ARTIGO

Satisfação conjugal em casais com casamentos de curta duração: uma contribuição da Gestalt-terapia

Marital satisfaction in couples with short-term marriages: a contribution of Gestalt-therapy

 

Fabrício Almeida Toniato*; Danielle Caus**

Faculdade Brasileira – MULTIVIX, Vitória – ES.

Endereço para correspondência

 


RESUMO

O constante aumento das relações conjugais contemporâneas abrange como característica a manutenção da individualidade do cônjuge, preponderante no estabelecimento dos laços afetivos do casal. Na busca por novos fatores que mantém um casamento satisfatório, o referido estudo investigou diferenças e semelhanças a partir da concepção dos casais com casamentos de curta duração sobre a satisfação conjugal. A pesquisa explorou a contribuição da Gestalt-terapia nas relações conjugais, ao utilizar o método qualitativo-fenomenológico, por meio da técnica da bola de neve e da entrevista semi-estruturada. Foram entrevistados 06 participantes, ou seja, 03 casais, casados com 06 meses a 05 anos, entre 20 e 45 anos de idade, residentes na Grande Vitória, Espírito Santo. Os resultados apontam que todos os participantes estão vivendo uma relação satisfatória no casamento, cujas principais características desta satisfação são a construção de vínculos, o companheirismo e a união, a coesão e o progresso do casal.

Palavras-Chave: Gestalt-terapia; Relacionamento conjugal; Satisfação conjugal.


ABSTRACT

The constant growth in contemporary marital relations covers as a feature of the spouse individuality maintenance, preponderant in the establishment of couples' emotional ties. In search of new factors that keep a satisfying marriage, this study will investigate differences and similarities about marital satisfaction from the perspective of short-term couples. The research explored the contribution of Gestalt-therapy in marital relations, using the qualitative phenomenological method through the "Snowball'' technique and the semi-structured interview. Six attendees were interviewed, in other words, 03 couples who are married from 6 months to 5 years, between 20 and 45 years old, residents of Grande Vitória region, Espírito Santo. The results indicate that the attendees are living in a satisfying marriage, which the main features of this satisfaction are the construction of links, companionship, union, cohesion and the progress of the couple.

Keywords: Gestalt Therapy; Marital relationship; Marital satisfaction.

 

INTRODUÇÃO

 

"Eu vou me amar até não precisar mais de você, e quando não precisar mais de você, eu estarei livre... para te amar de verdade."
Mariuza Percolato

 

O atual estudo possui como tema central a percepção da satisfação conjugal em casais com casamentos de curta duração, ou seja, casais recém-casados com no máximo cinco anos de casamento, sob o olhar da Gestalt-terapia, uma abordagem fenomenológica-existencial da Psicologia. Devido a grande quantidade de pesquisas cientificas, atualmente focadas no tema crise conjugal e separação/divórcio, o construto satisfação conjugal tornou-se pioneiro na exploração da manutenção do casamento e das relações conjugais satisfatórias, cuja contribuição objetiva a importância tanto da conjugalidade quanto da subjetividade de cada membro.

O referido trabalho aborda a concepção dos casais com casamentos de curta duração sobre a satisfação conjugal, na região da Grande Vitória, Espírito Santo. Propõe-se identificar diferenças e semelhanças sobre a satisfação conjugal, a partir da concepção dos casais com casamentos de curta duração. Procuramos descrever o conceito de satisfação conjugal e as variáveis que compõem um casamento satisfatório, a partir de uma revisão sistemática de literaturas sobre o tema e a ampliação teórica da abordagem Gestalt-terapia e sobre o construto Satisfação conjugal. O método fenomenológico possibilitou o desenvolvimento de um trabalho qualitativo visando à profundidade e expansão do fenômeno através das percepções dos participantes como apresentaremos a seguir.

 

I - REFERENCIAL TEÓRICO

A Gestalt-Terapia é uma teoria da Psicologia baseada no modelo psicoterapêutico existencial-fenomenológico, no qual propõe a reflexão filosófica direcionada para existência concreta, no aqui e agora, cuja visão ressalta o ser humano com enorme potencial para desenvolver-se, fazer escolhas e responsabilizar-se pelas mesmas, de modo consciente. A proposta da Gestalt-Terapia (GT) visa à originalidade de cada ser direcionada pela perspectiva holística em busca da autorrealização (RIBEIRO, 1985).

O método gestáltico implica na compreensão do individuo como ser uno, um todo e não somente seu discurso, com todas as manifestações de suas dimensões sensoriais, intelectuais, corporais, afetivas, sociais e espirituais, numa sabedoria organísmica. Dessa forma, o encontro entre o ambiente e as relações favoráveis propiciam o crescimento e desenvolvimento das potencialidades do indivíduo, assim como seus impasses e dificuldades. Logo, tanto o que é saudável quanto o que não é saudável molda a satisfação relacional das necessidades do ser (ALMEIDA, 2010).

Esta metodologia abrange o contato com a realidade, atribuindo constante apelo à responsabilidade, pautada na visão da liberdade consciente. Para a Gestalt-Terapia a pessoa é vista como um ser particularizado no seu modo de ser e agir, a partir do encontro verdadeiro entre sua subjetividade e sua singularidade. O caminho diante da vida é um confronto inquieto entre o não alienamento à procura da realidade própria e pessoal (RIBEIRO, 1985).

Para compreender a Gestalt-Terapia é necessário realizar um resgate histórico das principais influências do pensamento na construção dessa teoria e técnica. Ribeiro (1985) menciona que Frederick Perls, fundador da GT, caminhou pelos jardins da psicanálise, demonstrando gratidão pela sua evolução, porém, seguiu estradas diferentes, sobretudo, na visão freudiana de homem que é uma visão psicodinâmica, mecanicista e biológica, ao passo que a visão gestáltica contempla uma visão humanística, existencial e fenomenológica, partindo da utilização do como e do quê, ao invés do racional porquê na compreensão presente da realidade do cliente.

Conhecedor dos estudos freudianos, Perls enxergou buracos deficientes na doutrina e técnica psicanalista, tornando-o assim, mais libertador na maneira de visualizar e conceber o homem. Tal fato ocorreu depois do encontro entre ambos, em 1936, descrito por Perls como motivador e revigorante, porque o desgarrou do dogma do pensamento psicanalítico (SOMMERS-FLANAGAN & SOMMERS-FLANAGAN, 2006).

Mais do que a psicanálise, a psicologia corporal possuiu influência nítida na Gestalt-Terapia, ao relacionar o corpo como expressão de uma realidade global. Sendo analisando de Wilhelm Reich, percussor da teoria, Perls aprofundou seus estudos abordando o corpo em relação à psique. Mesmo discordando em alguns pontos, Perls e Reich possuem um campo de convergência bem conectado, no qual destacam-se, a concepção das lembranças estarem acompanhadas dos afetos ligados a estas lembranças; o corpo precisar estar presente no ato psicoterapêutico; o trabalho estar direcionado à frustração; à comunicação do cliente ser mais importante do que aquilo que ele comunica; ao produto adquirido na psicoterapia produz efeitos duradouros na vida do cliente e do psicoterapeuta (RIBEIRO, 1985).

No outro lado do continente, Fritz explorou na religião oriental, Taoísmo e Zen-Budismo, o modo de ser e estar no mundo que o permitiu ampliar sua compreensão pessoal e social, expandindo assim, os caminhos psicoterapêuticos. Esta compreensão não incluiu o lado espiritual, mas semelhanças no modo de encarar o ser humano como um ser consciente, em pleno desenvolvimento da liberdade pessoal e criatividade existencial, ou seja, as aproximações entre a visão de homem e o método oriental e a Gestalt-terapia (RIBEIRO, 1985).

