POSTER 07: “CON-VERSANDO” SOBRE A SUPERVISÃO EM GESTALT-TERAPIA

 

Autora: Priscila Pires Alves

 

RESUMO

O trabalho trata da supervisão na abordagem gestáltica, apresentando a versão de sentido como uma metodologia importante no trabalho com os terapeutas iniciantes. Ao considerar o início da prática psicoterápica marcada notadamente pela necessidade do estagiário ter sua posição de terapeuta ratificada pelo cliente, é comum que o processo inicalimente se caracterize pelo predomínio do olhar para si como figura na relação. A versão de sentido trabalhada na supervisão possibilita que a construção do terapeuta e a produção de sua subjetividade estejam permanentemente imbrincadas, favorecendo o estabelecimento da relação dialógica. A supervisão nesse contexto consiste em um processo que deve, para além do acompanhamento dos casos e orientação aos terapeutas iniciantes, considerar a produção subjetiva do terapeuta a fim de que os encontros dialógicos não se não se reduzam a “eu-isso”.

Palavras-chave: Supervisão – versão de sentido -gestalt-terapia

A Gestalt-terapia em sua proposta psicoterápica, propõe o crescimento, e reconfigurações nos modos de estar-no-mundo. O trabalho apresenta uma reflexão sobre a formação em gestalt-terapia a partir de um estudo sobre a experiência vivenciada por estagiários do serviço de psicologia aplicada da Universidade Estácio de Sá -Resende, através da análise do discurso das versões de sentido desenvolvida pelos estagiários em seus atendimentos. Ao iniciar o estágio em clínica, o estudante de psicologia depara-se com um grande desafio no seu processo de tornar-se terapeuta: No setting terapêutico há um encontro marcado entre duas pessoas com posições distintas. Há o cliente (que pede ajuda) e o terapeuta (de quem se espera ajuda). Essa condição produz no terapeuta iniciante uma expectativa de acolher a demanda do cliente e atendê-la como forma de ter seu lugar confirmado pelo cliente. Tal contexto torna a relação predominantemente marcada por um foco maior do terapeuta sobre sua ansiedade no retorno do trabalho realizado. Assim, na supervisão, através da versão de sentidos produzida pelos estagiários, o espaço para falar de si e expressar seus sentidos e sentimentos frente ao atendimento favorece o desenvolvimento do terapeuta no olhar que possui de si e possibilita a construção do olhar para o outro como foco e atenção no que acontece na relação que se estabelece. Ao propor uma experiência dialógica, a gestalt-terapia visa um encontro marcado pela aceitação que possibilita a inclusão na experiência do outro sem "a prioris". O que se torna patente nesse processo, é o fazer baseado no que é vivido e descoberto na relação terapêutica, a partir de uma "práxis" na qual o entendimento relacional da subjetividade, está fundamentalmente calcado na alteridade. O encontro existencial, entre eu-mundo, self-outro(s) voltada para a emancipação e crescimento do indivíduo com seus particulares modos de entronização no mundo torna-se então um desafio . Esse desafio inicia-se com a descoberta pelo terapeuta iniciante do significado do “estar com”. Como podemos verificar na versão de sentido de um estagiário:

“Este foi meu primeiro encontro com a cliente. Ela já iniciara seu processo terapêutico no semestre passado, com outra estagiária. Isto me despertou insegurança, temi ser comparada, temi que a cliente não me aceitasse como terapeuta e não retornasse na primeira sessão. Com o decorrer da sessão, a insegurança foi dando lugar a um sentimento de compaixão, como resultado de seu relato de uma vida difícil, com carências de necessidades básicas de alimentação. Fiz um grande esforço para não atuar como assistente social.”

A supervisão nesse contexto consiste em um processo que deve, para além do acompanhamento dos casos e orientação aos terapeutas iniciantes, considerar a produção subjetiva do terapeuta a fim de que os encontros dialógicos não se não se reduzam a “eu-isso”.