Um diálogo acerca da esquizofrenia e Gestalt-terapia

Autores/as

  • Ana Carolina Pacheco de Paula
  • Marcele de Januário

Palabras clave:

esquizofrenia e Gestalt-terapia

Resumen

Este texto foi construído durante o curso de Especialização das autoras, no curso de Psicologia Clínica (Gestalt-Terapia, Indivíduo, Grupo e Família) no IGT- Instituto de Gestalt-Terapia e Atendimento Familiar no Rio de Janeiro. Neste trabalho estaremos discutindo o atendimento à portadores de esquizofrenia, sob a visão gestáltica do mesmo, relatando as possíveis intervenções e entendo a esquizofrenia e as psicoses, como uma forma de ajustamento criativo, que pode ser chamado de ajustamento psicótico. Partiremos de pressupostos teóricos e visões de produções teóricas sobre o tema, somado a experiência prática das autoras e de profissionais de saúde mental no atendimento à portadores de transtornos mentais. Este tema mostrase relevante, tendo em vista a im portância de construirmos reflexões teóricas, visando uma otimização das intervenções e atendimentos realizados à esses clientes. Define-se a Esquizofrenia como um dos transtornos mentais mais graves que existe, seja por sua sintomatologia, seja pela prevalência mundial (cerca de 1% da população, segundo dados da Organização Mundial da Saúde – OMS). A esquizofrenia se manifesta no final da adolescência ou no início da vida adulta, tanto nos homens quanto nas mulheres, podendo igualmente ocorrer na infância ou meia-idade, sem predileção por qualquer camada sóciocultural. Considerando o diagnóstico em Gestalt terapia como um diagnóstico processual, as informações contidas nos instrumentos de classificação das doenças (CID-10 e DSM IV), não devem ser descartadas, porém não devem contaminar a visão do terapeuta sobre a singularidade de cada cliente. As classificações diagnósticas devem ser informações somadas aos demais instrumentos utilizados pelo terapeuta no processo diagnóstico. O diagnóstico deve ser construído no contato, dentro do ambiente terapêutico, onde além das classificações da patologia, de testes dentre outros instrumentos, um dos principais instrumentos no processo diagnóstico é o terapeuta. Perls em seus constructos teóricos não fez nenhum trabalho específico sobre o tema, porém nos deixou pistas sobre uma forma de compreensão da esquizofrenia e da psicose, como um mal funcionamento do fenômeno figura-fundo (Perls, 1942, p.38).Apesar de expressar o desejo de escrever algo sobre o tema e relatar seu envolvimento com um trabalho de pesquisa com foco nas psicoses em geral e na estrutura da esquizofrenia, essa luz sobre “misteriosa doença”, está sendo construída por gestaltistas na atualidade. Atualmente vários autores crêem que uma base fenomenológica da teoria do Self pode nos auxiliar, na compreensão da forma singular do portador de esquizofrenia relacionar-se com o mundo, levando em consideração as pistas deixadas por Perls, e seu entendimento desta forma singular, como um mal funcionamento do fenômeno figura-fundo.(Perls,1969,p.173-5) O casal Muller-Granzotto (2008) propõe uma hipótese psicodinâmica sobre a psicose. Tendo em vista esses aspectos os autores ainda concluem, que a função do ID de formação do fundo, fica comprometida e não cumpre corretamente com sua função, reforçando a idéia sugerida por Perls de um mal funcionamento figura-fundo; por este motivo a função do EGO que pode ser caracterizada pela função motora e lingüística, estaria prejudicada por não possuir algo que embasasse sua busca por contato e o SELF, nesta circunstância, responde de maneira rígida. Essa forma de ajustamento do sistema SELF, pode ser observada no comportamento rígido e repetitivo, apresentado pelos clientes e pode ser chamada de ajustamento psicótico ou como é sugerido pelos autores Marcos e Rosane Muller- Granzotto(2008), como ajustamento de busca. Esse ajustamento é uma forma singular de responder às situações vivenciadas e daquilo que é criado em suas mentes, a partir de experiências vividas, sonhadas, criadas e imaginadas, que tem um sentido singular para o sujeito. No atendimento à pessoas com transtorno mental o terapeuta é um instrumento valioso, para possibilitar a abertura de um leque de possibilidades para nossos clientes. A relação dialógica que se dá no setting terapêutico, funciona como “um ensaio” das relações do mesmo com o mundo e com os outros. Tudo o que é vivenciado nas oficinas terapêuticas nos atendimentos individuais, é ampliado nas relações com o mundo. O atendimento à pessoas com transtorno mental não está restrito ás instituições públicas e privadas de caráter “hospitalocêntrico”, é cada vez mais comum encontrarmos portadores de esquizofrenia por exemplo, buscando atendimento individual em consultórios particulares de psicólogos. Por isso é importante que todos os profissionais estejam preparados para realizar o acolhimento e atendimento dos mesmos, despidos de preconceitos e refletindo sobre a especificidade deste quadro clínico, que é relevante embora não seja, determinante ou limitador, de como será o andamento dos atendimentos ao mesmo. No trabalho com pessoas portadoras de esquizofrenia o terapeuta deve ter como foco principal as possibilidades desse indivíduo organizar-se e relacionar-se com o mundo e com os outros, não tendo sua sintomatologia, como um empecilho de inclusão social e familiar, nem como algo que o condicione a viver à margem da sociedade. É necessário que esse individuo seja encorajado, a ir em busca de sua própria identidade e de sua forma de se fazer presente no mundo. Palavra 1: Esquizofrenia Palavra 2: Gestalt-terapia Palavra 3: Atendimento Modalidade de apresentação: Comunicação/Tema Livre Área de concentração: Contribuições teóricas

Publicado

2015-12-01