ARTIGO
O diagnóstico na abordagem fenomenológica-existencial
Diagnostics on phenomenological-existential approach
Ariana Maria Leite Araújo
Resumo
O presente artigo apresenta o diagnóstico na visão fenomenológica-existencial
partindo da exposição de pressupostos filosóficos tais
como: fenomenologia, existencialismo e filosofia dialógica de Martin
Buber. Através de autores como Yontef, Buber, Moreira, dentre outros,
procurou-se demonstrar que se fazer um diagnóstico não é
enquadrar um sujeito dentro de uma categorização já estabelecida,
mas, ao contrário, o diagnóstico vai sendo construído a
partir do discurso do sujeito, da forma como ele se percebe e percebe o mundo.
Palavras-chave: Fenomenologia; Existencialismo; Filosofia dialógica; Diagnóstico.
Abstract
This article presents the diagnostics on the vision phenomenological-existential
exposure of philosophical assumptions such as: Phenomenology, Existentialism,
and philosophy dialógica Martin Buber. By authors such as Yontef, Buber,
Moreira, among others, have tried to demonstrate that making a diagnostics is
not tallied a subject within a categorization already established, but instead,
the diagnostics will being constructed from the speech of the subject, as it
realizes and sees the world.
Keywords: Phenomenology; Existentialism; Philosophy dialógica; Diagnostics.
Introdução
Alguns questionamentos ainda surgem quando se fala sobre o diagnóstico
na abordagem fenomenológica-existencial. Podemos trabalhar com o diagnóstico?
A resposta a esta pergunta é sim, porém, o trabalho é feito
de uma forma diferente. Não rotulamos o nosso cliente e a partir daí
tratamos a patologia. Mas ao contrário, reconhecemos o cliente com tal
patologia e trataremos do cliente, da forma como ele se percebe enquanto “doente”,
de como ele lida com a sua patologia.
Segundo Yontef
(1998a), para a psicanálise clássica, o diagnóstico se
tornava o ponto focal da atenção do terapeuta e a principal fonte
de suas interpretações. O contato com o cliente parecia não
ter muita importância. O terapeuta era visto como a autoridade que detinha
o poder e sendo assim, era ele quem dizia qual o problema, as causas e o tratamento
a ser seguido pelo cliente. Assim, depois de categorizado em uma determinada
patologia, tratava-se da doença e não do cliente.
Yontef (1998b)
afirma que “o diagnóstico fazia parte do sistema hierárquico
vertical, no qual o diálogo e a experiência imediata factual do
paciente se subordinavam à teoria, ao diagnóstico e à autoridade”
(p. 273).
O movimento
humanístico e existencial veio se contrapor a essa abordagem enfatizando
a importância da singularidade do indivíduo, o relacionamento do
terapeuta com o cliente, o aqui e agora, a criatividade, dentre outros. No movimento
humanístico-existencial, o cliente e o terapeuta trabalham em conjunto,
como iguais, pois o conhecimento emerge do contato dialógico.
Há uma
relação de horizontalidade onde os dois, tanto o terapeuta quanto
o cliente têm importância ao longo do processo psicoterápico,
embora o foco da terapia esteja no cliente.
O objetivo do presente artigo é discutir como se dá o diagnóstico dentro da visão fenomenológico-existencial partindo de uma breve apresentação de alguns fundamentos filosóficos como a fenomenologia, existencialismo e filosofia dialógica de Martin Buber até o ponto de interesse deste trabalho que é a discussão do diagnóstico na visão fenomenológico-existencial.
Fundamentos filosóficos
Iniciamos nossa fundamentação filosófica com a fenomenologia.
A fenomenologia é a ciência que procura abordar o fenômeno,
aquilo que se manifesta por si mesmo. Ela tem a intenção de abordá-lo,
interrogá-lo, procurando descrevê-lo e tentando captar sua essência.
