ARTIGO

Reflexões sobre o todo na psicoterapia Fenomenológica-Existencial

Reflections on the whole in Phenomenological-Existential Psychotherapy

 

Ênio Camilo Lacerda*

UEMG - Universidade do Estado de Minas Gerais - Divinópolis, MG

Endereço para correspondência

 


RESUMO

Este trabalho visa fazer alguns apontamentos sobre a relação da práxis do psicoterapeuta fenomenológico-existencial com seu paciente, sob o enfoque do todo, conceito que será discutido a partir das contribuições de Jan Smuts a partir do holismo; de sistema, por Bertalanffy e a fenomenologia; além das noções dos paradigmas científicos que podem estar envolvidos a essa compreensão. Com vistas em contribuir para aqueles que iniciam em compreender estes assuntos tão densos e ao mesmo tempo tão presente na clínica; o que será feito por revisão bibliográfica de algumas ideias afins sobre este assunto que vai ser abordado em relação ao processo terapêutico.

Palavras-chave: Todo, psicoterapia, Fenomelógico-existencial, holismo, complexidade.


ABSTRACT

This paper aims to make some notes on a phenomenological-existential psychotherapeutic relationship with his patient, under the focus of doing everything, a concept that will be discussed from the contributions of Jan Smuts from holism; of system, by Bertalanffy and phenomenology; beyond the notions of scientific paradigms that may be involved in this understanding. With a view to contributing to those who begin to understand these subjects so dense and yet so present in the clinic; This will be done by literature review of some ideas on this subject that will be addressed in relation to the therapeutic process.

Keywords: All, psychotherapy, phenomenological-existential, holism, complexity.

 

INTRODUÇÃO

Para que a ampliação da consciência seja fluida na psicoterapia Fenomenológica-Existencial, deve estar clara algumas questões para quem trilha este processo com o outro, tais como, os preceitos éticos, o alcance do seu conhecimento, preconceitos e pressuposições sobre o indivíduo e etc., pois estes interferirão neste encontro, que por modo do qual, o conhecimento do psíquico não se restringe ao que já foi falado sobre ele na abordagem ao Ser.

Neste sentido, viver a experiência com aproximação ao todo, algo intrinsicamente humano, pode causar um enorme desconforto para alguns, o que é estranho se pensar que para outros, conceber o mundo por outros princípios que diferente deste seria por vezes considerado em boa medida como estranho, como o ato de fragmentar, logo, se deveria ter de nos acostumar com essa dimensão que nos é constituinte e tão próxima.

Este é sem dúvida um dos pontos cruciais da Fenomenologia-Existencial, que diverge substancialmente das outras escolas de pensamento que compõe evidentemente as principais psicoterapias que os profissionais de psicologia dispõe. Como é o caso das bases psicanalíticas e comportamentais que tentam abranger o controle conceitual complexo sobre os fenômenos, que se diga sexuais ou no tocante as evidências correlativas de sobreposição de eventos que condicionam os comportamentos mais ou menos satisfatórios do indivíduo.

Não somente a compreensão do todo que a psicoterapia fenomenológica existencial oferece, mas também algo que rompe com outros preceitos; ela tenta não fragmenta o Ser para intervir em um "local" que seria o núcleo patógeno daquilo que lhe faz sentir suas dores de existir, pois, compreende que para uma intervenção no Ser de múltiplas relações que estabelecem com o mundo será preciso que de forma equânime se tenha um entendimento amplo deste homem para além de suas partes. Neste sentido algumas concepções, técnicas e metodologias, podem representar um desfavorecimento nos aspectos do todo humano, que em vez de auxiliar podem tapar a percepção de quem está lhe fazendo o uso.

 

O TODO EM RELAÇÃO A PSICOTERAPIA

O todo humano é tão amplo que nossa consciência é incapaz de dar conta de sua dimensão por inteiro, nesse sentido, cada teoria oferece os manejos e os limites de abordagem que estão a serviço do homem nas psicoterapias. O número grande de teorias também reforça a crer sobre a vastidão dessa dimensão da psique. Carkhuff (1987) sobre o desenvolvimento da origem da ajuda, cita que as abordagem dos analistas buscavam possibilitar o paciente a ter Insights, enquanto que era a ação que os behavioristas propiciavam nos atendimentos.

"Com a evolução da teoria social da aprendizagem e das abordagens de desenvolvimento de recursos humanos, os especialistas da área começaram a perceber que eles não estavam tão separados como havia presumido. Independente de começar e com o comportamento humano ou com insight, ou feedback da prática e da pesquisa levava-os um para o outro" (CARKHUFF, 1987, p. 11).

Carkhuff (1987) ainda diz que a efetividade do desenvolvimento da ajuda consiste em dois pilares em que são desenvolvidos: o fator da responsivo e iniciativo, o primeiro visando explorar as experiências e o segundo faz referência as possibilidades de trilhar um caminho de ação para a resolução de questões que o levara a busca da ajuda. Este modelo lembra evidentemente a caracterização de acolhimento e resposta que a psicoterapia cognitiva-comportamental usa atualmente, e é muitas vezes referida quando lembrada.