De acordo com Veras (2013), Perls assimilou da filosofia oriental elementos para o desenvolvimento da Gestalt-terapia. Cabe citar a formação figura/fundo, o vazio fértil1, a busca total da identidade e o movimento interno de pensar menos e sentir mais. Logo, Gestalt-terapia e pensamento oriental privilegiam a existência humana baseada na relação, rumo ao desabrochar do real encontro com a totalidade, o eu.

 

1.1 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA GESTALT-TERAPIA

A fim de dar maior embasamento teórico ao estudo, serão explicados a seguir alguns conceitos fundamentais utilizados no trabalho com casais em Gestalt-terapia, como: o aqui e agora, a "awareness", o contato, as fronteiras de contato, o ajustamento criativo e as resistências. Tais conceitos são pilares que sustentam a intervenção do gestalt-terapeuta frente à demanda individual, conjugal e familiar, no intuito de adquirir um crescimento contínuo e saudável (ZINKER, 2001).

A psicoterapia em GT está direcionada para o presente, o "aqui e agora", onde a atenção e o agir do cliente são vivenciados na realidade do agora. Isto significa que todo espaço (agora) e tempo (aqui) são interdependentes na totalidade existencial, ou seja, o que sinto, o que desejo, o que vejo e o que percebo no momento atual podem ser explicados no agora (RIBEIRO, 1985, 2006).

Isto não significa que o passado esteja desprovido de importância, contudo, mesmo ao vivenciar e verbalizar um acontecimento antecedente, os sistemas sensoriais e motores estarão funcionando no presente. Desta forma, comportar-se como se estivesse no passado compromete as funções vitais e o significado da experiência (POLSTER & POLSTER, 2001).

Assim, intervir no "aqui e agora" significa entrar em contato com seus problemas atuais para tentar resolvê-los, direcionando a atenção ao que está sendo realizando no momento, observando seus gestos, expressões faciais, voz, emoções e respiração. Logo, quanto mais o indivíduo se der conta de si, maior será seu aprendizado sobre suas questões, ampliando a conscientização dos recursos pessoais disponíveis (PERLS, 1988).

A conscientização propõe outro conceito básico em GT, a "awareness". Devido a grande dificuldade na tradução para o português a autora Cardella (2002) propõe atribuir seu significado a "presentificação", "concentração" e "tornar-se presente".

Ribeiro (2006) refere-se à "... ‘awareness' como consciência da própria consciência ou como um processo pelo qual me torno consciente de minha própria consciência, aqui e agora, no mundo" (p.74). É um encontro de dentro para fora do ser, de forma singular e plural, no qual parte e todo se unem no encontro expressivo da totalidade emocional. Seu conceito abrange a própria experiência e o contato relacional (eu-outro), ou seja, a subjetividade e a intersubjetividade.

A "awareness" pode ser pensada, ainda, como um movimento a partir do contato – organismo e meio – baseado na necessidade presente dominante, descrita através das situações ao qual se oferece no momento, que permite compreender as necessidades ambientais, as responsabilidades pelas escolhas, o autoconhecimento, a autoaceitação e o ouvir-se. Sem o conhecimento específico da realidade e de como se está inserido na mesma, a "awareness" não se completa (YONTEF, 1998).

A Gestalt-terapia não entende o conceito "Contato" simplesmente como reunião ou intimidade. O contato significa o próprio conhecimento e o reconhecimento do outro como sendo diferente do eu, ou seja, ocorre o encontro entre dois seres diferentes /novo e do diante da novidade inusitada. Assim, todo contato é uma ação criativa e dinâmica realizada na fronteira eu-outro (LOFFREDO, 1994).

Através do contato consigo mesmo, nasce a possibilidade de contato com o mundo. Tal encontro torna-se harmonioso, simples e artístico, com jeito e expressão próprias diante da "awareness" da novidade assimilável (RIBEIRO, 2006). Segundo Polster e Polster (2001), o contato ocorre pelas chamadas "funções do contato", que são elas: olhar, ouvir, tocar, falar, mover-se, cheirar e provar.

O local no qual o contato ocorre é denominado fronteira de contato. Entende-se fronteira como o funcionamento do eu com o ambiente, resultando em novas experiências de contato. No senso comum, a fronteira pode ser entendida como o bloqueio do individuo com o ambiente, porém, em vez de separá-los, a fronteira protege e delimita os eventos psicológicos do eu ao vivenciar diferentes fatos no ambiente (CARDELLA, 2002).

Polster e Polster (2001) afirmam que a energia depositada na relação com o ambiente torna o contato permissível ou resistente, trazendo mudanças e transformações ao indivíduo ou barreiras e impedimentos no processo de crescimento.

A prática clínica visa desenvolver o trabalho de autosuporte do cliente, para que o mesmo não interrompa seu fluxo de crescimento na fronteira de contato com o novo, ao atribuir confusões psicológicas do seu eu ao outro (CARDELLA, 2002). Portanto, o contato entre organismo e ambiente desencadeia no indivíduo um ajustamento criativo ao enfrentar o novo, pois toda novidade não deve ser meramente engolida, ela precisa ser assimilada e nutrida para potencializar a mudança e o crescimento pessoal (PERLS, HEFFERLINE & GOODMAN, 1997).

Em síntese, Ribeiro (2006) descreve "ajustamento criativo" como a resposta espontânea diante das necessidades físicas e psicossociais do organismo de manter-se autorregulado. Em contra partida, ao sofrer interrupções, o ajustamento criativo pode desencadear "doenças", uma vez que existe a possibilidade do indivíduo produzir respostas incompatíveis que limitariam o fluxo criativo em direção ao contato (PERLS, HEFFERLINE & GOODMAN, 1997).

O ajustamento criativo pode ser considerado, ainda, como a mutualidade entre criatividade e ajustamento do contato, ou seja, são pilares na assimilação saudável do crescimento. A espontaneidade floresce dessa relação na tentativa de apoderar-se e autorregular o organismo (PERLS, HEFFERLINE & GOODMAN, 1997).

E se o ajustamento criativo perder a nitidez do contato, a excitação da energia que diferencia o eu do outro? Quais as consequências desta interrupção diante da realidade? Perls, Hefferline e Goodman (1997) nomeiam caracteres que dificultam a interação sadia consigo próprio e com o ambiente, que podem ser entendidas como resistências, a saber: confluência, introjeção, projeção, retroflexão e egotismo. Outros autores, como Polster e Polster (2001), acrescentam a deflexão como aprofundamento das resistências.

Na confluência, a interrupção ocorre antes do contato se manifestar. O individuo bloqueia a experiência com o ambiente e distorce o que é seu e o que é do outro, dificultando o processo de interação e assimilação (PERLS, HEFFERLINE & GOODMAN, 1997).

Para Yontef (1998), introjetar é ingerir as informações externas sem discriminá-las. O individuo "engole" normas, valores, comportamentos, atitudes e sentimentos sem diferenciar que os mesmos não são necessariamente dele. Em função disso, o desenvolvimento da personalidade se torna rígida e cristalizada ao absorver elementos que não são seus.

Por meio da interação com o ambiente, o individuo atribui responsabilidade ao outro do que verdadeiramente é seu. Isto é nomeado como projeção. A mesma desencadeia passividade, produzida pelo sentimento de desvalorização do eu, onde confundo o que é meu com o que é do outro (PERLS, HEFFERLINE & GOODMAN, 1997).

