ABERTURA: 1- A ADMINISTRAÇÃO DA CARREIRA DE PSICÓLOGO CLÍNICO: ASPECTOS QUE AS FACULDADES NÃO ENSINAM E O PSICOTERAPEUTA PRECISA SABER; 2- CICLO DE CONTATO E EXPERIMENTO; 3- INTRODUÇÃO À GESTALT-TERAPIA: MINI-CURSO VIVENCIAL E TEÓRICO
Resumen
AB 1: A ADMINISTRAÇÃO DA CARREIRA DE PSICÓLOGO CLÍNICO: ASPECTOS QUE AS FACULDADES NÃO ENSINAM E O PSICOTERAPEUTA PRECISA SABER Márcia Estarque Pinheiro Marcelo Pinheiro da Silva RESUMO Com este trabalho busca-se a discussão de aspectos da administração da carreira do psicólogo clínico que têm sido negligenciados pelas faculdades de psicologia e que muitas vezes colaboram para a dificuldade de inserção e manutenção no mercado de trabalho destes profissionais. Estaremos desenvolvendo estes temas, contando com nossa experiência clínica desde 1991 e nossa experiência como formadores e supervisores de gestalt-terapeutas desde 2002 no sentido de colaborar para novas possibilidades de desenvolvimento profissional. Palavras-chave: Carreira. Psicologia. Clínica. Trabalho autônomo. PROPOSTA Não se sabe se por esquecimento, desprezo ou preconceito, observa-se que aspectos fundamentais para o estabelecimento da vida profissional do psicólogo não aparecem como parte integrante da maioria das ementas dos cursos de psicologia atuais no Rio de Janeiro. Ao lado deste fato, observa-se um grande número de psicólogos que não conseguem estabelecer-se no mercado de trabalho com esta profissão. Vale ressaltar que muitas vezes os motivos alegados para esta dificuldade estão mais relacionados a impasses na administração de suas carreiras do que a uma falta de mercado de trabalho para os psicólogos. Aspectos de planejamento tendem a ser negligenciados e até negados muitas vezes. Neste mini-curso buscaremos desenvolver com os presentes as noções de: Carreira do psicólogo clínico Planejamento estratégico - marketing - mercado. (local e diferencial) Planejamento financeiro - previsão de investimentos - divulgação - aprimoramento Este mini-curso será dividido em apresentação oral e atividades práticas. Usaremos 2 h para apresentação de questionamentos e orientações relacionadas à administração da carreira do psicólogo clínico. Para tal lançaremos mão do recurso de apresentação em power point e de depoimentos de psicólogos em diferentes momentos da carreira. Em sequência desenvolveremos atividades práticas com os presentes no sentido de desenvolvimento de uma proposta de administração de suas carreiras e para tal planejamos um tempo de 2 h. Utilizaremos os 30 minutos finais para uma avaliação do trabalho desenvolvido e trocas livres. AB 2: CICLO DE CONTATO E EXPERIMENTO Eliane de Oliveira Farah RESUMO A compreensão do Ciclo de Contato será apresentada não apenas como representação dos relacionamentos do organismo com ambiente e do desenvolvimento do self, como também favorável para a utilização de recursos técnicos congruentes com o grau de awareness do cliente. Para tal será utilizado o Ciclo de Contato desenvolvido por Joseph Zinker e diversas técnicas adequadas aos diferentes pontos de paralisação das tentativas de ajustamento do organismo com o ambiente. PROPOSTA Muitos teóricos da gestalt-terapia apresentam diferentes tipos de representação do Ciclo de Contato e embora diferentes entre si, todas intentam representar as tentativas de ajustamento do organismo ao ambiente o que é o mesmo que dizer como pode ser demonstrado o processo do self. O ciclo também representa as interrupções das tentativas de ajustamento do organismo com o ambiente, de modo que tanto as interações saudáveis quanto as neuróticas podem ser descritas através dele. Resguardando as diferenças teóricas, o Ciclo de Contato tem para a Gestalt-terapia o mesmo grau de importância que a Psicodinâmica tem para a Psicanálise, isto é, assim como na Psicanálise todos os processos dinâmicos podem ser explicados a partir dos princípios da Psicodinâmica, na Gestalt-terapia todos os processos dinâmicos podem ser descritos em termos do Ciclo de Contato, seja qual for o tipo de representação deste. O ciclo de Contato de Contato de Zinker (2007) é iniciado com o organismo em retraimento. O aparecimento de uma sensação ou sentimento apontam para uma demanda do organismo e na medida em que se torna consciente, mobiliza energia que será direcionada para a ação. Caso tal ação atenda a necessidade do