TL 19: ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NA REDE PÚBLICA: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS BASEADOS NA GESTALT TERAPIA

Autores/as

  • Lígia Dias Mendes

Resumen

TL 19: ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NA REDE PÚBLICA: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS BASEADOS NA GESTALT TERAPIA Lígia Dias Mendes RESUMO Este trabalho se propõe a narrar à vivência da psicologia escolar dentro de unidades de ensino público, desenvolvendo atividades de orientação profissional com alunos do 9º ano do ensino fundamental, afirmado na Gestalt-Terapia. Propondo uma discussão a respeito das possíveis especificidades desta clientela e como esta abordagem pode contribuir para a realização da escolha profissional de forma mais consciente e legítima. Provocando possíveis mudanças no contexto social e respeitando a singularidade de cada ser. Palavra-chave: Orientação profissional, Gestalt terapia, ensino público. PROPOSTA A proposta deste trabalho é discutir a respeito das contribuições da Gestalt-Terapia, para a orientação profissional em unidades de ensino público e suas especificidades, fundamentada em conceitos desta abordagem como a visão Holística, visão de homem e mundo que nos possibilita ter subsídios para realizar atividades referentes ao autoconhecimento e singularidade durante o processo de escolha profissional. A Gestalt-terapia nos apresenta possibilidades de um trabalho baseado na crença da visão de homem como uma totalidade, onde o todo é maior que a soma das partes. Homem como ser livre, responsável e capaz de realizar escolhas de forma singular. Todos estes conceitos permitem ao orientador profissional ser apenas um facilitador durante processo de escolha levando em conta os recursos que cada indivíduo dispõe para realiza-los. No processo de escolha dentro de uma unidade pública de ensino é importante que o orientador profissional tenha sensibilidade a respeito das especificidades do local onde a unidade escolar esta inserida possibilitando conhecer melhor a realidade dos alunos e suas escolhas. Para que isto ocorra de forma legitima podemos nos basear no conceito da Gestalt terapia da totalidade onde o homem não pode ser compreendido separado de seu contexto e da forma que se relaciona com o meio. Levando em consideração que para a efetivação do trabalho é proeminente que seja realizada a quebra da visão elitizada da orientação profissional que por muitas vezes encontramos nas literaturas, para que ocorra uma troca real com os alunos, beneficiando-os para que estes possam realizar as escolhas de forma mais consciente e ativa. O projeto de orientação profissional foi realizado a partir de queixas durante as visitas nas unidades de ensino, as queixas eram por muitas vezes por partes da orientação educacional, que relatavam o desinteresse dos alunos pelas atividades de “orientação vocacional” realizada com o uso de testagem e com isso falta de conhecimento a respeito das profissões e até das unidades de ensino técnico existentes no município. Ressaltando que esta escola onde o trabalho foi realizado fica inserida em um bairro de periferia com histórico de grande índice de violência aonde a maioria dos alunos encontra-se em defasagem de série e idade. Para a realização das atividades de orientação profissional, ficaram assegurados encontros com grupos de alunos aonde não seriam utilizados os “testes”, mas trabalhos baseados em vivencias, debates, passeios e exposições, possibilitando o autoconhecimento, conhecimento do grupo e das profissões. Para a realização destas atividades foi necessário se apropriar da visão de ser-no-mundo da Gestalt-Terapia podendo observar como se da à relação com o meio, com o mundo de forma singular e como eles relacionam com as escolhas no ambiente “[...]como ser concreto, responsável, consciente e compreendido, com base em si próprio, seu mundo, visto como rede articulada de significações e sentido, e não somente como meio geográfico ou ambiente” (Gestaltes, 2007, p 199). As atividades iniciais foram realizadas a partir do método fenomenológico da Gestalt-Terapia onde são encontradas as bases da fenomenologia e da filosofia para realizar atividades fundamentadas na experiência e suas formas de vivencia-las. Então foram alcançados métodos descritivos, investigativos e vivencias, propiciando o autoconhecimento à reflexão e debates em grupos que possibilitaram aos integrantes trocarem expectativas sobre o trabalho, fortalecendo o contato do grupo e a escolha fidedigna. Durante os encontros foram abordados a influencia da família na escolha, um dado importante é que nenhum aluno trouxe as atividades referentes à participação dos pais alegando que seus pais diziam que não haveria diferença na escolha se eles apenas estudassem e trabalhassem “qualquer” escolha seria boa. Então foi realizada a descrição deste dado para os alunos e a reflexão partir desta descrição, como eles entendiam esse comportamento dos pais e como isso influenciava na escolha de cada um com o objetivo proporcionar questionamentos a respeito desta influencia familiar. Ao final do processo de escolha dos alunos pude compreender como é importante que a atitude do orientador profissional seja apenas de um facilitador do auto suporte e do suporte interno, de cada um. Atuando de forma que aceite a singularidade e as escolhas de cada ser, sem interferir no seu processo de conhecimento, escolha e levar juízo de valor a partir de sua experiência. A contribuição da Gestalt-Terapia para realização do trabalho dentro das unidades públicas de ensino foi de grande valia, pois encontrei suporte como orientadora profissional para realizar um trabalho baseado no respeito da singularidade e nas crenças do individuo onde o homem o meio e o tempo não podem ser recortados de forma separada, mais, analisados de forma unificada. O trabalho na escola pública necessita que o orientador esteja disposto abrir mão de ideias pré-concebidas e a respeito dos mitos e possíveis fantasias do fracasso desta clientela, evitando ideias a priores, impedindo de criar projetos para aos alunos, como também de evitar conceitos de pensamento “positivo” e idealizações para conquistas destes e sim avaliar junto ao grupo as reais possibilidades facilitando ao conhecimento de seu papel na sociedade para a realização da escolha com a maior autenticidade possível. BIBLIOGRAFIA BARDAGI, M.P., ARTECHE, A, V., & NEIVA_SILVA, L (2005) Projetos Sociais com adolescentes em situação de risco: Discutindo o trabalho e a orientação profissional como estratégias de intervenção. Em C. HUTZ (ORG.), Violência e risco na infância e na adolescência: Pesquisa e intervenção (pp. 101-146) São Paulo, Casa do psicólogo. BOCK, S.D. Orientação Profissional: A abordagem sócio-histórica. São Paulo, Cortez. CAVALCANTE, Gisa; Apresentando a Gestalt-terapia. Grupo acontecer – Gestalt-terapia. D’ACRI, G., LIMA, P.; ORGLER, S. Dicionário de Gestalt-terapia: Gestaltês. São Paulo: Summus, 2007. FERREIRA, Maria Flávia; LEMOS, Caioá Geraiges. Geração Zapping e escolha profissional. Em VASCONCELOS, Zandre Barbosa de; OLIVEIRA, Inalda Dubeux (org). Orientação Vocacional: alguns aspectos teóricos, técnicos e práticos. 1 ed. São Paulo: Vetor, 2004, p.51-60 NUNES, Lauane Baroncelli. A orientação vocacional na perspectiva gestáltica. In: Revista Viver Psicologia, número 137, ano XII, junho de 2004.

Publicado

2014-09-18