POSTER 24: VIVENDO O AQUI-E-AGORA: UMA EXPERIÊNCIA DE PLANTÃO PSICOLÓGICO EM GESTALT-TERAPIA

 

Autor: Carolina Parente de Andrade

 

Na atualidade, vive-se o chamado “tempo real” (BAUMAN, 1998), em que as distâncias se encurtam, de tal forma a tornar tudo imediatamente presente. Esta característica da Contemporaneidade configura um “novo cliente”, marcado por experimentar um sentimento comum desta época: a urgência.
Considerando-se a relevância da referida demanda social, surgiu, em 2007, na clínica-escola Manoel de Freitas Limeira, da Universidade Católica de Pernambuco, o Atendimento em Plantão Psicológico (APP).

Segundo Mahfoud (1987, p. 76), o Plantão é “uma outra modalidade de atendimento psicológico porque propõe acolher o indivíduo na ocasião de sua necessidade, ajudando-o a lidar melhor com seus recursos e limites (...)”.

Os conceitos e construtos da Gestalt-terapia facilmente aplicaram-se a esta prática, pois, ao olhar o homem de forma global, tal abordagem não intenciona o foco no sintoma, visto que o considera como a revelação de apenas uma das faces da totalidade do sujeito; mais do que isso, acredita que o sintoma traduz sua dinâmica funcional, a qual precisa ser considerada no encontro psicológico. Por este motivo, o que é trazido como queixa deve ser experimentado e vivido no aqui-e-agora, com vistas à elucidação da questão-problema, bem como das nuances que passa a assumir a partir da ampliação da awareness.

As possibilidades de condução do processo, assim como de desfecho, são inúmeras, o que fazem a criatividade e plasticidade serem consideradas suas características marcantes.
Esta experiência enriquece a prática dos estagiários através do contato com a diversidade de demandas atendidas, a ampliação de sua escuta clínica e da habilidade em lidar com o novo, visto que trabalhar no aqui-e-agora requer a tomada de posturas imediatas. No que diz respeito ao cliente, pode-se considerar que é construído um porto seguro para os seus momentos de necessidade. Portanto, pelo que foi exposto acima, a eleição da Gestalt-terapia como referencial teórico para esta modalidade de atendimento psicológico é justificada pela proposta que o plantão oferece: “um processo de crescimento e expansão da consciência, e cabe ao psicoterapeuta e ao cliente aprender a ‘dar passagem’, a compreender e a cooperar com este processo” (JULIANO,1999, p. 21).


REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998.

JULIANO, Jean Clark. A Arte de Restaurar Histórias. São Paulo: Summus, 1999.

MAHFOUD, Miguel. (Org). Plantão Psicológico: novos horizontes. 1 ed. São Paulo: Editora C.I. ltda, 2004.