ARTIGO

Aqui-e-agora, pessoa e mundo em Gestalt-Terapia: um ensaio sobre fundamentos

Here and now, person and world in Gestalt-Therapy: an essay on fundamentals

 

Cesar Augusto Marton*; Romano Deluque Júnior**; Márcio Luís Costa***

UCDB - Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande - MS.

Endereço para correspondência

 


RESUMO

O presente estudo se apresenta como um ensaio de discussão teórica que discute alguns dos fundamentos conceituais filosóficos, tais como "aqui-e-agora", pessoa e mundo em Gestalt-terapia. As raizes filosóficas da Gestalt-terapia são complexas e produzem múltiplos atravessamentos no seu corpo teórico e na sua prática terapêutica, nessa esteira, o presente estudo intenta fazer ver e refletir a impossibilidade de uma atuação terapêutica atenta e adequada, sem o aprofundamento dos pressupostos filosóficos que servem de base para essa mesma terapêutica. Os autores e conceitos aqui expostos e discutidos foram selecionados pelo critério de implicação pessoal e não representa, de forma alguma, o único caminho possível para investigar o embasamento filosófico da teoria e da atitude terapêutica gestáltica.

Palavras-chave: Filosofia; Fenomenologia; Gestalt-Terapia; Aqui-e-agora; Homem; Mundo.


ABSTRACT

The present study presents itself as a theoretical discussion essay that discusses some of the philosophical conceptual foundations, such as "here and now", person and world in Gestalt-therapy. The philosophical roots of Gestalt therapy are complex and produce multiple crossings in its theoretical body and in its therapeutic practice. In this context, this study aims to make visible and reflect the impossibility of an attentive and adequate therapeutic performance, without deepening the philosophical assumptions. that serve as the basis for that same therapy. The authors and concepts exposed and discussed here were selected by the criterion of personal implication and in no way represents the only possible way to investigate the philosophical basis of the Gestalt theory and therapeutic attitude.

Keywords: Philosophy; Phenomenology; Gestalt-Therapy; Here and now; Man; World.

 

INTRODUÇÃO

Quanto maior o alicerce epistemológico de uma determinada teoria, mais pode ser atribuído à ela, componentes de solidez e validade. Em particular, a Gestalt-Terapia vem passando por uma profunda reformulação no que tange à novas construções científico-epistemológicas (HOLANDA, 1998; HOLANDA, 2008; HELOU, 2013).

São mais de 26 anos de produção de trabalhos acadêmicos, tanto em nível de graduação ou de pós graduação, que refletem a preocupação da comunidade gestáltica com a fundamentação teórico-filosófica da Gestalt-Terapia (HOLANDA, 2008). Faz-se pois, necessário remapear os componentes históricos que resultaram naquilo que hoje se tem como uma verdadeira episteme, para tal, discutir e apropriar-se de categorias filosóficas que serviram de base para a construção da referida abordagem é uma tarefa indispensável.

A presente discussão adquire relevância ao ponto em que procura superar uma aplicação terapêutica fundamentada estritamente em aspectos técnicos e metodológicos, e que, parece se dar, a partir de uma compreensão bastante limitada da teoria global construída por Perls (Berlim, 1893 – Chicago, 1970) (PORTO, 1989).

Alguns autores argumentam a favor da existência de uma tradição antiacadêmica na história da Gestalt-terapia (HELOU 2015; 2013; CASTELLÁ, 2017), isso se deveria à uma tendência, na qual se faz muito mais comum pensar a prática do que a teoria gestáltica (HOLANDA; KARWOWSKI, 2004; HOLANDA, 2008), ainda quando, pensar a prática, é fazer teoria. Ressalte-se ainda, que o "estilo" de seu fundador parece ter contribuído junto à essa tendência, "pois seu jeito, fala, modos e ‘slogans' se tornaram mais sua marca do que sua teoria propriamente dita" (HELOU, 2013 p.13).

A necessidade quanto a um resgate dos fundamentos teórico-filosóficos da Gestalt-terapia parece ter sido tema de preocupação do próprio Perls (1893-1970), ao ponto em que percebe a utilização de suas técnicas por psicoterapeutas, sem que esses tivessem procedido a um aprofundamento epistemológico adequado (SPITZER 1973).

Ademais, o uso, por parte de psicoterapeutas, de técnicas esparsas, sem a compreensão adequada acerca das teorias de base que lhe dão causa de ser, faz-se por afastar-lhes cada vez mais de uma Gestalt-terapia verdadeira (Stevens, 1978). Portanto, técnicas milagrosas e pouco embasadas, bem como terapêuticas que prometem a cura sem qualquer necessidade de crescimento pessoal, devem ser vistas com ressalvas (PERLS, 1969; 1976; Stevens, 1978).

