Corpo e Saúde: um olhar gestático para as possibilidades de intervenção com adoecimento orgânico

Autores/as

  • Ana Carolina Seara
  • Maria Balbina Gappmayer

Palabras clave:

ADOECIMENTO ORGÂNICO

Resumen

Na atualidade, observam-se grandes mudanças, sejam relativas à área científica ou à de recursos tecnológicos, permitindo que as pessoas vivam mais anos. Entretanto, nem sempre o aumento de expectativa de vida é acompanhado por uma significativa qualidade de vida. E esse tempo a mais de vida se reflete nos consultórios com um grande número de pessoas em busca de ajuda em função de adoecimento orgânico. Os desafios dos clínicos gestálticos nesse sentido é buscar em outros campos de atuação saberes que possam ampliar o olhar gestático para o corpo, a saúde e as formas de viver no mundo atual. Receber um diagnóstico médico, no caso de doenças graves, é uma situação que envolve muitos sentimentos. Nesses casos, a s pessoas se deparam com a perda de algo que tinham como certo, sua saúde ou parte do corpo. O desespero e a aflição são os sentimentos mais comuns que acompanham essas situações, bem como as situações em que, por algum motivo, é necessária a amputação de parte do corpo. Já, nos casos de adoecimento crônico e/ou doenças de repetição, deparamo-nos com pessoas que não estão conseguindo identificar a relação entre a sua forma de viver e os sinais que seu corpo lhe revela através do adoecimento. Nossas formas contemporâneas de viver muitas vezes afastam o ser humano do conhecimento, aparentemente simples, sobre seu próprio corpo. Delega-se aos profissionais de saúde o poder que se poderia ter sobre o seu organismo. Por desconhecimento ou negligência, toda a responsabilidade é repassada para outros. Nesse sentido, estamos diante de ajustamento de evitação (ou neurótico), em que o sujeito abre mão do seu desejo em relação ao outro social.Quando se perde uma parte do corpo ou quando uma das funções que o corpo desempenha está comprometida, perde-se algo que faz parte do reconhecimento enquanto indivíduo; perde-se parte da identidade social, a pessoa não se reconhece mais como saudável, não tem mais um corpo que funcione perfeitamente. A esse sofrimento, na clínica Gestática, dá-se o nome de sofrimento antropológico, que faz parte da leitura da Clínica da Inclusão, proposto por Müller-Granzotto e Muller-Granzotto (2012); e o sentimento evidenciado nessa clínica é o sofrimento ético, político e antropológico (pedido de socorro frente à exclusão que o sujeito vive em diferentes contextos). Para fazer as intervenções na Gestalt-terapia, o clínico toma como base o que sente diante do paciente e do lugar em que ele é convidado a ocupar. A partir disso, ele pode identificar se está diante de um quadro de sofrimento ético, político e antropológico, ajuste evitativo (neurose) ou frente a outras for mas de ajustamento. Ou seja, o clínico gestático é seu próprio instrumento de trabalho, pois é a partir de seu corpo que ele vai poder identificar quais os caminhos a seguir, e a fazer uso disso em proveito daquele que está atendendo(intervenção). Assim, o objetivo desta proposta é refletir sobre novas formas de se trabalhar com a demanda de pacientes com relato de adoecimento, seja ele relativo ao sofrimento ético-político e antropológico, seja relacionado a um quadro neurótico. A Gestalt Terapia entende que o aparecimento de uma doença desencadeia não só a disfunção do corpo, ou uma parte deste, mas priva o próprio sistema self de assumir uma identidade objetiva (função personalidade) a partir das experiências de campo. A falta de dados não deixa o sistema self agir como função de ego (Clínica da Inclusão). Nos casos de ajustes neuróticos, deparamo-nos com o uso da doença (ou sintomas) como uma forma de evitar o contato com suas reais necessid ades. Para dar conta desta proposta, escolhemos o formato de minicurso de 1h45 de duração, em que abordaremos aspectos teóricos, manejo clínico e relatos de casos relativos ao adoecimento orgânico. Palavras Chave: Adoecimento, Saúde, intervenção REFERÊNCIAS: MÜLLER – GRANZOTTO, Marcos José; MÜLLER – GRANZOTTO,Rosane Lorena. Fenomenologia e Gestalt-Terapia. São Paulo: Summus, 2007. MÜLLER – GRANZOTTO, Marcos José; MÜLLER – GRANZOTTO, Rosane Lorena. Psicose e Sofrimento. São Paulo: Summus, . 2012. MÜLLER – GRANZOTTO, Marcos José; MÜLLER – GRANZOTTO, Rosane Lorena. Clínicas Gestálticas. São Paulo: Summus, . 2012. PERLS, F., HEFFERLINE, R., GOODMAN, P. 1951. Gestalt-Terapia. São Paulo: Summus, 1997. SCHNAKE, Adriana. Enfermedad, sintoma y caráter: diálogos gestálticos con el cuerpo. Buenos Aires: Del Nuevo Extremo: Cuatro Vientos, 2007. SCHNAKE SILVA, Adriana . La Voz Del Síntoma. Santiago do Chile: Editorial Cuatro Vientos, 2001. SCHNAKE , Adriana . Los diálogos del cuerpo. Santiago do Chile: Editorial Cuatro Vientos, 1995. Público-alvo: Terapeutas que tenham interesse em conhecer novas formas de trabalho para pessoas com relato de adoecimento orgânico. Modalidade de apresentação: Minicurso

Publicado

2015-12-01