GD 06: VIDA CONJUGAL: TERRENO FÉRTIL PARA A VIOLÊNCIA FÍSICA E SEXUAL
Resumen
GD 06: VIDA CONJUGAL: TERRENO FÉRTIL PARA A VIOLÊNCIA FÍSICA E SEXUAL Teresinha Mello Silveira Constato na prática profissional o potencial de destrutividade existente no relacionamento da maioria dos casais hetero e homossexuais que buscam a ajuda terapêutica. Embora eles pretendam, em princípio, um viver construtivo, a experiência na clínica mostra de forma contundente o quanto o cotidiano favorece distorções que tornam o contato dos parceiros um tanto danoso. Nestes casais há impossibilidade total de buscarem a harmonia através do diálogo e da empatia mútua. Cada membro parece envenenado pelo ódio, empenhado em causar danos ao outro, através de violências sutis ou explícitas. Esta mesma relação violenta mantém o casal junto, sinal de um ajuste perigoso que ameaça a integridade física de um ou de ambos. Vejo estarrecida a anulação de um dos parceiros, o prazer de ver o outro submetido e as agressões físicas. Outro aspecto que me chama a atenção são as queixas de verdadeiros estupros na vida sexual do par. Parece incrível que um acontecimento que traz em si tanto prazer, como a atividade sexual, pode ser também um evento que envolve a mais dura violação. Essas e muitas outras situações instigam-me a pensar sobre o que acontece com pessoas que antes eram tão apaixonadas e que hoje “se comem vivas”. Tenho buscado compreender como se instala, como se mantém, o que significa tudo isso e o que impede o casal de descobrir formas mais saudáveis de interagir. Ao considerar o contexto onde está inserido o sistema conjugal destaco as questões históricas milenares referentes a poder, força, autoridade e desrespeito às diferenças. Penso também nas questões de gênero e a esse respeito vale destacar que embora se fale muito do mau uso da força pelo homem, cada vez mais as mulheres estão violentas. Em alguns pares há um verdadeiro jogo onde cada um é por sua vez violento, num estilo “gangorra”. Pelo viés da clínica, a Gestalt-terapia, com os conceitos de campo fenomenológico, conscientização, contato, fronteira, ajustamento criativo, situação inacabada e outros, propicia inúmeras reflexões sobre o tema. Quero debater algumas razões que conduzem as relações contemporâneas, as quais iniciaram com tanto amor (ou não), a se desenvolverem de maneira tão danosa, levando em conta aspectos da vida do casal e da história de cada cônjuge que resultam em distorções decorrentes de situações inacabadas que encontram na intimidade do casamento um terreno fértil para sua expressão. Acredito que muitos profissionais se deparam frequentemente com esta temática, o que me incitou a pensar em trocar experiência com os interessados. Meu objetivo é interagir com os parceiros de abordagem de tal maneira que juntos possamos descobrir ou confirmar possibilidades de mudança neste lugar tão delicado qual seja o espaço conjugal, então ferido pela invasão da violência. A utilização de alguns recursos como relato de situações do cotidiano, exemplos da prática terapêutica, textos, poesias, servirão de estímulo para que todos participem, sendo o meu papel dinamizar o grupo e fazer o fechamento através de uma síntese. A função do terapeuta é favorecer relações mais construtivas e/ou separações sadias. Creio que o resultado do intercâmbio grupal trará contribuições valiosas para a prática dos participantes na medida em que aguça a sensibilidade para o que ocorre efetivamente na especificidade de cada casal atendido. Bibliografia CERVENY, C. M. (org) Família e...narrativa, gênero, parentalidade, irmãos, filhos no divórcio, genealogia, história, estrutura, violência, intervenção sistêmica, rede social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. CIORNAI, S. Relação entre criatividade e saúde na Gestalt-terapia. Revista do I Encontro Goiano de Gestalt-terapia. 1995, 1:72-75. Goiânia, Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-terapia de Goiânia. FRAZÃO, L. M. Pensamento diagnóstico em Gestalt-terapia. ln: Revista de Gestalt, 1991, 1:41-46, São Paulo, Departamento de Gestalt-terapia do Instituto Sedes Sapientiae. GUIDDENS, A. Transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. São Paulo, Unesp, 1993. JABLONSKI, B. Até que a Vida nos Separe: A crise no casamento contemporâneo. R. J. Agir, 1991. SILVEIRA, T. M. Individualidade, conjugalidade e instabilidade no casamento contemporâneo. In: Gestalt-Terapia Jornal VIII Revista do Centro de Gestalt-Terapia do Paraná e Associação Catarinense de Ensino – Faculdade de Psicologia de Joinville, 2002 [14-31] _________________ Caminhando na corda bamba: Gestalt-terapia de casal e de família. In: Revista on line IGT na Rede, nº 2 ano 3, 2005. _________________ O Papel da Criatividade nas Relações Conjugais: Os Limites do Eu e os Limites do Nós. Revista IGT na Rede, IGT, v. 4, 2007.Número
Sección
Grupos de Dialogo