Em Gestalt-terapia explicada, Perls (1976) alerta sobre o perigo do superficialismo que então se sucedia no âmbito das práticas e técnicas terapêuticas que emergiam dentro da Gestalt-terapia. Já a partir dos anos 70, uma vez reconhecida a crise epistemológica pela qual passava a referida abordagem, fora feito um relevante esforço no sentido de resgatar as raízes teóricas esquecidas da Gestalt-terapia com a finalidade de evitar o seu esvaziamento epistemológico (HELOU, 2013).

E por tais motivos, uma série robusta de artigos foram publicados, e obras reeditadas. Tudo isso a fim de proceder em uma atitude corretiva que dizia: uma abordagem não pode ser concebida distantemente de seu contexto histórico, bem como não deve ser operada baseando-se em jargões e "slogans" existências (ROMERO; NORTE-SUR, 1978; INTRATOR, 2013).

Nesse sentido, há de se dizer que as raízes da Gestalt-terapia são extensas e complexas. Dentre as filosofias e as teorias que serviram de base para o advento da Gestalt-terapia estão: a teoria da  Forma ou da Gestalt de Wertheimar, Köhler e Koffka (RIBEIRO, 1985; ENGELMANN, 2002; HELOU, 2013); a Teoria de Campo de Kurt Lewin (SILVEIRA, 2005; HELOU, 2013); a Psicanálise de Freud (ARAÚJO; HOLANDA, 2018); a Análise do Caráter de Reich (CORTES, 1989; MENDES; BARATIERI, 2011); bem como a Semântica de Korzybsky (PIBERMAT, 2002).

Já no campo filosófico, a mesma faz uso do Holismo de Jan Smuts; do Existencialismo de Buber e Tillich, e ainda, da Fenomenologia de Husserl que viria e ser reinterpretada por Merleau Ponty (RIBEIRO, 1985; PORTO, 1989; HELOU, 2013). Além disso, a filosofia oriental possui papel relevante quanto ao conceito de "integração" e de "tomada de consciência" em Gestalt-terapia (PORTO, 1989).

Segundo Heidegger (1989), Perls localizava a Gestalt-terapia como uma força rebelde e existencial da psicologia, e como tal, sobressaía-se enquanto integralmente ontológica, ou seja, centrada no ser humano em seu momento e condição existencial. A Gestalt-terapia se propõe a perceber o ser humano como um "ser" particularizado, singular (PORTO, 1989), a partir de sua relação para o mundo-da-vida (HEIDEGGER, 1989). Essa visão contrapõe-se à concepção de um mundo pré-existente (PERLS, 1969).

Eis que sobrevem a imagem de um mundo interpretado, que se manifesta através da experiência do sujeito, um mundo que, segundo Husserl (1986), possui natureza intangível pois o conhecimento a respeito dele é construído a partir de fenômenos psíquicos humanos, e como tais, são modulados a partir de sentidos, interesses, recursos, valores, preconceitos, etc.

Logo vê-se que as raizes filosóficas de base da Gestalt-terapia possuem nuances bastante atravessadas, e diante disso, o presente estudo intenta a apontar direções que causem uma atitude de reflexão acerca dos desafios e barreiras para uma atuação terapêutica atenta e humanizada, sem que os pressupostos filosóficos que serviram de base para essa mesma terapêutica, sejam então compreendidos.

Diante do exposto, o presente trabalho apresenta-se como um ensaio de discussão teórica cujo intuito é o de  apresentar fundamentos conceituais que auxiliam em uma tarefa e elucidação das noções filosóficas de "aqui-e-agora", de pessoa, e de mundo em Gestalt-terapia.

Os autores e conceitos aqui expostos e debatidos foram selecionados por critérios pessoais, e não representam, de forma alguma, um caminho ideal para a elucidação da temática. Reconhece-se pois, a existência de muitos outros arranjos que podem auxiliar na condução desta mesma reflexão, porém, convêm-se dizer que qualquer iniciativa que procure investigar as bases de determinada teoria ou atitude terapêutica parece pois, ser um bom começo para apreendê-la em integralidade.

 

2 - O AQUI-E-AGORA EM GESTAL-TERAPIA

Diante da Gestalt-terapia, o "aqui-e-agora" se apresenta, talvez, como a expressão que mais caracteriza a referida abordagem (CARMO, 2004). Ao mesmo tempo, o termo parece sofrer com uma significante incompreensão ao ponto em que, diante dela, o passado, presente e futuro são percebidos de maneira esparsa e desconectada (ARENHART; FREITAS, 2016). Além disso, há uma inequívoca tendência, à qual se submete o homem moderno, na busca pela auto-satisfação no futuro seja ele, próximo ou distante. Emerge-se então uma forma de tensão, entre o aqui-e-agora gestáltico, e um "lá então" inerente à sociedade ocidental moderna (MESQUITA, 2011)

Ainda que o tema seja mister, tanto para a prática clínica em Gestalt-terapia, como para sua elaboração teórica, há pouquíssimas referencias teóricas atuais que se dedicam à um debate conceitual acerca do tema. Arenhart e Freitas (2016) argumentam sobre a necessidade de maior compreensão desse fenômeno na prática clínica ao ponto em que envolve uma atitude de rememorar aquilo que se estava enrijecido no passado. Também defendem uma posição semelhante: Carmo (2004); Costa (2010); e Granzotto & Granzotto (2004). Discussões como essa "ajudam a fornecer elementos teórico-conceituais para investigações dentro da abordagem gestáltica, bem como para fomentar discussões acerca de posicionamentos clínicos" (MESQUITA, 2011 p. 60).

