MESA REDONDA 14 – PARTE II: GESTALT-TERAPIA E BEHAVIORISMO RADICAL: ENCONTROS E DESENCONTROS EPISTEMOLÓGICOS

Autores: Rafael Rubens de Queiroz Balbi Neto, Diemerson Saquetto e Elizeu
Batista Borloti

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo estabelecer os pontos de encontro e de desencontro das bases filosóficas da Gestalt-Terapia e do Behaviorismo Radical. Para isto foi realizada revisão das principais correntes filosóficas que sustentam ambas as teorias: Fenomenologia, Existencialismo Ateu, Pragmatismo, Realismo e Determinismo. Conclui-se que existem muito mais pontos de encontro do que previsto inicialmente.


Palavras-chave: Gestalt-terapia, Behaviorismo Radical, Epistemologia.

 

1. INTRODUÇÃO

As várias formas de intervenção em Psicologia estão estruturadas em abordagens teóricas compostas de uma teoria ou de um conjunto de teorias interligadas. O arcabouço teórico dessas abordagens é sustentado em bases filosóficas que podem se aproximar ou se afastar, tornando-as convergentes ou divergentes em relação à meta da intervenção. Convergências ocorrem quando se compara a Análise do Comportamento e a Gestalt-terapia, a despeito das afirmações de que estas teorias são antagônicas e que uma não tem nada a ver com a outra. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo estabelecer os pontos de encontro e de desencontro (ou contato, do ponto de vista gestáltista) das bases filosóficas da Gestalt-Terapia e do Behaviorismo Radical (que deriva as abordagens clínicas denominadas Terapia Analítico-Comportamental e Psicoterapia Funcional Analítica). O trabalho se inicia realizando um conciso histórico e teórico da Gestalt¬terapia e do Behaviorismo Radical. Logo em seguida, são explicados os fundamentos epistemológicos da abordagem da Gestalt-Terapia e da filosofia behaviorista radical para se finalizar com a discussão acerca dos seus possíveis pontos de encontro e desencontro.

1.1 GESTALT-TERAPIA E BEHAVIORISMO RADICAL: UM PANORAMA HISTÓRICO E TEÓRICO27

27 Neste item do trabalho dedicou-se mais na descrição da histórica e da teórica do Behaviorismo Radical e foi mais breve com estes conceitos na Gestalt-terapia, já que este texto é direcionado a leitores que já dominam a história e a teoria da Gestalt-terapia.

O termo “Gestalt-terapia” designa, ao mesmo tempo, uma abordagem teórica e uma intervenção psicoterápica. Como teoria, possui alguns pontos de encontro com as bases filosóficas da teoria gestáltica (ou Psicologia da Gestalt), por exemplo, a Fenomenologia é base filosófica da Psicologia da Gestalt ao mesmo tempo em que também é base filosófica da Gestalt-terapia. Porém devemos lembrar que Gestalt-terapia, Psicologia da Gestalt e Fenomenologia, não são a mesma coisa. A Gestalt-terapia tem como fundamentação teórica a Psicologia da Gestalt, a Teórica de Campos e a Teoria Organísmica, ou seja, há conceitos presentes na Gestalt¬terapia que estão ausentes na Psicologia da Gestalt e na Fenomenologia (MARX; HILLIX, 1963).

A Psicologia da Gestalt foi desenvolvida no início do século XX e tem como seus principais autores Werthimer (1880-1943), Köhler (1887-1949) e Kofka (1886). Estes fundamentavam a teoria da gestalt no método fenomenológico, com isso não havia a necessidade de treinamento do experimentador, como era exigido na introspecção, mas apenas o uso do simples do perceber. Com isso a psicologia da gestalt passa a ser uma reação à introspecção ou psicologia introspectiva wundtiana (MARX; HILLIX, 1963).

Da mesma forma que, na Alemanha, a teoria da Gestalt surge como uma reação a Psicologia da introspecção (psicologia wundtiana), o Behaviorismo surge, nos Estados Unidos, também como uma reação a esta mesma Psicologia, quando John Broadus Watson (1878-1958) publicou o artigo “A psicologia como o Behaviorista a vê”, na Psychological Review, 20, 158-177. (BAUM, 1999).

