Self e Temporalidade
Neste trabalho pretendemos abordar o entendimento de Perls, Hefferline e Goodman (1997) sobre o caráter “dinâmico” e “temporal” do ajustamento criativo e respectivas interrupções. Da mesma forma, pretendemos comentar a função que a descrição das interrupções da criatividade deveria cumprir no âmbito da clínica gestáltica, precisamente, constituir um método de decifração da estrutura de um comportamento neurótico único (Perls e cols., 1997: 259). Nesse sentido: i) preocupados em restabelecer não só a dinâmica figura/fundo, mas, principalmente, o caráter temporal sem o qual o ajustamento criativo seria apenas uma cadeia de ocorrências sem ligação entre si, ii) e preocupados em resgatar a compreensão de que a descrição das interrupções não se presta a constituir uma tipologia de pessoas neuróticas, mas a estabelecer um método de trabalho clínico coerente com o caráter único e temporal dos ajustamentos neuróticos, iii) propomos - mais que uma nova apresentação gráfica das noções de ajustamento criativo do self e respectivas interrupções -, uma releitura da gênese das diversas configurações neuróticas que, para Perls e cols. (178), mais não são que “inibições variadas do processo de contatar o presente”. Para tal, recorreremos à base filosófica desde onde, como reconhece o próprio Perls, “toda classificação, descrição e análise exaustivas das estruturas possíveis do self” deve ser estabelecida, qual seja essa base, a fenomenologia (189). Precisamente, recorreremos à descrição fenomenológica da vivência do tempo, na qual encontramos a matriz desde onde pudemos pensar o vínculo entre a dinâmica figura/fundo e a teoria da neurose enquanto inibição variada do processo de contatar o presente.
Rosane Lorena Granzotto: psicóloga clínica, gestalt terapeuta, mestranda em filosofia (UFSC), diretora do Instituto Gestalten (SC) – ro@gestalten.com.br
Marcos José Muller-Granzotto: doutor em Filosofia, professor do programa de pós-graduação em filosofia e literatura da UFSC (Florianópolis, SC) – mjmuller@cfh.ufsc.br
Clique aqui para ler a parte escrita do trabalho (Artigo publicado na Revista do X Encontro Goiano da Abordagem Gestáltica, Número 10, 2004).