Se o modelo de ação e insight constitui um ciclo da constituição do Ser nas decorrências de experiências que tem na sua vida, a autenticidade de cada um traz novamente a questão do inusitado, pois se cada experiência é única, e os seres são únicos por aquilo que lhe foram experienciados, é impossível que essa questão nos seja evitada ou excluída em qualquer área da vida, como no trabalho, nos relacionamentos com as outras pessoas e até sobre aquilo que tínhamos como ponto de referência a cerca nós mesmo. Algo sempre surge com o status do novo em cada um. Desse modo, uma psicoterapia que tem essas questões as claras não poderia estar fundamentada no ensino teórico e prático rígido no que tange a fragmentação do Ser ou que estabeleça uma interrupção sobre o que o psicoterapeuta não programara, tal como "isso não importa", "estamos indo para onde eu não esperava".

A dificuldade em lidar com o holístico sem dúvidas decorre do terreno aos moldes do conhecimento científico, que para construir leis e princípios gerais aplicáveis vai nos desautorizando em como ser autêntico, pois com autenticidade poderá vir os erros imprevisíveis que não foram limitados pela ciência, esses limites refletem em por limitações também no homem e desconsiderar o todo. Isto posto, em contrapartida, conforme a fenomenologia e o existencialismo, não há por que apegarmos ao que seria a mecanização da disponibilidade de ajuda – psicoterapia – em receber e responder ao Ser, o que é muito diferente do que podemos inferir de uma psiquiatria clássica, por exemplo, que respeita univocamente o modelo organicista de sujeito.

Por isso das críticas sobre o modelo de causalidade que estreita nossa visão sobre o Ser, reproduzindo-se até mesmo na inflexibilidade de pensarmos sobre a própria ciência, e que, de certo modo esse modelo vem refletir até na contemporaneidade. Além disso, destaca-se que a separação entre ciência e filosofia vai contra as forças que o modelo holista de concepção de homem busca, pois provocou a segregação em partes cada vez menores no qual as disciplinas científicas não tem como finalidade a criação de um conhecimento comum entre eles e outros campos do saber, causando enormes prejuízos, como a incomunicabilidade das especificações de cada uma, como se o todo fosse um corpo problemático, no qual o único método viável é o corte para apreendê-lo.

Se o todo está nas partes e as partes compõe o todo, isso conota uma verdade estrutural de tudo que pode-se apreender do Ser , e, das coisas de não ser entendida como um montante das partes separadas, mas um todo inventivo na sua capacidade de ser complexo demais para o homem dar-se conta completamente dele, de estabelecer o controle exato. É de sua característica reinventar seu desenvolvimento constante, na qual a compreensão sobre ele parece estar sempre pés atrás de seu alcance.Para quem a alma é algo de infinitamente vasto, cuja totalidade não se pode abarcar completamente de maneira alguma, ao penetrá-la, investiga-se por várias vias, e, para esse não há projeto de totalidade.

Jarspers, (1973, p. 17), com relação ao modo científico de abordar os fenômenos, diz "(...) a atitude científica fundamental é estar aberto para todas as possibilidades de investigação empírica. É resistir a toda tentativa de reduzir o homem, por dizê-lo assim, a um denominador comum". Reduzir o homem significaria desse modo retirá-lo da condição humana de potencialidade de Vir-a-Ser, para produzir um conhecimento ao homem distante dele mesmo. Para quem este conhecimento servirá se não para a própria ciência? Por isso a necessidade de considerar-se concepções flexíveis de um mundo maleável em transformação e não apegar-se a superficialidade.

Ainda voltando as outras escolas de psicoterapia que foi referido a cima, pode-se dizer de fatores que lhe são comuns entre e que mais se destacam. O ambiente, por exemplo, para os comportamentalistas são determinantes na medida em que compõe as associações no comportamento. Já para a psicoterapia Fenomenológica-Existencial, o ambiente é considerado como parte que circunda a consciência de si mesmo desse Ser, num processo de interações que não são determinantes mas sim de influências de disposições, de maior ou menor relação, dependendo da potencialidade do ambiente e do Ser nessa reciprocidade.

Ao falar de consciência, também podemos lembrar do seu oposto, o inconsciência, tanto falado pela psicanálise. Aqui, este não determina toda vida psíquica do Ser por suas experiências infantis, faz sim parte dele na medida em que é entendido mais como uma falta de percepção sobre o que antes era consciente e agora não é mais, ou ainda que nunca esteve no plano consciente, e que poderá está relacionado com as questões que fazem as pessoas procurem por psicoterapia. A psicoterapia Fenomenológica-Existencial, neste ponto, em seus fundamentos teóricos e práticos, busca fazer contorno sobre a reciprocidade da consciência e inconsciência. Tem como premissa no processo terapêutico, fazer com que o paciente amplie a consciência sobre si, e assim ocorra transformações importantes na psicoterapia. Dessa forma, é impossível não recordar reflexões frequentes de pacientes: "como eu não percebi isso antes? Estava ali o tempo todo!" "eu não me recordava disso! Mas agora faz toda diferença!".

