ARTIGO

Um relato de experiência de estágio em clínica-escola sob o arcabouço teórico da Gestalt-Terapia

A report of experience of stage in clinic-school under theoretical framework of Gestalt-Therapy

 

Marcos Oliveira de Novaes*

IFBA – Instituto Federal da Bahia – Campus Porto Seguro, Jequié – BA.

Endereço para correspondência

 


RESUMO

O artigo apresenta o relato de experiência durante estágio em Psicologia Clínica, com supervisão em Gestalt-terapia e se destina a apresentar reflexões iniciais sobre a prática, contribuindo para a atuação dos ingressos no atendimento clínico à luz da teoria Gestáltica. Pretende-se articular tais teorias à prática psicoterápica, demonstrando as particularidades do atendimento em uma clínica-escola, bem como a compreensão das dificuldades e obrigações dos estagiários durante o processo terapêutico. O trabalho também discorre a respeito da importância da supervisão clínica, dos conceitos fundamentais da abordagem gestáltica, além de elencar as imbricações presentes no primeiro atendimento e durante o processo terapêutico.

Palavras-chave: Clínica-Escola; Estágio; Gestalt-Terapia; Atendimento Clínico.


ABSTRACT

The article features the report of experience during clinical psychology stage, with supervision in Gestalt-Therapy and if it destines to present initial reflections about the practice, contributing to the acting of the tickets in the attendance clinical the light of the gestalt theory.It is intended to articulate such theories the psychotherapatic practice, demonstrating the particularities of attendance at a  clinic-school , as well as the understanding difficulties and obligations of the trainees during the therapy process.The work also talks about the importance of clinical supervision, of fundamental concepts of approach gestalt, besides relate the overlapes presents in first attendance and during the therapeutic process.

Keywords: Clinic-school; Stage; Gestalt-Terapy; Clinic attendance.

 

INTRODUÇÃO

O estágio que aqui será relatado ocorreu na clínica-escola de Psicologia na qual atualmente conta com cinco salas para atendimentos individuais e dispõe também de instrumentos que se fazem necessários para a realização de um trabalho de qualidade. O público que procura o serviço é diversificado, não havendo nenhuma restrição quanto à idade (exceto em caso de menores), raça, crença, etnia ou orientação sexual, sendo ordenado por urgência da demanda sinalizada no momento do acolhimento.

A clínica escola além de propiciar a prática da teoria que é apresentada em sala de aula, desenvolve um papel social de extrema relevância, tendo em vista a população que necessita e busca o serviço. Desta forma, Mello Silva et al. (2005), afirmam que as clínicas-escolas contribui tanto na formação quanto no atendimento da população de baixa renda, oferecendo um atendimento qualificado para aqueles que não dispõem de recursos financeiros para custear um atendimento particular.

O estágio clínico em psicologia é de fundamental importância para o graduando, pois oferece a oportunidade do aluno atuar segundo a abordagem previamente escolhida, na qual irá nortear seus atendimentos. Acerca do estágio clínico em psicologia, Reis Filho e Firmino (2007) descrevem que o estágio em clínica-escola é desenvolvido por alunos que estão prestes a se formarem, contendo assim uma importante quantidade de conhecimentos teóricos. Além disso, os autores afirmam que o modelo de atendimento é o clínico, individual e que tem por objetivo trabalhar os conflitos psíquicos da população que procura o serviço.

Além dos atendimentos que são desenvolvidos, o estágio na clínica-escola é acompanhado de perto por um profissional experiente e responsável, que direciona, acolhe e ajuda os iniciantes na prática clínica, dando total suporte e dirigindo-lhes aos possíveis caminhos que serão discutidos em supervisão. A supervisão é um momento de crescimento, ajustes e discussões, na qual os alunos e futuros terapeutas expõem os casos, e são guiados pelo(a) supervisor(ora), no intuito de obter uma compreensão precisa do que é trazido pelos clientes.

Para tanto, o momento da supervisão também se faz necessário para que os alunos percebam se realmente estão aptos para prosseguir em uma jornada árdua com o seu cliente, se verdadeiramente será capaz de embarcar numa viagem sem rota traçada e sem um destino concreto, se estará aberto ao novo e ao incerto, aspectos que fazem parte do processo terapêutico. Assim sendo, Mônica Tavora afirma que a supervisão serve para "transmitir ensinamentos básicos, mas, principalmente, fazer com que cada estagiário olhe para dentro de si, para a relação que estabelece com seu cliente e para o vínculo que desenvolve com seu supervisor" (TAVORA, 2002, p. 121).

