A mãe perfeita: idealização e realidade.

Autores/as

  • Julia Gama Tourinho

Palabras clave:

Maternidade, Relação mãe-bebê, identidade de gênero, representações sociais.

Resumen

O objetivo do presente trabalho é fazer uma reflexão sobre o papel social da mãe, discutindo o conjunto de atitudes, comportamentos e sentimentos que são esperados que a mulher incorpore a partir do momento em que ela se descubra grávida. É avaliada aqui a construção do ideal materno, a quem serve e serviu e que conseqüências trouxe para a sociedade em geral. Revisitando dados históricos do século XIX ao XXI, têm-se uma visão de como a concepção de mãe e seus valores veio se transformando e como esta transformação prossegue, conseqüência da maior participação da mulher no mercado de trabalho. As normas sociais impostas fazem operar uma série de mecanismos psicológicos que vão desde a culpa ao medo para que esses ideais maternos sejam incorporados pelas mulheres. A construção social do ideal materno no ocidente advém da própria transformação dos conceitos e ideais de criança e família, transformação que se tem documentada desde início no século XVI e arrastou-se lentamente pelos séculos. De reprodutora à responsável pela saúde da família, o papel da mulher como mãe assumiu uma configuração que perdura até os dias atuais. A própria psique feminina foi sendo transformada para que as mulheres aceitassem as novas concepções de amor pelo filho como instintivo, incondicional e dotado de algo divino o que tornou inconcebível uma mulher recusar-se a cuidar de seu filho: os ideais da sociedade, guiados pelo pensamento masculino, estiveram presentes em todo este processo, principalmente em transformações mais recentes, quando um ideal romântico foi posto na ordem do dia. As mulheres casavam-se por amor e, por este sentimento, ao homem e à família, aceitava os sacrifícios que lhes eram impostos, pelo bem de seus filhos. No Brasil não foi diferente e graças à imprensa do século XIX, estes ideais foram rapidamente difundidos e incorporados pela sociedade brasileira. A finalidade política e econômica se torna clara conforme aprofunda-se a leitura desta monografia. Os ideais do Positivismo não podem deixar de serem notados, pois o que se buscava era a normatização dos costumes higiênicos e morais para o alcance do progresso social. No início do século XX, com o advento da Psicanálise, das duas Grandes Guerras, da entrada cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, mais uma vez os ideais de amor materno ideal se vêem abalados. As idéias de S. Freud, D. Winnicott e C. Serrurier são comentadas nesta obra, na tentativa de compreender a transformação do papel social de mãe na atualidade: além da saúde física, está envolvida também a saúde mental da criança. Através do panorama da evolução dos costumes e papéis sociais constata-se a caminhada das mulheres ao mercado de trabalho e dos homens aos cuidados com os filhos e a casa. No entanto para evitar o adoecimento da família é necessário que haja debates acerca das novas posições e a flexibilização das rígidas divisões de trabalho entre o feminino e o masculino. E essa é a proposta desse trabalho: uma reflexão sobre a maternidade e uma possível reconfiguração de papeis já que se mulheres e homens descreditarem a maternidade como uma vocação inata e romperem as barreiras impostas pelo mito, o futuro será uma sociedade onde não existirá mais trabalho exclusivo para qualquer um dos sexos.

Publicado

2006-08-29

Cómo citar

Tourinho, J. G. (2006). A mãe perfeita: idealização e realidade. IGT Na Rede ISSN 1807-2526, 3(5). Recuperado a partir de https://igt.psc.br/ojs3/index.php/IGTnaRede/article/view/12

Número

Sección

Artigos produzidos a partir de monografias