O que é?

Frigidez é uma disfunção ou alteração da função sexual feminina, principalmente no que tange ao desejo sexual. Apresenta-se como um bloqueio total ou parcial da resposta psico-fisiológica de excitação. A frigidez é classificada pelo DSM IV (classificação norte americana de doenças mentais), como "transtorno do desejo sexual hipoativo".

As características principais deste transtorno são a deficiência ou ausência de fantasias sexuais e a ausência do desejo de ter atividade sexual, com conseqüentes sofrimentos ou dificuldades interpessoais. A mulher pode vivenciar este quadro na totalidade da expressão de sua sexualidade (global), ou apenas com determinado parceiro ou em situações específicas (situacional).

A mulher que vive este transtorno tem pouca ou nenhuma motivação para a atividade sexual. Ela dificilmente procura o parceiro para uma relação sexual e quando este a procura tende a relutar em acompanhá-lo. Ela tem a tendência a não se sentir frustrada ao ficar privada de oportunidades de vivenciar sua sexualidade.


De onde vem?

A primeira grande divisão que devemos fazer entre os diversos fatores que concorrem para o surgimento deste quadro, é em relação à origem: psicológica, orgânica ou se envolve os dois fatores. Citaremos aqui as causas mais freqüentes:

Origem orgânica: dispareunias (dor na relação sexual), alterações hormonais, debilidade física em função de doenças ou pelo uso incorreto de medicamentos.

Origem psicológica ou social: educação sexual castradora, fatores religiosos, tabus, crendices, violência sexual (abuso ou estupro), medo de engravidar, experiências obstétricas traumáticas, envelhecimento, dificuldades do cotidiano, baixa auto-estima, auto-exigência exacerbada, ansiedade, excessiva preocupação com o desempenho, insegurança, estresse, depressão, desconhecimento do próprio corpo, dificuldades ligadas a adicção.

Um outro conjunto de fatores muito comum está ligado a qualidade da relação afetiva. É muito freqüente a visita ao consultório de mulheres que se consideram frígidas por não conseguirem viver a sexualidade no casamento. Quando observamos com mais cuidado, o casamento está extremamente desgastado, sem diálogo e com uma montanha de ressentimentos entre os cônjuges. Percebe-se uma monotonia conjugal, com práticas sexuais pouco gratificantes. Essas mulheres se sentem frustradas por não conseguirem viver a relação sexual com alguém com quem não se sentem bem. Em outras palavras, queixam-se por não poderem fazer amor com alguém que efetivamente não estão amando naquele momento. A busca da sexualidade em uma relação que não traga segurança também pode resultar em fracasso, isso é muito comum, por exemplo, em relações extraconjugais, onde em alguns casos o sentimento de culpa e o medo se fazem presentes de forma impeditiva.


Como tratar?

Quando a origem é emocional existem dois caminhos de tratamento. Um passa pelo processo psicoterapêutico da mulher que apresenta os sintomas e o outro passa pela terapia de casal. Em determinadas situações a conjunção dos dois processos se faz necessária. A superação de um quadro como esse passa pelo aprendizado, pelo autoconhecimento e normalmente gera transformações que vão além da sexualidade, tendo expressão nas diversas áreas da vida humana. O espaço que existe para facilitar esse aprendizado, esse desenvolvimento é o espaço terapêutico, onde um profissional especializado orienta o indivíduo no seu processo de desenvolvimento pessoal.

No atendimento individual a ampliação do autoconhecimento permite que a mulher identifique como está construindo tal sintoma, o que gera a natural superação do quadro. Na terapia de casal a busca é de aprender sobre o funcionamento daquela relação, sobre como o casal está fazendo para se distanciar, para se desencontrar. Não existe uma receita pronta sobre como vai acontecendo o desgaste dos casais. Cada casal é único e isso pode acontecer de muitas formas diferentes. No consultório podemos observar com muita freqüência como vai sendo criada uma montanha de lixo entre as duas pessoas, ressentimentos, mágoas, frustrações, etc. Aos poucos essa montanha torna-se tão grande que os cônjuges passam a não se enxergarem mais, a relação vai se estagnando, se tornando repetitiva, previsível e extenuante. Em alguns casos a sexualidade passa a ser uma obrigação, não mais um prazer.

Quanto à origem orgânica o encaminhamento é dado pelo ginecologista de acordo com o quadro de cada mulher.

Quando observamos tanto fatores emocionais quanto orgânicos na origem do quadro de frigidez, o tratamento indicado é o acompanhamento em psicoterapia associado ao tratamento ginecológico.

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