Um momento que merece ser destacado aqui é o do registro, feito após os atendimentos, sendo ele obrigatório. De acordo com o Conselho Federal de Psicologia que publicou uma resolução (CFP nº 001/2009) em que informa a obrigatoriedade do registro documental na prestação de serviços psicológicos (CFP, 2009).

É valoroso ressaltar que a escolha da abordagem deve ser feita de forma consciente e verdadeira. Costumo dizer que encontrei minha verdade na Gestalt-Terapia, diante de tantas outras abordagens nenhuma outra me encantou tanto como a Gestalt, com sua visão de homem e mundo, com suas bases humanística, existencial e fenomenológica. O trabalho do terapeuta é ajudar os seus clientes no processo de crescimento e descoberta de si, como já dizia Perls:

"Seja como você é. De maneira que possa ver quem és. Quem és e como és. Deixa por um momento o que deves fazer e descubra o que realmente fazes. Arrisque um pouco, se puderes. Sinta seus próprios sentimentos. Diga suas próprias palavras. Pense seus próprios pensamentos. Seja seu próprio ser. Descubra. Deixe que o plano pra você surja de dentro de você" (PERLS, 1975, p. 28).

Portanto, o futuro Gestalt-terapeuta precisa ser congruente quanto a si mesmo, a sua abordagem e perante a sua "verdade". Pois o encontro precisa ser verdadeiro e o graduando e futuro profissional necessita esvaziar-se de ideias preestabelecidas, estar inteiro e aberto, para receber e acolher de forma genuína o outro. Inicialmente o artigo apresenta uma descrição breve sobre a da Gestalt-Terapia e alguns conceitos básicos. Por conseguinte, será discutido o momento da supervisão, seguida do primeiro atendimento, processo terapêutico e por fim, conclusão.

 

GESTALT-TERAPIA

A Gestalt-Terapia surge no inicio da década de 50, por meio das reflexões de um psicanalista nascido em Berlim chamado Friederich Perls, que com um grupo de intelectuais norte-americanos formulou esta nova abordagem. Segundo Smith (1976 apud CAVANELLAS, 1998, p.70), Perls buscou em suas vivências elementos que fossem validados empiricamente para que fosse possível desenvolver a Terapia Gestáltica.

Essa abordagem ficou conhecida após a publicação de seu primeiro livro texto "Gestalt Therapy: Excitement and Grownt in the Human Personality" lançado nos EUA no ano de 1951, escrito por Perls (a partir de escritos seus) e seus colaboradores Paul Goodman e Hefferline. Gestalten é um termo alemão que significa forma, sendo ela composta por partes, essas partes são pedaços que juntas compõem o todo. Segundo (HOUAISS; VILLAR; FRANCO, 2001, p. 1449), "A Gestalt considera os fenômenos psicológicos como totalidades organizadas, indivisíveis, articuladas, isto é, como configurações".

 

CONCEITOS BÁSICOS

É imprescindível que o estagiário em psicologia clínica domine os principais conceitos referentes à sua abordagem. O psicoterapeuta em formação deve ter em mente que toda a sua atuação requer uma fundamentação teórica, teoria essa que foi apresentada durante as aulas, mas que não pode se limitar somente a elas. O graduando precisa realizar leituras constantes, para que assim, possa dar conta das demandas de forma efetiva e eficaz. Cabe, portanto, aqui discorrer acerca dos conceitos básicos da abordagem gestáltica.

"AWARENESS"

Um conceito primordial em Gestalt-Terapia é o conceito de "awareness", que se configura como a tomada de consciência no momento presente. Yontef (1993) a define como a assimilação do mundo interno e externo, sendo que tal compreensão se dá no presente, mesmo que seja algo do passado, ele está sendo vivenciado no tempo atual. Sabendo que a "awareness" apresenta-se sempre no presente, o proposito dela pode estar vinculado a um outro tempo ou espaço.

Assim, a noção gestáltica de "awareness" se dá na relação de campo organismo-ambiente, em um espaço-tempo, de forma única e não dualista. A Gestalt considera o organismo/pessoa uma totalidade, sendo mente, corpo e ambiente indissociáveis, estabelecendo entre si uma relação de interação.

