MC 07: O CORPO COMO CAMINHO - TRAUMA, ESTRESSE E AUTO-REGULAÇÃO
Palabras clave:
TRAUMA, ESTRESSE, AUTO-REGULAÇÃOResumen
Muitas vezes, ao falarmos de trauma logo pensamos em situações de choque como acidentes, guerras, desastres naturais ou morte. No entanto, eventos traumáticos permeiam nossa vida diária. Toda vez que vivenciamos uma situação em que nosso organismo é forçado a ir além de sua possibilidade adaptativa, sofremos a perda da resiliência e o trauma se instala. Situações repentinas e inesperadas, potencialmente ameaçadoras, trazem medo, sensação de perda de controle e a avassaladora sensação de impotência. O trauma afeta a todos e muitas vezes se instala mesmo sem sinais óbvios. É possível que sintomas permaneçam ocultos e latentes por anos, acumulando-se, até que, em um dado momento, um evento aleatório ou de pouca importância desencadeie sinais de estresse pós-traumático ou um colapso súbito. A situação traumática é vivenciada de forma diferente por cada pessoa. Não é o evento em si que determina como o trauma se instala, mas sim a forma como é vivenciado. A sensação de desamparo e a falta de suporte afetivo são decisivas nesses momentos. Lutar, fugir e congelar – frente a uma ameaça – são mecanismos de defesa para sobrevivência. O congelamento é o que ocorre quando as respostas de luta ou fuga são impedidas; por perda das forças para lutar ou fugir ou por alguma interferência externa. O organismo mobiliza energia assim que nos sentimos ameaçados e nos dirigimos para uma das respostas de defesa. Quando somos bem sucedidos em lutar ou fugir a energia é descarregada e relaxamos. Quando congelamos essa energia fica retida no sistema até que consigamos descarregá-la. Muitas vezes é nosso juízo de valor que nos impede de vivenciar a finalização do ciclo instintivo de carga/descarga. Quando congelamos em um padrão de resposta, tendemos a apresentar respostas viciadas. Passamos a responder como na situação do trauma, acumulando cada vez mais energia sem completar o ciclo de carga/descarga (como Gestalts inacabadas que emergem e voltam ao fundo sem se completar). Na medida em que perdemos a conexão com nós mesmos, ficamos aprisionados no medo e/ou na ansiedade Muitas vezes nos mantemos nesse estado de aprisionamento por acreditar que força signifique “aguentar”, independente da intensidade dos sintomas. Temos por hábito cobrar de nós mesmos ajustes rápidos depois de situações traumáticas ou ameaçadoras, assim como tendemos a sentir vergonha em ter sintomas que não conseguimos explicar. Sofremos de falta de tolerância a vulnerabilidade emocional. Esse ato “heróico” de sufocar as emoções e sensações, leva ao agravamento dos efeitos traumáticos que vão ficando cada vez mais enraizados e crônicos. O trauma sufoca, estrangula, fragmenta, desconectando-nos de nós mesmos, nos encarcera no medo Precisamos aprender a nos dar mais tempo para reintegrar as partes perdidas e nos reconectar com o nosso corpo. É necessário que descongelemos o medo, aprendendo a sermos mais fluidos e funcionais. A visão da Experiência Somática apresentada nesse trabalho se comunga perfeitamente com a forma de pensar o ser humano em Gestalt-Terapia; e nos chama atenção para a importância e urgência de estudarmos sobre o trauma. É preciso que nos tornemos cada vez mais integrados, auto-regulados e com qualidade de presença. Utilizando o potencial transformador de superação do trauma para o crescimento e amadurecimento do indivíduo. Bibliografia: LEVINE, P.A. – O despertar do tigre: curando o trauma/ Peter A. Levine, Ann Frederick; [tradução Sonia Augusto] – São Paulo: Summus, 1999. PERLS, F. – Gestalt-terapia explicada. São Paulo: Summus, 1977. ___________Isso é Gestalt. São Paulo: Summus, 1977. ___________A abordagem gestáltica e testemunha ocular da terapia. Rio de Janeiro: Zahar, 1981 YONTEF, G M. – Processo, Diálogo e Awareness. São Paulo:Summus, 1998.Descargas
Publicado
2012-09-06
Número
Sección
Mini-cursos