O próximo mecanismo descrito é a retroflexão, que seria a internalização do comportamento, fazendo consigo mesmo o que deseja fazer ao outro. Evitar a frustação é característica dessa resistência, assim a energia, ao invés de ser dissipada no meio, encontra no próprio corpo e personalidade a segurança. O retroflexor tende a sentir raiva de si mesmo e, posteriormente, se isolar (YONTEF, 1998).

Já o egotismo, seria um mecanismo que evita o crescimento do indivíduo, bloqueia as surpresas que podem surgir do ambiente, uma vez que o organismo se sente independente e concentra suas energias no interesse por si próprio. O individuo torna-se solitário e satisfeito ao realizar suas próprias necessidades (PERLS, HEFFERLINE & GOODMAN, 1997).

Por fim, a deflexão conceituada por Polster e Polster (2001) se configura em desviar e afastar o contato, a intimidade e o envolvimento. A pessoa esquiva-se por meio da não expressão, evitando o contato visual ou físico, a saber, não encarar outra pessoa ou discursar ideias vagas.

 

1.2 -  A VISÃO DA GESTALT-TERAPIA SOBRE AS RELAÇÕES CONJUGAIS

Ao pesquisar o construto "satisfação conjugal" relacionando-o com a abordagem da Gestalt-terapia, nas plataformas SCIELO, LILACS e PEPSIC, torna-se evidente a escassez de publicações, pois raríssima contribuição brasileira foi publicada até o momento, em relação à articulação do tema proposto.

As linhas a seguir tiveram como base a contribuição de Zinker (2001) e seu trabalho com casais e famílias seguindo a abordagem da Gestalt-terapia na tentativa de desenvolver e ampliar o estudo sobre satisfação conjugal.

Reconhecido internacionalmente, este autor atribui aos Gestalt-terapeutas a criatividade como fator chave na essência humana e na arte em psicoterapia, com base na Teoria Sistêmica e na Psicologia da "Gestalt". Por se tratar de uma especialidade emergente em GT, novas contribuições científicas necessitam ser exploradas, objetivando a construção e consolidação da teoria clínica e sua efetividade prática (ZINKER, 2001).

A psicoterapia com casais é um processo criativo, estético e artístico, direcionado para formação e reconstrução dos significados emergentes da relação conjugal. Em diversas situações, os casais são bem sucedidos frente aos impasses da vida ao adquirir consciência e assimilar experiências. Este movimento interacional é nomeado como "boa forma" (ZINKER, 2001).

A compreensão do conceito de "boa forma" é entendida como o guia do trabalho psicoterapêutico com casais, pois o fluxo do contato na relação mobiliza a conscientização dos comportamentos, da energia depositada, da ação e da aprendizagem, ou seja, foca nas habilidades das interações presentes (aqui e agora) para que organizem o processo holístico, fazendo-os trabalhar em sintonia, já que ninguém é somente responsável pela saúde ou "patologia" relacional (ZINKER, 2001).

Para Zinker (2001), construir uma relação saudável e harmoniosa é uma tarefa árdua, demanda um exercício contínuo, um propósito comum e flexível, com respeito à individualidade de cada integrante, à diferença e à conjugalidade, pois um casal está sempre se transformando devido ao fluxo dos acontecimentos, como mudança de emprego, doenças, amizades, entre outros. Portanto, novas informações estão constantemente permeando a relação.

Assim, a expressão criativa dos membros torna-se característica preponderante na manutenção e satisfação das relações conjugais, ao realizar encontros saudáveis na fronteira do "eu" e na fronteira do "nós". Tais encontros levam ao crescimento individual e relacional, já que o casal não vive o tempo todo em harmonia. Logo, os momentos de discordância são vivenciados não como uma "sobrecarga", mas como uma contribuição para a criação (SILVEIRA, 2007).

A autora ressalta como fruto do processo criativo a sensibilidade do casal na maior parte do tempo. A colheita desse fruto possibilita novas descobertas e uma maior facilidade dos membros evocarem diferentes recursos nos momentos de dores, mortes, todos os tipos de crise e separações (SILVEIRA, 2007).

Dessa forma, Zinker define algumas caraterísticas das relações conjugais satisfatórias como: escutar uns aos outros, responsabilizar-se pelos sentimentos e ideias, expor e compartilhar ideias na tentativa de adquirir uma boa combinação, não fazer suposições sobre algo e sim perguntas, discordar e aceitar as diferenças, adaptar-se ao outro, iniciar e terminar uma conversa para posteriormente ficar no passado, partilhar ternura, medo, curiosidade, carinho, remorso – uma variedade de sentimentos e desejos, aprender e aceitar um "sim" e um "não" sem carregar mágoas, rir um do outro e de si mesmo, influenciar o outro, apoiar interesses e projetos antes de criticá-los, respeitar a individualidade e o tempo de cada um, demostrar sentimentos positivos diante dos fracassos e sucessos, não desperdiçar energia em algo inacessível, avançar de uma experiência para outra sem permanecer com dúvidas, dividir ideias estranhas e novas e sonhar juntos (ZINKER, 2001).

Por fim Silveira (2007) destaca a intensidade na vida íntima, o diálogo aberto, claro e verdadeiro, o apoio e conforto diante das adversidades. Todo este arsenal de possibilidades não ocorre de um dia para o outro e/ou porque duas pessoas se amam profundamente, mas são resultados da construção diária, da disciplina, da confiança e do cuidar da relação.

 

1.3 - DEFININDO SATISFAÇÃO CONJUGAL

A manutenção e afirmação do casamento contemporâneo são diretamente influenciadas pelos valores vigorantes da individualidade, por isso, a autonomia do cônjuge torna-se cada vez mais importante na afirmação dos laços afetivos, rompendo com os vínculos de dependência do casal para manutenção da felicidade (SCORSOLINE-COMIN & SANTOS, 2011).

Diversas características como valores, costumes, crenças e subjetividade de cada membro contribuem de modo efetivo na formação da identidade do casal, identidade esta que é sucessivamente ajustada e transformada a partir das vivências relacionais, ou seja, na criação de uma zona comum de interação, que beneficie a conjugalidade (SCORSOLINE-COMIN & SANTOS, 2011; NETO, STREY & MAGALHÃES, 2011; FÉRES-CARNEIRO, 1998).

Neste sentindo, Perlin (2006) afirma que o casamento moderno tem sido o ponto inicial na formação da família, mas devido ao aprofundamento constante da individualidade, as relações tendem a ser permeadas pela instabilidade do relacionamento íntimo, levando assim a constantes reformulações dos projetos iniciais. Marcados pela certeza de que é impossível levar uma vida sem problemas, caberia aos indivíduos identificá-los e buscar alternativas para resolvê-los. No entanto, antes de solucionar os problemas, o casal tende a elaborar estratégias de enfrentamento, utilizando os recursos disponíveis que desencadeariam uma ruptura na satisfação e construção da conjugalidade (BAUMAN, 2004; GARCIA & TASSARA, 2001, 2003).

A autora Féres-Carneiro (1998, 2003) identifica que a união contemporânea está permeada pelo alto grau de intimidade e investimento afetivo na vida das pessoas, representando uma relação de intensa significação para ambos. Para Machado (2007), o casamento é uma necessidade típica de estar ligado ao outro, fonte rentável de felicidade e bem-estar pessoal, fundamental na satisfação das emoções básicas. Assim, mesmo que a sociedade atual avance cada dia mais exaltando a independência e a autonomia, o casamento ainda se configura como um rito em diversas culturas, no qual os indivíduos buscam incessantemente encontrar alguém para compartilhar a vida e ter filhos (SCORSOLINE-COMIN & SANTOS, 2008).