Da realidade da qual o paciente vive e se queixa, pode-se tentar compreendê-la dentro do modelo holista com relação aos vários aspectos da sua personalidade, do mundo e dos outros, que nesse Ser ela é elaborada com um sentido próprio nesse todo existencial.

 

O HOLISMO PARA JAN SMUTS

O livro Holism and Evolution de Jan Smuts, publicado inicialmente em 1926, traz importantes contribuição sobre este conceito (holismo) que pode ser tomado tanto no sentido mais teórico em relação a filosofia e a ciência, quanto para o das implicações da experiência do Ser no mundo por intermédio dessa compreensão ligada a um desenvolvimento psíquico.

Smuts, vai definir holismo como uma tendência de integração do reconhecimento do homem no mundo com seus fenômenos complexo, em um processo de individuação constante, por exemplo, em relação as oposições de mente e o corpo, subjetivo e objetivo,  individual e coletivo. Ao estabelecer a integração desses e outros elementos, a formação da personalidade se destacaria assim como uma representação dessa tendência de integrar o todo e de forma gradual.

É importante ressaltar que essa integração da qual ele se refere, não tem pretensão nenhuma em se dar de forma automática e determinada, pelo contrário, é um processo de criação autônoma de cada um, por condizer com a liberdade de experenciar do Ser de lidar com aquilo que lhe acontece, então, parte-se sempre de um ponto antigo para um outro novo; conforme essa dinâmica sugere, o holismo surge como um conceito para que se possa tentar compreendê-la ao máximo sobre as experiências do Ser na sua evolução (ampliação da consciência), observando os aspectos mais essenciais.

Segundo Lima (2008), todos os organismos são um todo, e cada um tem uma forma de auto-organização, de estruturar-se conforme seu meio, desde as pequenas células a seres altamente complexos como os homens, que até então, sabe-se que são os únicos capazes de pensar sobre sua condição de existir e refletir os sistemas que estão inseridos, bem como avaliá-los e modificá-los. O que poder-se-ia correlacionar similarmente esses aspectos em referência ao processo psicoterápico que leva em conta os fenômenos e a estrutura da existência na prestação de ajuda.

Justifica-se para o Smuts explicar que, cada parte não é uma simples parte, mesmo quando levada em conta como uma unidade. A ideia do holismo é justamente desmistificar que cada entidade singular poderia ser entendida por ela mesma, pois ela faz parte de um sistema complexo e que ambos (entidade-sistema) só existem como existem porque há uma relação particular entre eles, ou seja, seria impossível acreditar que pode-se compreender isoladamente algo fragmentando e excluindo suas partes, pois essas diz muito de como uma unidade se estrutura na organização.

É através dos diferentes sistemas que o homem flui entre eles e suas partes para que possa viver e desenvolver, do mesmo modo, os complexos ganham forma e permanência, ambos nessa dialética mudam e inovam por essa relação nunca ser estática, justamente por essa complexidade humana não deixar de lado a liberdade, que carrega as mais diversas possibilidade de um Ser interagir no meio que ele existe.

"A teoria holística considerava que além das forças externas que agem nos organismos exis­tem ações internas nesses que se traduzem em mudança e evolução. Os todos são dinâmicos e funcionam de modo criativo sendo o progresso e o desenvolvimento geradores de maior grau de complexidade. A personalidade surge como o ápice desse processo de desenvolvimento do todo em estruturas cada vez mais complexas" (LIMA, 2008, p.3).

A mente nesse sentido seria o espaço de vinculação das necessidade humanas orgânicas com os diversos caminhos em ser escolhidos (liberdade) mais a capacidade inventiva em Ser, resultado de um desenvolvimento que evolui com nós homens pela vida na matéria, culminando hoje no conhecimento de que temos dela de notar o ambiente e a existência em uma reciprocidade inseparável do Self do indivíduo, que o holismo o vê como pertencente a um centro de um processo amplo e harmônico para esse Ser, que busca sentido e organização na existência.

No seu desenvolvimento progressivo, segundo a visão holística de Smuts, o Ser se dá conta que ele não é único que existe, culminando nas percepções dos outros, nas diferenças encontradas socialmente e que avança-se em um self agoraholístico, que incide no entendimento sobre si, os outros e o mundo; aqui também pode-se tangenciar o objetivo psicoterápico que pode muito contribuir nessa passagem que nunca cessa de ser ampliada.

Se essa integração da consciência, que é para além das necessidades biológicas do organismo, ocorrer de modo deficitário, a flexibilidade e criatividade ficam interrompidas, o que afeta inegavelmente nossa condição de liberdade, impedindo que ela não se crie de modo inovador e satisfatório com seu encontro com dimensões de complexidade do todo. A autorregulação como harmonia realizada pela personalidade, desse jeito não pode atingir níveis suficientes, comprometendo o relacionamento do Ser com o mundo, o que pode inclusive implicar em causas de sofrimento para o homem.

