A CLÍNICA GESTÁLTICA DA AFLIÇÃO E OS AJUSTAMENTOS ÉTICO-POLÍTICOS

Müller-Granzotto, M. J. & R. L.


Resumo

Consiste este artigo numa tentativa de compreender, à luz da teoria do self formulada por Perls, Hefferline e Goodman (PHG), a falência social das experiências de contato em que os dados de realidade tornam-se inacessíveis ao agente do contato, precisamente, a função de ego encarnada por determinada personalidade. PHG denominam de “misery” (aflição) o estado de falência social de uma experiência de contato. Nessas situações, o sistema-self perde sua espontaneidade e a função personalidade acaba sendo destruída, tal como ocorre no luto, nos acidentes, no adoecimento somático, na crise reativa, no surto psicótico e na exclusão social. Conforme nosso entendimento, nessas situações, o sistema-self não deixa de funcionar. Não obstante a aflição na qual se encontra, ele produz um ajustamento criador, por nós denominando de ajustamento ético-político.

Palavras-chave: aflição sofrimento ético-político ajustamento ético-político personalidade


Introdução

O sentido ético-político da função personalidade para a Gestalt-terapia

A experiência do contato sempre envolve, conforme podemos ler na obra Gestalt-terapia (PHG, 1951, p. 48), três elementos principais: a preocupação atual (que inclui nossas necessidades fisiológicas e as demandas sociais formuladas na linguagem), os excitamentos (que retornam de um fundo de hábitos assimilados) e as soluções vindouras (que mais não são que nossos desejos formulados a partir da expectativa de nossos semelhantes). E é na forma da ação criadora que esses três elementos são enovelados como um só fenômeno de campo: “(c)ontato é ‘achar e fazer’ a solução vindoura. A preocupação é sentida por um problema atual, e o excitamento cresce em direção à solução vindoura mas ainda desconhecida” (PHG, 1951, p. 48). Qual o “resultado” dessa experiência? Cometeríamos um equívoco se pensássemos que a experiência do contato implica apenas um tipo de resultado. Afinal, os elementos antes mencionados descortinam nela três dimensões diferentes. Os excitamentos são “assimilados” como forma impessoal, resíduo que escapa ao nosso saber, às nossas tentativas de elaboração intelectual (awareness reflexiva), permanecendo como fundo de hábitos motores e linguageiros impossível de ser significado: passado operativo. Os desejos são “produzidos” como aquilo que empurramos à frente, qual horizonte, domínio presuntivo do que queremos ser ou alcançar junto às expectativas de nossos semelhantes: futuro de possibilidades. Mas as expectativas dos semelhantes, as demandas sociais, as nossas necessidades atuais: elas implicam algum tipo de resultado? Sim. E eis aqui a base daquilo que constitui, segundo PHG (1951, p. 277), nossa função personalidade: um dos mais importantes resultados do “contato social criativo é a formação da personalidade: as identificações de grupo e as atitudes retóricas e morais viáveis”.

A função personalidade não é aqui uma espécie de síntese entre o que retorna como excitamento (awareness sensorial) e o que surge como horizonte de possibilidades ou, simplesmente, desejo (awareness deliberada). Ela é, sim, uma terceira dimensão de nossa existência, na qual, em grande parte das vezes, alienamos a angústia advinda do fato de nunca conseguirmos fazer coincidir, nas experiências de contato, o passado e o futuro ou, o que é a mesma coisa, os excitamentos e os desejos. A personalidade é o sistema de pensamentos, valores e instituições às quais recorremos no intuito de lograrmos uma identidade, um “ser social”. Assim compreendida, a função personalidade é uma espécie de Grande Outro Social que experimentamos junto aos grupos que integramos, aos valores que assumimos e aos expedientes lingüísticos de que nos servimos como “réplica verbal” de nossas vivências de campo (PHG, 1951, p. 188). Junto a esse Grande Outro, sentimo-nos amparados, inteiros, reconhecidos e, ao mesmo tempo, incumbidos de responsabilidade. O amor-próprio, o reconhecimento de nosso valor para nós mesmos e para alguém é sempre uma vivência da função personalidade, é sempre um tipo de prazer/desprazer que alcançamos em decorrência de nossa participação na vida desse Grande Outro Social no qual nos espelhamos. O lugar – ou éthos - que ocupamos ante os olhares desse Grande Outro, bem como as relações sociais – e, nesse sentido, políticas – que estabelecemos com os semelhantes que encarnam o Grande Outro são dimensões da função personalidade. O que nos permite concluir, a partir de PHG, que é apenas nos termos da função personalidade que a experiência do contato adquire um sentido ético-político. Afinal, conforme PHG (1951, p. 187), a função personalidade é “o sistema de atitudes adotadas nas relações interpessoais; é a admissão do que somos, que serve de fundamento pelo qual poderíamos explicar nosso comportamento, se nos pedissem uma explicação”.

