MT 10: RE-SIGNIFICANDO O TERAPEUTA COM(O) SEU PRÓPRIO INSTRUMENTO: A EXPERIÊNCIA DE VIDA COMO RECURSO E O DIÁLOGO ENTRE TERAPEUTAS COMO SUPORTE

Authors

  • Laura Cristina de Toledo Quadros
  • Luciana Loyola Madeira Soares
  • Claudia Baptista Tavora

Abstract

MT 10: RE-SIGNIFICANDO O TERAPEUTA COM(O) SEU PRÓPRIO INSTRUMENTO: A EXPERIÊNCIA DE VIDA COMO RECURSO E O DIÁLOGO ENTRE TERAPEUTAS COMO SUPORTE Laura Cristina de Toledo Quadros Luciana Loyola Madeira Soares Cláudia Baptista Távora Somos gestalt terapeutas com mais de 25 anos de trabalho e pretendemos compartilhar neste encontro uma reflexão acerca de nossa experiência entremeada de profissão e vida.Como psicoterapeutas, não podemos escapar da noção de que nossa história pessoal dialoga incessantemente com o que experimentamos no espaço terapêutico. Este é um manejo refinado que requer atenção, sensibilidade, enfrentamento, e nos conduz à muitas questões e, aqui, destacaemos em especial a seguinte: Afinal, o que nos torna terapeutas? Antes de precipitar respostas, retomaremos algumas das propostas da abordagem gestáltica. É pregnante em Fritz Perls o combate aos intelectualismos excessivos, a busca pela autenticidade e a ênfase na experimentação.A originalidade deste pensamento encontra fértil espaço de desenvolvimento na América dos anos 60. Nos tempos de contracultura, flowerpower, pequenas e grandes “revoluções”, a emergência de uma abordagem terapêutica que privilegiava o aqui-e-agora, a expansão de consciência e o contato pleno encontrou ecos favoráveis, ainda que distorções tenham trazido mal entendidos nada promissores para a nossa abordagem.Ressaltamos que Gestalt não é uma intervenção sem fundamentação teórico-conceitual; é uma abordagem de e para vida, compreendendo vida como movimento, intensidade e emoção. Isto é arrojado e contemporâneo para a psicologia. Nossa intenção é discutir como se processa esse diálogo entre a história que escutamos de nosso cliente e a nossa própria história, e que história constituímos nesse jogo de narrativas.O sofrimento pode ser tanto um atravessamento quanto um recurso. O que fazer com o que transborda para além da supervisão e da terapia? Após anos de trabalho reunimos experiências pessoais que foram nos transformando: casamento, separação, morte de entes queridos, maternidade, perdas, sucessos, projetos, realizações, reformulações, encontros desencontros, enfim, movimentos da vida que produziram material precioso na nossa formação.Concluímos ser pertinente trazer para o espaço coletivo do congresso uma proposta de mesa redonda que retirasse do espaço “secreto” as confissões de terapeutas que reconhecem em sua própria história aflições experimentadas por seus clientes na busca de resgatar a si mesmos. Se é importante na Gestalt terapia o terapeuta reconhecerse como seu próprio instrumento cabe-nos discutir e apontar a necessidade de legitimar essa construção tão dolorosa quanto fascinante. A vida é cheia de pequenos recursos e ajustamentos criativos que podem ser validados em nossa prática. A história pessoal do terapeuta também se reconfigura e desenvolveremos nossas idéias atualizando memórias e construindo novos caminhos neste aqui-e-agora que mantém viva a nossa prática Gestalt-terapia é o exercício do diálogo e, longe de uma apresentação de constatações; pretendemos formular questões que provoquem reflexões em qualquer ponto da trajetória de um gestalt terapeuta, independente da idade ou tempo de atuação. Do ponto de apoio, puxa-se a ponta de uma história, que é a ponte para um diálogo com a história de onde vem a dor do outro.Hoje, é com o colega de ofício que buscamos dialogar passando pelo que fazemos com nossas dores, como puxamos pontas, como construímos pontes entre nós, numa parceria de mútuo suporte em nossa terapia, na supervisão e, principalmente no encontro cotidiano que nem sempre conseguimos realizar na correria da vida. Bibliografia HYCNER, Richard.De pessoa a pessoa: psicoterapia dialógica. S. Paulo:Summus, 1995 JULIANO,Jean Clark,A arte de restaurar histórias, S. Paulo,Summus, 1999 PERLS, Fritz,A Abordagem Gestáltica e a Testemunha Ocular da Terapia,RJ, Zahar,1981

Published

2014-09-19