 

CONTATO

Outro conceito fundamental é o do contato, pois para haver "awareness" precisa-se haver contato, uma vez que é possível que exista contato sem que se tenha "awareness". Por meio do contato que a pessoal se relaciona com o meio, é também através dele que as experiências são vivenciadas e as mudanças ocorrem (POLSTER e POLSTER, 1979).

O contato configura-se como a relação do organismo em um campo e as interações provenientes dessa inter-relação. As interações ocorrem na fronteira de contato, que não é uma delimitação física propriamente dita, e sim, onde os fatos ocorrem e as mudanças acontecem.

Segundo Perls, Hefferline e Goodman (1997, p.44-5), "primordialmente, o contato é ‘awareness' da novidade assimilável e comportamento com relação a esta; e rejeição da novidade inassimilável [...]. Todo contato é ajustamento criativo do organismo no ambiente".

 

FRONTEIRA DE CONTATO

Há um ponto onde ocorre o contato, denominado de fronteira do contato, onde o "eu" se depara com o "não eu", não se trata de um lugar físico, mas da relação entre o sujeito e o mundo. Segundo Tellegen (1984), a fronteira de contato é o ponto de separação e união, não sendo delimitada por um espaço ou tempo concreto, ela possibilita o encontro com o diferente, com o novo, e nela podem ocorrer as transformações por meio das experiências com o desconhecido.

 

"SELF"

Já o termo "self" é usado para designar a totalidade da pessoa frente à interação saudável com o meio. Segundo Lanter (1973), um aspecto primordial do "self" é a destruição e formação da Gestalt, se caracterizando como nossa essência, responsável pela integração das necessidades organísmicas. O "self" nos direciona ao ajustamento criativo, possibilitando assim, o funcionamento e crescimento saudável ao organismo.   

Como citado logo acima, o "self" proporciona o ajustamento criativo necessário do organismo no campo, como afirma Perls, Hefferline e Goodman (1951), o self, "é a fronteira de contato em funcionamento [...], a função do ‘self' é encontrar e dar sentido às coisas que vivemos" (p.235).

 

AJUSTAMENTO CRIATIVO

O ajustamento criativo se dá por meio do contato, sendo que, "todo contato é ajustamento criativo do organismo e ambiente" (PERLS, HEFFERLINE e GOODMAN, 1997, P.45). Seria, portanto, a capacidade do individuo adaptar-se de forma criativa à determinadas circunstâncias, atualizando as potencialidades no processo de autorregulação organísmica, assim:

"Nessa perspectiva, a noção de ajustamento criativo não se confunde com conformismo disfarçado. Ao contrário, sugere a superação de estruturas relacionais que já não são mais funcionais, sem negá-las como matriz. É o clássico tema de que fixidez e a repetição se superam a partir do momento em que se toma posse do passado como história. Transformar repetição em recordação é o que Perls chama de encerrar situações inacabadas para que novos espaços possam ser explorados" (TELLEGEN, 1984, P.46).

Portanto, o ajustamento criativo é a capacidade de reconfigurar-se, superar-se de forma inovadora e atualizadora.

 

A SUPERVISÃO

A supervisão é um momento de extrema importância no que se refere aos estágios em geral. Se tratando do estágio no modelo clínico, a supervisão é um momento ímpar, no qual os estagiários discutem e estudam os casos de forma coletiva frente ao supervisor, este último trabalha no intuito de facilitar o manejo dos iniciantes na prática clínica a fim de contribuir no desenvolvimento do processo e na formação do futuro psicoterapeuta.

Santos (2010, p. 5), afirma que, "teoria e prática mantêm uma relação de unidade na diversidade, formam uma relação intrínseca, sendo o âmbito da primeira a da possibilidade e o da segunda a da efetividade". É exatamente neste ponto, diante da relação entre teoria e prática que o papel do supervisor durante o estágio se faz preponderante. É ele quem norteia o estagiário nesta relação.

A supervisão é um momento célebre, onde os ajustes teórico-práticos são feitos, além das orientações e correções, sendo assim:

"[...] o estágio, enquanto atividade didático-pedagógica, pressupõe a supervisão acadêmica e de campo, numa ação conjunta, integrando planejamento, acompanhamento e avaliação do processo de ensino-aprendizagem e do desempenho do (a) estudante, na perspectiva de desenvolvimento de sua capacidade de investigar, apreender criticamente, estabelecer proposições e intervir na realidade social" (ABEPSS, 2010, p. 13).

É diante destes fatos apontados como fruto de pesquisa científica e da minha própria expectativa e temores com a prática, que compreendo ser realmente impossível realizar um estágio sem uma devida supervisão.

 

O PRIMEIRO ATENDIMENTO

Iniciar as atividades práticas no período acadêmico é um desafio que nos deixa muito reflexivo. Será que darei conta? Realmente tenho uma base teórica segura? Como eu vou saber o que colocar em prática na hora correta? Diante de tantas questões, uma certeza precisa ser indubitável, o estagiário carece estar convicto da sua responsabilidade e sentir-se seguro quanto à escolha e conhecimento prévio da abordagem designada.

O primeiro atendimento é um dos momentos mais importantes para o sucesso ou fracasso do trabalho psicoterapêutico. Esse momento único carrega consigo muitas expectativas e fantasias, porém, na maioria das vezes, a psicoterapia aparece como a última solução, antes de procurar ajuda de um profissional, o cliente tenta resolver suas questões por meio de outros métodos, como por exemplo, em livros de autoajuda, amigos ou líderes religiosos (PINTO, 2015).

A busca por outros meios é comum e demonstra que a pessoa já está mobilizada diante do sofrimento e tenta achar soluções. "Esse caminho de busca de alternativas anteriores à terapia não é ruim, pois já configura o início do processo terapêutico [...]" (PINTO, 2015, p. 12). Portanto, entende-se que a psicoterapia quase sempre é o último recurso a ser buscado para o enfrentamento do sofrimento que o sujeito apresenta, momento que gera e desperta muita expectativa, não só por parte do cliente, mas também pelo terapeuta.

Nas palavras de Ênio:

"Fazer terapia é uma aventura tanto para o cliente quanto para o terapeuta. Significa, no caso do primeiro, dispor-se a se defrontar com aspectos de si que não conhece bem ou teme correr o risco de aceitar e promover mudanças às vezes muito doloridas na própria vida, ter de se desacomodar de anacrônicas e aparentemente confortáveis posições já conhecidas, em geral conquistadas depois de muita luta" (PINTO, 2015, p. 13).

Assim, a aventura da psicoterapia se inicia, contendo inúmeras fantasias e expectativas, que durante o processo serão sustentadas ou frustradas, terapeuta e cliente embarcam em uma viagem incerta, na qual, o primeiro passo é desancorar o navio, por meio da coragem apresentada pelo cliente e da congruência do terapeuta em relação ao percurso e possível destino da psicoterapia.

Vale ressaltar a importância do contrato terapêutico, por meio do qual são expressas as peculiaridades do processo e como serão administradas, como por exemplo: o tempo da sessão, as faltas, os atrasos, mudança de horário e principalmente o sigilo profissional.

O código de ética do psicólogo prevê em seu artigo 9º, que "É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional" (CFP, 2005, p.13).

 

O PROCESSO TERAPÊUTICO

É de fundamental importância que o estagiário mergulhe na aventura de conhecer o novo. O processo terapêutico em Gestalt-Terapia deve ser fluido e o cliente precisa estar à vontade para que a caminhada seja, na medida do possível, a mais segura. Estive durante dois semestres atuando na clínica-escola, durante este período me deparei com clientes de faixas etárias diferentes: crianças, adolescentes, adultos e idosos. Não será descrito aqui o passo a passo dos atendimentos, pois este não é o objetivo do artigo em questão. Contudo, discorrerei acerca do processo terapêutico e suas peculiaridades, a fim de nortear os iniciantes na prática clínica. Afirmando de antemão, que cada atendimento é único, assim como o ser humano que estará a sua frente.   

Optar por fazer terapia não é uma tarefa fácil, muita das vezes a procura por um profissional significa o último recurso possível na busca por solução de uma determinada demanda. Segundo Pinto (2015, p. 13), "fazer terapia significa abrir-se para conhecer até atingir o ponto de abrir-se com curiosidade para desconhecer-se com confiança". Assim sendo, a aventura da psicoterapia começa em meio as incertezas, fantasias e medo por parte do cliente.