Ela estuda o fenômeno tal qual ele se apresenta a consciência. O
método fenomenológico consiste numa descrição sistemática
dos fenômenos até chegar a sua essência, ao ponto final e
irredutível da percepção.
Ao falar sobre
a fenomenologia, Husserl, seu fundador, descreve os instrumentos metodológicos
que contribuíram para o pensamento psicológico que são:
a redução fenomenológica e o princípio da intencionalidade.
A redução
fenomenológica consiste em colocar entre parênteses a realidade
tal como a concebe o senso comum. Ela tem como objetivo chegar ao fenômeno.
A redução fenomenológica é um modo peculiar de prestar
atenção, de ir ao fenômeno. É uma abertura consciente
e ativa de nós mesmos ao fenômeno enquanto fenômeno. Neste
aspecto, os discursos, as opiniões, os juízos ou preconceitos
referentes a um fenômeno se colocam de lado, para então poder interrogá-lo.
Dentro desta
visão, o psicólogo não tenta enquadrar o cliente em categorizações,
pois acredita-se que a vivência da pessoa é a sua própria
explicação.
O princípio
da intencionalidade diz que a consciência é sempre consciência
de algo. O objeto não é em si, mas, objeto para uma consciência.
Há uma correlação entre objeto e consciência.
A fenomenologia
foi de grande importância para a construção do pensamento
psicológico no que diz respeito à relação, à
descrição do fenômeno, sendo este fenômeno um sentimento,
pensamento, fala ou outra coisa, mas fazendo parte de uma totalidade que é
o ser humano.
É através
da relação terapeuta – cliente que este último se
coloca como fenômeno para ser observado e ao mesmo tempo se observar.
Para que o fenômeno se apresente é necessário se fazer uma
redução fenomenológica onde o terapeuta, no momento da
sessão, deverá colocar entre parênteses todos os seus “pré-conceitos”
e ouvir o cliente da forma como ele se apresenta sem rotulá-lo, sem colocá-lo
dentro de um diagnóstico que já está pronto. É sentir
como o cliente, é ver como o cliente, é entrar em seu mundo para
perceber da mesma forma como ele percebe, mas sair sem se misturar as suas sensações
e percepções.
Reduzir ao
fenômeno é fazer com que o cliente entre em contato com a sua experiência,
do como ele está se sentindo. É um processo de conscientização.
É a partir dessa descrição que se chega ao fenômeno.
Com relação ao princípio da intencionalidade, a consciência é que dá significado às coisas. A forma como o cliente percebe uma determinada situação não quer dizer que aquela seja a essência da situação, mas sim a forma como ele está percebendo, como está dando significado.
Sendo assim,
o cliente poderá dar novos significados às experiências
que para ele são negativas, chegando assim a um equilíbrio interno.
Por intermédio
da intencionalidade, a experiência vincula o homem ao mundo. É
a ponte de comunicação entre eles. É a maneira pela qual
cada um deles tem presença um para o outro. É por conta da intencionalidade
da consciência que os significados de uma mesma experiência são
diferentes para os diversos sujeitos, ou seja, para as diversas consciências.
Dois sujeitos podem passar por uma mesma experiência e esta ser traumática
para um e para o outro ser simples. O que vai dar este significado é
a consciência.
Ao se utilizar
do método fenomenológico, o psicólogo busca compreender
o homem, não esquecendo, no entanto, sua essência, tentando captar
o sujeito em seu original.
Faz-se necessário
abordarmos aqui a filosofia existencial para que fique clara a visão
de homem. A forma como o cliente é percebido pelo terapeuta dentro de
uma abordagem humanista.
Para o existencialismo
a existência precede a essência, ou seja, primeiro se existe para
só depois ser alguma coisa. O homem é que se constitui, é
que se faz a partir do que vive e da sua relação com o mundo.
Ele nasce “nada” e vai se acrescentando.
