MINI-CURSO 17: AMORES ADORMECIDOS E AMORES TRIUNFANTES NA CONTEMPORANEIDADE: O CIÚME NA CLÍNICA GESTÁLTICA
Autora: Lauane Baroncelli Nunes
Vivemos um tempo em que o amor é, ao mesmo tempo, um espaço largo e aberto para a expressão e intimidade emocionais e um desafio a ser resolvido.
Interrogar nossos amores adormecidos – aqueles em que entramos em estado de vertigem diante do espaço aberto e vazio de nossa época – e nossos triunfantes amores, aqueles em que conseguimos usufruir, com criação e liberdade, a partir dessa mesma abertura, é o que pretendemos fazer nesse trabalho.
Neste contexto, buscaremos compreender o ciúme contemporâneo como uma questão que, em certos sentidos, identifica e revela alguns sintomas do cenário cultural em que vivemos.
A Gestalt-terapia, abordagem que concebe o indivíduo como uma função do campo organismo-meio (Perls, 1988) e que, por isso, compreende a relação indicotomizável entre o indivíduo e a sociedade, parece-nos ser uma excelente ferramenta para ajudar a iluminar as interrogações que nos propomos aqui que pretendem conjugar o debate sobre o amor e o ciúme na contemporaneidade com as possibilidades de manejo terapêutico desta experiência na clínica gestáltica.
Para iniciar o debate, faz-se necessário observar que o relacionamento amoroso não é uma experiência atemporal, isolada e imutável no tempo e no espaço como se, o fato de ser um sentimento humano o mantivesse transcendente às interferências culturais e históricas. Como apontamos, acreditamos, com a Gestalt¬terapia, num indivíduo contextualizado. Nesta perspectiva, as concepções, regras e inserção social do relacionamento a dois – e, em seu interior, do ciúme -, vão se manifestar de um modo próprio em cada época e lugar, materializando princípios sempre distintos.
Analisando as especificidades da experiência amorosa no mundo contemporâneo, diversos autores (Giddens, 2003, Vaitsman, 1994 e outros) sublinham que, com o questionamento da divisão sexual do trabalho -marido provedor e esposa dona-de-casa -, começam a se estabelecer as condições para o surgimento de um relacionamento amoroso tal como ele é concebido na contemporaneidade. Nele, dois indivíduos livres e com direitos iguais vão se confrontar com expectativas e projetos pessoais que podem divergir (Vaitsman, 1994), o que potencializa um espaço potencialmente problemático.
Além disso, num tempo em que o antigo 'absolutismo' das regras tradicionais sobre a vida a dois, -materializado nas apriorísticas e predeterminadas fases de namoro, noivado, casamento, sexo, filhos e morte -é questionado, a intimidade amorosa passa a se desenrolar num terreno muito mais desafiador.
Cria-se um cenário propício para o estabelecimento daquilo que Giddens denominou “relação pura” (Giddens, 2002, p. 86). Homens e mulheres são vistos agora em bases iguais e devem, com a maior liberdade possível, escolher com quem irão se envolver amorosamente, bem como decidir pela manutenção ou dissolução do relacionamento. Rompe-se definitivamente com a antiga idéia de relacionamento em que ficava estabelecida sua durabilidade. Ao contrário, uma característica fundamental do relacionamento puro, postulado por Giddens (2002), é que ele pode ser terminado, sem maiores restrições, em qualquer momento e por qualquer um dos parceiros, não importando fundamentalmente se quem toma essa decisão é o homem ou a mulher.
Além disso, se é verdade que, em nosso tempo, ainda se mantêm alguns ideais românticos sobre o amor, começamos a testemunhar diferenciações importantes. No lugar do ideal de ‘amor eterno e insubstituível’, centro irredutível do amor romântico, começam a surgir, a cada dia com mais força, novos modelos familiares e de relacionamento na vida social: casais casados e descasados, famílias adotivas, uniões liberais, uniões homossexuais, entre outros. Ou seja, cada vez mais, também no plano das relações amorosas, o indivíduo contemporâneo vê-se lançado em meio a uma multiplicidade de opções e possibilidades flexíveis e plurais.
Com a diluição progressiva do ideal de amor eterno e insubstituível, exaltado pelo Romantismo, o que vai sendo construído historicamente é um relacionamento amoroso marcado pela fluidez e abertura, metaforizado por Bauman (2004) através da expressão “amor líquido”. Na liquidez da experiência amorosa contemporânea vão se desfazendo, de forma mais ou menos consistente e relativa, valores românticos, como aqueles que definiam a crença de que somente duas únicas pessoas no mundo são capazes de se amar verdadeiramente e apenas uma única vez na vida, o amor passa a ser pensado como uma experiência passível de repetição, mudança e até de dissolução ao longo do tempo. É cada vez mais comum pessoas afirmarem terem tido ‘vários amores’ ao longo da vida e, dificilmente, na contemporaneidade, alguém declara sem hesitação e receio de ser criticado a crença na eternidade do amor que está vivendo no presente (Bauman, 2004).
