POSTER 12: MEMÓRIA E VIOLÊNCIA CONJUGAL: INSTRUMENTOS DISCIPLINADORES DA SUBMISSÃO FEMININA

 

Autores: Edson Petrônio, Francisco Ramos e Maria de Fátima Scaffo

 

Ainda na atualidade é crescente a incidência da violência contra a mulher em especial no âmbito privado, ou seja, por parceiros, em quem a mulher deposita confiança e esperança de construção de relação feliz. No Brasil este triste cenário tem graves repercussões para a saúde pública e para a política dos direitos humanos que “garante” os direitos da mulher. O interesse da Gestalt-terapia sobre este tema se ratifica, quando se lança um olhar para os estudos realizados sobre a família, contexto onde são transmitidos através de gerações os ideais de amor romântico que produzem na mulher a idealização de um parceiro pleno de virtudes. Como instituição construtora de identidade, a família tem assumido um papel de destaque na memorização da mulher à sujeição doméstica, o que a leva a manutenção de relações opressivas, solitárias e dolorosas, em nome de uma relação duradoura e “estável”, ou seja, em nome da família. Diante da complexidade e das conseqüências deste fenômeno é urgente desenvolver estratégias de enfrentamento no combate a este tipo de violência que perdura através dos séculos. Cabe ressaltar que nos discursos femininos das Instituições pesquisadas, encontramos expectativas quanto à formação e manutenção da família, segurança, compreensão, afeto duradouro e fidelidade, embora, estes discursos sejam controversos, por serem plenos de queixas e desesperanças, expressas pelo sentimento de enorme vazio e solidão. Neste cenário a mulher passa a introjetar a identidade de objeto, mantendo-se na condição de assujeitamento “permitindo” ser violentada sexual, moral e afetivamente o que resulta numa série de conseqüências à sua saúde, que vão além dos traumas óbvios decorrentes das agressões físicas: queixas ginecológicas, depressão, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, queixas gastrintestinais, desordens da alimentação, ansiedade, dores de cabeça, problemas múltiplos de personalidade, abuso de drogas, aleijamento parcial ou permanente, disfunções sexuais e até suicídio.

A pesquisa em andamento se caracteriza com enfoque qualitativo por análise do discurso em relação ao atendimento de mulheres cuja identidade foi “destruída” pela baixa da auto-estima, carência afetiva e ausência de auto-suporte.