Outras consequência que podem ser inferidas é um estreitamento da visão sobre o todo que está imerso, visto que a personalidade teve sua "natureza" holista restringida em sua tendência e não se cumpre na sua totalidade com o todo. "Esse foi um dos aspectos bastante valorizados no pensamento organísmico de Fritz Perls que defendia a ideia de que o principal papel do processo psicoterápico era promover o resgate do potencial de autorregularão das pessoas" (LIMA, 2008, p. 6).

Para que ocorra esse resgate, seria impossível dizer sobre ele sem falar das mudanças que pretende-se buscar na relação psicoterápica, que só são atingíveis no reconhecimento da liberdade do homem, que não é somente um conceito, mas um exercício intrínseco de avanço holístico da personalidade, da fuga de determinações e invenção de outros modos de se relacionar entre antes e o agora, o mundo e o Ser.

Se a personalidade pode ser levada como o ápice deste processo de interações complexas do Ser e o meio, que também não deixa de ser, isso justifica em ter-se um paradigma que reconheça a complexidade para lidar com este todo que se apresenta, não infligindo essa dinâmica que se coloca como existente para o surgimento da personalidade, e, que vai também pode implicar na reflexão das práticas psicoterápicas e da psicologia como ciência.

Logo, como o todo, pode-se inferir que a personalidade é um complexo formada por partes que estão intimamente ligadas a este e que se influenciam mutuamente, então, qualquer mudança na parte vai induzir mudanças no todo e mudanças no todo modificará as suas partes. São algumas dessas as premissas que o psicoterapeuta na intervenção poderá levar em consideração na abordagem e intervenção de um fenômeno.

 

CONTRIBUIÇÃO DA TEORIA DE SISTEMAS SEGUNDO BERTALLANFY

Para entender mais no que consiste um sistema¹ e suas caracterizações, seguindo a linha de raciocínio para compreender o todo, Bertallanfy torna-se um importante autor, seja por ter trago esse tema para o campo científico, seja pelas influências no rompimento de paradigmas. "Um sistema, pelo menos de acordo com Von Bertalanffy, (...) seria uma Gestalt". (ENGELMANN, 2002, p 8). Ideias que serão correlacionais as considerações gestálticos entre o todo e suas partes.

  1. O conceito de sistema está sendo concebido aqui como referência as partes do todo, com seu alto nível de complexidade por suas múltiplas relações estabelecidas.

Seria impossível demarcar os limites históricos do pensamento sistêmico sem citar Ludwing Von Bertalanffy, biólogo austríaco que certamente trouxe grandes influências para a oposição de paradigmas em relação aos antigos pressupostos mecanicistas, com sua Teoria Geral dos sistemas sobre os seres vivos.

Essa nova teoria inaugura a consideração dos sistemas como abertos, foi influenciada pela pensamento de Whitehead, conhecido como filosofia processual, além da ideia de homeostase e os experimentos metabólicos de Cannon, que após os anos 40 passou por grande expansão ao mesclar conceitos de diversos campos para criar uma teoria que caracteriza os sistemas dinâmicos que se autorregulam por si próprios.

A intenção da Teoria Geral dos sistemas foi o de buscar os princípios comuns a todos os sistemas gerais que independesse de sua natureza, fosse ela social, física ou da biologia. Definindo os sistemas como um conjunto formado por uma complexidade de elementos que estão em constante interação entre eles. Por essa relação entre suas associações, apresentam-se em um estado recíproco de interdependência que diz da particularidade daquele sistema, diferenciando-o dos demais.

Essa teoria combina o olhar holístico, a biologia e o Modelo Organicista em que o pode-se considerar toda a vida como um grande organismo que se apresenta como tal pelas relações que se estabelecem, de modo que os fenômenos só poderão ser compreendidos no seu contexto, como integrante de um todo bem maior que suas partes, que antes de ser explorada por Bertalanffy, tal como fez, a totalidade era ainda tida como um visão vaga e pouco palpável para estabelecer novos métodos de pesquisa e técnicas aplicáveis.

Este todo é pelas partes formado, mas se assume agora como algo novo para além do que elas são separadas, onde as relações que oferece a sua coesão é que também lhe dá o status de globalidade – um dos traços que caracteriza o sistema. Lima, (2008), diz que ao surgir uma mudança desorientadora em algumas das parte, por menor que seja, existirá um trabalho de participação das outras partes em ajudar o reestabelecimento do equilíbrio que fora perdido em uma nova acomodação, parte e todo se misturam a tão ponto que são quase indistinguíveis na sua relação. 

Para criar uma base forte em fundamentação teórica e se opor ao sistema físico que era até então tido como o modelo dominante, ele utilizará principalmente da biologia para chegar no seu objetivo de mudar a ciência moderna. Dirá que os sistemas vivos não podem corresponder as mesmas leis clássicas da termodinâmica, já que não são estáticos e fechados, necessitam ainda de componentes do meio em que estão para continuarem vivos e que por isso são abertos ao fluxo de matéria, não permanecem isolados.

Diferente dos sistemas equilibrados, os fechados, estes sistemas estão passando por mudanças de equilíbrio continuamente de modo dinâmico, o que será chamado de lei da entropia, que diz da desordem deste. Após ser compreendida melhor em seus processos o faz colocar a autorregulação como uma outra característica chave do sistema aberto ao observar como esses sistemas se modificam com o meio além de outros conceitos que serão citados em seguida.