Com a diluição das obrigações tradicionais que, antes, ajudavam a definir essa experiência, um casal que decide estabelecer um compromisso amoroso na contemporaneidade ingressa, portanto, no campo da escolha, com todos os ganhos e riscos inerentes a esta nova circunstância. Ou seja, praticamente não há mais a possibilidade de se permanecer numa experiência amorosa porque ‘assim se espera e deve ser’. Ao permanecer nela, o casal o faz por ter assim decidido e não mais em decorrência de leis de convivência social que estabelecem uma rota rígida e inabalável de conduta. Na contemporaneidade, portanto, o suporte das relações interpessoais, como um todo, e das relações amorosas, em particular, precisa ser construído na experiência a dois, pelos próprios participantes da relação e não mais em decorrência das experiências sociais recorrentes e coletivas (Giddens, 1991).
Tal situação potencializa um relacionamento amoroso mais autêntico na medida em que este se torna associado à escolha e não mais artificializado nas rígidas ‘ordens’ do constrangimento social. No entanto, sabemos que liberdade e escolha carregam, em seu bojo, a experiência da responsabilidade.
Novas competências são, portanto, exigidas aos amantes que decidem viver num relacionamento amoroso. Ou seja, se na contemporaneidade o amor torna-se uma experiência fracamente condicionada pelas regras da tradição, é necessário que a relação, em si mesma, sustente essa nova circunstância. O casal, longe do antigo (e por vezes entediante) conforto de ir seguindo o 'rio da vida' e da convivência a dois, precisa, agora, num rio de correntezas misturadas e concorrentes, determinar o curso que desejam seguir. Segundo Vaitsman (1985), neste contexto, habilidades emocionais como as concernentes aos domínios do diálogo, da negociação democrática, da expressão de sentimentos, da revelação de si e da capacidade de perceber o outro, dentre outras, passam a entrar definitivamente em questão para a conformação de uma experiência que precisa suportar-se em si própria.
No entanto, como tem sido, em nosso tempo, a possibilidade de desenvolvimento dessas habilidades relacionais? Que espaço tem sido encontrado, na cultura, para triunfarmos na construção do diálogo, da tolerância, da consideração de si e do outro, em uma palavra, do amor? Ou seja: quem são os homens e mulheres que se aventuram a amar na contemporaneidade?
“Em maior ou menor grau o projeto do eu vai assim se traduzindo como a posse de bens desejados e a perseguição de estilos de vida artificialmente criados (...) O consumo de bens sempre renovados torna-se em parte um substituto do desenvolvimento genuíno do eu. A aparência substitui a essência à medida que os signos visíveis do consumo de sucesso passam a superar na realidade os valores de uso dos próprios bens e serviços em questão (Giddens, 2002, p. 23)”.
A posse de bens, a valorização da aparência, dos signos visíveis em detrimento do valor intrínseco das coisas, componentes dos princípios e estratégias do mercado, invadem, sutilmente, e nem por isso de forma pouco significativa, o eu.
Neste cenário, ao decidirmos, ‘adormecidos’, entrar num relacionamento duradouro, corremos o risco de encarnar sem nos darmos conta, valores como competitividade, individualismo e efemeridade.
Miller (1995) descreve como, freqüentemente, os casais contemporâneos reencenam a lógica mercadológica no amor quando, ao invés de estabelecerem um encontro com o outro no qual a afirmação mútua retro-alimente os envolvidos, constroem um padrão baseado na disputa e na competição pelo controle da relação e na prevalência das idéias e desejos de cada um dos envolvidos.
Está então delineado um dos conflitos da relação amorosa contemporânea: sendo internamente referida, precisa sustentar-se em si própria, pautando-se nas condições e habilidades do casal para a construção e manutenção do relacionamento amoroso. Todavia, num contexto em que, de uma forma geral, os indivíduos estão marcados pela perspectiva de uma cultura consumista e seduzidos por signos visuais pré-determinados enquanto esperam resultados imediatos sem muito esforço, o triunfo de uma troca genuína com o outro e a busca da autenticidade de uma relação com os requisitos apontados por Vaitsman (1994) pode representar, de fato, um desafio.
Alguns amores adormecidos de nosso tempo sonham com o ciúme. Sonho tempestivo, agitado, com imagens bizarras e confusas, é, mais, um pesadelo do amor.
Para iniciar nossas reflexões sobre o ciúme segundo o paradigma que sustenta a Gestalt-terapia, devemos considerar, antes de tudo, que não faz qualquer sentido o fechamento de uma teoria sobre esta experiência.
Comumente, as teorias que se debruçam sobre a experiência de ciúme discorrem sobre interpretações possíveis acerca da origem deste sentimento, bem como sobre a descrição de suas manifestações e desenvolvimentos nos indivíduos.
Em Gestalt-terapia, de maneira congruente aos contornos fenomenológicos e existenciais da abordagem, o ciúme, assim como qualquer outro sentimento ou conduta humana, será sempre tomado em sua singularidade. Isso quer dizer que embora mantendo certa regularidade de uma pessoa para a outra – principalmente se estamos tratando de ciúme em suas formas mais estereotipadas, como é o caso aqui – o ciúme será sempre o ciúme de alguém em particular. Mais do que nas regularidades, o gestalt-terapeuta se interessará nas particularidades deste sentimento assim como ele é significado e vivido por cada indivíduo.
Nesta perspectiva, o pensamento gestáltico não se interessa, por exemplo, pela discussão sobre a suposta e não elucidada causa orgânica para o ciúme, como querem sugerir alguns autores organicistas, na medida em que, em Gestalt-terapia, não faz sentido falar em causa biológica, separando este aspecto dos demais aspectos do campo, como os aspectos sociais, culturais e históricos que discutimos até aqui, bem como os aspectos afetivos, individuais, espirituais etc. que se interelacionam e integram de maneira única, dialética e complexa, a vida de cada um de nós.
Nesse sentido, considerar o ciúme em sua singularidade existencial para cada indivíduo não é o mesmo que desconsiderar aspectos como os sociais, culturais e históricos que também constituem esse sentimento. Um erro crasso e às vezes vicioso das abordagens clínicas tem sido menosprezar a existência do caráter holístico da subjetividade do indivíduo, o que buscamos superar na abordagem gestáltica.
O ciúme que trataremos aqui é o chamado ciúme de caráter patológico ou, para utilizar a ótica da Gestalt-terapia, o ciúme de caráter rígido, estereotipada, independente do contexto. Assim, uma circunstância é sentir ciúme quando se sabe que a pessoa amada se interessou por outra pessoa, outra bem diferente é sentir ciúme independentemente de qualquer sinal consistente do outro.
No primeiro caso, o ciúme seria um sentimento que pode ser relacionado, como ouvimos falar, com o medo da perda da pessoa amada. Já no segundo caso, estaria relacionado com uma desconfiança rígida, repetitiva, muitas vezes independente de qualquer motivo detectável. Neste caso, os sinais ou motivos são fantasiados pelo próprio indivíduo de maneira quase desvinculada com a situação, embora estejam totalmente vinculados com as suas necessidades organísmicas e com a forma (estereotipada e repetitiva) pela qual busca, criativamente, atendê-las. Quando se instala a rigidez, começa então a se configurar, na perspectiva gestáltica, a doença.
Ou seja, o indivíduo repete, no presente, um padrão rígido de sentimentos e atitudes não responsivos ao que está acontecendo com ele na situação em questão, mas remetidas a um sentimento de desconfiança rígido e inflexível que se interpõe ao contato com o que está acontecendo no agora.
Na compreensão gestáltica, ao contrário do que descrições caricatas da abordagem sugerem, o passado é, de fato, extremamente relevante. No entanto, a perspectiva causal tão comungada por diversas abordagens clínicas é frontalmente questionada pela Gestalt-terapia.
Cavalcante (1994), a partir do olhar da psiquiatria clássica por exemplo, argumenta que o passado dos ciumentos pode explicar o presente dos mesmos, ou seja, que a desconfiança atual dos ciumentos pode ser explicada por aspectos da história individual desse indivíduo. Esse autor faz uma correlação, comum nas discussões sobre ciúme, associando o fato de uma pessoa não ter sido desejada /amada pelos pais no passado com a existência de vínculos permeados pela insegurança e ciúme no presente. Gestálticamente, além de considerarmos tal associação reducionista e demasiadamente generalizante, nos preocuparíamos em entender não somente o ‘porquê’ da pessoa ter se tornando ciumenta, mas principalmente, o 'como' isso acontece e se mantém no presente.
Aqui, podemos lembrar de Sartre e da filosofia existencialista – fortes referências do pensamento gestáltico na Gestalt-terapia – que argumentava não importar o que nos aconteceu, mas, sim, o que nós fizemos, acrescentamos e o que continuamos fazendo com o que nos aconteceu. Como analisa Spangemberg (2007), a forma pela qual o cliente se ajusta, na atualidade de sua existência, em relação àquilo que lhe aconteceu no passado, ou seja, a maneira pela qual ele re¬age hoje, se possibilitando ou impedindo de flexibilizar a ‘forma’ estereotipada que desenvolveu para lidar com o mundo, é o que precisará ser focalizado no trabalho terapêutico.
Uma cliente pode, por exemplo, se manter na insegurança enfraquecendo suas funções de contato7 de tal forma que não mais vê, não mais ouve, não mais se comunica com o outro. No lugar de um uso produtivo e efetivo de sua possibilidade de ‘estar presente’ para que possa efetivamente se relacionar com o outro na atualidade, se mantém fiel a fantasias de abandono, desqualificação e desamor como as que vivenciou no passado, numa tentativa tortuosa de se ajustar consigo mesma por meio da repetição de experiências difíceis que tenta elaborar ‘fora do tempo’ em que se deram.
7 - As experiências de contato do indivíduo com o mundo centram-se ao redor dos sentidos por meio de diversos modos básicos de contato, nomeados funções de contato: olhar, ouvir, tocar, falar, mover-se, cheirar e provar (Polster & Polster, 2001).
Neste caso, o processo terapêutico poderá buscar, ao invés
das causas do sentimento de insegurança do cliente, o trabalho com as
próprias funções de contato que, permanecendo obstruídas
no presente, mantêm o cliente no padrão neurótico.
Assim, a relação que o cliente estabelece com o próprio terapeuta e a maneira como atua no mundo, pode oferecer recursos valiosos ao processo terapêutico que considera não só lembranças e histórias, mas a ‘forma’, o ‘como’ o cliente se re-atualiza a cada momento. Tais dados, oriundos do processo do cliente que se ajusta criativamente por meio de uma conduta ciumenta, podem, por vezes, se tornar mais úteis e esclarecedores do que dados e conseqüentes intervenções focalizadas no conteúdo trazido para as sessões.
Segundo a compreensão gestáltica, analisar com o cliente que experimenta ciúme se ele é assim por que no passado se sentiu pouco amado pelos pais, será pouco produtivo. Na verdade, a maioria dos clientes já chega com essas explicações sobre si mesmo prontas e embrulhadas para presentear o terapeuta. Ao receber o ‘presente’, este poderá ficar seduzido com um rol de explicações e razões complexas para o comportamento atual do cliente, ajudando a ampliar ainda mais este rol, ou então, partirá, do 'porquê' – que é somente uma parte do problema – ao 'como', hoje, o cliente mantém suas aflições e sofrimentos antigos.
Neste sentido, um grande equívoco que o terapeuta poderia cometer no trabalho clínico sobre o ciúme seria discutir, com o cliente, sobre suas convicções ciumentas, buscando trazer 'dados de realidade' ou oferecer saídas para suas dúvidas.
Vale sublinhar, porém, que se o teapeuta está atento apenas ao conteúdo trazido pelo cliente, ficará extremamente tentado a ‘cair’ na tradicional armadilha de intervir com o objetivo de ‘destruir’ o sintoma, buscando trazer ‘coerência’ e ‘racionalidade’ para os dados tão confusos e por vezes delirantes da história do cliente.
Tal postura evidencia pouca clareza da tarefa terapêutica segundo o paradigma gestáltico, pois, ao tentarmos dissuadir o ciumento de suas fantasias, perdemos o contato com aquilo que o cliente é e pode ser agora e, na seqüência, a própria capacidade de compreensão da mensagem existencial de seu comportamento de ciúme.
Segundo
Ciornai (1995):
“O indivíduo então, através dos múltiplos
e variados contatos que vivencia , cresce e se desenvolve , idealmente assimilando
o que o enriquece e nutre e alienando de si o que lhe é tóxico
, respondendo às requisições , exigências e convites
do meio num contínuo processo de ajustamento criativo (...) Evidentemente
que os processos de ajustamento criativo nem sempre levam a processos de crescimento
saudáveis . Às vezes as pressões e cargas negativas do
meio são tão fortes que a pessoa desenvolve defesas que terminam
por limitá¬la em sua existência . Estas defesas no entanto
devem ser vistas como a melhor resposta que a pessoa pôde criar no momento
e situação específica em que se encontrava . A limitação
em questão não reside no tipo de defesas criadas, mas no fato
de que freqüentemente o indivíduo automaticamente as perpetua ,
sem dar-se conta que delas não mais necessita ,ou que conta hoje com
outros recursos que os de então para proteger-se (ou, com a possibilidade
de criá-los)” (p.1) .
Nesta ótica, qualquer sintoma é, para a Gestalt-terapia, uma construção criativa do indivíduo dentro de seus recursos e possibilidades. Com isso, como observa Hycner (1985), a Gestalt-terapia rompe com a idéia clássica que permeia grande parte das abordagem da Psicologia clínica de que os problemas ou sintomas existem para serem eliminados. De fato, em Gestalt-terapia, além do fato de que não pretendemos destruir problemas e sintomas, acreditamos que o problema contém uma mensagem importante que deve ser ouvida como ouviríamos um sábio que pudesse nos mostrar o melhor caminho a seguir naquele momento de nossas existências. Nesta ótica, convencer o ciumento de do caráter delirante de suas desconfianças, só servirá para alienar, ainda mais, o cliente de sua própria sabedoria organísmica.
Além disso, o cliente sabe que, provavelmente, suas desconfianças são fantasiosas e, mesmo sabendo disso, não consegue se eximir de senti-las. Deste modo, diante da busca racional do terapeuta que questiona a validade lógica de suas fantasias, o cliente, muito possivelmente, poderá consentir e concordar que, afinal, ‘tudo não deve passar de bobagem’. No entanto, é possível que no próximo instante, o cliente volte a falar de sua desconfiança como um fato inquestionável, desfiando para ‘seu mestre’ todos os argumentos que provam o contrário do que o bom senso do terapeuta quer lhe sugerir. Outra possibilidade, talvez mais grave, é a de que o cliente, ‘engolindo’ a explicação do terapeuta, alimente seu pólo ‘dominador’ que, segundo Perls (1976) é o pólo autoritário da personalidade que pune e tortura para que o indivíduo mude. Com isso, o pólo ‘dominado’ -que, ainda segundo o autor, é aquele que finge concordar com as ordens dominadoras enquanto adia a mudança -, ganhará nova força, numa tentativa de manutenção da integridade organísmica ameaçada. Conseqüentemente, se o objetivo do terapeuta era destruir o sintoma, o efeito de sua ação neste sentido é ‘dividir’ ainda mais o cliente em dois pólos que, enquanto lutam, alimentam o sintoma e a paralisia neurótica do indivíduo.
Como analisa Spangemberg (2007), ao mesmo tempo em que o cliente afirma querer mudar o mais rapidamente possível, o que neste caso representaria 'deixar de ser ciumento', luta bravamente consigo mesmo para manter-se exatamente como está. Por estranho que pareça, as ruminações especulativas que confirmam os motivos de sua desconfiança, por maior angústia que lhe causem, representam, para essa pessoa, uma fundamental base de sustentação psicológica. Tal base, construída de acordo com os recursos e possibilidades que conseguem utilizar nesse momento de suas vidas, é o chão que pisa para continuarem sendo quem são. Sem essa sustentação, seu chão fica vulnerável e ameaça ruir, solicitando respostas organísmicas no sentido de reforçar ainda mais as defesas e a manutenção do equilíbrio ameaçado.
A Teoria Paradoxal da Mudança (Beisser, 1980) vem, então, nesse momento, apontar saídas mais realistas e respeitosas para o trabalho com este cliente do que a mera tentativa de consertá-lo para que ele seja outra coisa que não o que ele é e pode ser, agora. Segundo essa teoria, fundante do trabalho clínico em Gestalt¬terapia, nosso esforço não é no sentido da mudança, mas no sentido da aceitação do que é, agora. Com isso, procuramos focalizar e, se possível, ressaltar – como numa lente de aumento – o que é, agora, solicitando ao cliente que adote uma postura fenomenológica consigo mesmo que possibilite incrementar seu contato com o que está fazendo agora.
Essa atualidade, ou seja, aquilo que o cliente é e pode ser hoje, estará, como mencionamos anteriormente, materializada na própria relação deste cliente com o terapeuta, e é na relação que o terapeuta gestáltico buscará investir terapeuticamente.
Como afirma Fonseca (1994): “Não se trata, pois, para o terapeuta, de centrar-se na consciência do cliente, em incrementá-la, potencializá-la, etc. Isto é impossível para ele, terapeuta, e é efetivamente, questão, e parte, do próprio cliente, no curso do processo terapêutico. Compete ao terapeuta atualizar a sua participação na particularidade desta correlação, neste encontro particular e único com o cliente, plenificando a intensidade original de sua presença, nos níveis tanto institucional, como pessoal, e na articulação própria deles (p.18)”.
Sendo assim, a relação terapeuta-cliente, vista como palco de reencenação da ‘forma’ encontrada pelo cliente para se relacionar com o mundo poderá, desde que esteja a serviço da tarefa terapêutica, tornar-se um palco vivo de produtiva re¬edição e, na seqüência. de re-significação do enredo sempre repetido. Assim, podemos afirmar que, para o cliente que sofre com a experiência de ciúme, é exatamente numa relação dialógica bem estabelecida que o adormecido amor deste cliente poderá finalmente acordar para uma vida com mais liberdade e contato.
Além disso, ao invés do que buscar 'porquês', ou tentar discutir 'saídas' e interpretações com o cliente, o terapeuta ganhará mais ao buscar investir, por meio do diálogo com esse cliente, no sentido de suas fantasias. Assim, ficando com o que se é, podemos começar a interrogar o sentido – ou o 'para que serve' – daquilo que é. Cada cliente irá então, de acordo com as vicissitudes da própria experiência, desvelar seus próprios sentidos. A fantasia pode servir, talvez, para confirmarem ou desconfirmar o enredo de uma vida onde nunca se foi amada? Para tentar manter o controle absoluto sobre o outro e se esquivar do medo do abandono? Para se distrair de seus próprios desejos de trair? Para projetar um sentimento tão vulnerabilizante e difícil de entrar em contato como o de menos-valia?
Ao aceitar-se exatamente como é, começará a descobrir 'como se mantém assim', e, ainda, o próprio sentido de suas atitudes ciumentas. Com isso, pode então começar a escolher encontrar saídas para suas dores por caminhos mais diretos e responsáveis.
Analisando agora as possíveis estratégias de distorção do contato vividas no ciúme, observamos que a confluência é um mecanismo de distorção do contato8 bastante recorrente na experiência de casais enredados no sentimento de ciúme.
8 - Os mecanismos de distorção de contato são formas criativas encontradas pelo organismo na tentativa de ajustar-se a situações consideradas hostis.
Segundo
Perls (1988):
“A pessoa em quem a confluência é um estado patológico,
não
pode discriminar entre o que ela é e o que as outras pessoas são.
Não sabe onde ele termina e começam os outros. Como não se dá conta da barreira entre ele e os outros, não pode entrar em bom contato com eles. Nem pode evitar envolver-se com eles. De fato, não pode sequer fazer contato consigo mesmo” (p. 52).
Com freqüência, o cliente enredado no sentimento de ciúme terceiriza sua vida a ‘um outro’, tornado-se inteiramente dependente de modo a não distinguir mais o que é seu e o que é dele. Seu suporte é diluído no mundo. Na terapia, portanto, ‘o outro‘ terá mais espaço que o próprio cliente, ou melhor, seu espaço e o do outro serão mesclados numa confluência típica.
Nesse sentido, o caminho da terapia é delicado e desafiante: o de ajudar esse cliente a reencontrar-se com seus sentimentos vulnerabilizantes, a recriar um contorno próprio, e, com isso, ter mais recursos para se apoiar melhor em si mesmo.
Na lógica confluente, é possível que o parceiro seja tomado como um objeto para posse, controle e uso exclusivistas. Com isso, numa relação onde as fronteiras de cada parceiro tornam-se pouco discriminadas, a troca genuína, na qual, necessariamente, o parceiro precisa ser considerado em sua diferença e liberdade, torna-se impraticável.
Ao invés disto, reproduzindo a lógica contemporânea do consumo no caminho da coisificação mercadológica dos indivíduos, a cada insatisfação (como quando, por exemplo, o parceiro retorna mais tarde do trabalho), o 'consumidor' tem, por direito exigir, sem tolerância, tempo de espera e espaço para argumentos, total ressarcimento, desculpas e garantias.
Neste contexto, a por vezes flagrante falta de sentido existencial do indivíduo, impele o indivíduo a tornar-se parasitariamente misturado à vida do outro. Nestas condições, a relação a dois marcada pela experiência de ciúme acaba se assemelhando mais a uma guerra em que cada um luta em lados opostos por seus próprios interesses, do que uma experiência capaz de ser adjetivada com o desgastado termo, 'amor'.
Neste caso, se o interesse daquele que sente ciúmes pode ser manter o outro sob o jugo do contrato confluente, sem perdões para injustificáveis momentos e movimentos solitários -que se tornam munição certeira para mais ciúme e exigências escravizantes – aquele que é alvo do ciúme, pode, num movimento de contra-ataque e defesa, posicionar-se no lado oposto da luta pela própria individualidade, independência e discriminação de si, sendo possível, ainda, que chegue a investir na manutenção de comportamentos que provocam o ciúme do outro. Neste caso, longe de 'uma vida em comum', seus interesses são opostos: se um lado vence, o outro sai derrotado, o que torna impossível, a não ser num movimento de fusão que anularia de modo irremediável a diferença, vencerem juntos.
Branden (1980) focaliza um aspecto essencial, ao dizer que a expressão honesta dos sentimentos envolvidos – primeiro para si e depois para o outro – poderia ser uma saída mais produtiva ás inúmeras acusações do ciumento ao parceiro. Ou seja, quando paramos de falar do ciúme para passar a falar mais profundamente de nossa ansiedade, nossas fantasias de abandono, e assim por diante, nossa dor se torna menos intensa e talvez, até desapareça por completo. Fomos no ponto. Agora nos expressamos e o outro pode nos acolher bem melhor do que quando se sente acusado, o que gera o impulso de auto-defesa e de dissuadir o outro de suas fantasias ou, mais adiante, no limite, de contra-ataque.
A projeção é outro mecanismo de evitação de contato comumente ‘acionado’ pelo indivíduo que experimenta ciúmes. Na projeção, segundo Perls (1988), a pessoa faz hipóteses baseadas em suas próprias fantasias, mas não consegue reconhecê-las apenas como hipóteses. Também se recusa a admitir que tais suposições originam-se nele mesmo. Ao invés disso, dá-lhes uma existência objetiva fora de si de modo a responsabilizar os outros por seus próprios problemas.
Por meio da projeção, o “meu ciúme” torna-se facilmente, e de forma indiscriminada, “o ciúme” que é provocado pelo outro, o que exime o indivíduo de responsabilidade enquanto o aliena de sua potência. Neste caso, ao invés de apropriar-se de sua própria insegurança e susceptibilidade, o indivíduo passa a projetar tais sentimentos no outro que, supostamente, ‘o deixa inseguro e suscetível’. Neste processo, ao mesmo tempo em que ‘se livra’, criativamente, de seu doloroso contato com os próprios sentimentos de desqualificação e menos-valia, passa a posicionar-se como vítima inerte de ações sempre localizadas fora de si mesmo.
O ciumento pode projetar, ainda, os próprios impulsos de traição com os quais não consegue lidar. Assim, ao afirmar suas desconfianças sobre a infidelidade do outro mascara o próprio desejo não elaborado de trair.
Um estilo introjetivo de fazer contato com o mundo também pode estar presente.
Nas palavras
de Perls (1988):
“Os conceitos, fatos, padrões de comportamento, a moral, os valores
éticos, estéticos ou políticos – todos nos chegam,
originariamente, do mundo externo. (...) Estas devem ser digeridas e dominadas,
se quiserem se tornar nossas de verdade, realmente uma parte da personalidade.
Mas se simplesmente a aceitamos completamente e sem crítica, baseados
na palavra de outra pessoa, ou porque estão na moda, ou são de
confiança, ou tradicionais ou antiquadas ou revolucionárias –
torna-se um peso para nós (p. 47)”.
Assumindo este padrão, o ciumento pode introjetar algumas 'verdades' contemporâneas, tais como: 'todos os homens/mulheres são iguais”; “hoje em dia todos traem”; 'homem/mulher não presta” etc., tomando-as como enunciações inquestionáveis que são ‘engolidas’ sem sofrerem a digestão necessária para a possível assimilação. Neste sentido, tais enunciações, passivamente introjetadas, tranformam-se em verdadeiros ‘conteúdos alienígenas’ que se instalam na subjetividade dificultando o contato com situações reais. Com isso, onde há novidade e surpresa, o indivíduo verá as velhas e culturalmente propagadas verdades, alimentando, neuroticamente, as suas certezas ciumentas.
Num cenário cultural em que a fidelidade é apenas uma opção, uma possibilidade dentre outras e que, na verdade, somos constantemente assaltados por discursos da mídia que anunciam: 'traiam porque serão traídos', 'especialistas afirmam que a maioria das pessoas trai', 'saibam o que leva as mulheres a traírem seus parceiros' dentre outros slogans, podemos imaginar o que pode acontecer com estes clientes que possuem um estilo introjetivo de relacionar-se com o mundo: a absorção inassimilada de valores contemporâneos que reforçam suas desconfianças e expectativas de traição.
Além disso, na lógica da cultura consumista que governa as relações sociais de nosso tempo, a valorização da estética aparece como signo privilegiado da cultura na contemporaneidade, sendo propagada de forma penetrante via mídia e outros dispositivos dos meios de comunicação em massa. A aparência estética, conformada dentro dos modelos padronizados e pré-estabelecidos pelo mercado, passa então a repercutir, não raro, nas problemáticas amorosas através de um culto à imagem que se sobrepõe aos critérios espirituais e morais que também legitimam o desejo (Lázaro, 1996). Tais virtudes da beleza em padrões massivos podem ser passivamente captadas e reproduzidas pelo ciumento que possui um estilo introjetivo de contato com o mundo, de modo que, na busca insaciável – e provavelmente inatingível -para atingir tais padrões, acabam mitigando a sua já frágil auto-estima.
