólica.