FARIA, Maria Clara Sepulveda de. – “A Virada Relacional em Gestalt-terapia: da “Cadeira Vazia” para a “Dança da Reciprocidade” no Campo”
Artigo traduzido
A Virada Relacional em Gestalt-terapia: da “Cadeira Vazia” para a “Dança da Reciprocidade” no Campo
Título original: The Relational Turn of Gestalt Therapy Clinical Practice: From the “empty chair” to the “dance of reciprocity” in the field
Autora: Margherita Spanguolo Lobb
Tradução: Maria Clara Sepulvida de Faria
Esse artigo foi originalmente publicado na International Journal of Psychotherapy, Vol. 24, Number 3, November 2020.
RESUMO
O foco deste artigo é a prática clínica. Descreve o desenvolvimento dos valores da Gestalt-terapia desde o fundamento das abordagens humanísticas até a virada relacional que afetou todos os métodos desde os anos 80. Conexões entre estes valores e o desenvolvimento das necessidades da sociedade assim como o sofrimento clínico são apresentados. A autora demonstra a necessidade contemporânea de abordar a experiência de fundo (ground)[1] dos pacientes, a fim de ser eficaz com novas formas de sofrimento psicopatológico. São descritas três mudanças básicas necessárias para a prática clínica: trabalhar o fundo (ground), usar o Conhecimento Estético Relacional e referir-se ao paradigma da reciprocidade. São oferecidos exemplos clínicos.
Palavras-chave: Gestalt-terapia, valores humanísticos, virada relacional, sociedade e psicoterapia, fenomenologia e estética.
INTRODUÇÃO
O objetivo deste artigo é mostrar a tendência “relacional” da Gestalt-terapia na prática clínica. Sendo Gestalt-terapeuta e treinadora por 40 anos, tenho visto e participado do desenvolvimento desta abordagem desde o foco no empoderamento individual. No passado, se um cliente dissesse: “Sinto-me incapaz de mostrar minhas necessidades. Quando meu chefe me dá uma ordem tenho vontade de dizer que vejo a situação de forma diferente, mas fico em silêncio...”. O terapeuta diria: “O que você sente no seu corpo ao dizer isso?” O cliente poderia responder: “Sinto tensão nas minhas pernas”. O terapeuta poderia então dizer: “Fique com essa tensão. Respire. Veja onde isso te leva.” O trabalho poderia continuar com alguns chutes em travesseiros e visualizações do chefe (ou do pai), até que, finalmente, o cliente experienciasse o seu próprio poder e um Self ampliado.
Hoje, o cenário é outro. Clientes trazem questões diferentes que precisam de intervenções diferentes. Um exemplo: “Tenho medo de ficar doente. O médico me diz que não tenho nada, mas tenho um sentimento ruim de que vou morrer...”. O terapeuta atual quer saber mais sobre a experiência de fundo (grounded) deste cliente, ao invés de explorar os sentidos figurais de sua preocupação. O terapeuta pergunta: “Entendo. Como você passa o seu dia?” O cliente responde: “Acordo cedo, vou para o trabalho. Demora uma hora e meia para chegar lá. Volto para casa às 18h30. Cozinho algo, às vezes pego uma pizza no caminho de casa. Passo um tempo na internet, converso sobre coisas bobas com algum ‘amigo’... assisto um pouco de TV. Durmo.” O terapeuta pergunta então: “Como você se sente enquanto me conta tudo isso?” O cliente responde: “É estranho conversar com alguém que escuta”. “Sim, ‘estranho’ é interessante! Mas notei que, enquanto fala, você não respira profundamente, não enche os pulmões e não pausa sua fala, nem olha para mim. Apesar disso, o que você disse me toca profundamente. A palavra que me ocorre é ‘solidão’. Eu gostaria que você experienciasse ‘estar’ comigo aqui. Consegue respirar profundamente e olhar para mim enquanto respira?”
O trabalho poderia continuar, talvez, sem muita ação individual, mas com sentimento de intimidade e uma base (ground) segura entre o terapeuta e o cliente. Tal intervenção baseia-se em aspectos relacionais (“Diga-me...”; “Eu me sinto tocada...”) ao invés do desenvolvimento de awareness pessoal do cliente. De modo geral, experiências traumáticas estão muito mais disseminadas hoje (Taylor, 2014; Rubino et al., 2014) e integramos novas descobertas das neurociências e das perspectivas relacionais de abordagens intersubjetivas para encontrar uma forma hermenêutica de desenvolver nosso método.
Veremos em maior detalhe como abordar novas ferramentas clínicas e lidar com as novas necessidades sociais e sofrimentos clínicos.