Deste modo, ao introjetarem os princípios e valores de mercado onde o 'parecer' se sobrepõe ao ser, o ciumento freqüentemente se mantém em estado de eterno alerta, comparando-se com outros supostamente mais interessantes, mais atualizados, mais de acordo com a moda, numa ditadura da visão – o ciumento vê a mulher que passa despercebidamente até para seu parceiro – que impede a visão mais atualizada com o que realmente está acontecendo no campo.
A proflexão é, também, em alguns casos, um mecanismo útil para a auto-regulação do cliente que sente ciúmes. Segundo Ginger & Ginger (1995), esta seria uma espécie de combinação de projeção com retroflexão: fazer ao outro o que gostaríamos que o outro nos fizesse. Pode ser então que o ciumento adote o papel daquele que ‘tudo faz pelo parceiro’, doando-se inteiramente a ele e à sua família, enquanto espera receber elogios, confirmações, e a mesma dedicação em retorno. No entanto, esse parece ser um pedido demasiadamente indireto e estereotipado para ser atendido. Além disso, tais atitudes dicotomizam os papéis de dar e receber: o outro recebe, e o cliente, dá. Com isso, não será, obviamente, não será atendido em seus desejos de receber atenção e afeto, e a insegurança toma a cena.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na neurose, e o indivíduo ciumento ilustra este padrão, busca-se apoio ambiental no lugar de contar com o próprio potencial alienado ou inibido (Perls, 1988).
O indivíduo que possui comportamento de ciúme, de maneira explícita, e às vezes até diretamente verbalizada, busca seu próprio apoio fora de si mesmo. Para tanto, quer saber onde seu parceiro está, como está, com quem, torna-se confluente e dependente dele – ‘aonde você vai vou também’, ‘o que fizer eu faço’ -. Neste sentido, exatamente quando o apoio ambiental falha, não acontecendo como ele espera, que surge o impasse.
Desta forma, a clínica do ciúme em Gestalt-terapia, tem como centro o próprio desafio do crescimento: o auto-suporte.
Neste processo, os clientes chegarão com vívidas figuras9 de suas discussões, brigas e argumentos enciumados. O fundo, negligenciado, abandonado, de seus medos, de suas inseguranças primitivas, de seu autodesamor e de sua introjeção acrítica de valores de nosso tempo, dentre outras questões é, no entanto, o cenário que dá sentido a estas figuras. Chegando ao todo da figura e do fundo de suas questões, o campo perceptivo do cliente pode então se reorganizar de modo que o que era fundo se torna figura e, a partir deste contorno mais claro, suas figuras de ciúme ganham mais nitidez e, assim, finalmente, pode começar a trabalhar com elas.
9 - “Sempre que nossa atenção se volta para algo – bisca uma figura – esta busca sempre se realizará sobre um fundo” (Rodrigues, p. 112).
Vale insistir, mais uma vez, que o fundamental é não tentarmos livrar o cliente do ciúme. Em Gestalt-terapia, a verdade é aquilo que liberta, então vamos aceitar e permanecer em contato com as tortuosas ‘verdades’ de cada cliente que nos procura. Com Alejandro (2007), acreditamos que, assim como a casca do ovo de um filhote deve se quebrar no momento certo, nem antes, quando não estaria preparado para enfrentar a vida, nem depois, pois morreria sufocado nesta casca, o cliente mostrará seu próprio ritmo.
O ciumento é freqüentemente caracterizado como aquele que deu costas à razão. Se não dermos às costas junto com ele, e insistirmos em ajudá-lo a recuperar a razão perdida, perderemos a chance de acompanhá-lo em direção ao novo.
Nos adormecimentos do amor contemporâneo, um dos pesadelos é o do ciúme com sua eterna expectativa de ser traído. No entanto, muitos outros pesadelos invadem a vida a dois quando esperamos acordar com o beijo do príncipe ou da princesa, projetando a nossa própria potência fora de nós. Para além dos contos, precisamos, em nosso tempo, triunfar sobre as questões que adormecem o amor. Com isso, sem estar aqui, sem ser-no-mundo para além da aparência e da necessidade contemporânea de satisfação sem esforço e entrega, corremos o risco de não reconhecermos o príncipe que de repente nos aparece, ou então, de mantê¬los num reino afastado, bem distante de nós.
Os triunfantes amores na contemporaneidade também existem. Existem na mesma medida em que podem triunfar as individualidades envolvidas, de maneira que possam responder pelos desafios do encontro consigo mesmo e, depois disso, com o outro, e que possam então gerenciar a aberta condição da experiência amorosa em nossos dias.
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