Diante desse cenário, pergunta-se: O que vem a ser satisfação conjugal? Quais características implicam num casamento satisfatório? Quais aspectos influenciam no estabelecimento da conjugalidade? O conceito de satisfação conjugal tem sido explorado no campo acadêmico desde a década de 1950, com variáveis que sustentam a estabilidade, adaptação e adequação entre os parceiros. Nas últimas décadas, as pesquisas aumentaram em quantidade e sofisticação metodológica (WAGNER & FALCKE, 2001; BERSCHEID, 2010), porém nos últimos cinco anos o panorama tem sido diferente.

A saber, estudos realizados por Dela Coleta (1989), Perlin (2006), Dela Coleta (2006) e Norgren, Souza, Kaslow, Hammerschmidt e Sharlin (2004) definem a satisfação conjugal como uma avaliação subjetiva do casamento, após a percepção particular de cada membro da relação, com as expectativas, necessidades e desejos individuais satisfeitos, em pequena ou grande escala, resultando numa reciprocidade ao dar e receber. Para Wagner e Falcke (2001), a satisfação é um conceito complexo a ser delimitado pelo fato de diferentes variáveis moldarem sua composição, desde características da personalidade dos indivíduos, experiências que trazem da família de origem até a maneira peculiar como constroem o relacionamento. Scorsoline-Comin e Santos (2008) corroboram com os estudos de Mosmann, Wagner e Féres-Carneiro (2006) após análise crítica de que a conceituação de um casamento satisfatório é uma tarefa árdua no meio científico já que as pesquisas internacionais apontam para o alto índice de fatores que contribuem para tal definição. No estudo desenvolvido pelas autoras, destaca-se que a qualidade no relacionamento estaria associada ao bem-estar do cônjuge e seus filhos, às variáveis sociodemográficas, à saúde física do casal, à depressão e outras psicopatologias, às características de personalidade e às combinações entre as variáveis.

Na literatura científica atual, ao referenciar outras pesquisas, Mosmann, Wagner e Féres-Carneiro (2006) apontam como problemática acerca da conjugalidade, a gama de sinônimos utilizada para a conceituação desta, como qualidade conjugal, satisfação conjugal, satisfação matrimonial, ajustamento diádico, estabilidade, ajuste, felicidade, sucesso, consenso e integração matrimonial. Ainda segundo as autoras, tal semelhança ocorre pelo equívoco de não ser abordado as especificidades de cada construto e nem as diferentes abordagens teóricas-metolodológicas.

Para Scorsoline-Comin e Santos (2011, 2009), o conceito de satisfação conjugal abrange inevitavelmente a avaliação que o casal realiza da sua própria relação, de forma que tal conceito esteja diretamente acoplado ao contexto afetivo e social dos indivíduos. Outros autores, como Arias e House (1998) e Dela Coleta (1992), afirmam que a satisfação conjugal é um fenômeno complexo, pois sofrem influências de diversas variáveis, sendo que a capacidade de se comunicar constitui a base.

Em diversos contextos, diferentes aspectos surgem como pontos-chave na investigação conjugal como: casais de dupla jornada de trabalho (PERLIN & DINIZ, 2005), lócus de controle conjugal (DELA COLETA, 1992), a influência dos traços de personalidade na satisfação conjugal (MÔNEGO & TEODORO, 2011), as relações entre habilidades sociais e satisfação conjugal (SARDINHA, FALCONE & FERREIRA, 2009), e o bem estar subjetivo e a satisfação conjugal (SCORSOLINE-COMIN & SANTOS, 2011).

Estudos realizados por Norgren et al. (2004) avaliaram a satisfação conjugal em casais com casamentos de longa duração (mais de 20 anos). Os resultados obtidos afirmam que, para um casamento permanecer satisfatório ao longo dos anos, há necessidade de investir na relação e construir uma realidade conjunta, desencadeando satisfação para ambos, com equilíbrio entre individualidade e conjugalidade, expondo interesses e o relacionamento afetivo-sexual, com o intuito de evitar o tédio e a repetição. Os autores afirmam que o "casamento satisfatório, como o presente estudo demonstrou, é menos uma questão de escolha certa e mais de trabalho em equipe" (NORGREN ET AL., 2004, p. 583).

Na pesquisa psicossocial contemporânea realizada por Neto, Strey e Magalhães (2011), identificar e conhecer os fatores que motivam o estabelecimento e a construção da conjugalidade possibilita a formulação de estratégias e o desenvolvimento da consciência acerca das escolhas, resultando na obtenção de uma maior e melhor satisfação nas relações. O estudo focal constatou a satisfação de desejos individuais, a sexualidade, o amor, a maternidade e a consolidação da identidade como fatores motivacionais para o estabelecimento de uma relação. Foi ressaltado pelos participantes, sobretudo a satisfação das necessidades individuais.

 

II - METODOLOGIA

2.1 - Classificação da Pesquisa

Foi realizada uma pesquisa de campo, exploratória e descritiva, cujos dados foram analisados de forma qualitativa. Para Gil (2010) explorar significa proporcionar maior intimidade com o problema, visando à profundidade e expansão do fenômeno através da percepção dos participantes. A leitura completa dos depoimentos precedeu a descrição dos dados, com vista à obtenção do todo, ou seja, após análise apurada, as ideias e os significados foram extraídos para posteriormente serem descritos. O autor explana como pesquisa qualitativa, o número reduzido de participantes, focando no conteúdo do material coletado para análise minuciosa do fenômeno em termos científicos (GIL, 2010).

Pesquisas realizadas com as palavras "Satisfação Conjugal" nas plataformas SCIELO, BVS-LILACS e PEPSIC resultaram ao todo em trinta artigos, sendo dez deles encontrados no SCIELO, quinze na LILACS e cinco na PEPSIC. Entre os dez artigos encontrados na primeira plataforma citada, cinco encontram-se entre os anos de 2010 e 2015 e os artigos restantes, entre 2004 e 2009. Na plataforma LILACS entre os quinze artigos encontrados, seis artigos se repetem na busca do SCIELO. Nos anos 2010 a 2015 seis foram publicados e nove se encontram entre 1987 até 2009. Na ultima plataforma, PEPSIC, a pesquisa resultou em apenas cinco artigos, no qual um foi publicado nos cinco últimos anos. O restante se encontra entre 1999 e 2009. Tal evidencia confirma a pequena quantidade de estudos publicados desde 2010, além dos mesmos utilizarem como metodologia a revisão bibliográfica, tornando a pesquisa de campo escassa e necessária.

Segundo dados do IBGE (2013), o número de casamentos aumentou em 1,1% com relação ao ano anterior, totalizando 1.051.686, tendência crescente confirmada no país desde 2002. A região Sudeste concentra o maior índice (48,2%) de uniões consensuais. Os casamentos entre cônjuges masculinos e femininos solteiros prevalecem como o conjunto majoritário, no entanto, estas estatísticas diminuíram gradativamente entre 2003 e 2013. Em paralelo, cresce a proporção entre recasamentos, representando 23% do total. Pela primeira vez, em 2013, dados referentes às uniões estáveis do mesmo sexo foram registrados no país, sendo realizados 3.071 registros dessa modalidade de casamento, dentre eles, 52% foram entre mulheres e 48% entre homens. A região Sudeste também concentrou o maior índice de uniões homoafetivas com 65,1%.

 

2.2 - Instrumentos para Coleta de Dados:

Utilizou-se a entrevista qualitativa semiestruturada (APENDICE A) com perguntas abertas elaboradas para identificação e compreensão do fenômeno estudado. A entrevista visou atingir o máximo de clareza, por isso as perguntas possuíram caráter descritivo direcionado para exploração do fenômeno estudado (GIL, 2010).

