TL 14: FILHOS ESPECIAIS, PAIS ESPECIAIS: REFLEXÕES SOBRE O CAMPO FAMILIAR.
Palabras clave:
FILHOS, ESPECIAIS, FAMILIARResumen
O que acontece a uma família com a chegada de um filho? As mudanças são sentidas igualmente por todos os membros? Um dos paradigmas fundamentais do conceito de campo aponta para uma relação de reciprocidade entre o todo e suas partes, ou seja, não é possível imaginar que a entrada de um novo membro ao sistema familiar possa passar despercebida, assim como também não é possível mensurar como cada um sente esta modificação. Mas, e quando essa criança é especial? Como se configura o campo de famílias com crianças especiais. Aguiar (2005) ressalta que a Gestalt-terapia tem uma visão de homem e de mundo processual, relacional e de campo e por isso já é, em sim, uma “teoria do desenvolvimento humano”. Dessa forma, sua compreensão de desenvolvimento é de um processo singular e infinito, considerando o biológico e o social em permanente interação e em constante diálogo entre todos os elementos do campo. Ou seja, um processo ininterrupto de interação-ação homem/mundo. No campo organismo-meio estão inclusas as características genéticas e fisiológicas de um filho, seu contexto familiar, social, cultural, político, geográfico e histórico, assim como os pensamentos, necessidades, fantasias e sentimentos de seus pais. Sendo assim, antes mesmo de seu nascimento, sua família já sente a influência de sua chegada. O bebê existe na expectativa e no desejo daqueles que o aguardam Chega o momento tão esperado. “Há algo errado, esta não era a criança que idealizamos!”. “Onde está nosso filho?”. “Ele é diferente das outras crianças!”. “O que há de errado com ele?”. “Ele é especial! E agora, o que fazer com tantos planos?”. “Será que fiz algo de errado?”. Silva e Dessen (2001) ressaltam que o nascimento de uma criança, por si só, já acarreta alterações que constituem um desafio para uma família. Quando se trata de uma criança especial o impacto sentido pela família é intenso. A desconstrução deste filho idealizado pode ser traumática, podendo causar uma forte desestruturação no equilíbrio familiar. O momento inicial é sentido como o mais difícil para os membros da família, onde é necessária uma reorganização do campo Sendo assim, inicia um lento e doloroso processo de elaboração do luto, mas como se dá esse processo? Será que essa desconstrução ocorre, dando espaço para novas elaborações? Mannoni (1999) pontua que os pais, inicialmente, buscam respostas as quais lhe assegurem o diagnóstico do filho, sendo essa resposta um marco fictício, que uma vez desvendado possa assegurar caminhos e resoluções até então não vislumbradas. Segundo o autor, encontramos uma dualidade de sentimentos que levam a atitudes como a busca incansável por outros diagnósticos e tratamentos, os quais na realidade não estão para serem respondidos, pois uma vez respondidos cessariam a busca, colocando os pais no lugar da resignação. Nesta condição, a família se mantém na esperança de uma solução vindoura. Crianças especiais, pais especiais, famílias especiais, este trabalho versa sobre o desafio de construir laços que assegurem o amor e o desenvolvimento nos contornos de uma filiação atravessada por respostas sem perguntas, por impotência e medo. Referências bibliográficas: AGUIAR, Luciana. Gestalt-terapia com crianças: teoria e prática. 1ª ed. Rio de janeiro: Livro Pleno, 2005. MANNONI, Maud. A criança retardada e a mãe. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. SILVA, Nara Liana Pereira & DESSEN, Maria Auxiliadora, Deficiência Mental e Família: Implicações para o Desenvolvimento da Criança. Artigo publicado em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102- 37722001000200005&script=sci_arttext .Acessado em: 16 de janeiro/2011. PEDROSO, Iensen & MARTINS, Carlos Décimo. A importância dos limites no desenvolvimento de crianças com necessidades especiais. Artigo publicado em: http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs.2.2.2/index.php/educacaoespecial/article/viewFile/14/26. Acessado em: 16 de janeiro/2011. PERLS, Fritz. Abordagem Gestáltica e Testemunha ocular da terapia. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998. ROBINE, Jean-Marie. O self desdobrado: Perspectiva de campo em Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 2006.Número
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