Gestalt-terapia, Merleau-Ponty e a clínica da pessoa que existe com HIV/Aids<br>Gestalt therapy, Merleau-Ponty and the clinic of the person existing with HIV/AIDS

Autores

Palavras-chave:

Abordagem Gestáltica, Fenomenologia da Existência, Infectologia, Psicoterapia

Resumo

Este ensaio teórico buscou algumas aproximações introdutórias com a Filosofia da Existência de Maurice Merleau-Ponty para compreender a clínica da pessoa que existe com HIV/Aids. Para isso, houve um entrelaçamento de textos teóricos e de pesquisas empíricas, na literatura brasileira. Partiu-se da compreensão do paradigma holístico-gestáltico para a fundamentação de psicoterapia e de pesquisa em Gestalt-terapia nos processos de saúde-doença. Com isso, algumas considerações sobre esse fenômeno foram tecidas, para em seguida, compreender essa dinâmica nos processos de infecção por HIV/Aids. Nesse sentido, delineou-se a compreensão da clínica gestáltica com pessoas que existem com HIV/Aids, tendo as contribuições de Merleau-Ponty na ênfase sobre uma consciência ampliada, na relação psicoterapêutica e sobre o aqui-agora da sessão. Por fim, algumas pesquisas empíricas no contexto brasileiro foram descritas para fins de elucidação do potencial da pesquisa em Gestalt-terapia nessa temática.

Biografia do Autor

Gustavo Alves Pereira de Assis, Universidade Federal de Goiás

Psicólogo pela Universidade de Rio Verde (UniRV), com formação clínica em Gestalt-terapia pelo Instituto de Gestalt de Curitiba (IGC). Especialista em Infectologia, na modalidade de residência multiprofissional, pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES) e em Psicologia da Saúde pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Atualmente é mestrando em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com ênfase em Gestalt-terapia. É psicólogo clínico em consultório particular e concursado na Prefeitura Municipal de Goiânia.

Rodrigo Vieira Marques, Universidade Federal de Goiás

Filósofo pela Pontificia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), com Mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás (UFG). É doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e pós-doutor em Literatura Francesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Atualmente é Professor Associado da Faculdade de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Goiás (UFG). É membro cofundador do Círculo Fenomenológico da Clínica e da Vida, projeto vinculado ao Núcleo de Pesquisas e Laboratório Prosopon (USP).

Referências

ALEGRIA, C. M. Os desafios de amar com HIV: um estudo sobre os ajustamentos criativos realizados por pessoas que vivem com HIV acerca de relacionamentos amorosos. Dissertação (Mestrado em Infecção HIV/Aids e Hepatites virais) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

ANGERAMI-CAMON, V. A. Psicoterapia e subjetivação: uma análise de fenomenologia, emoção e percepção. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

ASSIS, G. A. P. A abordagem gestáltica com gays em processo de morte pela Aids: experiências em clínica ampliada. In: ALVIM, M.; BARROS, P.; ALENCAR, S.; BRITO, V. (Orgs.), Por uma gestalt-terapia crítica e política: relações raciais, gênero e diversidade sexual. Porto Alegre: Editora Fi, 2022.

BERNARDO, T. H. L. et al. Viver com HIV/AIDS: um olhar da fenomenologia existencial. In: SILVA, R. H. (Org.). Inovação e Tecnologia para o Cuidar em Enfermagem. Ponta Grossa: Atena, 2020.

BERRI, B. A esperança como ajustamento criativo: reflexões dos processos de saúde, doença e morte em Gestalt-terapia. Revista da Abordagem Gestáltica, v. 26 , n. 3, p. 351-360, 2020.

CAMPOS, A. F.; DALTRO, M. A clínica ampliada no enfoque da gestalt-terapia. Revista Psicologia, Diversidade e Saúde, v. 4, n. 1, p. 59-68, 2015.

CASTRO, D. R. B.; GURGEL, L. A. Considerações teóricas: psicologia hospitalar e gestalt-terapia. In: SOUSA, A. S.; CASTRO, D. R. B.; ARRAIS, R. H. (Orgs.), Psicologia Hospitalar: debates contemporâneos. Curitiba: Editora CRV, 2021.

DINIZ, M. M. G. et al. A psicologia fenomenológica existencial no suporte à saúde mental de pessoas acometidas pelo HIV/AIDS. Lumen, v. 29, n.1, p. 43-53, 2020.

Freire, C. R. G., et al. Estou te vendo, estou te ouvindo: um estudo fenomenológico com pacientes soropositivos. Revista Científica do Unisalesiano, v. 7, n. 15, p. 642-657, 2016.

FREITAS, J. L.; STROIEK, N. N.; BOTIN, D. Gestalt-terapia e o diálogo psicológico no hospital: uma reflexão. Revista da Abordagem Gestáltica, v. 16, n. 2, 141-147, 2010.

FRAZÃO, L. M. Doença, saúde e cura. In: D’ACRI, G., LIMA, P.; ORGLER, S. (Orgs.), Dicionário de gestalt-terapia: “gestaltês”. São Paulo: Summus, 2012.

FUKUMITSU, K. O.; CAVALCANTE, F.; BORGES, M. O cuidado na saúde e na doença: uma perspectiva gestáltica. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 9, n. 1, p. 172-182, 2009.

GALLI, L. M. P. Um olhar fenomenológico sobre a questão da saúde e da doença: a cura do ponto de vista da Gestalt-terapia. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 9, n. 1, p. 59-71, 2009.