Portanto, pode-se afirmar que a Psicologia da Gestalt e o Behaviorismo surgiram como uma reação à introspecção. Enquanto que a reação da primeira era contra o treinamento do experimentador e enfatizava a valorização da experiência, a reação do Behaviorismo apontava para o comportamento observável (por mais de uma pessoa) e a rejeição da experiência subjetiva imediata, pois era observada apenas por uma pessoa (COSTA, 2002).

O artigo “A Psicologia Como o Behaviorista a Vê” anuncia o rompimento com a Psicologia vigente na época (wundtiana). Essa revolução propunha que o objeto de estudo adotado pela Psicologia fosse o comportamento observável e que o método a ser utilizado para o seu estudo fosse o experimental. Assim, objetivava-se a predição e o controle do comportamento, que se sustentava nas escolas filosóficas do positivismo e do realismo (BAUM, 1999).

Acreditando que todos os comportamentos eram reflexos, Watson adotou o paradigma pavloviano S-R (estímulo-resposta), obedecendo, assim, ao modelo mecanicista (causa-efeito) de determinação do comportamento. Para ele, o comportamento é compreendido em termos de formação e integrações de hábitos e é analisado a partir de observações e experimentações, eliminando o modelo introspectivo (BAUM, 1999).

É importante atentar-se para o fato de que Watson não negou a existência da mente, mas negou-lhe status científico ao afirmar que não podemos estudá-la pela sua inacessibilidade. Deparamo-nos aqui com o que poderíamos chamar de uma aproximação semântica kantiana, uma vez que a inacessibilidade da mente a coloca como realidade metafísica e, portanto, diante do paradigma kantiano, em veto, impossível de ser apreendida. Tanto que o Behaviorismo Metodológico de Watson era tido como dualista, pois tratava mente e corpo como sendo de naturezas diferentes (COSTA, 2002).

As críticas na época (e que são anacronicamente reproduzidas atualmente) acusaram tal vertente behaviorista (Behaviorismo Metodológico) de ser bastante fisiológica, mecanicista, limitada, simplista e desumanizadora. Comportamentos como o pensar, o ver e o sentir, não eram explicados satisfatoriamente e, por isto, o Behaviorismo inicial começou a se modificar e a se ramificar. No princípio da década de 1930 entrou em uma nova fase historicamente engajada no ensejo de novas perspectivas teóricas e metodológicas. Era a fase dos behavioristas mediacionais, ou neobehavioristas, que tinham como representantes Tolman (1886–1959) e Hull (1884-1952) (COSTA, 2002).

Os behavioristas mediacionais retomam uma visão idealista-subjetiva e dualista-mecaniscista na qual os estímulos ambientais afetariam primeiramente o organismo a partir de processos mediacionais (cognitivos ou fisiológicos) que, então, causariam o comportamento. O paradigma adotado era o S-O-R (estímulo-organismo-resposta) (COSTA, 2002).

Insatisfeito com o dualismo e o mecanicismo destes neobehaviorismos, em 1945, Skinner apresenta uma nova epistemologia ao behaviorismo: o Behaviorismo Radical. Comparativamente falando, da mesma forma que Gestalt-terapia não é apenas Psicologia da gestalt, ou apenas Teoria de Campo, o Behaviorismo Radical não é apenas Behaviorismo metodológico ou mediacional, possui semelhanças e diferenças.

O Behaviorismo Skinneriano é denominado radical, pois rejeita a existência de eventos mentais fictícios e aceita estudar todos os eventos comportamentais dos quais se inferem a existência desses eventos mentais fictícios, indo, portanto, à raiz do termo behaviour (comportamento). É interessante apontar esta raiz, uma vez que há uma tendência a ignorá-la quando se fala em Behaviorismo: em espanhol, adveio de conductus, que quer dizer levar ou trazer junto; em português, adveio de comportare ou trazer junto, sendo portar equivalente a carregar; em inglês, a palavra adveio da junção de be e de have, que significa estar-ter algo que se carrega em si mesmo de um modo particular. Este modo particular e único é a própria existência humana (interações do homem com ele mesmo, com os outros e com o mundo em que vive). Essas interações são naturais e Skinner as chamou de comportamentos (MATOS, 1995; BAUM, 1999). A determinação do comportamento, assim concebido, é selecionista (e, portanto, não mecanicista): o ambiente, produzido como a conseqüência do próprio comportamento, o seleciona. Em outras palavras, o comportamento produz aquilo que o determina (de um modo selecionista), logo comportamento é relação.

