MC 04: O JOGO DE AREIA NA ABORDAGEM GESTALTICA: UMA PROPOSTA DE EXPERIMENTO

Autores/as

  • Maria Alice Queiroz Brito

Palabras clave:

jogo de areia, gestalt-terapia, experimento.

Resumen

Este curso tem como objetivo introduzir o Jogo de Areia como uma proposta de experimento que o gestaltterapeuta pode utilizar na sua prática clínica, em trabalhos individuais ou grupais. Apresentando a metodologia que vem desenvolvendo há oito anos, a autora faz uma leitura gestáltica dos elementos utilizados no Jogo de Areia, discutindo aspectos técnicos do seu manejo e suas aplicações. Criado na Suíça em 1956 pela analista junguiana Dora Kalff, a partir do “Jogo do Mundo” desenvolvido pela pediatra ingesa Margareth Lowenfeld em 1929, o Jogo de Areia é um recurso terapêutico onde os clientes criam cenas ou representações abstratas em uma caixa rasa, cheia até a metade de areia, utilizando água, miniaturas e materiais diversos, tudo o que possa reproduzir de forma real ou simbólica o seu momento existencial. Nesse processo de escolha e criação, as figuras que os clientes poderão escolher devem representar uma amostra tão completa quanto possível de todos os estados animados e inanimados encontrados tanto no seu mundo externo quanto no mundo interno. A caixa de areia é uma gestalt que se torna figura, podendo ser apreendida pelo campo visual do cliente. Este campo delimitado representa um espaço livre e protegido, com um efeito focalizador e contenedor, para que ele possa manifestar, com segurança, o seu vivido. De forma projetiva, os conteúdos internos são trazidos ao exterior e tornam- se objetivos, visíveis em uma representação tridimensional, sendo mais facilmente percebidos. Na cena construída cada elemento é uma gestalt em si, um aspecto do cliente que está ali manifesto, e, por sua vez, uma parte do todo maior que é a cena em si. Quando a cena está montada, aquela gestalt muitas vezes o confronta com o não dito, o não visto, situações inacabadas, polaridades a serem integradas, fronteiras a serem delimitadas ou ampliadas. No campo, a figura é o cliente, a caixa de areia e as miniaturas, enquanto o terapeuta é fundo, ficando silenciosamente a uma pequena distância, observando e acompanhando como o cliente lida com as miniaturas, com a caixa, dando sustentação ao mesmo com sua presença confirmadora. O processo se dá sozinho na própria relação do cliente com a caixa de areia e as miniaturas. O que importa é como aqueles objetos e a areia estão organizados em uma totalidade significativa para o cliente, e o que cada elemento e a cena em si representam para ele. Utilizando uma linguagem pré-verbal, imagética e concreta, o Jogo de Areia é acessível a qualquer pessoa, não havendo nenhuma contra-indicação para a sua utilização. As miniaturas e a areia remetem ao lúdico, à criança; este aspecto lúdico propicia uma abertura para a dimensão sensório afetiva, criativa, espontânea do cliente. O Jogo de Areia é um recurso muito poderoso, onde a cena dialoga com o cliente e, em uma dança sutil, ele é tocado. Palavras-chave: jogo de areia; gestalt-terapia; experimento.

Publicado

2012-09-06