Cabe ao profissional, e neste caso, ao estagiário, estar atento a essas peculiaridades tão importantes para o decorrer do processo. Ainda segundo Pinto (2015), o terapeuta precisa desfazer-se de preconceitos e de estereótipos e estar aberto ao novo, para que assim ele possa ser surpreendido com o ser humano que estará a sua frente. Evitar rótulos e julgamentos prévios é de suma importância para que o encontro seja único, uma vez que o sentir é mais importante do que o saber de antemão.

O estagiário e futuro terapeuta deve receber o cliente com compaixão, não o menosprezando ou atribuindo um sentimento de menos valia ao usuário do serviço, mas ter compaixão como um sentimento piedoso, exclusivamente humano e de empatia para com a tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de contribuir para a sua melhora (HOUAISS e VILAR, 2001).

O percurso terapêutico é uma descoberta cheia de mistérios, a começar pelo próprio cliente. Safra (2006, p.206) considera que "o mistério sempre envolverá o homem, portanto, o trabalho do psicoterapeuta. Estar diante de um ser inacabado, aberto ao outro impossível de ser apreendido, envolto em mistério é deparar com a dimensão transcendente do homem". Assim sendo, recomenda-se aos iniciantes na prática clínica que abram-se ao desconhecido, buscando compreender os mistérios que surgirão durante o estágio, sendo o cliente um desses mistérios.

O estagiário/terapeuta deve ter sua atuação focada na clarificação da(s) problemática(s), sendo ele um facilitador do processo. Segundo Perls (1977b, p34) "[...] a tomada de consciência em si – e de si mesmo – pode ter efeito de cura". Desta forma, facilitar a tomada de consciência é função principal do terapeuta, ele é responsável por prover os instrumentos necessários para simplificar a "awareness" do cliente.

Portanto, o estagiário trabalhará com a finalidade de auxiliar o cliente a promover à autocura, ou seja, o estudante se valerá das técnicas, experimentos, leituras e da própria relação terapêutica para propiciar ao cliente a resolução de sua demanda, sendo o graduando um agente facilitador do processo, uma espécie de bússola, norteando os caminhos, que serão ou não seguidos pelo cliente.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência do "ser terapeuta" carrega consigo a responsabilidade e a postura do cuidar. O respeito ao outro, bem como à sua singularidade, crenças, descrenças, valores e opiniões, é extremamente relevante para haja um encontro genuíno, encontro este considerado sagrado.

O estágio clínico foi um período em que buscamos vincular o saber teórico aos aspectos práticos. Momentos em que a teoria e a prática se mesclaram para que fosse possível apresentar um bom resultado. Sobretudo, percebemos a necessidade em assumir uma postura reflexiva da nossa prática diante de cada realidade.

O estágio supervisionado em psicologia clínica proporcionou uma experiência única, mesmo com todas as dificuldades que se apresentaram, sendo ela uma possibilidade de crescimento, o que foi obtido de forma extraordinária.

Há um ponto de partida, há um fio condutor que nos guia ao destino onde queremos e imaginamos que vamos chegar. E este estágio é considerado o início desta caminhada. No entanto, entendemos que as limitações enfrentadas, e os desafios que foram postos tiveram fundamental contribuição para a consolidação e para a reflexão sobre diferentes situações vivenciadas.

Portanto, como um futuro Gestalt-terapeuta, avalio positivamente a oportunidade de vivenciar a prática clínica, um saber ímpar e deslumbrante. Presenciar a teoria e pô-la em prática é algo admirável, ainda mais se tratando da Gestalt-Terapia, abordagem que me encanta todos os dias, e como costumo dizer, onde encontrei minha verdade.

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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NOTAS

* Marcos Oliveira de Novaes - Psicólogo, graduado pela Faculdade de Tecnologia e Ciências - FTC, polo Jequié/BA. Aluno regular do Mestrado em Relações Étnicas e Contemporaneidade - Linha de Pesquisa: Etnias, Gênero e Diversidade Sexual - da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/Jequié. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidades da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/Jequié e do Grupo de Pesquisa em Linguagens, Poder e Contemporaneidade do Instituto Federal da Bahia - IFBA - Campus Porto Seguro.

 

Endereço para correspondência
Marcos Oliveira de Novaes
Endereço eletrônico:marcosoliveiradenovais@hotmail.com

 

Recebido em: 25/06/2019
Aprovado em: 09/12/2020