A Emergência de Distúrbios Graves e a “Virada Relacional” em Gestalt-terapia
Nos anos 80, as técnicas de Gestalt-terapia pareciam cada vez mais ingênuas e inadequadas para tratar os novos distúrbios. Diante de clientes sofrendo de dependências, distúrbios de personalidade ou psicoses, era ineficaz “conversar” com a droga, dialogar com as partes ambivalentes de si, ou apoiar a criatividade na linguagem psicótica. Alguns institutos começaram a desenvolver a teoria original da Gestalt-terapia estudando dois aspectos teóricos que eram considerados sem o valor do aqui-e-agora no desenvolvimento infantil e na psicopatologia. Tais esforços colocaram em foco aspectos hermenêuticos e o espírito relacional central do livro fundador (Perls et al., 1951/1994), conceitos de fronteira de contato e a relação de campo organismo/ambiente.
Esses dois aspectos redirecionaram Gestalt-terapeutas para o tratamento de distúrbios contemporâneos (e mais graves).[2] O estudo do desenvolvimento humano, em termos de experiência fenomenológica (Clemmens, 2012; Spagnuolo Lobb, 2012), dos movimentos corporais (Frank, 2001; 2016), e considerando a experiência de fundo (ground) como uma experiência do aqui-e-agora (Wheeler, 2000), faz com que conhecer mais o fundo (ground) possibilite conhecer melhor a figura.
Podemos descrever psicopatologia como um ajustamento criativo a situações difíceis (Perls et al., 1994, p. 6 ff.). Está ainda conectada com condições sociais (Perls et al., 1994, p. 7 ff.; Spagnuolo Lobb, 2013, pp. 29-33; 2016a).[3] A vitalidade implícita nesta definição garante que a intervenção terapêutica reconheça a “beleza” da adaptação do cliente, apoiando a vitalidade intencional encontrada nos distúrbios relacionais. Psicopatologia manifesta-se em um contínuo de experiências ansiosas e dessensibilizadas (Spagnuolo Lobb, 2016b): da dessensibilização da fronteira de contato (falta de awareness), que impede a pessoa de perceber a situação e a si mesmo com clareza, até a fixação da figura, que não flui para o fundo (ground) da experiência a ser assimilada (como no caso da experiência traumática, ver Taylor, 2014; Kepner, 2003; Bosco, 2014; Millitello, 2011).
Estes desenvolvimentos foram respaldados pela disseminação de outros estudos, especialmente nos campos da Neurociência (Rizzolatti et al., 1996; Panksepp, 1998; Porges, 2009; Damasio, 2010; van der Kolk, 2014; et alia) e da Psicanálise intersubjetiva e relacional (Stern et al., 1998, 2003; Beebe e Lachman, 2001; Tronick, 1989; Orange, Atwood e Stolorow, 1997; Mitchell, 2000), que descobriram e descreveram aspectos relacionais da experiência humana na mesma época.
Estes têm sido bons aliados no desenvolvimento da abordagem relacional contida nos textos fundadores em direção a um modelo fenomenológico, estético e orientado para o campo[4], a fim de compreender e tratar sofrimentos surgidos na sociedade pós-moderna (Spagnuolo Lobb, 2013c).
De todas essas correntes, dentro e fora da Gestalt-terapia, a abordagem relacional surgiu como uma forma de incluir uma melhor possibilidade de tratar distúrbios sérios e resolver necessidades sociais, a fim de encontrar-se no relacionamento (Philippson, 2001). Os conceitos de “fronteira de contato” e “organismo/ambiente” tornaram-se os princípios primordiais da abordagem relacional e a contribuição do terapeuta para a experiência do cliente no aqui-e-agora tornou-se instrumento a ser trabalhado no campo, ao invés de com o indivíduo (Spagnuolo Lobb, 2018a; Macaluso, 2020). De fato, a sensação de ser visto pelo Outro produz – no cliente e em geral – a sensação de existir para alguém. É a partir desta sensação que o Self unificado nasce.
O dilema surgido na Gestalt-terapia – parcialmente produzido pelas contradições encontradas dentro do livro fundador – estava entre a práxis terapêutica relacional e a abordagem intrapsíquica (Wheeler, 2000; Wollants, 2012). Na primeira corrente eram consideradas diferentes formas de se trabalhar (e.g., Stemberger, 2018). Por exemplo, quando o cliente diz: “Eu sinto raiva da minha mãe”, um terapeuta pode pedir que imagine a mãe sentada na cadeira vazia e expresse a “ela” essa raiva. Outro terapeuta poderia perguntar: “O que você sente no seu corpo ao me dizer que sente raiva de sua mãe?” Essas duas formas de trabalhar são os estilos diferentes de Fritz Perls, que fazia demonstrações em workshops com neuróticos, e o de sua esposa, Laura Polsner, que trabalhava com pacientes “reais” e dava maior ênfase em apoio, relação e fundo (ground).
Ponderando a literatura contemporânea de Gestalt-terapia, Macaluso (2020) descreve três formas de trabalhar em Gestalt-terapia: uma, focada no cliente; a segunda, focada na forma pela qual o cliente faz contato com o terapeuta; e a terceira, focada no campo fenomenológico que expressa a contribuição do terapeuta e do paciente para a transformação terapêutica. Philippson (2017) faz uma descrição semelhante de três níveis de formação em Gestalt-terapia.
Apesar de ser possível utilizar todas as formas mencionadas, essas diferenças tornaram-se correntes distintas dentro da Gestalt-terapia: modelos individualistas e modelos relacionais. Em seu livro Gestalt Therapy of the Situation (Gestalt-terapia da Situação), Georges Wollants (2012) tentou resolver as contradições internas encontradas no texto fundador, Gestalt-terapia, utilizando conceitos fenomenológicos e teóricos da Gestalt de “situação”, que oferece uma base teórica mais forte para nossa alma relacional. Ele afirma que a pessoa e o ambiente são inseparáveis e parte de um único todo.
Em nosso trabalho clínico, não nos aproximamos da pessoa do cliente, mas da dinâmica entre a pessoa e seu mundo fenomenológico. Wollants afirma que precisamos nos identificar com a perspectiva relacional, situacional e contextual, tal como descrita na primeira parte do livro fundador. Eu concordo plenamente com sua definição e espero que nos tornemos mais capazes de desenvolver nossa visão relacional única e especial, que é processual, orientada para o conceito de situação (a situação terapêutica), e inclui a experiência do terapeuta como parte deste campo.
Hoje em dia, encontramos muitas abordagens “relacionais”, tanto na clínica quanto nas organizações. Estão comprometidos com pesquisa – qualitativa, quantitativa e fenomenológica em particular (ver Churchill, 2018; Brownell, 2019; Roubal, 2016; Herrera Salinas et al., 2019). Inspiram-se em diferentes correntes psicológicas e filosóficas. Este desenvolvimento ainda está ocorrendo. Sugiro consultar Brownell (2018) para uma descrição aplicável, tanto à psicoterapia Gestalt quanto ao coaching.
O que aprendi com os meus mestres, Isadore From, Erving e Miriam Polster, e com muitos diálogos com pessoas como Gary Yontef (1993), Gordon Wheeler (2000), Lynne Jacobs (Jabocs & Hycner, 2009), Ruella Frank (2001; 2016), Jean Marie Robine (2001; 2015), Dan Bloom (2003; 2011), Philip Lichtenberg (1990), Malcolm Parlett (2015), Peter Philippson (2001; 2017), Michael Clemmens (2019), dentre outros, me inspirou a desenvolver a posição relacional da Gestalt em um paradigma de reciprocidade que integra o foco no conhecimento estético (Aesthetic Relational Knowledge, Spagnuolo Lobb, 2018a), e na intencionalidade do contato (The Now for Next, Spagnuolo Lobb, 2013) com atenção a experiência de fundo (ground) (Polyphonic Development of Domains, Spagnuolo Lobb, 2012) e a “dança” da reciprocidade – a intencionalidade recíproca de movimentos – entre terapeuta e cliente (Spagnuolo Lobb, 2019; 2018a, 2017a; 2017b).
1. Um Método Contextual, o Campo e a Estética do Contato
O trabalho clínico do Gestalt-terapeuta precisa ser visto de forma contextual e situacional:[5] não é apenas o cliente que não consegue alcançar a terapeuta com espontaneidade, mas é também a própria terapeuta que se sente incapaz de alcançar o cliente. Aqui-e-agora, a terapeuta com seus instrumentos estéticos,[6] experiencia uma falta de espontaneidade na fronteira de contato. A terapeuta se considera envolvida e parte da mesma situação (ou campo) do cliente, quando se encontram no set terapêutico.
