WORKSHOP 10: O PODER DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA NO PROCESSO DE RESSIGNIFICAÇÃO DO EXISTIR HUMANO NO DIÁLOGO PSICOTERAPÊUTICO GESTÁLTICO

 

Autores: Filipe Vasconcelos de Araujo e Hermes Azevedo

 

OBJETIVO GERAL

Sensibilizar os participantes da oficina ao poder revelador, criador e recriador das diversas expressões da arte no diálogo gestáltico.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Revisar os conceitos de diálogo, ajustamento criativo, contato, awareness;
• Dialogar sobre a importância do uso de recursos artísticos na prática profissional do Gestalt-Terapeuta;
• Promover ambiente facilitador do contato dos participantes com seus processos criativos e as possibilidades de reversão em instrumento terapêutico.


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

“Sentir é criar. Sentir é pensar sem idéias, e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem idéias.” Fernando Pessoa

A Gestalt-Terapia é uma abordagem que propõe a competência da relação e não um método pronto, ou um modelo. Dentre as possibilidades de se passar a experiência dessa abordagem a arte é uma delas e caminha lado a lado com a Gestalt-Terapia por promover a criatividade, intuição e o encontro do artista com sua obra.
O teatro e, por que não dizer, as artes em geral é influência marcante na obra de Perls. Sua autobiografia alternada por textos poéticos e o interesse de vários gestalt-terapeutas pelo tema, demonstra quão forte é a influência da arte no meio gestáltico. Em suas diversas dimensões, a arte vem demonstrando o fantástico instrumento que é no desenvolvimento de trabalhos terapêuticos.

A música, o trabalho com argila, poesias, expressão corporal, a pintura “quando são experenciadas como processos (...) permitem ao artista se conhecer como uma pessoa inteira, dentro de um intervalo de tempo relativamente breve” (ZINKER, 2007, p.259). Isto talvez ocorra porque no diálogo com a obra o artista pode se (re)conectar ao todo sistêmico do qual que ele é parte. O trabalho com arte possibilita o encontro do sujeito consigo mesmo através da revelação das inquietudes do criador na criatura. Cor, textura, cheiro, densidade, forma, som, movimento se apresentam igualmente no criador e na criatura e na luta pela individuação um constrói o outro. Nesse sentido, exterior e interior se misturam numa dança dialógica transcedendo-se mutuamente, eternamente. O cultivo de um jardim, a elaboração de um poema, a confecção de bordados, a preparação de uma refeição na alquimia culinária, são expressões/formas de ajustamento criativo e contato do artista com o mundo, reveladoras de seus encontros e desencontros.

“Tanto na arte quanto na terapia manifesta-se a capacidade humana de perceber, figurar e reconfigurar suas relações consigo, com os outros e com o mundo, retirando a experiência humana da corrente rotineira e por vezes automática do cotidiano, colocando-a sob luzes novas e estabelecendo novas relações entre seus elementos (...)” (CIORNAI, 2004, p. 36)

A fala de Ciornai (2004) nos inspira a pensar que a conversa com a obra pode possibilitar ao artista o acesso (ou retorno) a aspectos alienados de si próprio, inscritos muitas vezes numa fase de linguagem pré-verbal onde só os sentidos guiavam a existência. A proposta de Perls de esquecer a razão e recobrar os sentidos toma forma nessa conversa. A arte afina-se com a proposta da Gestalt porque fazer arte é criar, é explorar novas formas, estéticas, linguagens. A emoção e o sentir sugerem ser o catalisador da criatividade, rompendo com modelos em busca da autenticidade por meio do contato com o novo. Encontrar ou reconhecer a singularidade não é encontrar-se e reconhecer-se apenas, mas encontrar e reconhecer toda humanidade contida em si próprio na sua forma particular de reconfigurar-se.

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada". Clarice Lispector

Através do workshop busca-se desenvolver trabalho de sensibilização com os participantes a fim de se sensibilizar nas possíveis contribuições e utilizações da expressão artística como norteadoras do diálogo terapêutico. Tentando contribuir com o eixo temático sobre as “Práticas da Gestalt-terapia na atualidade e os seus caminhos”, pretende-se proporcionar aos participantes um campo possibilitador de suas próprias formas ou fontes de inspirações artísticas revetendo-as em sua prática enquanto gestalt-terapeutas.


ETAPAS DA CONDUÇÃO E PROCEDIMENTOS

 

MATERIAL A SER UTILIZADO

• data-show;
• CD player;
• uma cartolina por participante;
• duas canetas esferográficas para cada participante;
• uma caixa de lápis de cor;
• uma caixa de lápis de cera;
• uma caixa de hidrocor
• um apontador;
• 10 kg de argila.