Equifinalidade, fala de como que o resultado de um sistema pode independer dos diferentes caminhos tidos como ponto de partida, pois a organização do sistema está atribuída a parâmetros que garantem a resposta por seu funcionamento. Homeostase, movimento de estabilização do sistema que o preserva também na sua funcionalidade, preservando mesmo que não seja estático. Globalidade, pode ser definida como relação de qualquer sistema que funciona como conjunto globalmente, a modificação em um de seus componentes levará a alterações no todo. Não-somatividade, o todo deve ser considerado sem que se apague a composição das suas partes que preservam características próprias (não é a soma), como quando se considera a individualidade de um membro da família em relação a mesma. Por fim a morfogênese, que se opõe ao processo homeostático ao adaptar-se aos elementos externos do meio para sua transformação - permeabilidade.

Com o crescente desenvolvimento da cibernética, a Teoria Geral dos Sistemas começou a usar conceitos também advindos desta área, como o feedback e retroalimentação, o qual estabelece a circulação de informações entre as partes do sistema que se influenciam levando a dois tipos de resultados esperados: positivo na eventual alteração do sistema (conceituação da morfogênese) ou negativa, a homeostase permanece, não alterando a sistêmica.

Os processos de circularidade de informação, segundo Bertalanffy, gera, desse modo no sistema a auto-organização que se autorregenera, inventando outros componentes, dos quais poderão ser ruim ou bom para o todo. Um sistema em que os elementos não interagem, ele para de agir adequadamente para sua sobrevivência e corre o risco de ser extinguido, os que permanecem são porque as mudanças são utilizadas para sua permanência e assim elas são consideradas como benéficas, e como as alterações são constantes, isso quer dizer que os sistemas que duram mais tempo são aqueles se autorregulam frequentemente.

Mas lembra que estes processos não são instantâneo, se fosse o sistema perderia facilmente suas condições iniciais, segundo ele há um atraso nas respostas que são emitidas, devido as consideradas impressões de que ele tende continuar no estado que se encontra, podendo até não causar dano ao todo, é daí que a dinâmica da autorregulação partirá.

O posicionamento de Bertalanffy ansiava por uma teoria comum a todas as disciplinas para que não mais fossem isoladas ou estivessem fragmentadas umas das outras, criando assim um campo interdisciplinar, já que oferecia os elementos necessários para compreender os sistemas desde a menores aos maiores elementos e sistemas, propondo assim uma ciência da totalidade, ao buscar o foco nas relações e não nas entidades que compunham o arcabouço teórico das diversas áreas que o saber vinha se influenciando.

 

O PENSAMENTO COMPLEXO COMO PARTE HOLÍSTICA

Inicialmente, se poderá pensar que a noção de complexidade venha ser um grande questão que impossibilitaria o trabalho científico da compreensão do Ser pela abordagem Fenomenológica / Existencial, primeiro por que a ciência ainda hoje se reproduz segundo um modelo tradicional na qual a complexidade tal como compreende-se aqui e que deveria ser levando em conta, é tida como um problema. No entanto, a partir do século XX, esse modelo vem sofrendo profundas mudanças e se transformando em um novo paradigma científico, mais útil aos princípios que estão postos sobre a riqueza da experiência humana.

Segundo Vasconcellos (2002), as diferenças entre os modelos: tradicional e "ciência novo paradigma" somente é compreendida tendo em mente o percurso histórico da ciência, que em seu livro "Pensamento Sistêmico – O Novo Paradigma da Ciência", 2002, conclui que neste antigo modelo foram alegados três pressupostos como critério de verdade: a simplicidade, objetividade e a estabilidade, e que inclusive traz consequências ainda hoje para o fazer clínico por não estar superados pelo desenvolvimento de um modelo novo que contrapões os pressuposto (seguindo a ordem dos já expostos): Complexidade, subjetividade e instabilidade.

O pressuposto da Simplicidade, agora Complexidade é o que mais interessa-se para ser compreendido após esse termo tanto ser citado nas breves considerações de Jan Smuts acima que o correlaciona até ao desenvolvimento e a característica da personalidade.

Historicamente a complexidade foi rechaçada pelos cientistas que acreditavam que somente pela via da simplicidade é que se poderia compreender a natureza das coisas, desse modo, a complexidade deveria ser "atravessada" para chegar-se no seu elemento mais elementar, o simples. Através da disjunção, separa-se e cria-se classificações excludentes entre si, segundo a lógica, e a redução é um outro elemento proposto em conjunto. Ao se referir a esse pressuposto tradicional, Vasconcellos (2002, p.76) diz que "Esses sistemas são concebidos como simples, como agregados mecanicistas de partes em relações separadas umas das outras".

Na contramão dessas ideias, a complexidade deixa outros fundamentos. Na etimologia da palavra, complexidade vem do latim complexus, que significa o que está tramado junto, como em um tecido, cujos os elementos daquilo que o compões se encontram indivisíveis por integração e inerência, sendo um e ao mesmo tempo diverso por seus componentes heterogêneos que não se perderam.