GIOVANETTI, J. P. Fenomenologia e prática clínica. In: GIOVANETTI, J. P. (Org.), Fenomenologia e Psicologia Clínica. Belo horizonte: Artesã, 2018.

HOLANDA, A. F. Fenomenologia e humanismo: reflexões necessárias. Curitiba: Juruá, 2014.

HYCNER, R. De pessoa a pessoa: psicoterapia dialógica. São Paulo: Summus, 1995.

HYCNER, R.; JACOBS, L. Relação e cura em gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1997.

IVANCKO, S. Prevenção e manutenção da saúde através da compreensão do órgão de choque. In: PINTO, E. B. (Org.), Gestalt-terapia: encontros. São Paulo: Instituto Gestalt de São Paulo, 2009.

LÔBO, W. L. Psicoterapia breve gestáltica para homens com HIV/Aids em contexto de clínica ampliada. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal do Pará, Belém, 2013.

MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1945/2018.

MOREIRA, V.; BLOC, L.; ROCHA, M. Significados da finitude no mundo vivido de pessoas com HIV/AIDS: um estudo fenomenológico. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 12, n. 2, p. 554-571, 2012.

MOREIRA, V. et al. Fenomenologia do estigma em HIV/AIDS: “coestigma”. Mental, v. 8. N. 14, p. 115-131, 2010.

PERLS, F.; HEFFERLINE, R.; GOODMAN, P. Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1951/1997.

PERLS, F. A abordagem gestáltica e testemunha ocular da terapia. Rio de Janeiro: LTC., 1973/2020.

PINTO, M. Q. C. et al. Saúde na perspectiva de pessoas com HIV/AIDS: um olhar fenomenológico. Temas em Saúde, v. 20, n. 1, p. 390-402, 2020.

RIBEIRO, J. P. Vade-mécum de gestalt-terapia: conceitos básicos. São Paulo: Summus, 2006.

RIBEIRO, J. P. A resistência olha a resistência. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 23, n. especial, p. 73-78, 2007.

RIBEIRO, J. P. Gestalt-terapia: por outros caminhos. São Paulo: Summus, 2022.

SÁ, A. A. M.; MENEZES, J. C. L. A reconfiguração do campo de uma pessoa que vive com HIV. In: SANTOS, C. V. M.; ROCHA, G. M. A. (Orgs.), Perspectivas interdisciplinares em promoção da saúde e diversidade. Palmas: EDUFT, 2020.

SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências. Porto: Edições Afrontamento, 1995.

SANTOS, C. P.; RODRIGUES, B. M. R.; ALMEIDA, I. S. Vivência das adolescentes e jovens com HIV: um estudo fenomenológico. Adolescência e Saúde, v. 7, n. 1, p. 40-44, 2010.

SOUTO, M. C. P. Polaridades, opostos, forças opostas. In: D’ACRI, G., LIMA, P.; ORGLER, S. (Orgs.), Dicionário de gestalt-terapia: “gestaltês”. São Paulo: Summus, 2012.

SPANGENBERG. A. Terapia Gestalt: un camino de vuelta a casa – Teoría y Metodología. Montevideo: Psicolibros, 2006.

SUIT, D. A. V. Pessoas convivendo com o HIV: construindo relações entre vivência de estigma e enfrentamento. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Instituto de Psicologia. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2005.

SUIT, D. A. V. Trajetórias de mulheres que vivem com o HIV: um estudo a respeito da ideologia de gênero, autoestima e bem-estar subjetivo. Tese (Doutorado em Psicologia) – Instituto de Psicologia. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012.

SUIT, D. A. V. Mulheres que correm com o HIV: jornadas em busca de seus tesouros perdidos. In: RASO, A. A. D.; RIBEIRO, R. S. (Orgs.), Psicologia Hospitalar e da Saúde: teoria e prática à luz da gestalt-terapia. Curitiba: Juruá, 2022.

TELLEGEN, T. A. Elementos de psicoterapia gestáltica. Boletim de Psicologia da Sociedade de Psicologia, v. 24, n. 64, p. 27-42, 1972.

YONTEF, G. M. Processo, diálogo e awareness: ensaios em gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1998.

Downloads

Publicado

2023-12-27

Como Citar

de Assis, G. A. P. de A., & Vieira Marques, R. (2023). Gestalt-terapia, Merleau-Ponty e a clínica da pessoa que existe com HIV/Aids<br>Gestalt therapy, Merleau-Ponty and the clinic of the person existing with HIV/AIDS. IGT Na Rede ISSN 1807-2526, 20(38). Recuperado de https://igt.psc.br/ojs3/index.php/IGTnaRede/article/view/728

Edição

v. 20 n. 38 (2023): Sumário - IGT na Rede, vol. 20, Nº 38. Páginas 01 - 110

Seção

Artigos

Licença

Copyright (c) 2023 Gustavo Alves Pereira de Assis, Rodrigo Vieira Marques

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.

Você tem o direito de:

  • O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.

De acordo com os termos seguintes:

  • Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.

Avisos:

  • Não tem de cumprir com os termos da licença relativamente a elementos do material que estejam no domínio público ou cuja utilização seja permitida por uma exceção ou limitação que seja aplicável.
  • Não são dadas quaisquer garantias. A licença pode não lhe dar todas as autorizações necessárias para o uso pretendido. Por exemplo, outros direitos, tais como direitos de imagem, de privacidade ou direitos morais, podem limitar o uso do material.