CF 05: O GESTALT-TERAPEUTA DIANTE DO SUICÍDIO

Autores

  • Karina Okajima Fukumitsu

Resumo

CF 05: O GESTALT-TERAPEUTA DIANTE DO SUICÍDIO Karina Okajima Fukumitsu Psicologia Suicídio é um ato que fala, cala e surpreende. É um gesto de comunicação e ao mesmo tempo, de falta de comunicação, de recusa e de transgressão... Quem sofre a morte pelo suicídio é um sobrevivente, crença, neste trabalho, justificada pela compreensão de ser o suicídio um fenômeno que provoca no sobrevivente o pensamento de que a morte poderia ser evitada surgindo a ideia fantasiosa de que “se eu estivesse lá, poderia contornar a situação” e, consequentemente, lidar com um turbilhão de sentimentos. O que o suicida deseja – se é que deseja – transmitir? Qual é o significado do ato de se matar? Finalizar um sofrimento ou um ato de desespero? Representaria uma falta de sentido de vida para um ato tão sem sentido? Uma retroflexão? Um assassinato? Um duelo entre o assasino e o assasinado que se encontram na morte? Muitas perguntas para pouquíssimas respostas. O fato é que o sobrevivente do suicídio nunca terá, provavelmente, todas as explicações e respostas para a vastidão de suas questões. É a dicotomia entre a vida e a morte. É o tudo e é o nada... O gestalt-terapeuta acredita na ampliação da awareness, mas como pode colocar-se a serviço de ser facilitador quando a awareness de uma pessoa se apresenta com má qualidade? Perls, Hefferline e Goodman (1997, p.150) em Gestalt-terapia afirmam: “Nossa relutância em arriscarmos é obviamente um medo de que, se perdermos isso, não teremos nada; preferimos comida de qualidade inferior a nenhuma comida; habituamonos à escassez e à fome” e, mesmo sem tantas respostas, a autora pretende arriscar e ousar, porque pretende trazer à luz reflexões sobre o manejo do gestalt-terapeuta diante do suicídio. Salienta-se a palavra ousar, pois se considera que a conferência não ofertará respostas, tampouco não será apresentado um modelo único de atuação, mas terá a intenção de provocar reflexões (e talvez mais questões sem respostas), a fim de compartilhar, com os interessados, as intervenções e o manejo que a experiência com pessoas que tentam suicídio, bem como os atendimentos aos sobreviventes enlutados que puderam contribuir para prática em psicoterapia. Acredita-se que o manejo psicoterapêutico pôde ser favorecido por alguns pontos a serem abordados: (1) a fé permanente na vida e por isso a autora considerar-se amante da vida; (2) a crença de que aquele que se propõe a compreender os fenômenos humanos necessita perceber os fenômenos da vida com olhos ingênuos, tolerando inclusive a falta de fé do outro com quem se relaciona; (3) a persistente curiosidade pelos assuntos que se referem à vida e à morte do ser que é humano, considerando o ser percebido tanto como verbo quanto como substantivo, tema do congresso do nosso aqui-agora. Palavras-chave: Suicídio. Gestalt-terapia. Manejo Psicoterapêutico.

Publicado

2014-09-19