O termo se relaciona, dentro de uma atitude terapêutica, à re-atualização de situações inacabadas, ou seja, aquelas cuja origem tenha se dado em momento anterior, mas ainda hoje persistem na subjetividade de determinada pessoa, no seu aqui-e-agora (PERLS; HEFFERLINE; GOODMAN, 1997). Essa rememoração costuma se dar à partir de manifestações linguísticas e para-linguísticas, tais como mudanças no tom de voz, de postura e de sintaxe (PERLS; HEFFERLINE; GOODMAN, 1997). Tais fenômenos também se manifestam no choro, no grito e na repreensão (POLSTER; POLSTER, 2001).

Nessa esteira, memórias são organizadas de maneira diferente mesmo que duas pessoas vivenciem uma mesma experiência (COSTA, 2010). Isso significa não haver a posse plena de suas experiências passadas, mas apenas o contato com o modo com que elas se manifestam no presente, no aqui e no agora. Sobre disso, Perls, Hefferline e Goodman (1997) argumentam que se determinado evento do passado não é de interesse do sujeito e não se manifesta no presente, então, psicologicamente tal evento não existe. Segundo Arenhart e Freitas (2016), tal concepção liga-se àquilo que Husserl possui por perspectiva temporal. Costa (2010) argumenta:

"A experiência e a vivência imediata representam o momento de entrada na realidade, contendo a chave do passado e do futuro e respondem às questões mais sutis de como o tempo se concretiza e o espaço se temporaliza. Isso é fenômeno" (p.444)

A fenomenologia tem suas bases vinculadas a linha de pensamento de Edmund Husserl, e consiste, majoritariamente, numa crítica à visão cartesiana de mundo (HEIDEGGER, 2006). Segundo Sacrini (2009), Husserl intenta na direção do abandono do "psicologismo", pois o mesmo possuiria a característica de viabilizar o conhecimento do ser humano a partir das suas estruturas internas s subjetivas. Husserl inverte tal pressuposto. Para ele a compreensão do ser humano deve se dar a partir das suas experiências no mundo, e daí, se acessaria os elementos psíquicos (MERLEAU-PONTY, 1994).

Para Husserl (1964) a compreensão da temporalidade requer uma análise dos atos da consciência e relativos à intencionalidade, e que, ao mesmo tempo, repousam na subjetividade humana. Por essa perspectiva, o momento temporal não deve ser entendido como estando relacionado a conteúdos apreendidos ou que genericamente foram vivenciados. Isso significa que objetos temporais percebidos no presente são compostos por componentes intencionais e manifestos, e possuem, eles mesmos, a sua própria temporalidade (PEREIRA JÚNIOR, 1990).

Daí, para se compreender o aqui-e-agora em Gestalt-terapia, seria necessário perceber "que passado e futuro não estão no presente, mas se revelam por meio dele" (ARENHART; FREITAS, 2016 p.44.). Trata-se pois, de integrar a pessoa (o cliente) à sua própria experiência, ato bastante distante de um mero "falar sobre o passado ou a infância". Nesse sentido, o terapeuta intentaria à compreensão do fluxo de consciência do cliente, buscando compreender o que lhe está sendo revelado, para assim auxiliar o mesmo com vistas à auto-compreensão (PORTO, 1989).

"O psicoterapeuta, assim como o filósofo, deve colocar-se diante do fenômeno numa situação de escuta do ser, desvelando-se ao mesmo tempo em que este também se desvela, recusando-se a instalar-se na verdade ou no seu sistema de verdades e certezas para compreender a realidade fora de si próprio. A fluidez, a espontaneidade, o não-saber, o não-determinar, mas apenas o estar-com são elementos desta atitude de escuta do ser, por onde se consuma a essência" (RIBEIRO,1985, p. 57).

Quanto à consciência do tempo, Husserl (1964) afirma que uma lembrança primária não é uma consciência de imagem, mas do próprio objeto ou evento revivido pela consciência. Isso significa que aquilo que se é lembrado primariamente não é tido como uma modalidade de presente, mas de passado, embasado em subjetivas e pessoais memórias (PEREIRA JÚNIOR, 1990). Tal fenômeno se embasa naquilo que Husserl (1964) tem por percepção interna, e que se refere a objetos imanentes.