O existencialismo
também fala sobre a liberdade. Para ele o homem é livre para fazer
suas escolhas. O homem está sempre escolhendo e até mesmo no momento
em que ele não escolhe nada, ele já está fazendo uma escolha.
É a
partir destas escolhas que ele vai se constituindo, que vai escrevendo a sua
história. Sendo o homem livre para escolher, ele acaba se tornando responsável
pela sua existência.
Para os existencialistas
o homem é responsável por tudo o que faz. Sendo assim, não
existe uma natureza determinada e imutável, mas pelo contrário,
é a partir da liberdade que ele tem para fazer escolhas que ele está
sempre mudando, se constituindo. O homem, portanto, cria o próprio mundo
na razão em que lhe dá significados.
O homem aqui
é visto como um ser particular com vontade e liberdade pessoais, consciente
e responsável.
Heidegger afirma
que “só o homem existe, enquanto modo característico de
estar no mundo, ao passo que as coisas simplesmente são”. Acredito
que esta sua afirmação diz respeito ao fato de que as coisas têm
uma essência imutável, por isso que elas são. Já
o homem é mutável. Ele faz escolhas a partir de seus sentimentos,
entendimentos, ele reflete sobre si, por isso que ele não só é,
mas existe. E essa existência faz parte de um projeto.
Projeto é
um conceito fundamental do existencialismo. O homem é um projeto de si
próprio porque ele está sempre se refazendo e é por conta
desse constante movimento de mudança, de se construir a cada dia que
podemos afirmar que o homem é uma existência. Ele é aquilo
que ele projeta ser, aquilo que ele decide ser.
Como terapeutas,
não podemos dizer ao cliente o que é bom ou mau, pois o valor
das coisas varia de sujeito para sujeito. Isso tudo por conta da individualidade.
Essa individualidade é básica para o existencialismo.
O homem não
é como uma semente que já vem determinada. De uma semente de jasmim
não poderá nascer uma roseira, somente um pé de jasmim.
Já o homem pode se fazer bom ou mau, feliz ou triste... Ele é
um ser individual, único. Por mais que existam outros parecidos, jamais
serão idênticos. Seus pensamentos, suas emoções,
suas vivências são únicas.
É tarefa
do terapeuta levar o cliente a tomar consciência do seu projeto, do que
ele está fazendo e do como se está fazendo. Que ele encontre o
seu potencial transformador. É colocar o cliente a todo o instante diante
de si mesmo, se observando como sujeito responsável pelas suas escolhas.
Antes de chegarmos
ao ponto central deste trabalho, que é o diagnóstico dentro de
uma visão fenomenológica-existencial, discutiremos um pouco a
respeito da relação tendo como embasamento teórico a filosofia
dialógica de Martin Buber.
Estabelecer o diagnóstico para a fenomenologia-existencial é identificar
em que ponto de sua existência o sujeito se encontra e que significados
ele atribui a si e ao mundo.
O homem é
um ser em relação e é por conta dessa relação
com outros seres que ele existe, que ele se constitui. Para Buber (2001a) existem
duas formas do homem se relacionar, ou seja, duas atitudes frente ao mundo que
são as atitudes EU-TU e EU-ISSO. Buber (2001b) diz que “a atitude
é um ato essencial ou ontológico em virtude da palavra proferida.
Cada atitude é atualizada por uma das palavras-princípio, EU-TU
ou EU-ISSO. A palavra-princípio, uma vez proferida, fundamenta um modo
de existir” (p. 32).
A palavra-princípio
EU dessas duas atitudes são diferentes. A palavra-princípio EU-TU
fundamenta o mundo da relação. Na relação EU-TU
a pessoa é um fim em si mesma. No processo psicoterápico a relação
EU-TU acontece quando o terapeuta reconhece o seu cliente como ser único
e compartilha junto com ele da sua experiência. E o cliente se sente ouvido
e compreendido pelo terapeuta. Nesta atitude há um grande interesse na
pessoa com quem estamos, interagindo verdadeiramente como pessoa.