Um sistema complexo é formado por várias unidades e múltiplas interações que agem sem uma ordem pré-definida, evidenciando a instabilidade das coisas, por esse motivo essas ideias foram afastadas e o que ficou em vigor por tantos anos foi a negação a esta compreensão, trazendo consequências muitas das vezes infrutíferas para o meio científico, até mesmo dentro do campo das ciências humanas que reproduzia esses princípios como lei máxima e afastava-se todas as concepções e metodologias que se apresentavam como divergente disso.

É necessário ressaltar que ao posicionar considerações a um objeto como ele sendo simples e/ou complexo, segundo alguns estudiosos em relação a este assunto, isso não diz necessariamente sobre a "natureza real da coisa", mas sim das qualidades lógicas empregadas por quem se interessou falar sobre tal objeto, trazendo consequências empíricas e metodológicas que podem ser facilmente evidenciadas, como nos paradigmas científicos de concepção do mundo.

Falar sobre o pensamento complexo é deste modo, posicionarmos sobre o objeto considerando que ele faz relação com diversos "componentes" que o caracteriza como singular, de tal modo que tais relações não assim seriam tal como é, neste ponto, logo, seria impossível pensá-lo fora deste contexto de múltiplos fatores que se estabelecem em constitui-lo, nem ao menos pensar o contexto sem o objeto que lhe pertence. Este é o ponto em que se inaugura o novo paradigma.

Quando se propõe esta forma de conceber o mundo, por meio do qual há um sistema de visão mais ampla e que é diferente da forma tradicional, alguns poderão apontar esse posicionamento como um processo que vai fazer com que o objeto seja "apagado", mas este argumento pode ser oposto ao o que se busca, pois o posicionamento holístico afirma que não existe relação sem os objetos e que se relacionam entre si. O que muda é a intencionalidade do foco, o que abre um leque de possibilidades mais dinâmicas e convergentes, inclusive sobre a natureza das coisas, mais próxima da sua verdade.

Ao contrário do pensamento científico clássico que descontextualizam as coisas para poder produzir um conhecimento que se referem como verdadeiro, a contextualização, palavra de ordem presente nesse paradigma pretende fazer o exercício diferente:

"Contextualizar é, portanto, realizar operações lógicas contrárias às de disjunção e redução, contrárias às operações de simplificação que produzem uma simplicidade atomizada. As operações lógicas que constituem esse movimento contrário à disjunção e à redução são as de distinção e conjunção, que permitirão ver uma complexidade organizada" (VASCONCELLOS, p 113.).

Dentro do processo psicoterapêutico, a descontextualização parece ser um procedimento infortúnio. Como poderíamos conhecer minimamente um Ser sem que levemos em conta que relações ele estabelece com seus familiares, amigos, trabalho, religião, cultura, e, etc.? Ainda mais quando esse conhecer pretende-se intervir de maneira que produza uma diferença substancial para aquele que procura por ajuda, que não é uma ajuda simples, mas uma profissional, por meio do qual esperam que se beneficiem de modo positivo.

Usar de tal procedimento a partir do primeiro acolhimento é receber alguém sem isolá-lo, sem ignorar a própria presença que o psicoterapeuta também neste contexto interfere, é entender o que representa ou poderá Vir-a-Ser a psicoterapia. Os paciente poderão ser compreendidos como tábulas-rasas que perambulam por aí, são pessoas cheias de percepções de si, dos outro e dos tempos em que viveram. Colocar o foco nas relações é destacar como se dão as articulações vigentes que foram construídas e continuam em processo.

Voltando a discussão inicial da diferenciação dos paradigmas que é tão presente e estrutural e trazendo essa questão para a cenário clínico a título de ampliar-se a discussão, poder-se-ia indagar: por que não a relacionarmos os paradigmas também com as formas de sofrimento? Seria tão difícil dimensionarmos um sofrimento, por exemplo, que esteja relacionado intrinsicamente a contradições em uma mesma pessoa (seja de seus desejos ou ideias), ou oposições entre um grupo, no qual a ambiguidade é vista como princípio de erro e  que deva ser extirpada? Esse posicionamento não é pois correspondente a visão científica clássica em que se considera que duas ideias opostas sobre uma mesma coisa não pode ser as duas existentes e verdadeiras?

O que poderia advir se fosse pensado que da mesma forma que a mudança clínica se a partir de um paradigma faz produz consequências, que consequências as relações sofreriam se o contexto para fora dessa clínica partissem também de um paradigma em que a articulação entre as dualidades fosse possível? Que a objetividade é impossível e que considerasse que o homem/mundo não se equipara a um relógio perfeito? Ter-se-ia o ocidente um outro homem? São questões que, se partem de um pensamento complexo, de um olhar holístico não dissociativo, as repostas poderão apontar para algo bem diferente do atual, se é que já não está havendo este movimento nas décadas recentes.