A visão de homem a partir deste noção de comportamento é monista (ou, numa concepção Gestáltica, holística), pois não separa os eventos psicológicos em “mentais” e comportamentais. O comportamento é tudo o que o homem é ou tem e que “carrega consigo” de modo funcional: sentir, pensar, agir, autoconhecer, perceber, falar, resolver problemas, intuir, etc, e estar consciente (ou não) disso tudo. E é sempre um organismo que, na totalidade, “comporta” tudo isto, sendo o comportamento uma função da vida. Aquilo que se chama erroneamente de “mental”, é evento privado do tipo pensar ou sentir, que tem a mesma natureza do comportamento público e do próprio corpo (ou seja, “mente”, como concebida pelo senso comum e pelas Psicologias dualistas, não existe; portanto, não existe uma “mente”, seja “junta” ou “separada” do corpo; o que existem são processos comportamentais privados que têm a mesma natureza dos públicos).

Discordando de Watson, Skinner afirma que grande parte do comportamento humano é operante e não reflexo, e que o modelo S-R é reducionista como explicação de todo e qualquer comportamento. Ao mesmo tempo, discorda totalmente dos behavioristas mediacionais, quando esses se utilizam de variáveis mediacionais como explicação (COSTA, 2002). Para Skinner, o que eles chamaram de mediação são eventos comportamentais privados a serem explicados. Assim, a conexão privado-mental ou privado-mediacional é rompida pelo Behaviorismo Radical; não existe separação entre interno e externo. “Ambiente é tudo aquilo que externo ao comportamento” e a relação entre ambiente e comportamento pode envolver interações com objetos ausentes e fatos passados, já que independe de uma contigüidade espacial ou temporal entre os eventos que definem a relação (MATOS, 1995, p. 31).

Para o behaviorista radical a evidência de que vejo você é meu comportamento diante da circunstância “você”. Do mesmo modo, a evidência de que você existe também é meu comportamento. E nem é preciso que você estejam presentes para que eu reaja ou “veja” você, na verdade nem é preciso que você exista. (MATOS, 1995, p. 32).

Segundo Matos (1995), isto aproxima Skinner da Fenomenologia: a evidência do mundo, incluindo os eventos do mundo que são privados (pensar e sentir) e a experiência daquele que assim o evidencia e a tarefa do Behaviorismo Radical é analisar (descrever ou explicar) essa experiência como evento privado (e não como uma mente ou um self fictícios que teriam, supostamente, uma outra natureza).

Assim, todas as ações (ou respostas) de uma pessoa estão relacionadas às conseqüências que produzem dentro de um contexto específico que envolve o comportamento e as conseqüências do comportamento. A unidade mínima da compreensão do comportamento operante é uma contingência de três termos: a condição antecedente, a ação e a condição conseqüente. Isto permite afirmar que a abordagem behaviorista radical é contextualista.

Segundo Pepper (1942), o contextualismo é uma metáfora-raiz que especifica, com um critério de verdade, uma visão de mundo. No caso do Behaviorismo Radical, o contextualismo é o modo sine qua non de compreensão do comportamento a partir de um critério de verdade que avalia a validade desta compreensão ao considerar uma rede de condições sob as quais o comportamento ocorre de modo contínuo e inseparável de seu contexto atual e histórico. Com isto, a verdade da análise está na sua função. Isto tem relação direta com o pragmatismo, pois, como escreveu James (1907, p. 61): “A verdade de uma idéia não é uma propriedade estanque inerente a ela. A verdade acontece a uma idéia. Ela torna-se verdade, é feita verdade pelos eventos”. O conteúdo e o foco da Análise do Comportamento é o comportamento-em-contexto, emitido na própria experiência. Como dito, a evidência do comportamento-em-contexto é a experiência com ele nesse contexto. A Análise do Comportamento vê a experiência como comportamento. Isto aproxima o Behaviorismo Radical da Gestalt-Terapia, uma vez que o contexto tem grande importância também na nesta abordagem, pois o fenômeno, que é um campo de ação humana, emerge como figura em um fundo, que é contexto (RIBEIRO, 1985 e RODRIGUES, 2000).