O sofrimento do cliente é uma forma de estar na fronteira de contato, e afeta tanto cliente quanto terapeuta. É um desajuste na dança; uma falta de espontaneidade na reciprocidade. Está baseado no conceito de co-criação da fronteira de contato entre terapeuta e cliente no aqui-e-agora da sessão, com os limites específicos de tempo e espaço de duas pessoas. E, o encontro terapêutico, o contato, gera o campo experiencial. A presença do cliente é experimentada pela terapeuta que foi treinada para perceber sua ressonância estética. Isso é considerado, na Gestalt-terapia Relacional, a principal ferramenta com a qual fazer o diagnóstico (Spagnuolo Lobb, 2018ª, Roubal et al., 2013, p. 87). Diagnosticar é o processo de “conhecer-através” (diagnosis) a experiência do paciente. A Gestalt-terapeuta usa seus sentidos, além do seu conhecimento psicológico e pessoal, para “conhecer através” do sofrimento do paciente. Um aspecto interessante do conceito contextualizado de intervenção terapêutica é explicar positivamente como o diagnóstico é influenciado pelo terapeuta.[7] O que emerge entre terapeuta e cliente é a co-criação de um tema relacional, ao invés de um comportamento isolado do paciente que é definido como psicopatológico. Isso oferece possibilidades mais concretas para “tratar” sofrimento psicopatológico como sendo um aspecto fenomenológico da relação, e não um problema do paciente.
2. Gestalt-terapia Relacional Contemporânea: Três Instrumentos Clínicos Centrais para a “Dança” de Reciprocidade Contextualizada[8]
A Gestalt-terapia Relacional encara novas formas de sofrimento dando suporte à emergência de uma percepção de segurança que promove uma base (ground) segura. Para conseguir isso, a presença do movimento recíproco de terapeuta e paciente é valorizada (Frank, 2016; Spagnuolo Lobb, 2017a; 2017b). O apoio ao processo neurofisiológico do contato (“Respire e sinta o que acontece na fronteira”), evidente no trabalho de Laura Perls, é um instrumento ainda mais importante hoje.
Por exemplo, anos atrás, uma Gestalt-terapeuta poderia perguntar ao cliente que estivesse reclamando por não ser capaz de decidir entre mudar-se para uma nova cidade ou permanecer na mesma cidade com o seu parceiro: “O que você quer? Seja responsável pelos seus desejos e diga o que você quer (até para o parceiro na cadeira)”. Tal pergunta assume que o problema do cliente é encarar seus desejos e dar a si mesmo mais importância do que aos outros. Hoje o problema não é assumir responsabilidade pelos próprios sentimentos, nem ter coragem para quebrar as regras, mas sentir-se e ter coragem de permanecer com esse sentimento diante de outra pessoa.
A fim de oferecer este apoio fisiológico básico, que emerge no contato, perguntamos: “Sinta o seu corpo, respire, olhe nos meus olhos. O que você sente? Continue respirando enquanto olha para mim. Sinta seus pés no chão (ground). Como você se experimenta diante de mim? Quais são os seus sentimentos e suas emoções neste momento diante de mim, sua terapeuta e cuidadora?”.
Como o Self é construído no contato com o outro, precisamos providenciá-lo com nosso sentimento (real) diante dele, como se fosse uma “parede” de contato, que permite sentir-se através da reação do outro. Por exemplo: “Quando você me olha, eu sinto ternura”, ou “Eu me sinto decepcionado”. A ressonância do terapeuta permite conhecer a “dança” restauradora que traz o cliente para construir uma experiência de base (ground) segura. Nós re-criamos a situação em que o cliente está no controle de fazer algo corajoso, podendo ser ele mesmo na interação. Além disso, a terapeuta vai corajosamente alterar o esquema relacional e permitir ao cliente se expressar de maneira mais espontânea. É comum o cliente ser capaz de sentir a si mesmo, se nós, terapeutas, formamos a parede através da qual ele ou ela pode encontrar um sentimento de realidade, um sentimento de si mesmo.
Usando os princípios da Gestalt-terapia Relacional, gostaria de considerar agora três intervenções básicas que podem atender às necessidades dos clientes de hoje: 1) trabalhar o fundo (ground) ao invés da figura; 2) usar o Conhecimento Estético Relacional (CER) na perspectiva de campo (uma forma atualizada e menos ingênua de usar os sentidos); 3) abordar o paradigma da reciprocidade e considerar a “dança” como o lócus da terapia, em vez de considerar o que o cliente ou o terapeuta fazem.
Trata-se do desenvolvimento da raiz fenomenológica da Gestalt-terapia, de seu conceito de intencionalidade e seu foco no aqui-e-agora. São ainda análises aprofundadas das ferramentas estéticas que sempre foram aspecto crucial das intervenções na Gestalt-terapia. Só conhecemos o paciente e seu ajustamento criativo por meio dos nossos sentidos, habilidade especial que denominei “Conhecimento Estético Relacional”. Finalmente, a reciprocidade implica o desenvolvimento do uso clínico do conceito de campo: o terapeuta passa a fazer parte da situação do cliente e, com sua humanidade e competência profissional, co-cria uma dança curativa com ele que proporciona um reconhecimento implícito e estético da intencionalidade do contato do cliente.