organismo, é estabelecido o contato e esse retorna ao retraimento. Assim é a descrição de um ciclo saudável. Quando tentamos demonstrar o comportamento neurótico ou, em outras palavras, as formas disfuncionais de interação do organismo com o ambiente apontarão para as interrupções desse ciclo. Tais interrupções também são chamadas de mecanismos neuróticos. No livro Gestalt-terapia, considerado o marco inicial da abordagem gestáltica, PHG (1977) apresentaram cinco mecanismos neuróticos: confluência; introjeção; projeção; retroflexão e egotismo, este último, desenvolvido por Paul Goodmam. Posteriormente, Erving e Miriam Polster, no livro Gestalt-terapia Integrada (1979) descreveram a deflexão como mais um dos mecanismos neuróticos. Serge e Anne Ginger (1995) apontam Sylvia Crocker como tendo desenvolvido a noção de proflexão e Ribeiro (1995) desenvolveu a noção de dessenssibilização. No livro Processo criativo em Gestalt-terapia, Zinker (2007) utiliza o ciclo de contato para representar as psicopatologias, numa tentativa de descrever na forma gestáltica alguns dos conceitos da Psicanálise. No presente trabalho, tentaremos usar a curva de Zinker para representar as diversas noções de interrupções de contato desenvolvidas pelos diferentes teóricos já descritos. O objetivo dessa mixagem de noções é a de utilizar o Ciclo de Contato para entender não apenas um modo de interrupção, mas também princípios importantes na escolha e aplicação de recursos terapêuticos de acordo com o momento de interrupção. Descrito de uma maneira simplificada no egotismo e na confluência, o ciclo está interrompido porque no primeiro o organismo está autocentrado e no segundo está em fusão com o ambiente. Isso significa que os recursos técnicos para o egotismo deverão privilegiar uma identificação com o ambiente, enquanto na confluência deverá prevalecer a diferenciação. A repressão como inibição da consciência dos sentimentos e das necessidades, deve necessitar especialmente de um trabalho com as funções de contato. A introjeção como interrupção entre a consciência e a mobilização de energia leva a investigação das necessidades em conflito ou de introjetos. A projeção chama a atenção para uma falta de mobilização de energia pela crença de que a necessidade pertence a outro e nesse caso o trabalho terapêutico deverá envolver a apropriação das necessidades atribuídas aos outros. A retroflexão e a proflexão envolvem o reconhecimento da verdadeira fonte de satisfação para o direcionamento de energia para um ação congruente com a necessidade. Por último, a deflexão que carece do desenvolvimento de uma capacidade de enfrentamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS GINGER, SERGE. Gestalt: a arte do contato. Petrópolis, Editora Vozes, 2007. PERLS, F. HEFFERLINE, R. GOODMAN, P. Gestalt-Terapia. São Paulo, Editora Summus, 1977. POLSTER, M., POLSTER, E. Gestalt-Terapia integrada. São Paulo, Editora Summus, 2001. RIBEIRO, J. P. O ciclo do contato: temas básicos na abordagem gestáltica. São Paulo, Editora Summus, 1997. ZINKER, J. Processo criativo em Gestalt-terapia. São Paulo, Editora Summus, 2007. AB 3: INTRODUÇÃO À GESTALT-TERAPIA: MINI-CURSO VIVENCIAL E TEÓRICO Hugo Elidio Rodrigues PROPOSTA A Gestalt-terapia é uma abordagem cuja fundamentação é baseada em formas de pensamento que não são harmônicas com a forma de pensamento do paradigma vigente da nossa cultura ocidental. Desta forma, é muito importante que, ao introduzirmos o pensamento gestáltico, antes de mais nada, se possa discutir o que é “pensamento”, ou seja, para melhor apreender o que a Gestalt-terapia tem a dizer, é necessário sensibilizarmos a pessoa sobre a forma como ela própria pensa, de modo a reconhecer e problematizar algo que quase nunca é problematizado – a própria forma de pensar (Rodrigues, 2011 – cap. 1) . A partir do reconhecimento mais aprofundado dos elementos do paradigma vigente, ou seja, a partir de uma compreensão mais profunda da forma como a nossa cultura pensa, podemos identificar seus elementos e, então, apresentarmos o olhar crítico da Gestalt-terapia em conjunto com a nossa alternativa metodológica. Este curso de Introdução à Gestalt-terapia então exporá aos participantes as características do paradigma vigente. Inicialmente, com a contribuição da Teoria de Campo de Kurt Lewin (Lewin, 1975 – cap. 1) será