Não
existe um EU independente de um TU. Estas duas palavras só existem na
relação. O EU só se torna EU em virtude do TU assim como
também o TU só se torna TU em virtude do EU. Buber (2001c) afirma
que “nem meu TU é idêntico ao EU do outro nem seu TU é
idêntico ao meu EU” (p. 34).
Para Buber
(2001d), a realidade humana é compreendida através do prisma do
“dialógico”. É através do diálogo que
se pode estabelecer um vínculo entre a experiência vivida e a reflexão,
entre o pensamento e a ação. Na relação EU-TU, o
EU é determinado pela presença do outro que está em sua
presença como TU. Esta relação é essencialmente
recíproca.
Buber (2001e)
distingue quatro aspectos essenciais e indispensáveis a qualquer relação
EU-TU. São eles: reciprocidade, presença, imediatez e a responsabilidade.
A responsabilidade
indica a existência de uma dupla ação mútua entre
os parceiros da relação e é nessa reciprocidade que o EU
e o TU se presentificam. A presença é justamente o momento, o
instante, a reciprocidade. Além disso, durante o encontro a relação
é imediata, direta, sem nenhum esquema conceitual ou ideias prévias.
Por se tratar de uma ação recíproca, esta relação
é também responsabilidade. É no tornar-se presente e na
confirmação do outro em sua alteridade que reside a responsabilidade
do diálogo.
Já a
relação EU-ISSO ocorre quando a outra pessoa é essencialmente
um “objeto” para nós. Ele é um meio para se atingir
um fim e não é reconhecido como outro em sua alteridade. EU-ISSO
é proferido pelo EU como sujeito de experiência e utilização
de alguma coisa. O EU de EU-ISSO
usa a palavra para conhecer o mundo e este mundo é o objeto de uso de
sua experiência.
Falando desta
forma destes dois tipos de atitudes, podemos imaginar que deveríamos
viver apenas na atitude EU-TU, porém, a atitude EU-ISSO não é
negativa. Ela também é necessária na relação
já que o EU-TU não pode ser mantido pra sempre. O problema é
quando o sujeito se cristaliza apenas nesta relação.
Buber (2001f)
afirma que “em si o EU-ISSO não é um mal; ele se torna fonte
de mal, na medida em que o homem deixa subjugar-se por esta atitude” (p.
37).
As duas atitudes,
EU-TU e EU-ISSO são autênticas. É importante se ressaltar
também que nem sempre o TU significa uma pessoa. Pode ser a natureza,
Deus... E nem sempre o ISSO tem significado de coisa, objeto. O TU da relação
sempre se transforma no ISSO, menos na relação com Deus pois Ele
é um TU eterno e jamais poderá ser transformado num ISSO.
Para que surja o diálogo autêntico é necessário que tanto o cliente quanto o terapeuta veja o outro como ele é. Assim, na relação terapêutica, o que conta não é o método a ser aplicado, mas sim, o terapeuta de um lado e o cliente de outro se apresentando face a face como unicidade.
Devem-se deixar de lado todos os conceitos, métodos e tipologias e tornar-se presente no encontro. Este tornar-se presente é a própria confirmação mútua no momento dialógico.
O diagnóstico na visão fenomenológico-existencial:
Depois de percorrermos os principais conceitos filosóficos que serviram
como embasamento teórico para esta discussão chegamos ao ponto
central deste trabalho. Como se faz o diagnóstico dentro de uma visão
fenomenológico-existencial?
Segundo Yontef
(1998c), o diagnóstico se faz totalmente contrário ao modelo médico
e psicanalítico clássico, que colocava as pessoas em categorias
e as reduzia a entidades doentes.