2.1. Do Suporte da Figura para o Suporte do Fundo (Ground)
Hoje, o propósito da Gestalt-terapia deixou de ser o apoio à figura (“Seja você mesma apesar dos outros”), necessário principalmente entre as décadas de 1950 e 1980, para ser agora o apoio ao fundo (ground) (“Sinta seu corpo e fique em contato comigo”). Essa preocupação é mais importante e mais apropriada para os distúrbios contemporâneos, e já fazia parte do estilo de Laura Perls.
A experiência de “fundo” (ground) é feita através de contatos adquiridos, relacionados tanto às sensações corporais do contato (respirar, ficar de pé, ficar tenso ou relaxado etc.) e definições de si mesmo (“Eu sou capaz, eu não sou capaz, eu amo ou odeio” etc.) (ver Perls et al., 1994, pp. 156-157).
Hoje, nos deparamos com sofrimentos clínicos que expressam a perda de si mesmo. Por exemplo: um adolescente que matou alguém sem saber muito bem o porquê; um casal que não faz sexo há anos; um jovem bem-sucedido que sofre de ataques de pânico durante alguns meses no trabalho. Estes são distúrbios da experiência de fundo (ground).
Para reassumir uma base (ground) segura e o sentido de si unificado faz-se necessário experienciar que podem contar com o outro/terapeuta, e com a base (ground) onde se encontram. Os exemplos dados mostram o diferente estilo de trabalho que apoia um sentido de si mesmo básico, quando em contato com o terapeuta. O terapeuta de hoje oferece a presença, que cuida do cuidado neurobiológico de sentir-se seguro. A experiência do menino, que matou sem saber o porquê, parece mais próxima de um trauma do que da retroflexão: ele matou como reação à sobrecarga de energia (provavelmente relacionado a um distúrbio pessoal), e não como consequência de uma raiva significativa (a necessidade neurótica de se ver livre de relações sufocantes). De acordo com a teoria polivagal de Stephen Porges (2007), a sensação de segurança é um importante – talvez essencial – moderador, que influencia a eficácia da psicoterapia. É comum nossos clientes não terem awareness de seus corpos e, por isso, não têm uma sensação básica de segurança (ver Kepner, 1995; 2002; 2003). É um problema de regular excitação, assim como manter as condições corpóreas de segurança junto com crescimento. Como Gestalt-terapeutas, precisamos desenvolver habilidades terapêuticas a fim de propiciar a percepção de segurança. Miriam Taylor (2014) nos lembra de considerar a “janela da tolerância”, que pertence à experiência do nosso cliente, algo que anos atrás era dado como certo. Ruella Frank (2016) trabalha dando apoio aos movimentos relacionais básicos que constroem a percepção de si mesmo e a espontaneidade de fazer contato.
Sentir-se seguro está ligado com a experiência de ser reconhecido por outros na sua própria vitalidade. Assim, a pergunta para a Gestalt-terapeuta é: “Como olhar para este tipo de doença como uma expressão ativa de vitalidade?” (Perls et al., 1994, p. 25).
Nossos clientes adquiriram competências específicas para existir no mundo. Estas constituem o fundo (background) das suas experiências, cada competência harmonizada com as demais. São domínios de competências, interligadas entre si em um Domínio Polifônico de Desenvolvimento (Spagnuolo Lobb, 2012). A forma pela qual o cliente se senta, se move, olha para a terapeuta, considera-se diante da terapeuta etc., mostra como seus contatos prévios estão acessíveis agora, e apoiam sua intencionalidade para o contato na sessão. Por exemplo, quando um cliente se senta com as pernas cruzadas, olha e escuta a terapeuta, balança a cabeça em cada frase da terapeuta, de tempos em tempos coça a cabeça vigorosamente e volta para a sua posição estática. O Gestalt-terapeuta é tomado esteticamente pelo gesto repentino que expressa alguma vitalidade do fundo (ground) do cliente. A experiência de fundo (ground) do cliente é formada pelas pernas cruzadas, o balançar da cabeça e o coçar repentino – todas se apoiam mutuamente. Mas é o coçar que chama nossa atenção como “expressão ativa de vitalidade”, e ficamos curiosos para ver quanto desse gesto de vitalidade está “esperando” para ser apoiado, dado uma experiência mais segura do fundo (ground) (que nós enquanto psicoterapeutas buscamos providenciar).
2.2. O Conhecimento Estético Relacional para Trabalhar com uma Perspectiva de Campo
O campo é ativado quando há fronteira de contato (Perls et al., 1994, p. 151). Os sentidos do terapeuta e do cliente não são considerados como percepções isoladas, mas como percepções individuais que, ao fazerem parte de uma situação, têm algo em comum, por contribuírem para a criação de uma realidade compartilhada.