A Gestalt-Terapia também foi desenvolvida no início do século XX, entretanto, foi um movimento da prática clínica surgido como uma reação à Psicanálise. Tem como principal autor Frederick S. Perls (1893-1970) (MARTINS, 1998). Perls foi psicanalista durante alguns anos, e depois de viver cerca de dois anos na África do Sul, participou do Congresso Internacional de Psicanálise, em 1936, em Praga, onde apresentou o trabalho “Resistências Orais”, uma tentativa de complementar as “Resistências anais” de Freud. Todavia esse trabalho foi muito mal recebido pelos colegas psicanalistas da época. Em 1942, em Durban, publicou “Ego, Fome e Agressão”, obra na qual destacou a necessidade da ingestão de “alimento” e sua assimilação, assim como a agressividade como uma forma de satisfazer as próprias necessidades. Esta obra pode ser considerada o preanuncio da fundação da Gestalt-terapia, pois já trata de uma teoria do desenvolvimento humano, enfatizando a importância no presente, a polaridade, o corpo e a valorização da experiência pessoal. Em 1951, nos EUA, Perls publicou, com Ralph F. Hefferline e Paul Goodman, um dos mais importantes títulos da Gestalt-terapia: “Gestalt Therapy: Excitement and Growth in the Human Personality” ou, como foi publicado no Brasil, apenas “Gestalt-terapia” em 1997 (GINGER; GINGER, 1995).

As Gestalt-terapia adota como teorias de base a Psicologia da gestalt, a Teoria de Campo de Lewin e a Teoria organísmica de Kurt Goldstein. Perls e seus colaboradores integram com inteligência e êxito estas teorias que até então estavam aparentemente isoladas (RIBEIRO, 1985).

 

2. FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA GESTALT-TERAPIA

Como o Behaviorismo Radical, a Gestalt-terapia possui bases filosóficas que sustentam os princípios e métodos da Gestalt-Terapia. A fenomenologia e o existencialismo ateu são as principais correntes filosóficas em que se baseou Perls para construir a Gestalt-terapia. Como visto anteriormente, o Behaviorismo Radical se aproxima da Fenomenologia.

 

2.1. A FENOMENOLOGIA

A Fenomenologia nasceu na segunda metade do século XX. Franz Brentano (1838¬1917) analisou a intencionalidade da consciência humana, e abordou a descrição, compreensão e interpretação dos fenômenos que se apresentam à percepção humana. Ele se coloca contra a separação de "sujeito" e "objeto", logo se opondo, assim como Skinner, ao pensamento positivista da época (MATOS, 1997).

A consciência manifesta-se diante alguma coisa, nunca em separado do mundo fenomênico, tal distinção entre sujeito e objeto dão-se, portanto, porque a consciência age sobre os objetos. O conhecimento nos lança, desta maneira, à vivência do que nos aparece enquanto fenômeno. Daí temos a intencionalidade da consciência, uma vez que nosso psiquismo referencia-se no mundo dos objetos que se mostram a percepção consciente, o que se manifesta-se o faz enquanto fenômeno. O que percebo não é a aparência de algo, mas o próprio algo na sua manifestação.

Sobre a intencionalidade da consciência anos escreve Husserl:

“A referência intencional, entendida em sede puramente descritiva como peculiaridade interna de certas vivências, representa para nós a determinação essencial dos ‘fenômenos psíquicos’ ou dos ‘atos’, de modo que consideramos a definição de Bretano, segundo a qual eles são ‘fenômenos que têm em si intencionalmente um objeto’, como uma definição essencial, cuja ‘realidade’ é naturalmente assegurada pelos exemplos” (HUSSERL, 1988).

Husserl (1859-1938), seguidor de Brentano, repreende a psicologia da época por adotar uma metodologia objetiva que abandou a subjetividade e a intuição. Ele afirma que a vida psíquica é um dado imediato, ao qual temos acesso apenas através da descrição, permitindo a compreensão do fenômeno ou do processo. Husserl propõe uma Fenomenologia que reúna os dados da experiência em sua totalidade (fenômeno) e o pensamento racional (logos) (MARTINS, 1998).

O método fenomenológico se caracteriza como uma “volta às coisas mesmas”, ou seja, uma busca pela essência do fenômeno, aquilo que surge à consciência, que aparece como objeto intencional da consciência. O objetivo é intuir a essência, o conteúdo imediato do fenômeno.