De toda forma, ao se afastar concepções lineares de temporalidade no aqui-e-agora, acaba-se por afastar também, noções mecânicas e objetivas oriundas das ciências exatas e da natureza. Tais concepções distanciam-se de um aqui-e-agora em perspectiva fenomenológica, e se faz incorrer no erro de linearidade, ou seja, se percebe o aqui-e-agora como sinônimo de tempo presente (ARENHART; FREITAS, 2016).

Para Husserl (1964), a compreensão dos fenômenos internos de ser humano se tornaria possível a partir da observação dos aspectos formais observáveis. Isso significa compreender as dimensões subjetivas e multifacetadas do ser humano através da observação do modo como tais dimensões se manifestam no aqui-e-agora (FILHO; GOMES, 2012). E tal como um método, a fenomenologia proposta por Husserl possui o intuito de apreender os fenômenos em suas singularidades, ou seja, em sua essência (HEIDEGGER, 2006)

Se a essência dos fenômenos só pode ser conhecida de fora pra dentro (HUSSERL, 1964),  então há de se conceber que é na instância de fora onde residiria o mundo das fenomenalidades da vida cotidiana de todos os seres humanos, ou, um mundo onde as experiências emergiriam numa espécie de aqui-e-agora.

O conceito da Gestalt-terapia do aqui-e-agora estaria pois, vinculado à manifestação fenomenológica das experiências humanas, tal como é proposto por Husserl (1964). Logo, os fenômenos se tornam passíveis de serem desvelados a partir do modo como se manifestam no mundo, e quando se manifestam, o fazem no aqui-e-agora. Daí, perceber o aqui-e-agora gestáltico como sinônimo de tempo presente seria uma tarefa insustentável.

Pelo contrário, seria ali, naquele instante fenomenológico onde se manifestariam toda uma sorte de nuances subjetivas individuais onde, passado e presente se fariam juntos em uma experiência manifestada no aqui-e-agora. O modo como os fenômenos subjetivos são desvelados se constitui como instrumento vital para a Gestalt-terapia (FILHO, GOMES, 2012). É a partir desse processo que o psicoterapeuta atuaria como um observador analítico da vivência de seu cliente, auxiliando-o num processo de auto descoberta e de construções em psicoterapia (FILHO, GOMES, 2012).

O marcador temporal gestáltico denominado de aqui-e-agora, sugere a compreensão do tempo como "Kairós", normalmente traduzido na filosofia como tempo oportuno, carente de uma cadência mecânica pré-determinada, mas pleno de significação e de sentido, que terminam por produzir uma dobra, quase barroca, no tempo linear, cujos marcadores não medem mais que o movimento de um corpo no espaço (MARCONDES, 2013).

 

3 - CONCEITO DE PESSOA EM GESTALT-TERAPIA

A Gestalt-terapia se propõe a perceber o homem como um ser particularizado. Isso significa percebê-lo como um ser singular e único no universo, que se individualiza a partir de sua relação com o mundo (PORTO, 1989). O homem é também um sujeito de consciência, que adquire conhecimento a partir de um ciclo de contato entre sua consciência e o mundo. O mundo agora passaria a ser matizado a partir da intencionalidade do homem, de seus interesses, valores, preconceitos, etc (PORTO, 1989).

Faria sentido então falar de verdade como sendo a verdade para o sujeito que experiencia suas próprias vivências. Segundo Husserl (1964), o conhecimento é uma vivência psíquica, e como tal, vem ao ser humano através de suas experiências sensoriais. Logo, ele se dá sempre mediante a possibilidade de ser ou não entendido fidedignamente. O conhecimento humano é, assevera Husserl (1964), apenas conhecimento humano, ligado às formas intelectuais humanas, e não relacionadas a sua própria natureza ou a "coisa em si".

O pensamento Husserliano também enfatiza a prioridade da intuição, que é a via de acesso ao fenômeno, sobre o pensamento conceitual (COSTA, 2010). Daí, haveria aquilo que é dado ao sujeito, por meio dos seus sentidos, e aquilo que é dado em si mesmo, ou intuído. Segundo Costa (2010):

"Tudo, e não só o sensível, pode ser intuído, e isso constitui a soberana forma de seu conhecimento. O mesmo objeto pode ser, portanto, dado à consciência do homem de diferentes modos. A intuição é a revelação plena do ser, e por isso só nela está realmente a coisa no seu ser próprio. O verdadeiro é o intuído" (p13).

De acordo com o pensamento de Husserl, a consciência humana é sempre a consciência de alguma coisa, ou seja, só é consciência enquanto dirigida a um objeto (DARTIGUES, 1967). Em uma via de mão dupla, o objeto também só pode ser definido a partir da sua relação com a consciência (HUSSERL, 1964). Ele sempre será um objeto-para-um-sujeito (DARTIGUES, 1967).