Hoje, somos co-criadores, junto com o cliente, da fronteira de contato (ao invés do cliente ser criador da fronteira de contato conosco). Não somos meros parceiros dos clientes, mas co-criadores.
O campo expressa a natureza unitária da situação terapeuta/cliente. O que o terapeuta sente está conectado de alguma forma com o campo experimental do cliente e pode ser usado como instrumento estético. Terapeuta e cliente fazem parte de uma mesma situação, e ambos mudam. Como afirmaram Perls et al. (1994, p. 35): “Não faz sentido definir um respirador sem ar.”
Eu derivo a expressão Conhecimento Estético Relacional (CER) do termo de Daniel Stern[9] “Conhecimento Relacional Implícito” (Stern et al., 1998). Stern falava da capacidade de mãe e criança se conhecerem por vias não verbais, como movimento, tom de voz, esquemas interativos e aspectos procedurais das interações. Queria reforçar a importância de formas não verbais (implícitas) de se conhecer, dando dignidade a um domínio autônomo do desenvolvimento infantil, ao lado do domínio verbal (explícito), na época considerado uma capacidade “superior” (Stern et al., 2003).
Refiro-me ao conhecimento estético (não implícito), ou seja, à capacidade de conhecer o outro através de nossos sentidos, e nossa vibração na presença do outro. O CER é a inteligência sensorial do campo. É formado por empatia e ressonância (ver Spagnuolo Lobb, 2018a).
Eis um exemplo de seu uso: um cliente finalmente chora e passamos a ver quão vulnerável à humilhação ele está. A forma como olha ao redor e olha para nós informa que está em alerta, como se precisasse controlar o que nós iremos sentir. Como terapeutas, sabemos algo sobre o que o cliente sente (graças à nossa capacidade empática), e podemos sentir outra coisa, diante do cliente que chora e está sensível à humilhação. Podemos sentir-nos irritados ou ternos. Não somos guiados pela razão em direção a esse sentimento; apenas sentimos algo que nos pertence, ao invés de algo que pertença ao cliente. Entendemos que pode tratar-se de um sentimento contratransferencial, principalmente quando ativa um passado inacabado pessoal. Percebemos quão sensível somos com aquele cliente quando não estamos distraídos pelas nossas próprias questões inacabadas, graças ao nosso trabalho individual. Mesmo assim, por termos tal sentimento, também pertencemos ao campo ativado pela situação terapêutica com este cliente. Pertence a uma realidade fenomenológica. Podemos dizer que expressa “a outra face da lua” da experiência do cliente; a experiência do “outro” que torna a humilhação possível para o cliente.
Em outras palavras, podemos usar nossos sentidos tanto para compreender os sentimentos do cliente quanto para compreender os sentidos das outras partes do campo, constituído pelo organismo e o ambiente. A maneira pela qual entramos em ressonância com um cliente, em um momento específico, é como as ondas que “ressoam” para com a pedra jogada na água. Lynne Jacobs (2018) expressou muito bem: “Permanecer no jogo como parte da situação terapêutica.” Ressonância é a contribuição do terapeuta (um outro significativo) para a situação.[10]
Essa ferramenta relacional pode ser complementar à famosa técnica da “cadeira vazia”. A cadeira vazia foca no indivíduo e no seu diálogo interior, ao invés de focar na fronteira de contato com o terapeuta (ver Macaluso, 2020). O CER está alinhado com a abordagem situacional, que Perls et al., (1994, p. 20-21) descrevem como “método contextual”. Afirma que fazemos parte da situação do cliente. Portanto, quando perguntamos ao cliente: “O que você sente ao olhar para seu pai nesta cadeira?”, podemos acrescentar (seguindo o ensinamento de Isadore From): “O que você sente ao olhar para mim enquanto fala com o seu pai?”. Isso ainda não é o suficiente; podemos nos perguntar ainda: “O que eu sinto como o Outro – o terapeuta?”.
2.3. Foco na “Dança”[11] da Reciprocidade: uma Mudança de Paradigma
Com o passar do tempo, mudamos nosso foco terapêutico do cliente para o campo fenomenológico que terapeuta e cliente co-criam, e, agora, a reciprocidade. Ou seja, o ato recíproco de mover-se-em-direção-ao-outro no processo terapêutico.