 

2.3 - Procedimentos de Coleta de Dados:

A seleção dos participantes ocorreu através do entorno social do pesquisador, no qual os primeiros voluntários foram devidamente selecionados por conveniência, a participar do referido estudo. Usou-se a técnica da "bola de neve" para a seleção dos outros participantes, no qual, os próprios respondentes indicavam novos casais para participarem do estudo. As entrevistas foram gravadas e realizadas nas residências e/ou o melhor local indicado por eles. Os voluntários foram separados para que a entrevista ocorresse de modo independente e sequenciada, pois a presença conjunta poderia interferir nas respostas.

 

2.4 - Procedimento Ético:

O presente estudo seguiu as legislações que regulamentam as pesquisas com seres humanos estabelecidos pela resolução n° 466 do Conselho Nacional de Saúde (CNS, 2012) e pelo código de ética que regulamenta o exercício do profissional de psicologia (CFP, 2005). Antes de ser executado o projeto de pesquisa será encaminhado ao CEP – Comitê de ética da Faculdade Brasileira – MULTIVIX, para apreciação e autorização.

Para a realização dessa pesquisa e da coleta dos dados, foram respeitadas e cumpridas todas as diretrizes estabelecidas no Inciso II.2 e seus correlatos, expressos na Resolução n° 466 do congresso Nacional de Saúde de 2012, sobre Ética e Pesquisa com seres humanos para a elaboração do termo de consentimento livre e esclarecido, que após leitura e esclarecimento será assinado pelo entrevistado.

Os procedimentos a serem realizados não apresentaram riscos de qualquer natureza para os participantes. Todas as entrevistas foram realizadas após a assinatura, pelos responsáveis, do termo de consentimento livre e esclarecido, para a participação em pesquisa. Após interpretação dos dados, todas as entrevistas serão destruídas.

 

2.5 - Participantes

Os critérios de inclusão/exclusão não se restringiram a ocupação, quantidade de filhos ou classificação socioeconômica. Os casais não selecionados possuem pelo menos um dos indivíduos recasados. Os critérios de inclusão definidos foram: estarem consensualmente casados há no mínimo 06 meses e no máximo 05 anos, heterossexual, entre 20 e 45 anos e não estar em processo de separação conjugal. Os participantes foram escolhidos por conveniência, totalizando seis voluntários, ou seja, três casais, moradores da Grande Vitória.

 

2.6 - Análise dos Dados:

Os dados coletados foram estruturados a partir da Análise do Fenômeno Situado, proposta por Giorgi (1978), cujo momento desta abordagem engloba a descrição do material coletado, a redução e a interpretação. As informações recolhidas tiveram como objetivo a redução eidética, ou seja, abstrair as informações não condizentes com o objetivo do estudo, logo acidentais, para permitir a intuição da essência, do fenômeno surgido (GIL, 2010). A consciência dos participantes esteviram repleta de senso comum, assim compele ao pesquisador elaborar uma descrição baseada na linguagem psicológica articulada ao tema (GIORGI & SOUSA, 2010).

Após análise de todas as entrevistas, uma nova revisão foi realizada, identificando os pontos em comum, suas interdependências e uma apurada organização única da descrição condizente com os termos psicológicos. Finalmente, na redução fenomenológica, o posicionamento teórico trouxe à tona tudo que foi suspendido fenomenologicamente, para elaboração de categorias temáticas, cuja intencionalidade consciente do pesquisador fez conexão da vivência observada com o conhecimento científico, a fim de divulgar novas produções a comunidade científica (BRANCO, 2014).

 

III -  Apresentação e discussão dos resultados

Os dados a seguir respeitam a ordem hierárquica fenomenológica com base no questionário formulado, nas entrevistas realizadas e na análise e discussão dos dados.

a) O primeiro quadro expõe as perguntas realizadas durante as entrevistas visando maior compreensão do fenômeno estudado. A "posteriori" o questionário foi divido em temas, pois se entende que cada fase do relacionamento foi importante para o momento conjugal atual do casal.

b) O segundo quadro esclarece as principais percepções dos participantes referentes a cada pergunta realizada do quadro anterior. Os depoimentos foram estudados e lidos inúmeras vezes no intuito de apresentar as principais percepções condizentes com as perguntas. Algumas perguntas não foram respondidas pelos participantes, por isso alguns quadros apresentam um número reduzido de percepções.

c) No terceiro quadro, foi realizada a análise das concepções dos temas anteriores, ao se definir categorias e significados condizentes com as ideias extraídas do primeiro e segundo quadro. Esta redução captou por meio das concepções as principais ideias, o número repetido de respostas e a busca de certo consenso nas respostas dos participantes, transformando-as em análises científicas.

d) Por fim, foi realizada a discussão e ampliação dos termos técnicos abordados no quadro três, corroborando com a teoria da Gestalt-terapia sobre casais, para se obter maior esclarecimento sobre a interpretação da satisfação conjugal em casais com casamentos de curta duração.

 

3.1 Quadro 01: Questionário Conjugal

Temas

Perguntas

Concepção sobre Namoro

- Como se conheceram?
- Quanto tempo de namoro?
- Quais eram as características do namoro?
- Quais fatores foram importantes para se casarem?

Concepção sobre Casamento

- Como tem sido o casamento?
- Há diferenças em relação ao namoro?
- Considera seu casamento satisfatório?

Concepção sobre Satisfação Conjugal

- Quais características contribuem para satisfação conjugal?
- Qual a importância destes elementos na manutenção do relacionamento em curto prazo?
- Qual a importância dos afetos em uma relação satisfatória?
- O que é satisfação conjugal?

Concepção sobre o Futuro

- Quais são as expectativas em relação ao casamento?

 

3.2 Quadro 02: Percepção sobre a vida conjugal

Temas/Participantes

Participante 01

Participante 02

Concepção sobre Namoro

- Namoramos cerca de cinco anos;
- Erámos bem ligados;
- Lealdade, confiança um no outro, erámos fiéis, mentiras não tinham, companheirismo sempre um com o outro;
- O tempo. Já estávamos bem ligados e eu queria sair de casa e ter uma vida nossa, um pouco mais de independência;

- Namoramos seis anos e um ano de noivado;
- Era amizade e foi crescendo até se tornar namoro;
- Amizade em primeiro lugar, companheirismo, vontade de estar com o outro e fazer feliz, ver o outro crescer para poder crescer junto;
- Já pensava no futuro, em como seria os dois juntos;
- Sim, o lado positivo sempre superou;
- Índole, caráter, era uma pessoa que me completava;

Concepção sobre Casamento

- Está ótima, maravilhosa, o casamento está sendo satisfatório também;
- Todas as características do namoro estão mais fortalecidas;

- Dois anos de casamento;
- Tem sido corrido porque nós trabalhamos muito, não tem muito tempo para nós, mas está bom;

Concepções sobre Satisfação Conjugal

- Nós estamos mais seguros, a união está maior porque estamos em prol de um objetivo comum. Hoje somos mais unidos, nós somos um;
- Acho imprescindíveis. Fidelidade é uma das principais, a mentira pode desestabilizar o casamento;
- Eu acrescentaria amor, carinho, um querer o outro bem. Eu tenho que faze-la feliz e ela tem que me fazer feliz;

- O amor que sempre existiu foi o que uniu e agora parece que firma mais os sonhos juntos, um pensa em como fazer o outro feliz e sem interferências externas. Nós estamos mais juntos literalmente, trabalhamos juntos, passamos pelos problemas juntos. É tudo em busca de um mesmo ideal;
- Muita conversa, muita tentativa e diálogo;
- Se preocupar mais com o outro além do trabalho, tentar sempre fazer o outro feliz, agradar, surpreender;
Tudo, tentar dormir sem estar de mal, sempre na mesma cama;