explanado o que é o pensamento classificatório, estatístico-histórico , abstracionista e antropomórfico - imputado por Lewin ao filosófo grego Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C. ) - que impregna nossa cultura. Em contraposição a cada um destes aspectos, a Gestalt-terapia apresenta um pensamento sempre contextualizado, baseado na influência da Psicologia da Gestalt e no conceito da relação entre figura e fundo (Perls, 1981 – capt 1). Um pensamento que prioriza a relação descritiva com a situação presente, baseada na Fenomenologia (idem – pág. 138). Um pensamento que ressalta as situações concretas que emergem dialogicamente (Yontef, 1998 – capt. 7) na relação entre as pessoas no encontro terapêutico, baseado na influência do existencialismo (Perls in Stevens, 1977 – pág. 19). Como fator também importante na introdução à Gestalt-terapia, há a visão holística que privilegia o “como está se dando “a situação do encontro, envolvendo a unidade da relação com todas as características pertinentes: as pessoas, suas emoções, seus pensamentos, suas sensações (Persl, 1977 – pág. 69). O curso tem também a proposta de colocar o conhecimento teórico explanado à prova, através de experimentos com os participantes, visando atendimentos pedagógico-terapêuticos que possam, cuidadosamente, apresentar aos participantes uma visão aplicada de todo o conhecimento. O experimento que será proposto se baseará na própria percepção de cada pessoa para como está em contato com o seu momento presente, ou seja, como está em contato com seu aqui-e-agora. Posteriormente, em função do pouco tempo que será destinado a esta parte do trabalho ( estimado em aproximadamente uma hora), será acordado com o grupo que o número de atendimentos será reduzido, com um máximo de dois ou três voluntários. Este número reduzido será devido ao objetivo de, após os atendimentos pedagógico-terapêuticos, termos um tempo razoável para que o grupo possa fazer a síntese compreensível de todo o processo, disponibilizando-se um tempo para dúvidas, críticas ou ponderações. Como último esclarecimento, em relação especificamente ao atendimento pedagógico-terapêutico, esta modalidade será apresentada detalhadamente aos participantes previamente, para que possam compreender a proposta e melhor decidirem por se voluntariarem ou não. Os detalhes da proposta que serão apresentados para os participantes serão narrados a seguir. Primeiramente, aos voluntários que poderão se apresentar, será pedido que preferencialmente possamos trabalhar com pessoas que já estejam em um processo terapêutico, para que possam contar com um apoio posterior para continuar a desenvolver quaisquer aspectos que possam emergir deste trabalho, caso venham a ter tal necessidade. Em segundo lugar, será pedido que o voluntário possa preferencialmente trazer alguma situação que deseje trabalhar que tenha surgido mais recentemente em sua vida, para coadunar com a proposta de sensibilização inicial, ou seja, algo que privilegie o aqui-e-agora vivido. Em terceiro, ao grupo que estará observando o trabalho realizado, será solicitado que não façam nenhum comentário enquanto o foco na relação pedagógica-terapêutica estiver em andamento, para que não venham a ocorrer intervenções que desfocalizem o trabalho. Em quarto e último, sempre é solicitado aos participantes que, nesta etapa, os voluntários possam contar com o sigilo profissional que a profissão garante em nosso código de ética, motivo pelo qual será solicitado que nenhum comentário sobre os atendimentos seja feito fora do ambiente do mini-curso. BIBLIOGRAFIA LEWIN, K. “Teoria Dinâmica da Personalidade”. Tradução de Álvaro Cabral, São Paulo: Cultrix, 1975 PERLS, F.S. “ A Abordagem Gestáltica e Testemunha Ocular da Terapia”. Tradução José Sanz. São Paulo: Summus,1981 ______ “Gestalt-terapia Explicada”. Tradução George Schlesinger. São Paulo: Summus, 1977 RODRIGUES, H. E. “Introdução à Gestalt-terapia – Conversando sobre os fundamentos da abordagem gestáltica”. Petrópolis: Vozes, 2011 STEVENS, J. O. “Isto é Gestalt”. Tradução George Schlesinger e Maria Júlia Kovacs. São Paulo: Summuns, 1977. YONTEF, G. M. “Processo, Diálogo e Awareness – Ensaios em Gestalt-terapia”. Tradução Eli Stern, São Paulo: Summus, 1998.Descargas
Publicado
2014-07-29
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