Os movimentos mútuos do cliente em direção ao terapeuta e do terapeuta em direção ao cliente criam uma “dança” de reciprocidade (Spagnuolo Lobb, 2017a, 2019). O que cura é a sincronicidade (e.g., Tschacher et al., 2014) e o cliente sentir-se apoiado através dos movimentos do terapeuta (e.g., Stern, 2010). Não existem técnicas predeterminadas que possam dar ao cliente este sentimento de ser apoiado. Pelo contrário, trata-se de um gesto especial que pertence ao terapeuta, a “marca” – como dizia Stern (Stern et al., 2003) – que faz com que o cliente se sinta apoiado por aquele terapeuta particular. Trata-se de um conhecimento implícito e estético peculiar, que ambos desenvolvem na relação.
Esta “dança” de terapeuta e cliente usa os aspectos fenomenológicos e estéticos da interação, tal como os movimentos, as intencionalidades, a excitação pelo contato e o relaxamento quando o contato é atingido, respiração, tempo de contato (processo) etc.
O conceito de reciprocidade pode ser uma realização contemporânea da base epistemológica, estética, perspectiva de campo e integrativa da Gestalt-terapia, assim como pesquisas recentes acerca da mente relacional (Seikkula, 2015), Neurociência (Porges, 2007; Gallese, 2009), Epigenética (Spector, 2013), aliança terapêutica (Tschacher et al., 2014, 2015, 2016; Flückiger et al., 2012) e intersubjetividade (Stern, 2010; Beebe e Lachmann, 2001).
Ao tentar descrever essa “dança” em termos da intencionalidade de seu “ser-com” através do tempo do encontro, considero oito “passos da dança”, cada um identificado com comportamentos intencionais próprios. Estes passos descrevem duas interações “afetivas” principais: cuidador/criança (Spagnuolo Lobb, 2016c), e terapeuta/cliente (Spagnuolo Lobb, 2017a; 2017b). Idealmente, esses passos de dança são sequências de movimentos intencionais, mas não é necessário que ocorram em sequência. São ações procedurais espontâneas de contato entre criança e cuidadoras/es, ou entre terapeuta e cliente. São nomeados da seguinte forma (ver Spagnuolo Lobb, 2016c; 2017a; 2017b): 1) Construir juntos uma sensação de fundo (ground); 2) Perceber-se mutuamente; 3) Reconhecer os movimentos intencionais um do outro; 4) Ajustar-se ao outro; 5) Dar passos ousados juntos; 6) Se divertir; 7) Alcançar um ao outro; 8) Se deixar ir até o outro ou cuidar do outro.[12]
Estes “passos de dança” permitem ao terapeuta apoiar a regulação da relação e do contato terapêutico para além da ação singular de um ou do outro. Ajudam a apoiar cada “dança” terapêutica como uma co-criação singular, dando dignidade mútua aos processos reguladores e aos aspectos qualitativos da prática clínica.
O uso da expressão “dança de reciprocidade” que foca nos processos reguladores das interações significativas, é ainda importante em treinamento e supervisão: estudantes podem ser apoiados a desenvolverem seu pensamento relacional enquanto estão aprendendo psicoterapia. Além disso, usar os “passos de dança” para supervisão psicoterapêutica tem constituído apoio e evitado a vergonha que costuma acompanhar a supervisão.[13]
Finalmente, os “passos de dança” são úteis para apoiar psicoterapeutas na confiança estética e sentimentos orientados para o campo, para confiarem na própria capacidade de ser-com, contra a cultura narcisista que mantém o terapeuta como aquele que detém a “jogada certa”.
3: Conclusão
Neste artigo, busquei delinear o desenvolvimento da Gestalt-terapia Relacional, a partir do apoio da autonomia do cliente para a capacidade de “dançar” com ela/e, co-criando a sensação de segurança tão necessária em dias atuais.
O paradigma da reciprocidade tem estado presente no valor clínico da Gestalt-terapia Relacional. Nós, os curadores, consideramo-nos co-criadores da situação terapêutica, e entramos no jogar, na dança, como parte da situação, experimentando um suporte particular para um sentimento de Self pleno, espontâneo e agente do cliente.
Com a evolução relacional, a Gestalt-terapia pode continuar a fornecer uma contribuição inovadora ao mundo das psicoterapias e à sociedade. Integra estudos recentes acerca da natureza relacional do cérebro, teorias de apego, importância dos relacionamentos para a mudança pessoal, e até mudança genética. A Gestalt-terapia, baseada na fenomenologia, estética e teoria de campo, é uma maneira útil para o paciente contemporâneo redescobrir sua vitalidade, sua experiência de Self unificada e sua segurança existencial em um contexto social, no qual dessensibilização e dissociação são as evidências clínicas mais comuns.