Para a pessoa, o sentido do fenômeno lhe é inerente (HUSSERL, 1964). Isso significa haver sempre uma essência passível de ser identificada. Eis que essa tarefa de identificação seria tangível através do método fenomenológico. Mas não há essência sem que haja também uma consciência que a perceba (PORTO, 1989). Daí, a fenomenologia se apresentaria como uma análise do dinamismo do espírito, que dá os objetos do mundo seu sentido (PORTO, 1989). Ademais, também compete à fenomenologia descrever a coisa ou o fenômeno que é-se dado ou apresentado à consciência, que faz-nos falar e pensar nele, da mesma forma como ele se faz conhecer (COSTA, 2010).

Se um objeto é objeto para alguém, ele se dará sempre para uma determinada consciência, e não será, portanto, um "objeto em si", mas um objeto pensado, sentido, intuído. À partir dessa intencionalidade, sujeito e objeto não podem mais ser percebidos distintamente (DARTIGUES, 1967), pois há ali a atuação da consciência. Haveria, necessariamente, a consciência de algo, ou um objeto para alguma consciência. Fora da consciência não haveria nem sujeito nem objeto (PORTO, 1989).

"Na Gestalt-terapia, os dados não disponíveis à observação direta do terapeuta são estudados pelo enfoque fenomenológico, pela experimentação, por relatos dos participantes e por intermédio do diálogo. Portanto, a maneira pela qual o terapeuta e os pacientes experienciam seu relacionamento é uma preocupação especial na Gestalt-terapia" (COSTA, 2010 p. 445).

Portanto, a tarefa da fenomenologia seria analisar as vivências intencionais da consciência para se perceber como os sentidos do fenômeno são construídos para o sujeito, tarefa a que se intenta também a Gestalt-terapia. Uma análise intencional permitiria ao sujeito colocar em suspensão as crenças a "priori" a respeito de determinado fenômeno, e assim chegar a uma síntese fenomenológica que se permita ir às coisas mesmas (LYOTARD, 1954). Costa (2010) exemplifica:

"O criador da Fenomenologia [Husserl] diz que as coisas são tais como os fenômenos as apresentam à nossa consciência. Portanto, os fenômenos, ao mesmo tempo que são objetivos, só nos revelam essa condição quando se manifestam em nossa consciência, enfatizando-se assim a tese de Husserl, já referida anteriormente, de que as ideias só existem porque são ideias sobre coisas. Desta forma, consciência e fenômeno não existem separados um do outro" (p. 437).

Um olhar fenomenológico significa um olhar meditativo que precede qualquer classificação (PORTO, 1989). E tal olhar é o que fundamenta o conceito de pessoa em Gestalt-Terapia (RIBEIRO, 2011). Ademais, o conceito de pessoa, em Gestalt-terapia, decorre ontologicamente do conceito de mundo, "[…] pois primeiro o mundo existe, depois a pessoa'"  (RIBEIRO, 2011 p.46). É a partir de sua relação com o mundo, e da compreensão do que é mundo, que se é permitido a pessoa se perceber dentro de uma situação de interdependência para daí, se localizar no mundo como um ser ético e de ação (RIBEIRO, 2011).

 

4 - CONCEITO DE MUNDO EM GESTALT-TERAPIA

Uma reflexão sobre o conceito de mundo em gestalt-terapia se faz necessário pois, na referida corrente teórica, mundo e pessoa são conceitos inerentes entre si. Isso significa que não há um mundo propriamente dito sem que haja pessoas que o defina enquanto mundo. Em contrapartida, sem um mundo não há, evidentemente, possiblidade de existência.

Em Gestalt-terapia fala-se de um mundo feito de pessoas e coisas, vivendo numa íntima e mútua relação. Nesse mundo, pessoas e coisas movimentam-se com os mesmos passos, e experienciam-se mutuamente. Trata-se pois, de um mundo-e-pessoa (RIBEIRO, 2011).

Nessa esteira, embora conceba-se que indivíduos se singularizem a partir de sua relação com as coisas, que por sua vez estão, e fazem parte do mundo, isso por si só não é suficiente para definir o conceito de mundo em Gestalt-terapia. Há de se pensar em uma totalidade em ação, uma totalidade viva (RIBEIRO, 2011), onde pessoa e mundo de auto-contemplam e se auto-complementam em ciclo contínuo de construção de sentidos num universo maior.

"Sendo assim, o mundo não é exterior a nós mesmos, independente de nosso modo de ser; ele possui um sentido para nós, ele nos é dado sem seu sentido antes que em seu ser, ou melhor, seu ser reside em seu sentido" (COSTA, 2010 p. 441).

Tal visão de mundo também é concebida a partir da teoria holística, que por sua vezé, de certo modo, operacionalizada pela Psicologia da Gestalt. Também possui suas bases na Teoria de Campo.

