WORKSHOP 18: A MÚSICA: UMA EXPERIÊNCIA GESTÁLTICA

 

Autor: Daniel Sá

 

OBJETIVO

Este workshop tem o objetivo de conduzir o grupo através da música, mostrando quão importante pode ser o uso desta ferramenta no trabalho do gestalt – terapeuta. Através de um viés fenomenológico serão propostas vivências didáticas onde o indivíduo terá a possibilidade de se dar conta da música como recurso terapêutico. Focaremos as sensações corporais presentes, as ressonâncias e as singularidades, levando o grupo a se dar conta da experiência aqui-agora imediata e de tudo que passa a vir à tona quando a música é inserida no campo. Este trabalho busca refletir acerca das técnicas e experimentos em Gestalt-Terapia, promovendo a música enquanto recurso do gestalt-terapeuta.

 

BREVE DESCRIÇÃO

Através de um viés fenomenológico, procuraremos ampliar as percepções da experiência aqui-agora imediata e de tudo que passa a vir à tona quando a música é inserida no campo. Este trabalho busca refletir acerca das técnicas e experimentos em Gestalt-Terapia, promovendo a música enquanto recurso do gestalt-terapeuta.

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A história dá luz ao tema deste trabalho, mostrando que a música vem sendo utilizada como método terapêutico há muito tempo -alguns dos primeiros registros a esse respeito podem ser encontrados na obra de filósofos gregos pré-socráticos. Os povos mais primitivos já dispunham da música enquanto recurso terapêutico, em cerimônias religiosas, através de danças e rituais. (COSTA, 1989, p.18). A música, assim como a linguagem, se desenvolve em todas as culturas e em todas as épocas da humanidade. “A música é arte e ciência, dois elementos que correspondem a um processo evolutivo do ser humano” (BENENZON, 1989, p.11).

Na atualidade, muitos são os estudos das neurociências buscando perceber a influência da música no organismo cerebral. De acordo com Sacks, (2007, p.101):
“Hoje os anatomistas teriam dificuldade para identificar o cérebro de um artista plástico, um escritor ou um matemático, mas poderiam reconhecer sem hesitação o de um músico profissional”.

Os constantes avanços científicos no sentido de compreender como se dá a relação entre a música, a anatomia cerebral, e o comportamento humano, nos estimulam a refletir sobre a importância desta experiência sensorial na prática clínica sob a perspectiva da Gestalt-terapia.
A música facilita o contato e produz efeito na forma de se relacionar das pessoas. É um meio de socialização que se conecta a sentimentos e sensações, capaz de alterar estados de ânimo e de nos fazer voltar no tempo e reviver situações. O modo como a pessoa escuta uma música e reage a ela, envolve seu jeito de estar no mundo: “ Nós fazemos contato com alguém; vemos ou ouvimos algo tão comovente que ficamos tocados com isso; (…). Para nós, ... sempre significa toque” (POLSTER, 2001, p.139).

A utilização da música aliada ao método fenomenológico da Gestalt -terapia, traz a tona um mundo de possibilidades para o aqui-agora do encontro terapêutico. De acordo com Polster (2001, p.26): “Os sistemas sensoriais e motores do indivíduo só podem funcionar no presente, e é da perspectiva dessas funções que a experiência presente pode ser palpável e viva.”.
É importante destacar a atenção especial em não transformar este instrumento em mero recurso metodológico ou fórmula reducionista. Sobre esta atitude gestáltica, Naranjo (2004, p. 14) afirma:
“O objetivo de não ser só um demonstrador de técnicas senão alguém que consiga que elas cumpram sua função, o terapeuta, ..., deve ser um expert no como das técnicas” (tradução nossa)

Nossa proposta neste Workshop vivencial didático é mostrar a riqueza possível no encontro entre a Gestalt – terapia e a música, proporcionando aos participantes novas formas de interação e uma renovação no repertório de possibilidades de ação do terapeuta, favorecendo o surgimento de respostas fluidas e trocas criativas e transformadoras entre o indivíduo, seu mundo interno e o grupo.

 

PROCEDIMENTO

1- Aquecimento e apresentação inicial dos coordenadores e do grupo.
2- Experimento com relaxamento, trabalhando a respiração e awareness.
3- Experimento: a música e a teoria fenomenológica.
4- Experimento onde os participantes são convidados a permitir-se tocar pela música e interagir com ela; percebendo a influência da música no campo, e como faz contato com ela.
5 - Resolução e fechamento emocional do workshop.

MATERIAL UTILIZADO
Equipamento áudio visual.

 

REFERÊNCIAS

BENENZON, Rolando. Teoria da Musicoterapia: Contribuição ao conhecimento do contexto não verbal. São Paulo, Summus. 1988.

COSTA, Clarice M. O despertar para o outro: musicoterapia.São Paulo, Summus, 1989.

NARANJO, Claudio. La vieja y novisima gestalt. 8. ed. Santiago: Cuatro Vientos, 2004.

POLSTER, Erving & Miriam. Gestalt-Terapia integrada. São Paulo, Summus, 2001.

SACKS, Oliver. Alucinações Musicais: Relatos sobre a música e o cérebro. São Paulo, Cia das Letras, 2007.