REFERÊNCIAS
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Notas
Revista IGT na Rede, v. 21, nº 42, 2025, p.1-32 DOI 10.5281/zenodo.15546861
Disponível em http://www.igt.psc.br/ojs ISSN: 1807-2526
[1] Nota da tradução: O presente artigo usa o conceito “ground” com frequência. Tal conceito possui alguns significados distintos, por vezes técnicos. O primeiro faz referência a relação entre figura e fundo, em inglês “figure and ground” ou “figure and background”. A tradução utilizada nestes casos é “fundo”. Porém, “ground”, possui outro significado importante: “base” ou “suporte”. “Grounding” é um conceito psicoterapêutico relevante, que faz referência ao suporte necessário para o desenvolvimento do trabalho terapêutico. Por fim, no seu uso mais literal, “ground” significa “chão”. Para manter a unidade do texto original, em todos os casos, a palavra em inglês será apresentada entre parênteses. Cabe ao leitor lembrar que, no original, “ground” significa as três coisas simultaneamente.
[2] Outros institutos desenvolveram modelos relacionais de consultoria organizacional, aplicando estes dois conceitos para a relação entre indivíduo e sociedade (ver Melnick, 2019; Nevis, 1997).
[3] A descrição do conceito de psicopatologia em Gestalt-terapia (ver Yontef, 2001; 2005; Robine, 2001; Spagnuolo Lobb, 2013a, p. 56 ff.; Francesetti et al., 2013) nos permite dialogar com psiquiatras e clínicos e criar uma ponte com a linguagem do DSM (ver Rubino et al., 2014; Spagnuolo Lobb, 2013b; 2015).
[4] A literatura acerca do conceito de “campo” em Gestalt-terapia é extensa, e seria impossível citar todas as contribuições. Existem várias descrições que expressam o debate entre a percepção individual e a experiência compartilhada. Ver, por exemplo, Robine (2015), Parlett (2015), Spagnuolo Lobb (2016a), Francesetti (2015), ou Rossi (2017) para uma descrição aprofundada.
[5] Os fundadores da Gestalt-terapia propuseram, desde os primórdios, o método “contextual” como a circularidade hermenêutica entre o leitor e o livro: “Assim, o leitor está aparentemente confrontado com a tarefa impossível de compreender o livro, pois que ele precisa ter uma mentalidade “gestáltica” para compreender e que, para adquiri-la, ele precisa compreender o livro” (Perls, Hefferline e Goodman, 1994, p. xxiv).
[6] A palavra “estética” provém da palavra grega αισθετικός (aisthetikós), que significa “relativo aos sentidos”. Em Gestalt-terapia, o conceito implica sermos seres interconectados e expressa uma consideração da experiência fisiológica. Interesse na mentalidade da experiência é decididamente substituída pelo interesse estético na experiência gerada pela natureza concreta dos sentidos (Spagnuolo Lobb, 2013, p. 47).
[7] Atwood e Stolorow (1993) descreveram como aquilo que é diagnosticado, através da perspectiva intersubjetiva, não é a organização psicológica do paciente vista de maneira isolada, mas o funcionamento de todo o sistema terapêutico. Além disso, Aboraya et al., (2006) mostraram como o contexto e o treinamento do clínico influenciam a interpretação dos sintomas.
[8] Para uma descrição aprofundada destas três ferramentas clínicas, ver Spagnuolo Lobb, 2019, p. 241-8.
[9] Daniel Stern foi professor visitante na escola de Pós-Graduação que eu dirigi por nove anos. Ele tem sido muito importante no meu desenvolvimento da Gestalt-terapia pensada de forma relacional.
[10] Ruella Frank (2016) desenvolveu o conceito de “ressonância” como resposta cinestética. Eu desenvolvi tal conceito como contribuição estética ao conhecimento do campo. Michael Clemmens (2019) desenvolveu o conceito de “contexto corporificado”. Todos os três conceitos são compatíveis.
[11] Uso a palavra “dança” de forma metafórica.
[12] O modelo dos “passos de dança” está em processo de validação por pesquisa.
[13] Este método é usado em programas internacionais para supervisores de Gestalt-terapia, organizado pelo Istituto di Gestalt HCC Italy (www.gestaltitaly.com), credenciados pela Associação Europeia de Gestalt-terapia.
Autora
MARGHERITA SPAGNUOLO LOBB, PsyD, é diretora do Istituto di Gestalt HCC, Italy (www.gestaltitaly.com; www.gestalt.it). Já foi presidente e é membra honorária do EAGT, LAA do AAGT, fundadora do SIPG, presidenta honorária do SIPG, treinadora internacional, editora da Gestalt Therapy Book Series (Routledge) e do Quaderni di Gestalt (FrancoAngeli).
Para mais informação sobre o seu trabalho acessar:
https://www.gestaltitaly.com/margherita-spagnuolo-lobb/
Este artigo não foi financiado ou patrocinado por nenhuma organização.