No entanto, temos clareza que o “Eu humano” não se reduz a sua cognição mesmo dando a devida importância à ordem da consciência diante do mundo. É pelo comportamento, que a ótima fenomenológica, percebe o todo do sujeito, para além do cartesianismo das “marionetes do pensamento”, uma vez que é justamente, pela pertença, pelo fazer parte de um mundo vivido, que o sujeito condiciona e alarga a sua intencionalidade.

A atitude de investigação fenomenológica, ou redução fenomenológica, ou Epoché, entende que se deve “‘pôr entre parênteses’ o mundo empírico dos fenômenos, por um ‘pôr fora do circuito’, Husserl entende suspender todo julgamento sobre o que o rodeia a fim de não reter disso senão o resíduo, como um saber mais confiável e sem preconceito” (HUISMAN, 2001). Opera-se com a fenomenologia um sujeito não reduzido a “etiqueta científica” do psicologismo, mas um “eu puro” e de vivências. Algo caro ao gestaltismo, e não distante, também do behaviorismo radical.

Deve-se compreender o fenômeno, portanto, dentro do contexto em que ele emerge e suas relações com os outros fenômenos (o si da coisa), e não tentar entendê-lo isoladamente (coisa em si). Com a epoché fenomenológica, portanto:

“Colocamos fora de ação a tese geral inerente à essência do comportamento natural, colocamos logo entre parênteses tudo o que ela abraça sob o aspecto ôntico: portanto, todo o mundo natural, que está constantemente ‘aqui para nós’, ‘a nossa mão’, e que continuará a permanecer como ‘realidade’ para a consciência, mesmo que sejamos tentados a colocá-lo entre parênteses” (HUSSERL, 1950).

A fenomenologia é, portanto, uma descrição das estruturas gerais da consciência do “sujeito transcendental, que é condição ONTOLÓGICA de possibilidade das experiências humanas concretas nos diversos níveis e regiões da realização da existência” (SÁ, 2007, p. 320-321).

 

2.2. O EXISTENCIALISMO ATEU

Em oposição às filosofias que se poderiam chamar ‘essencialistas’, o existencialismo parte do pressuposto de que a existência é anterior à essência, tanto ontológica quanto epistemologicamente, isso quer dizer tanto em relação ao ser, ou à realidade, quanto em relação ao conhecimento. Na perspectiva do existencialismo, as idéias, ou as “essências”, não são anteriores aos objetos (coisas, homem, outros e etc.), pois não se acham previamente existentes em lugar algum. As idéias, ou essências, são contemporâneas dos objetos, são os próprios objetos considerados de determinado ponto de vista, em sua universalidade e não em sua particularidade. O Eu humano acaba, neste empreendimento, tornando-se um Eu concreto e mundano, fundado a partir de sua existência, não mais conceitual, mas vivencial.

“Quando algum filósofo existencialista afirma que ‘a existência precede a essência’, o que essencialmente se quer significar é que o homem não tem uma ‘natureza ou essência’, mas que o que o homem é, em verdade e melhor chega a ser, é ‘feitura’ e ‘invenção’ da sua absoluta liberdade” (CORDÓN; MARTÍNEZ, 1995, p.130).

O Existencialismo permitiu que a metodologia fenomenológica se concretizasse por meio da aplicação dessa metodologia nas questões da existência humana. Kierkegaard (1813-1855), considerado como o pai do existencialismo, desenvolveu suas idéias a partir de sua experiência pessoal, colocava de lado qualquer sistematização da realidade, e enfatizava a subjetividade e a existência humana. Para Kierkegaard, não existe o absoluto hegeliano, mas um indivíduo que na sua existência exerce-se em subjetividade. O conceito de um homem acaba por ceder aos modos possíveis de ser (BORIS, 1990).

Sartre (1905-1980), um dos grandes nomes do existencialismo ateu, nos traz a noção de “projeto” (o homem como responsável pela construção de sua essência) e de “responsabilidade” (o homem responsável por suas ações e decisões).

No existencialismo sartreano atingimos o “nós” por meio do outro. O outro é o caminho para nossa existência como humanidade. Nós nada somos sem o reconhecimento do outro. É nesta intersubjetividade que se dá o julgamento de nós para com nós mesmos e para com o outro, da mesma forma que se dá a empatia o reconhecimento mútuo. Tal concepção de alteridade lança-nos a compreender o outro como aquele que antes nos vê, em um olhar-alheio que em minha consciência me instaura a necessidade a priori de modificar minha experiência. Meu projeto esvaísse de meu pertencimento, o que nas palavras do próprio Sartre: “Minha queda original é a existência de outro”. (REALI; ANTISIERI, 2008, p. 229).