 

A EMPATIA COMO PARTE DO ACESSO E TRASNFORMAÇÃO

Nesse sentido, o encontro clínico deveria presar o interesse autêntico pelo Ser, na tentativa de tender para o que ele realmente é, isso seria impossível se o psicoterapeuta não desvestisse  de antemão do conhecimento prévio que é muitas vezes utilizado no julgamento inescrupuloso, quando  supõe-se onde ainda há a ausência de que não se mostrou,  traduzindo-se nos preconceitos e impedindo que se conheça por aquilo que é. Jaspers ao referir a esta prática refere-se que "Necessita primeiro de se aprofundar tranquilamente nos fatos da vida psíquica sem tomar logo posição". (1973, p.29).

É sem dúvidas que este tipo de posicionamento traz como resultado a visão de enxergar o outro através do óculos teórico da violência de desintegração do sujeito, pois, quando tem-se a ideia de um todo maior que não é esgotável nem muito menos limitado, a teoria opera como uma ferramenta rumo a sua acessibilidade em meio a tantas condições múltiplas da constituição das experiências de cada um que surgirá deste vínculo, por isso, a importância de tanto discutir e pensar o entendimento desta forma de contato na terapia Fenomenológica-Existencial que é um dos pontos chaves da relação terapêutica.

Para o trabalho em um mundo infinito, levando em conta nossas limitações em compreendê-lo, é importante para quem se propõe ir de encontro a outro Ser ter reflexões pertinentes sobre o trabalho com todo que estejam coerentes com esta proposta de concepção humana.  Esta acessibilidade, de acordo com a fenomenologia, (em relação a clínica psicoterápica),  só será de conhecimento tangível quando demarcadas pelo paciente a partir do que escolheu expor dizer sobre suas vivências (subjetividade), que então é "captada" por uma outra subjetividade (do terapeuta). Desse modo, para que esta dinâmica aconteça, a empatia é um conceito chave, pois, sem ela o Ser está impossibilitado de se abrir a transformação a partir de um outro.

Do todo infinito emerge o particular de cada um pertencente ao campo complexo holístico, "todavia, esse todo não se faz diretamente objeto, mas somente através do particular" (JASPERS, 1973, p.42). Caso não venha ser objeto, dificilmente ele poderia  ficar palpável no que se propõe ao desenrolar psicoterápico. Há de se ter em mente que este todo não é uma ideia que vem de algo estático, totalmente  distante, e sim como parte das relações mais familiares e que muitas vezes o não se consegue analisar a ponto de compreendê-las. "o que há, é antes uma polaridade: deve-se ver todo pelos elementos e os elementos a partir do todo." (JASPERS, 1973, p.43).

Ainda sobre o método de trabalho fenomenológico, em convergências com as ideias postas no parágrafo anterior, algumas considerações são pertinentes no relacionamento com este todo: se ele promove a ampliação da experiência indo para além do que elas inicialmente aparentavam-se; se coloca novas possibilidades no horizonte e se desenvolve o conhecimento de interação que antes se tinha do Ser como fenômeno sem esgotá-lo e; sabendo que ele nunca dará todas as respostas sobre a existência. Fica posta a liberdade de articulação com outros métodos, que não sejam únicos, quando existe a identificação de um só método de conhecimento à uma área do objeto, isso consequentemente faz excluir e rejeitar pontos de transformação constante que um método rígido está fadado, perdendo assim sua própria finalidade útil.

Jarspers, (1973, p.43), ainda considera que "o valor dos métodos se mede pelo que, com eles, posso ver, julgar e efetuar no trato com as pessoas", evidentemente, esse pode ser considerados um dos pontos de crucialidade que remete a relação entre o psicoterapeuta e paciente e que, como exemplo, a já citada empatia, foi traga antes.

Produzir conhecimento pela empatia é levar em conta que o conhecimento advindos dos métodos só são possíveis pelas distinções do que se possa compreender do todo e que, por isso mesmo, as preconcepções sobre um Ser não podem lhe anteceder. Valorizar uma aproximação genuína com o homem é reconhecer sua infinitude onde a empatia é um convite para que o conhecimento seja produzido pela relação.

Na psicoterapia fenomenológica existencial, o psicoterapeuta utilizará do contato para interagir com o todo, sem este dificilmente se poderia dizer de alguma apropriação do Ser em suas múltiplas dimensões no atendimento. Este contato dinâmico deve ganhar destaque em uma relação entre as pessoas que se propuseram a transformação, por isso mesmo, por ser dinâmico, seria fora de questão estabelecer uma estrutura que fosse rígida a ponto de não permitir a abertura do Vir-a-Ser, inclusive entre terapeuta e paciente.

Filho, (2002), traz a noção a luz dessa abordagem que esta forma de contato pelo material trago pelo paciente, é que vai ser incidir a intervenção. Não se pressupõe formulações mirabolantes sobre este material, este deve ser encarado como um convite para adentrarmos em uma espécie de terreno desconhecido, pois, antes do contato, havia uma ausência da percepção desse outro desconhecido para ambos, mas que o psicoterapeuta propôs estar aberto para recebê-lo tal como se apresenta.