Nesta abordagem,
o diagnóstico se faz a partir do sujeito, ou seja, ele não está
pronto esperando apenas que o sujeito seja encaixado nele, mas sim, ele vai
se constituindo a partir da história de vida deste.
O cliente deve
ser olhado de forma única, singular, sendo respeitada a sua totalidade.
Não se pode, portanto, ser avaliado já dentro de padrões
estabelecidos, pois ele é antes de tudo uma pessoa que sofre, que precisa
ser ouvida e compreendida a partir dos seus próprios sentimentos, emoções,
do que ela fala, do que vivencia.
Angerami (1984,
apud TENÓRIO, 2003) afirma que “o existencialismo, em sua exuberância,
mostra que a existência é um contínuo vir a ser, um sempre
ainda não, com a possibilidade de um poder ser. Desse modo, é
totalmente inaceitável a rotulação do ser humano, aprisionando-o
dentro de determinadas categorias diagnósticas” (p. 41).
O cliente deve
ser tratado como um todo, um inteiro para que sua integridade emerja no encontro
pessoa-a-pessoa, dando um relacionamento horizontal ao invés de vertical,
num trabalho em conjunto entre o paciente e o terapeuta, onde a autoridade não
esteja depositada no terapeuta e nem na teoria e sim na experiência vivida
que emergiria do diálogo entre terapeuta e cliente.
Sendo assim,
segundo Moreira (1987) “o diagnóstico não trata, portanto,
da rotulação do indivíduo inserindo-o em uma determinada
categoria de doença mental, mas de tentar identificar em que ponto de
sua existência a pessoa se encontra e que significado ela atribui a si
e ao mundo”. (p. 263).
Encontramos
também em Tenório (2003):
“A pessoa, no processo diagnóstico, deve ser apreendida como sendo um fenômeno único e, como tal, respeitada em sua totalidade: não deve portanto ser avaliada segundo normas e padrões de comportamentos preestabelecidos, numa total revelia a sua própria existência. Seu nível de crescimento ou de maturidade deve ser dimensionado por meio dos projetos de vida por ela própria idealizados e de acordo com seu próprio mundo e contexto existencial” (p. 41).
Na relação
terapêutica os sintomas presentes no cliente não devem ser o foco
da psicoterapia. O terapeuta deve, numa atitude fenomenológico-existencial,
colocar entre parênteses todo seu conhecimento teórico acerca de
uma tal patologia e olhar para o cliente da forma em que ele se apresenta, pois
é através da intersubjetividade que será alcançada
uma compreensão objetiva da realidade do cliente.
Assim, podemos afirmar que o diagnóstico deve ser feito com reconhecimento da estrutura do todo e como qualquer forma de significado ele é construído do que emerge do contato entre terapeuta e cliente. Um processo de respeito onde categorização e avaliação são partes indispensáveis do processo desde que realizado de forma respeitosa bem-ponderada e com awareness completa. Uma boa descrição diagnóstica não é apenas uma categorização, mas traz informação facilitando a compreensão da estrutura psicológica do cliente, fazendo com que o terapeuta não fique apenas no diagnóstico em si e na melhor teoria para aplicá-lo.
Referências
BUBER, Martin. Eu
e Tu. São Paulo: Centauro,2001.
MOREIRA, Virginia. O enfoque centrado na pessoa no tratamento de um caso de esquizofrenia. In: III ENCONTRO LATINO DE ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA, 1986, Sapucai Mirim. Anais... Brasilia: UNB, 1987, p. 261-281.
TENÓRIO, Carlene Maria Dias. A psicopatologia e o diagnóstico numa abordagem fenomenológico-existencial. Universitas ciências da saúde, Brasília, v.1, n.1, p. 31-44, 2003.
YONTEF, G. Processo, diálogo e awareness. São Paulo: Summus,1998.
Ariana Maria Leite Araújo
E-mail: arianaleitee@bol.com.br
Recebido em:
18/04/2010.
Aprovado em: 03/11/2010.