Sartre afirma: “o homem antes de tudo é um projeto que se vive subjetivamente”. Entender o homem como um projeto, faz dele responsável por aquilo que é. Não significa ser aquilo que se quer ser, mas ser um projeto que se está vivendo, sendo este projeto uma escolha, de responsabilidade do próprio homem. Além disso, o homem ao fazer suas escolhas não escolhe apenas para si mesmo, mas também para toda a humanidade. Dessa forma, no entendimento existencialista, a pessoa ao escolher, está também apontando para como todas as outras pessoas também devem escolher. Da mesma forma, a pessoa que escolhe também está condenada às escolhas de outras pessoas. Com isso, forma-se uma rede de escolhas, a própria humanidade. Somos (enquanto pessoas) responsáveis pelas escolhas de toda humanidade.

“O homem é, em primeiro lugar, um projeto que vive por si mesmo subjetivamente, em vez de ser musgo, podridão ou couve-flor; nada existe antes deste projeto: nada existe no céu inteligível; o homem será em primeiro lugar aquilo que tiver projetado ser. Não aquilo que quiser ser. (...) E quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não entendemos que o homem é responsável por sua individualidade estrita, mas que ele é responsável por todos os homens” (SARTRE, 1973).

Como já foi dito, no existencialismo sartreano, a existência precede a essência, isto possibilita alguns desdobramentos: 1) O homem não pode passar a responsabilidade de sua condição existencial a uma entidade (essência); 2) Não há nada que determine suas ações, a não ser suas próprias escolhas dentro de um contexto histórico-cultural; 3) O homem faz de si o que é, ou seja, no exercício de liberdade. O homem tem total liberdade para escolher em que vai se tornar. O homem, e por conseqüência a humanidade, está condenado (a) as suas próprias escolhas.

“Situação que me parece poder caracterizar dizendo que o homem é condenado a ser livre. Condenado porque não se criou pó si mesmo, e mesmo assim nem menos livre porque, uma vez jogado no mundo, é responsável por tudo aquilo que faz. (...) [O existencialismo] pensa, portanto, que o homem, sem apoio ou auxílio, está condenado em cada momento a inventar o homem” (SARTRE, 1973).

Com isso, a escolha sugere um compromisso com a humanidade, pois escolher é se comprometer. Ao escolher um projeto de vida, o homem está também escolhendo por uma moral. Logo não há como fugir da escolha nem da moral. Por um lado, a liberdade do homem não depende de outro homem, e por outro existe um compromisso entre os homens dentro de suas escolhas. Com isso, se o homem quer ser livre, depende do desejar que os outros também sejam livres. Dessa forma, as minhas escolhas passam a ocorrer também a partir das coisas que quero para o outro e não apenas do que quero para mim.

 

3. FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DO BEHAVIORISMO RADICAL

O Behaviorismo Radical se estabelece dentro do contexto da tradição filosófica do pragmatismo e da fenomenologia, logo o Behaviorismo Radical se opõe ao realismo e ao positivismo. Nesta parte, não haverá descrições da fenomenologia, uma vez que já se foi tratado sobre isso no item 2.1.

3.1. O PRAGMATISMO E O REALISMO

O pragmatismo contrasta com o realismo, concepção adotada por muitos cientistas anteriores ao século XX e pelo behaviorismo metodológico do começo deste século. O realismo sustenta que há um mundo real fora de nós e que esse mundo real externo dá origem a experiências internas em cada um de nós. O mundo externo é considerado objetivo, enquanto o mundo da experiência interna é considerado subjetivo. No realismo, a ciência consiste na descoberta da verdade sobre o universo objetivo. Porém, como não temos conhecimento direto do mundo externo, mas apenas de nossa experiência interna, que nos é dada pelos sentidos. Bertrand Russell argumentou que a ciência deve proceder raciocinando a partir de dados sensoriais sobre o que deve ser o universo objetivo. Nossas experiências do mundo real são explicadas quando nosso raciocínio nos leva á verdade última sobre ele (BAUM, 1999 e COSTA, 2002).