Isto é evidentemente basal como trabalho clínico, e inclusive incide sobre a definição do que é clínica – estar aberto ao que não se sabe e relacionar-se como que a partir daí foi compreendido. Clínica esta que por ser psicológica utilizará da linguagem como princípio para estabelecer contato tanto para conhecer quanto para intervir. A linguagem é assim tida como ferramenta interventora de excelência que sustenta a intenção da ajuda do processo terapêutico, que o autor anteriormente referido, diz de integração e inovação de pontos antes não abordados, justificando a importância de termos consciência de como ela pode operar como elemento de mudança na relação comunicadora.

A relação do Ser neste tipo de relação – terapêutica, além dos pontos já citados, é pautada na presença deste, no qual o terapeuta tentará viabilizá-la de maneira íntegra, autônoma e segura, para que abra novos espaços de entendimento e que as experiências sofram um novo metabolismo e assumam um outro caráter de ampliação e transformação de sua Awareness sobre o que lhe ocorre nas diversas dimensões.

Pode-se comparar o atendimento a um experimento conjunto que se detém sobre a preocupação do paciente que está implicando na deslimitação de sua potencialidade de ampliar-se sobre si mesmo e compreender o todo que está inserido. Por isso, torna-se necessário que o psicoterapeuta Fenomenólogo-Existencial, saiba intervir segundo as necessidades do paciente e a favor dele, e não das vontades do profissional, ou seja, a inauguração do novo a partir dessa experiência terapêutica parte sempre do paciente, cabendo o terapeuta à vista disso, responder somente pela relação de condução.

Poderá relacionar neste momento esta modalidade de contato como elemento pertencente do todo e, ao tratar do seu respeito e ampliação ocorre inferir um movimento ao todo,  reconhecendo o diálogo do Vir-a-Ser e de suas transformações que pode-se situar na relação do que eu sou/sei e o que eu não sou/sei, entendendo que aqui o todo se faz presente como objeto de transformação na medida que o Ser adquire consciência de acesso a ele. Ir de encontro ao todo é também se deparar com o estranho que é familiar e que possibilita diversidade.Ao Referir ao desfecho do contato, o autor dirá que:

"Ao final, tendo lavrado o solo de uma porção de sua existência, o cliente deveria ser capaz de expressar como ele o compreende de um jeito novo. Ele pode, então dedicar-se a explorar mais a fundo a articulação dessa experiência em particular como restante de sua experiência existencial". (ZINKER, 1977 apud FILHO, 2002, p.41)

Em se tratando da psicoterapia, essa abertura para que essas reflexões sejam compreendidas e vividas pelo Ente, só se farão palpável em detrimento do avanço que ele alçar na sua relação com a experiência em perceber-se nesta condição, como, por exemplo, no sentido atribuído a sua incompleto, que poderá divergir entre cada um. Não cabe ao psicoterapeuta dar respostas prontas para dimensionar e definir o todo que lhe circunda e que faz parte, pois ninguém conhece tão bem o paciente quanto ele próprio, nesse sentido, cabe a ele atualizar e dinamizar as oportunidades de percepção do paciente de Serem parte de algo muito maior do que sua consciência é capaz de dar atenção.

 

CONCLUSÃO

Levando em conta estes breves apontamentos, pode-se concluir que a psicoterapia Fenomenológica-Existencial pode contribuir para o desenvolvimento psíquico de um Self holístico do homem, contribuindo no seu relacionamento o todo, indo na direção apontada por Perls sobre intenção de ampliação da consciência, observando que o todo é por natureza formado por várias unidades complexas de sistemas, que ao ser percebido, se integram e se auto-organizam pela personalidade, como resultado, tem-se a compreensão de que se é resultado de em um campo muito maior da qual faz parte, em ajustamento contínuo de se manter entre partes e todo, e do todo e suas partes, a luz da relação de contato empático e da fenomenologia.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARKHUFF, Robert R. A arte de ajudar VI. 1.ed. Belo Horizonte: Cede. 1991. 292 p.

ENGELMANN, Arno. A Psicologia da Gestalt e a Ciência Empírica Contemporânea. Psicologia: Teoria e Pesquisa. vol. 18, n. 1, Jan-Abr, 2002, 01-16 p. . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722002000100002 . Acesso em 08 de Mai. de 2019.

FILHO. Alberto P. L. Gestalt e sonhos. 2.ed. São Paulo: Summus. 2002. 240 p.

JASPERS, Karl. Psicopatologia geral. 2.ed. São Paulo: Atheneu. 1973.v. 1. 544 p.

LIMA, Patrícia V. A. O Holismo em Jan Smuts e a Gestalt-terapia. Revista da Abordagem Gestáltica – XIV(1): 3-8, jan-jun, 2008. 6 p. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672008000100002. Acesso em 26 de abr. de 2019.

VASCONCELLOS, Maria J. E. Pensamento Sistêmico: o novo paradigma da ciência. 10 ed. São Paulo: Papirus. 2002. 272 p.

 

NOTAS:

*Ênio Camilo Lacerda: Graduado pela Universidade do Estado de Minas Gerais - Divinópolis, MG - UEMG

Endereço para correspondência:

Ênio Camilo Lacerda
E-mail Eletrônico: encamilo@gmail.com

Recebido em: 09/10/2019
Aprovado em: 09/02/2021