Oriunda da Psicologia da Gestalt, a Teoria de Campo fornece à Gestalt-terapia conceitos como figura e fundo, e situação inacabada (PORTO, 1989). Tal noção estruturante do todo é central na Gestalt-terapia, cujo objetivo é o "insight". A "awareness" na terapia visa o "insight". Nesse sentido, o campo sob investigação é definido pela experiencia da pessoa que observa (PORTO, 1989).

A "awareness" inicial age com o intuito de se fazer uma compreensão básica diante do campo, já a "awareness" plena de "insight" é sempre uma nova "gestalt", e é em si mesma curativa (PORTO, 1989). Segundo Yontef (1998) o campo é definido como uma totalidade de forças mutuamente influenciáveis que, em conjunto, formam uma fatalidade interativa.

Nesse sentido, para a Teoria de Campo o espaço entre o "Self" e o outro, ou entre a pessoa e o mundo não é um vácuo, mas, tal como em um campo elétrico, as experiências se desdobram junto a toda uma sorte de premências, como a vontade, necessidades, preferências, crenças e desejos. Assim, os fenômenos seriam determinados pelas forças existentes dentro do campo (YOUNTEF, 1998).

Assim, é possível aferir que, nem o mundo nem as pessoas colocam a si mesmos em funcionamento. Pelo contrário, tudo simplesmente funciona devido a um processo interno de auto-ajustamento criativo e de autorregulação cósmica (RIBEIRO, 2011). As interrelações existentes entre pessoa e mundo atuam junto a um senso de totalidade indissociável, e não como partes distintas de uma mesma operação.

Nesse sentido, Smuts (1996) define essa tarefa evolutiva com a participação de todos os entes como Holismo. Para o autor, a mente humana constitui-se como um sistema complexo que emerge a partir da matéria e da vida. Daí, a mente humana não poderia ser percebida dissociada de seu meio formador. Assim, "o todo é uma unidade complexa formada por partes que são intimamente relacionadas e as unidades individuais afetam o todo, assim como são afetadas por esse" (LIMA, 2008 p.3).

Nessa mesma linha, Ribeiro (2011) argumenta que "o universo funciona como uma unidade-totalidade absoluta e não como um conjunto de partes, de coisas, cada uma procurando a própria destinação" (p.42). Eis a relevância do dilema ético-humano-existencial cuja crença equivocada de que se é possível crescer e evoluir sem se preocupar com a natureza de cada um de nós e do outro, da pessoa-mundo.

Logo, o mundo antecede a pessoa, onde a pessoa sem o mundo não passa de uma mera abstração. Não se deve falar, portanto, de mundo e de pessoa, mas de mundo-e-pessoa, uma complexa relação mutuamente dialética onde um caracteriza o outro como sujeito e objeto, ao mesmo tempo (RIBEIRO, 2011).

O conceito de mundo e de pessoa funcionam, em Gestalt-terapia, como uma relação figura-fundo. Uma configuração que, a depender do aqui-e-agora do sujeito pensante, irá se constituir em significados sobre ele próprio e/ou sobre o mundo.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Gestalt-terapia dá ênfase no presente. Nesse sentido, a teoria fenomenológica localiza a experiência daquele que percebe no tempo e no espaço do aqui-e-agora. A "awareness" sempre se dá no aqui-e-agora, muito embora, o seu objeto possa estar no passado.

A herança da Fenomenologia de Husserl deixada à Gestalt-Terapia são: o essencial é a vivência imediata, o aqui-e-agora; a descrição de um fenômeno supera a sua explicação; a percepção de mundo baseia-se em subjetividades individuais e irracionais; a relevância da tomada de consciência do corpo e do tempo como inerente e individualizada à todos os seres (GRANZOTTO, 2007; COSTA, 2010).

A Gestalt-terapia é uma abordagem que opera existencial e fenomenologicamente, portanto, baseia-se numa concepção de homem que está sempre em relação, existindo em seu tempo e espaço, influenciando e sendo influenciado.

Do ponto de vista da Gestalt-terapia, fala-se de um homem com consciência de mundo. Ou seja, a tese de que o homem é um local ou um depósito de informações dadas por um mundo pré-existente não se sustenta. Uma herança da fenomenologia.

O sujeito passa então a ser responsável pela constituição do mundo para sua consciência, e esse fenômeno se dá através da intencionalidade.

Tal como a fenomenologia de Husserl (1986), a Gestalt-terapia também propõe ao homem um retorno "às coisas mesmas", não como um objetivo final, mas como um caminho terapêutico cujo fim leva a plenitude psíquica.

Deve-se partir do princípio que todo conhecimento parte de uma vivência psíquica, e essas são individuais, intrínsecas ao humano que as experimenta. O conceito de verdade então se relativa, e abre espaço para o singular e o individualizado.

Uma das dificuldades de se operar a Gestalt-terapia de maneira sistematizada parece ser o fato de que a mesma se manifesta, em essência, de maneira contrária. Homem só se define a partir de mundo. Mundo só é definido pelo homem que o experiencia. Daí, não haveria que se falar em tanto um quanto outro de modo distinto, mas de pré-conceber que sem um não há o outro.