O pragmatismo, ao contrário, não faz nenhuma suposição sobre um mundo real externo, indiretamente conhecido. Ao invés, concentra-se na tarefa de compreender nossas experiências. Perguntas e respostas que nos ajudam a entender que o que acontece à nossa volta é útil. Perguntas que não fazem diferença para a nossa compreensão, como as perguntas sobre a existência de um universo real fora de nós ou se Deus existe, não merecem atenção, não merecem ser respondidas. Novamente, vale lembrar o veto kantiano sobre a impossibilidade de acesso as realidades de ordem metafísica (BAUM, 1999).

Não há verdade última absoluta; em vez disso, a verdade de um conceito reside em sua capacidade de articular parcelas da nossa experiência, organizá-las ou compreendê-las. Para William James (1842-1910) e Ernst Mach (1938-1916), esse processo de unificar várias partes de nossa experiência é o que constitui a explicação. Na visão de Mach, falar de maneira eficaz sobre nossas experiências ¬isto é, a comunicação -é exatamente o mesmo que explicar. Ele sustentava que, desde que possamos falar sobre um evento em termos familiares, ele estará explicado. Na medida em que falar sobre eventos em termos familiares é chamado de descrição, nessa mesma medida explicação e descrição são a mesma coisa: A ciência descobre apenas conceitos que tornam nossa experiência mais compreensível (BAUM, 1999).

James por sua vez compreendia a verdade como uma capacidade de “operar”, ou seja, sua utilidade, que tem por escopo a melhoria da condição vital dos indivíduos. A mente, desta forma torna-se um instrumento adaptativo. Algo que revelará importância tanto para o comportamentalismo quanto para a gestalt (REALI; ANTISIERI, 2008:86).

O pragmatismo é definido por James como um método que consiste na “disposição de tirar o olhar das coisas primeiras, dos princípios, das ‘categorias’, das pretensas necessidades, e olhar ao contrário para as coisas últimas. Para os resultados, conseqüências, fatos” (JAMES, 1963).

Enquanto o behaviorismo radical se baseia no pragmatismo, o behaviorismo metodológico (de Watson) se baseava no realismo. Para o realista, o comportamento real ocorre no mundo real, e esse comportamento real é acessível apenas indiretamente, através dos sentidos. Consequentemente, o behaviorista metodológico tenta descrever os eventos comportamentais em termos tão mecânicos quanto possível, o mais próximo possível da fisiologia. O behaviorista radical, em vez disso, busca termos descritivos que sejam úteis para a compreensão do comportamento e econômicos para sua discussão. Descrições pragmáticas do comportamento incluem seus fins e o contexto no qual ocorre. Para o behaviorista radical, termos descritivos tanto explicam quanto definem o que é comportamento (BAUM, 1999).

 

3.2. A NOÇÃO DE LIBERDADE NO BEHAVIORISMO RADICAL

A idéia de que o comportamento pode ser tratado cientificamente continua controversa, porque desafia a noção de que ele provém apenas da livre escolha do indivíduo. O determinismo afirma que toda ação humana se explica pela relação do homem (dentro de sua herança genética e história de vida) com o mundo em que vive. O termo “livre-arbítrio libertário” designa a suposta capacidade que tem o homem de escolher como agir, sem levar em conta sua herança genética e sua história de relação com o mundo (BAUM, 1999).

O determinismo afirma que o “livre-arbítrio libertário” é uma ilusão fundada na ignorância dos fatores que determinam o comportamento humano (relações do homem com ele mesmo, com os outros e com o mundo). Por outro lado o determinismo acredita na capacidade humana de auto-identificar fatores que estão determinando comportamentos e alterar esses fatores, já que o próprio comportamento de “tomar decisão” é um fator de condução do comportamento (BAUM, 1999).

A Ciência do Comportamento, baseada no Behaviorismo Radical, ainda muito pequena, não foi capaz de identificar todos os fatores que guiam os comportamentos humanos, muito menos todas as formas de alterar esses fatores. Porém, essa ciência, que ainda está nascendo, não se permite acreditar que eventos naturais, como as ações humanas, tenham fatores fictícios, não-naturais ou aleatórios, como o “livre-arbítrio libertário” ou o inconsciente freudiano, prefere acreditar que esses fatores naturais ainda não foram todos descobertos, assim como todas as formas de intervenção nesses fatores. Não pode-se perder de vista também que esses fatores não-naturais, não são úteis (pragmáticos) para a compreensão das ações humanas, nem econômicos para sua discussão (BAUM, 1999).

