MT 04: O MITO DE JONAS: CONTRIBUIÇÕES PARA A COMPREENSÂO DA AUTO-REALIZAÇÂO EM GESTALT-TERAPIA

Autores/as

  • Aparecida Brodoloni
  • Renata Stapani

Resumen

MT 04: O MITO DE JONAS: CONTRIBUIÇÕES PARA A COMPREENSÂO DA AUTO-REALIZAÇÂO EM GESTALT-TERAPIA Aparecida Brodoloni Renata Stapani Aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo... E aventurar-se no sentido mais elevado é precisamente tomar consciência de si próprio. KIERKGAARD O homem sob a ótica da Gestalt-terapia é compreendido como sendo sujeito de suas escolhas diante de uma realidade mutável e processual, responsável por si e por sua existência, descobrindo-se e fazendo-se a si mesmo, a cada instante, num constante vir a ser. Mesmo considerando a realidade que lhe é imposta pelos acontecimentos da vida, ele é livre para escolher dentre as possibilidades que esta realidade lhe oferece Impulsionado pela busca da auto-realização seus esforços se dão no sentido de realizar-se em sua plenitude, sendo capaz de lidar de forma criativa com as adversidades, podendo refazer-se mesmo nas situações mais desfavoráveis, abrindo-se para o contato com o novo, sempre em busca do sentido de sua existência. Capaz de contemplar e encantar-se com o mistério que permeia a vida e a existência, é um ser transcendente. Contudo ao exercer sua singularidade viverá de modo particular os chamados que se apresentarão ao longo da vida: o que é encantamento para um, pode ser vivido como terror pelo outro, o que pode ser desafio para alguns pode ser paralisação para outros O personagem Jonas, encontrado no Livro do Antigo Testamento, ilustra belamente a faceta do humano relativa ao medo diante do desafio de crescer, de se auto-realizar e de transcender. Em sua obra Perls enfatiza o potencial humano e a importância do contato para que o organismo possa se desenvolver plenamente. Somos testemunhas (do nosso próprio viver e na clínica) de que quando o contato é interrompido através de mecanismos de evitação o indivíduo paralisa seu crescimento impedindo sua auto-realização. Através do medo (de crescer, de se deparar com o novo, de se inovar...) ele interrompe e imobiliza sua ação prejudicando o encontro com novas possibilidades e as esperadas realizações. Tanto mais autêntico e em contato com suas questões fundamentais mais auto-realizado será o homem, podendo assim se lançar a novos desafios Acreditamos que o medo possa se revelar através de diferentes formas de existir: preguiça, irritação, sentimento de incapacidade, inferioridade, falta de confiança em si, pensamentos do tipo “por que eu?” e “agora não, deixa para depois”, ou mesmo preferindo ignorar o desafio. O indivíduo oscila entre a atração e o edo que o desejo lhe desperta. Enquanto se abre para a descoberta, teme o desconhecido. Isto é, o novo lhe provoca ao mesmo tempo fascínio e temor, forças opostas exercendo pressão no desejo essencial, no chamado interior da sua alma. Neste foco do medo, sentido diante do desafio de alcançar novas conquistas, daremos ênfase as seguintes dimensões existenciais: medo de ser diferente dos outros (medo de se destacar de alguma forma), medo do sucesso, medo das mudanças e medo de se conhecer. Entendemos que atender nosso desejo pessoal (essencial, como diz LeLoup) é cumprir a nossa missão singular e assim, caminhar no sentido existencial da saúde integral. Nosso trabalho pretende contemplar o medo existencial que surge diante do desafio do novo, do sucesso e da singularização - como busca de seu chamado pessoal, traçando um paralelo entre o Livro de Jonas e os conceitos da Gestalt-terapia. Bibliografia BEISSER. A. R. In: FAGAN, J. e SHEPERD, I. Gestalt Terapia. Teoria, Técnicas e Aplicações. Rio de Janeiro: Zahar, 1986. CIORNAI, S. “Relação entre Criatividade e Saúde na Gestalt Terapia”. Revista do I Encontro Goiano de Gestalt Terapia, 1995. KIYAN, A. M. e a gestalt emerge. Vida e obra de Frederick Perls. 2 ed. São Paulo: Altana, 2006. LELOUP, J. Y Caminhos da realização- dos medos do Eu ao mergulho no Ser. São Paulo: Ed. Vozes, 1998. PERLS, F. A Abordagem Gestaltica e Testemunha Ocular da Terapia. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara 1988. PERLS, F.; HEFFERRLINE R.e GOODMAN P. Gestalt Terapia. 2 ed. São Paulo: Summus, 1997.

Publicado

2014-09-19