Concepção sobre o Futuro

- Começar a prosperar nossos imóveis, ter o nosso dinheiro, nossa família e filhos;

- Filhos daqui a pouco tempo, comprar um carro, viajar porque eu gosto muito de viajar;

 

3.2 Quadro 02: Percepção sobre a vida conjugal

Temas/ Participantes

Participante 03

Participante 04

Concepção sobre Namoro

- Namoramos dois anos e noivamos um ano;
- Nos conhecemos no carnaval, começamos a namorar muito rápido. Nos víamos final de semana e só neles;
- O namoro foi a distância, nós não brigávamos, muita vontade de estar juntos. Nós aprendemos a ter confiança muito cedo;
- Erámos muito apaixonados e não brigávamos. Foi muita compreensão dos dois lados e não podar. Ter confiança, respeito à vida, ter uma vida minha que não depender da dele;

- Dois anos e noivamos um ano;
- Muito boa, era namoro à distância;
- Nunca teve nada de ruim, nós não somos de brigar, discutir. Nos dávamos muito bem, ainda mais por estar se encontrando pouco;
- Vontade dos dois, vontade de estar juntos;

Concepção sobre Casamento

- Mais que o namoro. Não passamos perrengue de grana, pensamos parecidos em muita coisa, se entende, se respeita. A vida de certa forma independente um do outro;

- Muito bom também. Nós não somos de discutir, de brigar, somos tranquilos, tenta sempre manter as coisas boas, focar no lado bom para não ter nenhum tipo de problema sério;

Concepções sobre Satisfação Conjugal

- Respeito, respeito ao que o outro é, admiração mútua, falar que cara legal e se sentir valorizada. A demonstração de afeto, abraçar, beijar, estar junto;
- Disposição para ceder, reciprocidade, você compreender ela nos defeitos e ceder naquilo que a pessoa não vai conseguir mudar por hora;
- A confiança construída, a certeza do afeto do outro te deixa segura para caminhar;

- Tudo. Felicidade na sua vida, grande parte você precisa estar completo, precisa estar feliz;
- Muito, toda. Demonstração de carinho, saber que realmente alguém se importa com você. Você ter essa cumplicidade de ter esse retorno, o que você sente pela pessoa, você saber o que ela sente por você.
- Era tudo o que queríamos, morar na mesma casa, estar juntos. Então não teve nenhum ponto negativo do que planejamos. Vivenda da melhor maneira possível o que queríamos da vida;

Concepção sobre o Futuro

- Ter uma família grande, ter filhos, a família mais por perto e construir uma vida em longo prazo;

- Manter o casamento, constituir família, continuar crescendo;

 

3.2 Quadro 02: Percepção sobre a vida conjugal

Temas/Participantes

Participante 05

Participante 06

Concepção sobre Namoro

- Nos conhecemos na UFES. Naquela época a internet começou a ficar em voga. Ficamos amigos e depois começamos a namorar.
- Dez anos;
- Parceria, somos muito parceiros, pensamos bem parecido, muitas afinidades, a amizade é bacana. O respeito e nos demos bem em questão de afinidade;

- Nos conhecemos primeiro pela internet, marcamos de nos conhecer e começamos a nos ver mais pessoalmente;
- Namoramos dez anos;
- Muito bom, como hoje também. É uma descoberta, você vai indo pelas semelhanças, depois descobrindo as diferenças e tentando equalizar tudo. Nós tivemos uma relação de companheirismo, pensamos muito parecido, objetivos em comum;

Concepção sobre Casamento

- Sim, tem sido satisfatório também;
- Acho que sim, porque a rotina você vê todos os dias;

- Tem sido desafiador, no bom sentido. Você só conhece a pessoa quando mora com ela, literalmente. No namoro você só vê a pessoa no melhor momento dela. Você chega para a pessoa pronta e no dia-a-dia não é isso, você tem que conviver com todas as características, é o pacote completo, mas isso ao mesmo tempo é bom, bom porque com o passar do tempo você confirma a sua escolha, os desafios te ajudam a confirmar isso;

Concepções sobre Satisfação Conjugal

- Importante respeito à pessoa, respeito à individualidade, fidelidade, cumplicidade, lealdade, companheirismo, parceria, a pessoa estar disponível para o outro e é necessário dar apoio;
- É você acordar feliz apesar das adversidades. O casamento é aquela coisa dia-a-dia, então precisa ter respeito ao outro, tolerância e parceria, tudo conversa e entra no ponto comum;
- Importante você estar com uma pessoa que te passe segurança, estabilidade, te conforte, seja carinhoso e não criar expectativas demais. Flexibilidade e os dois precisam ceder;

- Sermos verdadeiros um com o outro, sinceros, conversamos muito, tanto eu quanto ela somos meticulosos, seguros das nossas decisões, do que iremos fazer;
- Você conseguir transformar as diferenças do dia-a-dia em algo positivo, pegar as coisas que você não conhecia e usar isto para fortalecer a relação, tirando uma lição. Ai você encontra felicidade conjugal;
- Acho que 100%, até mais. Para mim ou está cheio ou não está valendo;

Concepção sobre o Futuro

- Espero que perdure, supere todas as adversidades que surgirem juntos, aumentar a família, ter filhos e vida longa juntos;

- Espero até o final da vida, que mantenhamos um nível de felicidade e satisfação para os dois. Como pensamos parecido e temos uma sintonia de objetivos, aumentar a família, ter prole e deixar uma história nossa;

 

3.3 Quadro 03: Categorias sobre Satisfação Conjugal

Construção de Vínculos

A construção de vínculos possui a amizade como fator preponderante para o desenvolvimento do namoro, pois constrói confiança e companheirismo entre os cônjuges. Em consequência deste exercício em prol da construção conjunta, o casal deseja fortemente estar junto, desfrutando da companhia do outro.

Companheirismo / União

Companheirismo e união contribuem no alcance do casamento com características mais fortalecidas em relação ao namoro. O casal busca atingir os mesmos objetivos, enfrentando os desafios do dia-a-dia como casal, visando à manutenção do bem-estar e da felicidade conjugal. 

Coesão

A concepção de satisfação conjugal pode ser compreendida como uma vasta gama de características, ao sofrer influências de aspectos sociais e afetivos, além da avalição particular que cada casal realiza da sua relação, ou seja, tais fatores mesclam em busca de sintonia e compatibilidade na manutenção do casamento satisfatório em curto prazo.

Progresso

O progresso conjugal evidencia o desejo de ter filhos, a manutenção da felicidade conjugal e a prosperidade financeira pessoal e conjugal.

 

IV - DISCUSSÕES

Construção de Vínculos

Evidencia-se a importância da construção de vínculos para o desenvolvimento do namoro e, consequentemente, a construção de uma relação conjugal satisfatória. Após a consolidação do casamento, a convivência diária permite aos cônjuges que aprimorem os vínculos afetivos criados, utilizando-se o diálogo para enfrentar as dificuldades rotineiras, zelando sempre pelo respeito mútuo. A amizade desenvolvida desde a época do namoro possui papel primordial na efetivação desta prática e na união do casal, pois estabelece contato realizado na fronteira eu-outro, no qual ambos os indivíduos reconhecem o (a) parceiro (a) como sendo diferente do seu eu, buscando através das funções do contato um encontro harmonioso e relacional. Ocorre uma construção conjunta e diária iniciada na amizade, avançando para o namoro, até consolidar-se no casamento, e que não se encerra nesta fase, ao contrário, é um exercício em pleno desenvolvimento. De acordo com Zinker (2001), o casal nesta etapa procura adaptar-se ao jeito singular do outro, sonhar juntos, respeitando os sentimentos do outro para que se alcance a "boa forma". Assim, construir vínculos desencadeia no casal uma comunicação aberta em prol do mesmo objetivo, no qual há disponibilidade mútua em abrir mão dos seus argumentos, encontrando assim, um novo caminho para a resolução de conflitos. A forte união e a vontade de estar na companhia do (a) parceiro (a), principalmente depois do casamento, reflete a construção de vínculos, que se dá com o estreitamento do contato.