 

4. DISCUSSÃO

Após as breves explicações acerca das bases filosóficas da Gestalt-terapia e do Behaviorismo Radical é possível iniciar uma discussão abordando os pontos de encontro e afastamento de ambas as correntes. Ambas as abordagens são sustentadas pela fenomenologia, pois acreditam na inseparabilidade de sujeito e objeto, além de considerarem as possibilidades de estudo dos fenômenos privados (ou subjetivos) de cada pessoa, como sonho, sentimento, emoção, lembrança, imaginação e etc. A fenomenologia é adotada pela Gestalt-terapia como pressuposto epistemológico e como método, ou seja, se pratica a redução fenomenológica, diga-se em seu caráter eidético, para a compreensão do fenômeno. Já no Behaviorismo Radical além dos pressupostos epistemológicos, e da redução fenomenológica, presentes na análise funcional, há também a busca da função do fenômeno, ou seja, tenda-se compreender o contexto em que ele ocorre (redução fenomenológica) e também em função de que tal fenômeno ocorre. Neste caso não se busca causas para o fenômeno, mas a função e o contexto do fenômeno. No Behaviorismo há muitas idéias também presentes no existencialismo ateu, como: 1) o homem tem poder de decidir sobre suas ações dentro das conseqüências que elas trarão para si e para outros, 2) o homem se responsabiliza pelo que escolhe, e também é responsável por si mesmo e pelos outros, 3) O homem se constrói na relação com o mundo, ou seja, ele não se torna homem (ou pessoa) antes de se relacionar com o mundo (O homem existe no mundo, surge no mundo, para depois se definir como homem), 4) o Behaviorismo Radical leva em consideração a história de vida particular do indivíduo assim como o contexto histórico-cultural. Todavia, há apenas uma divergência relevante do Behaviorismo Radical com o existencialismo ateu: no Behaviorismo Radical não há negação, nem confirmação, da existência de Deus, já o existencialismo ateu, como o próprio nome diz, nega a existência de Deus como pressuposto. Quanto às discussões das correntes filosóficas do pragmatismo e do realismo, podemos dizer que a Gestalt-terapia não se preocupa em se alinhar diretamente com nenhuma das duas, já que são correntes filosóficas norte-americanas, e a Gestalt-terapia tem suas bases fincadas nas filosofias européias. Porém a Gestalt¬terapia tem uma tendência velada de ser prática, aplicada e vivencial, ou seja, não está preocupada em explica e sistematizar a realidade, segundo a fundamentação de Kierkegaard, mas em apresentar sustentações teóricas que sejam úteis para a compreensão dos fenômenos que emergem. Logo, a possibilidade de teorização absoluta da realidade não é aceita, nem pelo Behaviorismo Radical, nem pela Gestalt-terapia. O conceito de liberdade em ambas as abordagens possui alguns pontos em comum: 1) o homem é livre para decidir sobre suas ações dentro das conseqüências que elas trarão para si e para outros, 2) existem fatores que guiam a tomada de decisão do homem, ou seja, há explicações para o comportamento humano. Por outro lado, há pontos de afastamento: 1) a Gestalt-terapia não aceita a possibilidade de se conhecer todos os fatores que controlam o comportamento, como o Behaviorismo Radical afirma; 2) já o Behaviorismo Radical considera que além de poder conhecer todos esses fatores é possível controlá-los, logo, a Gestalt-terapia defende que tal idéia é impossível de se alcançar, já que é impossível conhecer todos os fatores de controle do comportamento.

 

5. CONCLUSÃO

Após essas discussões, concluímos que a Gestalt-terapia e o Behaviorismo Radical, apesar de terem origens históricas separadas, acabaram se encontrando em alguns pontos dos pressupostos epistemológicos. Outros estudos podem ser elaborados, no sentido de investigar as aproximações das práticas psicoterápicas de ambas as abordagens, principalmente no que tange a prática da Psicoterapia Analítico Funcional (Functional Analytical Psychotherapy -FAP) de Kohlenberg e Tsai (2001) e da Terapia de Aceitação e Compromisso (Acceptance and Commitment Therapy ¬ACT) de Hayes (1999), já que estas são baseadas no Behaviorismo Radical e são amplamente utilizadas na prática clínica atual.

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