MC13: A GESTALT-TERAPIA VAI ÀS COMUNIDADES

Autores/as

  • Naila Reis
  • Monica Botelho Alvim

Resumen

MC13: A GESTALT-TERAPIA VAI ÀS COMUNIDADES Monica Botelho Alvim Naila Reis Esta mesa propõe apresentar e colocar em diálogo duas experiências de trabalhos em comunidades, fundamentadas na Gestalt-Terapia, discutindo suas premissas orientadoras. O projeto “Eu Sou Comunidade Consciente” promove ações de assistência clínica em psicologia comunitária, com o objetivo de estimular reflexão e ação em atividades que abordam questões como empoderamento, construção de identidade consciência cidadã, mobilização social, entre outras, com a população da Vila DNOCS, no Distrito Federal. O Projeto é coordenado pelo NUPISAG, do IGTB, que tem como missão utilizar o referencial da Abordagem Gestáltica na construção de um modelo de assistência clínico-social, fundado na ação ética, visando a transformação comunitária. O projeto Expressão e Trans-forma-ação é um projeto de extensão e pesquisa da UFRJ realizado com grupos de adolescentes em comunidades cariocas. Tem como eixo central o trabalho de produção artística com grupos de adolescentes, visando a experiência expressiva e transformadora dos participantes – processos de subjetivação de adolescentes em comunidades. Trata-se de uma pesquisa-ação existencial (Barbier, 2004) com o referencial metodológico da experiment-ação em Gestalt-Terapia (Alvim, 2007). Visa também formar alunos e produzir conhecimentos acerca da clínica na comunidade na perspectiva da Gestalt-Terapia. Ambos os projetos tiveram como motivação inicial o desenvolvimento de uma prática da gestalt-terapia na comunidade, entendendo que o modelo clínico tradicional precisa se abrir e rumar para o mundo do coletivo, para o espaço público, na busca de acolher os sujeitos em com-unidade, em suas igualdades e diferenças. Uma de nossas premissas envolve essa esfera, relacionada com o tema da criação e diferença, enfatizado por Perls, Hefferline e Goodman (1997). O trabalho com os processos grupais na comunidade reflete o interesse na passagem do individual e subjetivo para o coletivo como produção intersubjetiva. A gestalt-terapia, como uma abordagem que visa a relação sujeito-mundo e se estrutura em torno das noções de campo organismo-ambiente, fronteira de contato e contato, promovendo uma espécie de deslocamento do self do nível intrapsíquico para o nível do campo intersubjetivo (Robine, 2005), nos oferece os construtos teóricos e metodológicos para fazer essa passagem. Consideramos as interações processos complexos, construídos e reconstruídos cotidianamente e que devem ser estudados como uma totalidade, tendo em consideração suas faces bio-psico-sócio-cultural-política. Um trabalho clínico na comunidade necessita agregar ao olhar clínico uma perspectiva que propicie aos sujeitos a construção e ampliação de consciência crítica como um primeiro e importante passo para a transformação. Os projetos são interdisciplinares e buscam inter-relacionamento de campos de atuação do psicólogo: clinica, social e comunitária. O trabalho requer engajamento da comunidade e uma abordagem que – norteada por uma escuta que valorize a cultura local - os permita lançar novos olhares para sua realidade, reconstruindo significados produzidos intersubjetivamente. A arte é um recurso importante e coloca o sensível como eixo de compreensão, visando ressignificação e invenção. A partir do trabalho coletivo, os participantes identificam e discutem questões que envolvem suas realidades, vivências e processos de subjetivação. Referências Bibliográficas Alvim, M. B. Ato artístico e ato psicoterápico como experiment-ação: diálogos entre a fenomenologia de Merleau-Ponty, a arte de Lygia Clark e a Gestalt-Terapia. Tese de doutorado. Brasília: UnB – Instituto de Psicologia, 2007 Barbier, R. A pesquisa-ação. Rio de janeiro: Escuta, 2005. Perls, F. Hefferline, R. & Goodman, P. Gestalt-Terapia. São Paulo: Summus, 1997. Robine, J.M. A Gestalt-Terapia terá a ousadia de desenvolver seu paradigma pós-moderno? Estudos e Pesquisas em Psicologia. Vol. 5, No. 1, Rio de Janeiro: UERJ, 2005.

Publicado

2014-09-19