Companheirismo / União

Define-se companheirismo como qualidade ou comportamento de quem demonstra acompanhar, apoiar ou cuidar de outrem. Os extratos corroboram com essa definição, demonstrando que o companheirismo une o casal para além do amor romântico. A convivência diária exige do casal habilidade para manter-se no presente, aqui e agora, potencializando a sintonia do casal, pois ambos são responsáveis pela saúde relacional (ZINKER, 2001). Estas características proporcionam admiração à profissão do cônjuge, valorização das conquistas individuais e conjugais, fortalecimento da relação, atribuição de importância ao lazer e respeito ao jeito singular de ser e estar no mundo de cada indivíduo. Assim, emergem do casal comportamentos e atitudes carinhosas, afinidades e intimidade para enfrentar as dificuldades e estabelecer confiança no outro, de tal maneira que a construção desta confiança pessoal e relacional desencadeia discernimento para filtrar e compreender aquilo que é próprio do casal e de cada cônjuge. Companheirismo e união contribuem para o casal alcançar os mesmos objetivos, potencializar a sintonia e enfrentar os desafios sem se esquecerem de proporcionar afetos, realizando encontros saudáveis na fronteira do "eu" e na fronteira do "nós". Todo esse movimento resulta em uma tarefa árdua, sendo construída diariamente por meio da disciplina, da confiança e do cuidado, para que os desencontros e discordâncias se tornem uma contribuição para a criação de encontros produtivos (SILVEIRA, 2007).

Ressalta-se ainda, a importância de adentrar no campo dos desafios e conflitos conjugais como maneira de investigar e fortalecer as relações, por isso algumas questões foram captadas nas entrevistas, a saber, questões familiares, pessoais, profissionais e conjugais. Tais desafios proporcionaram recursos e estratégias de enfrentamento na consolidação da relação satisfatória. Frente às demandas conflituosas destacam-se características essenciais como: diálogo com vista ao acordo comum; enfrentamento dos problemas em conjunto; construção da confiança no cônjuge; sensibilidade em escutar e legitimar o sofrimento do outro; iniciar e terminar uma conversa para, posteriormente, ficar no passado; aprender a aceitar um "sim" e um "não" sem guardar mágoas; ter flexibilidade, reconhecimento e respeito à individualidade e às diferenças; e ser tolerante (ZINKER, 2001). Os desafios conjugais proporcionam crescimento afetivo e relacional, expandindo a união, o amor e a felicidade no processo de manutenção do casamento satisfatório em curto prazo.

Coesão

A concepção de satisfação conjugal ilustra o amplo arsenal que o casal desenvolve para adquirir e manter um relacionamento satisfatório em curto prazo. Diante deste cenário, o respeito proporciona ao casal maior facilidade em distinguir seus espaços, gostos e vontades, comportamentos, particularidades e liberdade. A importância de adquirir autosuporte é uma das premissas do respeito, pois neste caso, a pessoa respeita seu eu, evitando resistências, como a projeção e a confluência, dando espaço para o processo criativo e suas diferentes possibilidades em lidar com situações que são desagradáveis (CARDELLA, 2002).

O respeito exige tolerância diante do que não é agradável, compreendendo e aceitando seu parceiro na sua totalidade. Logo, o respeito é uma característica que permite evitar conflitos e discussões desnecessárias, e pode ser entendida como uma forma de adaptação frente ao novo e desconhecido, e não como uma obrigação. Além disso, essa característica está associada à construção de vínculos, ao companheirismo e à união do casal, à felicidade conjugal e na resolução dos conflitos. O respeito demanda, diante da individualidade do cônjuge, sensibilidade de ambos os envolvidos, para que consigam explorar seus espaços seguros da confiança do seu parceiro. Isto permite ao casal o não desperdício de energia com suposições fantasiosas e que mantenham um diálogo aberto e passível de mudança (ZINKER, 2001).

A disponibilidade interna transforma o movimento de encontro a si, para encontrar o outro, ou seja, cede seu momento pessoal intencionalmente para estar de bom grado na companhia do outro, partilhando ternura, felicidade, respeito, afeto, confiança, segurança e até mesmo incertezas, medos, tristezas e receios (ZINKER, 2001). Nota-se a disponibilidade como uma potencialidade para união do casal, além do amor e da confiança, pois aquele que se dispõe ao outro, fala através de atitudes e comportamentos, e não por "pensamentos". Portanto, disponibilizar-se para a outra pessoa favorece o cultivo da felicidade, da capacidade de abrir mão do seu tempo e espaço para estar presente em inúmeras ocasiões ao lado do (a) parceiro (a), construindo e consolidando os laços afetivos, o companheirismo, pois o outro sabe que pode contar com seu (a) parceiro (a) diante de quaisquer circunstâncias, sejam elas positivas ou negativas. Desse modo, ao estar disposto a acrescentar e crescer como casal, o amor ganha nitidez e volume e o caminhar conjugal se beneficia de qualidade e bem-estar.

Ademais, o afeto transmite, ao mesmo tempo, características básicas e fundamentais para manter um casamento satisfatório em curto prazo, pois adentra em ambas as vivências do casal, sejam elas positivas e felizes ou negativas e infelizes. Tais situações alimentam a confiança e o companheirismo no relacionamento, pois demonstram por meio de ações como o beijar, o abraçar, o fazer carinho, o rir juntos, que o casal pode enfrentar diversos momentos desafiadores e, ainda assim, colher bons frutos (ZINKER, 2001). Antes do casamento, a relação é permeada por muita descoberta e ajustes das afinidades, e uma das principais ferramentas para isso são os afetos, por isso, a importância de sua manutenção e de seu exercício diário para o fortalecimento da relação e obtenção de qualidade conjugal.

Em vista disso, a concepção de satisfação conjugal pode ser compreendida como uma vasta gama de características. Pode-se destacar a relevância de algumas delas para o presente estudo, como: a demonstração de afeto, amor, respeito, comunicação, companheirismo, desafios diários e disponibilidade para a manutenção dessa satisfação conjugal. Cada relato extraído a partir das entrevistas evidenciou a importância de sentimentos tais como individualidade, subjetividade, crenças, momentos passados e atuais, e vivências conjugais, no encontro entre duas pessoas. Todas essas características foram categorizadas em quadros, visando o cruzamento dos diversos fatores apresentados, não havendo um padrão pré-estabelecido na definição da satisfação conjugal. Dessa forma, pode-se concluir, a partir dos relatos colhidos pela pesquisa, que satisfação conjugal seria a avaliação subjetiva que cada indivíduo realiza da relação, além de uma busca pela sintonia de objetivos do casal que contribuiria para uma caminhada conjunta pelas vivências matrimoniais, e também pessoais, e na qual os parceiros sintam-se satisfeitos para o desenvolvimento contínuo da relação.