Mundo-e-pessoa habitam um mesmo espaço ao mesmo tempo (RIBEIRO, 2011), e embora o mundo anteceda a pessoa, não deve ser percebido como um mundo-enquanto-mundo. Um mundo puro, sem influência do homem é um mundo inexistente, um vazio cognitivo que só poderia existir se não existisse também o homem para lhe talhar significado.

Conceito de mundo e conceito de pessoa funcionam, em Gestalt-terapia, como uma relação figura e fundo. Isso significa que tal tarefa de conceitualização parte sempre se um sujeito pensante que, a depender do seu aqui-e-agora, pode partir ou do mundo ou de pessoa para constituir uma idéia sobre si mesmo e/ou sobre o mundo (RIBEIRO, 2011). E esta intencionalidade "estabelece  uma nova relação entre o sujeito e o objeto, o homem e o mundo, o pensamento e o ser, ambos inseparavelmente ligados" (COSTA, 2010 p. 434).

Eis que se emerge uma verdade, por assim dizer, relativa, que depende da situação de como o indivíduo a percebe a a capta em sua consciência. A Gestalt-terapia entrega valor às emoções e sentimentos, e postula o ser humano enquanto fóbico à dor. Nesse sentido, prefere-se refugiar numa existência inautêntica à se enfrentar a angustia e a dor de não ser aquilo que realmente se é (PERLS,  1981).

Perls (1981) ainda afirma que é preciso morrer pra renascer, isto é, morrer para o pré-estabelecido, para o status quo, reconhecendo-se assim como sujeito e como humano, para daí partir para uma vida mais plena de significado. E segundo Penha (1985), consentir com a própria morte não é uma tarefa fácil.

O homem, em Gestalt-terapia, estrutura, altera e censura aquilo que percebe na sua experiência de ver e ouvir (PORTO, 1989). Tais experiencias são harmonizadas, internamente, de acordo com as suas necessidades, isso é, a experiência interior matiza e determina a experiencia corrente. É como se a pessoa estruturasse e colocasse ordem em suas próprias percepções, organizando-as como uma figura sendo percebida em relação a um fundo.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Araújo, T. S. D.; Holanda, A. F. Origens do conceito de agressão na gestalt-terapia: Freud, Reich e outras fontes. Revista da Abordagem Gestáltica, 24(2), 234-245. 2018.

Arenhart, P.; Freitas, J. de L. A temporalidade do aqui-e-agora gestáltico: implicações teóricas e práticas. Revista da Abordagem Gestáltica, 22(1), 39-48. 2016.

CARMO, M. O. Aqui-e-agora e a emergência da subjetividade no processo psicoterápico. Revista do X Encontro Goiano da Abordagem Gestáltica: O aqui e o Agora Gestáltico, 10, 29-32. 2004.

COSTA, Cristiane. Fenomenologia: uma discussão acerca da articulação entre Husserl e Gestalt-terapia Phenomenology: a discussion about the articulation between Husserl e Gestalt-therapy. IGT na Rede, v. 7, n. 13, 2010.

DARTIGUES, André. O que é fenomenologia. Rio de Janeiro Tempo Brasileiro, 1967, p. 1973.

Engelmann, A. A psicologia da gestalt e a ciência empírica contemporânea. Psicologia: teoria e pesquisa, 18 (1), 1-16. 2002.

FILHO, Ananias Oliveira; GOMES, Patricia Wallersntein. Fenomenologia na Gestalt - Terapia: Método ou muleta?. IGT na rede, Rio de Janeiro, v. 9, n. 16, p. 71-85, 2012.

GRANZOTTO, R. L., & GRANZOTTO, M. J. M. Self e temporalidade. Revista do X Encontro Goiano da Abordagem Gestáltica, 10, 83-97. Goiânia, 2004.

GRANZOTTO, Marcos Jose Müller; Müller Granzotto, Rosane Lorena. Fenomenologia e Gestalt-terapia. São Paulo: Editora Summus, 2007.

HEIDEGGER, M. Conferências e escritos filosóficos (Coleção Os Pensadores). São Paulo, Nova Cultura. 1989.

HEIDEGGER, M. Os conceitos fundamentais da metafísica: mundo, finitude, solidão. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

HELOU, F. Frederick Perls, inquietações e travessias: da Psicanálise à Gestalt-terapia. Summus Editorial. 2013.

HELOU, F. Frederick Perls, vida e obra: em busca da Gestalt-terapia. São Paulo: Summus Editorial. 2015.

HOLANDA, A.; Karwowski, S. L. Produção acadêmica em Gestalt-terapia no Brasil: análise de mestrados e doutorados. Psicologia: Ciência e Profissão, 24(2), 60-71. 2004.

HOLANDA, A. Gestalt-terapia e abordagem gestáltica no Brasil: análise de mestrados e doutorados (1982-2008). Estudos e Pesquisas em Psicologia, UERJ, RJ, 9 (1), pp. 96-121. 2008.

HOLANDA, Adriano. Saúde e doença em gestalt-terapia: aspectos filosóficos. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 15, n. 2, p. 29-44, 1998.

HUSSERL, E. A idéia da fenomenologia. Lisboa, Edições 70, 1986.

HUSSERL, E. Leçons pour une phénoménologie de la conscience intime du temps. Trad. Henri Dussort. Paris, Presses Universitaires de France, 1964.

INTRATOR, M.Felicidade: Definições e Paradoxos (Tese de doutorado, PUC-Rio). 2013.

CASTELLÁ, F. N. EL campo en terapia gestalt. 2017.

LIMA, Patrícia Valle de Albuquerque. O holismo em Jan Smuts e a Gestalt-terapia. Rev. abordagem gestalt., Goiânia, v.14, n.1, p. 3-8, jun. 2008.

LYOTARD, Jean-François. A fenomenologia. Lisboa, Edições 70, 1954.

MARCONDES, Constança. Kairós: Uma Abordagem Histórica em Evanghélos Moutsopoulos. Anais de Filosofia Clássica, v. 7, n. 13, p. 38-57.

Mendes, F. M. P.; Baratieri, I. L. R. Fronteiras do Contato Gestalt- Terapia e As Influências de Wilhelm Reich. In Encontro Paranaense, Congresso Brasileiro de Sicoterapias Corporais, XVI, XI.2011.

MESQUITA, Giovana Reis. O Aqui-e-agora na Gestalt-Terapia: um Diálogo com a Sociologia da Contemporaneidade. Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies, v. 17, n. 1, p. 59-67, 2011.

MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes,1994.

PIBERNAT, V. O. Gestalt y Programación Neurolingüística. 2002.

PENHA, João da. O que é existencialismo. São Paulo, Editora Brasiliense, 1985.

PEREIRA JÚNIOR, Alfredo. A percepção do tempo em Husserl. Trans/Form/Ação, v. 13, p. 73-83, 1990.

PERLS, F. S. Ego, Hunger and Aggression: the beginning of Gestalt Therapy. New York: Vintage Books. 1969. (Obra original publicada em 1942).

PERLS, F. S. Gestalt-terapia Explicada. São Paulo: Summus. 1976. (Obra original publicada em 1969).

PERLS, F. S. A abordagem gestáltica a testemunha ocular da terapia. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

PERLS, F. S.; Hefferline, R.; Goodman, P. Gestalt-terapia(F. R. Ribeiro, trad). São Paulo: Summus. 1997.

Polster, E.; Polster, M. Gestalt-terapia Integrada (S. Augusto, trad.). São Paulo: Summus. 2001.

RIBEIRO, J. P. Gestalt-terapia: refazendo um caminho. Summus Editorial. 1985.

RIBEIRO, J P. Conceito de mundo e de pessoa em Gestalt-terapia: revisitando o caminho. Summus Editorial, 2011.

ROMERO, E.; Norte-Sur, E. Revista Latina de Terapia Gestalt. 1978.

SACRINI, M. O projeto fenomenológico de fundação das ciências. Sci. stud., São Paulo, 07,2009.

SMUTS, J. C. Holism and evolution. New York: The Gestalt Journal Press. 1996. (Original de 1926).

SPITZER, R. Prefácio. Em F. Perls, A Abordagem Gestáltica e Testemunha Ocular da Terapia (2012, pp. 7-9 e 129-130). São Paulo: LTC. 1973.

STEVENS, B. Não apresse o rio: ele corre sozinho. São Paulo: Summus. 1978.

YONTEF, G. M. Processo, Diálogo e Awareness , São Paulo:Summus, 1998.

 

NOTAS

* Cesar Augusto Marton - Mestrando em Regime de Aluno Especial em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB); Pós-Graduando em Psicologia Positiva pela Faculdade IBC; Filósofo formado pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).
** Romano Deluque Júnior - Doutorando em Regime de Aluno Especial em Saúde e Desenvolvimento da Região Centro-Oeste pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS); Mestre em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) com Bolsa CAPES/PROSUC; Graduado em Psicologia pela  Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP).
*** Márcio Luís Costa - Doutor e Mestre em Filosofia pela Universidad Nacional Autônoma de México. Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior e formado em Filosofia pelas Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (FUCMT). Coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Editor responsável pela revista Psicologia e Saúde.

 

Endereço para correspondência:
Cesar Augusto Marton
Endereço eletrônico:cmarton23@gmail.com
Romano deluque Júnior
Endereço eletrônico:romanodeluque@gmail.com
Márcio Luís Costa
Endereço eletrônico:marcius1962@gmail.com

 

Recebido em: 26/07/2020
Aprovado em: 08/12/2021