Progresso

Manter o casamento, desejar crescer juntos, adquirir estabilidade financeira, construir uma história conjunta, obter felicidade e satisfação para ambos são as necessidades de um casal com casamento de curta duração. Diante disto, o casal necessita caminhar em sintonia ao expor e compartilhar ideias na tentativa de adquirir uma boa combinação. É importante que o casal trabalhe entre si a empatia para perceber a acolher o sofrimento um do outro, que aprenda a dialogar e compreender os pontos de vista de cada um sem guardar rancor, que respeite as diferenças e os limites de cada parceiro, que saibam influenciar o outro, além de apoiar interesses e projetos antes de criticá-los, aceitar a individualidade e o tempo de cada um, demostrar sentimentos positivos diante dos fracassos e sucessos, entre outras atitudes saudáveis para a relação, que serão conhecidas e construídas ao longo do convívio matrimonial.

Ainda com base na pesquisa, os participantes mostraram-se abertos à possibilidade de buscarem ajuda terapêutica, tanto individual quanto de casal, caso estivessem enfrentando problemas para manter o equilíbrio da relação conjugal, e assim posicionaram-se como parte do objetivo de continuar vivendo e compartilhando uma vida saudável e satisfatória a dois. A partir dessa análise, percebemos que o futuro precisa ser vivenciado no presente, no aqui e agora do casal, para que não desencadeie ansiedade nos cônjuges da relação, uma vez que nenhuma situação futura é passível de ser prevista ou controlada, evitando-se assim, que a vida conjugal seja transformada em uma "patologia relacional", gerando insatisfação para ambos (ZINKER, 2001).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Retomando ao objetivo inicial e a problemática do presente estudo, ao identificar a concepção dos casais sobre a satisfação conjugal e as diferenças e semelhanças sobre o construto, identifica-se que o mesmo não pode ser padronizado, pois a avaliação subjetiva de cada cônjuge é fruto do processo interativo e dinâmico do casal, ao interferir diretamente no desenvolver da relação.

O conceito satisfação conjugal é suscetível a todas as variáveis levantadas que embasam o corpo de sua definição. Destaca-se entre as características, o afeto, a disponibilidade diante dos momentos positivos e negativos, o respeito ao jeito de ser e estar no mundo, o companheirismo e a união do casal e enfrentar os desafios matrimoniais absorvendo ganhos frente às dificuldades. Logo, os dados extraídos corroboram com a definição de "boa forma" desenvolvida por Zinker (2001), ao salientar o trabalho diário e conjunto dos cônjuges em busca de sintonia diante do mesmo propósito conjugal. Este trabalho sintonizado e progressivo proporciona ao casal discernimento diante das diferenças e transformações pessoais e conjugais para um encontro relacional baseado no respeito, confiança, disponibilidade, união e amor, em prol da saúde conjugal.

Assim, o estudo aponta para a necessidade do desenvolvimento de novas pesquisas fenomenológicas na abordagem Gestáltica sobre o tema, para o aperfeiçoamento e entendimento do construto satisfação conjugal em casais com casamentos de curta duração, pois é uma definição bastante complexa e um trabalho árduo no meio cientifico. Cabe salientar a importância de tais pesquisas para o entendimento e aperfeiçoamento do trabalho psicoterapêutico com casais e/ou sobre o respectivo tema, proporcionando assim, ganhos no campo técnico científico e para a sociedade como um todo.

 

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NOTAS

* Fabrício Almeida Toniato – Graduado em Psicologia pela Faculdade Brasileira – MULTIVIX. Pós-graduando Lato Sensu em Gestalt-Terapia pelo Centro de Educação Superior Capacitar. Psicoterapeuta individual e de casais com experiencia em disfunções emocionais relacionadas a traumas e abusos. Cursos Internacionais com Michael Craig Clemmens Ph.D. (EUA) – Vergonha e Culpa: Vergonha como um processo corporal relacional. – Uma Abordagem Gestáltica Relacional Somática ao Tratamento da Dependência Química. Curso com Dr. Ênio Brito – Compreensão Diagnóstica em Psicoterapia: diálogos entre Gestalt-terapia e DSM. Palestrante.
** Danielle Caus – Graduada em Psicologia pela Faculdade Brasileira – MULTIVIX, Pós-graduanda Lato Sensu em Gestalt-Terapia pelo Centro de Educação Superior Capacitar. Certificação Internacional com a Dra. Lynn Stadler (EUA) – Working with Children, Teenagers anda Families. Educadora em Psicologia Positiva pela PDA (Positive Discipline Association Brasil). Psicoterapeuta com experiência em atendimento infanto-juvenil e Orientadora de Pais.
1 "O vazio fértil ocorre entre o pré-contato e pós-contato, no qual há um momento de entrega (ação) voltado a si mesmo capaz de criar repostas possíveis frente aos impasses" (RIBEIRO, 1985).

 

Endereço para correspondência
Fabrício Almeida Toniato
Endereço eletrônico:fabriciotoniato@gmail.com
Danielle Caus
Endereço eletrônico:danicaus03@gmail.com

 

Recebido em: 16/02/2016
Aprovado em: 04/12/2019

 

ANEXO A – ROTEIRO DE ENTREVISTA

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA:

Rapport: Estamos desenvolvendo uma pesquisa com o objetivo de levantar informações a partir da percepção dos casais recém-casados sobre a satisfação no casamento. Eu possuo um roteiro de entrevista, porém, o mais importante é o seu depoimento, não havendo respostas certas ou erradas. A entrevista será gravada e o que você disser será totalmente confidencial. Você possui alguma dúvida?

1 – Como vocês se conheceram? O que sentiu, pensou? Haviam expectativas?

2 – Quanto tempo vocês namoraram? Terminaram alguma vez? Quais motivos?

3 – Como era a relação antes do casamento? Considerava a relação satisfatória? Como? Quais as características?

4 – Quando decidiram se casar? Quais os motivos os levaram a tal decisão?

5 – E agora? Como tem sido a relação de casados? Há diferenças? Quais?

6 – Atualmente você considera seu casamento satisfatório? Como? Quais os fatores e características que contribuem para tal satisfação?

7 - O que significa para você Satisfação Conjugal? Quais características você considera importante para um casamento satisfatório?

8 - Como você avalia a importância destes elementos na manutenção de um relacionamento saudável em curto prazo?

9 – Quais as expectativas futuras sobre o convívio conjugal? E o casamento?

10 – O que você considera importante para o desenvolvimento saudável dos laços afetivos?

11 – Desejam acrescentar algo que não foi perguntado para colaborar com a pesquisa?

Fechamento: Eu agradeço a sua participação e colaboração para conosco. Os dados fornecidos por você serão muito importantes para minha pesquisa. Se você necessitar de alguma informação, nós estaremos a sua disposição.

 

DADOS PESSOAIS

Nome: ______________________________________________________________

Idade: ______________________________________________________________

Religião: ____________________________________________________________

Escolaridade:

Grau de instrução completo?

(1) Fundamental ___   (2) Médio___   (3) Superior ___   (4) Pós-graduação ___

(5) Outro ___ Qual? ______________________________________________

Trabalho:

Você trabalha?   (1) Não ____   (2) Sim ____

Se sim, qual é sua profissão?________________________________________

Relação Conjugal:

Há quanto tempo estão casados? ____________________________________

Tem filhos? (1) Não ____   (2) Sim ____    Se sim, quantos? ______

Já frequentaram algum grupo de casal? (1) Não ____   (2) Sim ____

Se sim, qual? ____________________________________________________

Já fez (ou faz) algum tipo de psicoterapia de casal? (1) Não ____ (2) Sim ____

Faria se achasse necessário para manter o casamento saudável?

(1) Não_____ (2) Sim_____