Ora, conforme sabemos, as experiências de contato podem malograr. Tal significa dizer: uma determinada produção pode não acontecer. Os excitamentos, por exemplo, podem não ser assimilados (como no caso dos autismos e das esquizofrenias) ou, ainda, irromper de maneira desarticulada (como no caso das paranóias e dos comportamentos maníaco-depressivos). A inibição sistemática de um fundo de excitamentos, a sua vez, pode inviabilizar ações criativas em direção a um horizonte de futuro (tal como ocorre nos comportamentos neuróticos). Da mesma forma, pode ocorrer de as experiências de contato não resultarem como função personalidade, o que significa dizer, como identidade social a um grupo, a um valor ou a uma conduta. É nesse momento, então, que vamos nos deparar com uma situação para a qual a Gestalt-terapia brasileira cada vez mais tem voltado seus olhos, precisamente, o sentimento de aflição decorrente do fato de não encontrarmos um lugar ético em que possamos estabelecer relações políticas. Pensemos no que sentem as pessoas vítimas da violência gratuita praticada nos grandes centros urbanos; no que sentem aquelas que foram excluídas da cadeia produtiva ou que tiveram de se submeter a um regime paralelo de produção na condição de escravos. Pensemos ainda no sentimento de quem foi atingido por uma tragédia natural, ou acometido de uma doença. Ou, talvez, como não se sentem pessoas excluídas das relações sociais por conta de preconceitos e conflitos ideológicos. O que se passa com quem foi identificado a representações sociais indesejáveis, como a loucura, a diferença, a minoria, a marginalidade?

PHG tem uma expressão que pode nos ajudar a pensar esses sentimentos. Trata-se do significante “misery”, traduzido ao português como aflição, mas que propomos tomar como estado de sofrimento ético-político. Nas palavras de PHG: “(c)omo distúrbio da função de self, a neurose encontra-se a meio caminho entre o distúrbio do self espontâneo, que é a aflição, e o distúrbio das funções de id, que é a psicose” (PHG, 1951, p. 235). Ora, o que aqui se passa? Ante a impossibilidade de vivermos relações ético-políticas, o que acontece conosco, o que acontece com o sistema self no qual estamos inseridos? Podemos, nessa condição, produzir ajustamentos criativos? É o que pretendemos discutir no presente artigo, tendo como base nossa trajetória de intervenção no campo do sofrimento ético-político e os rudimentos teóricos fornecidos pela teoria do self.

Sofrimento ético-político e ajustamento ético-político

Apesar de mencionarem o sofrimento ético-político (misery) como uma dentre as formas malogradas do sistema self, PHG não aprofundaram a descrição deste “quadro”, menos ainda se ocuparam de descrevê-lo em um contexto clínico. Disseram apenas se tratar de uma falha no funcionamento espontâneo do sistema self, o que significa dizer, de uma falha na experiência de contato, cuja conseqüência é a não produção de uma função personalidade. Mas tal não quer dizer que o sistema-self tenha deixado de funcionar. Conforme admitiram para o caso da interdição da função de ego por uma inibição reprimida, qual seja tal admissão, que o sistema self ainda assim é capaz de produzir ações criativas, às quais chamaram de neurose (e que preferimos denominar de ajustamentos de evitação); tal como nós mesmos fizemos em relação àquilo que PHG chamaram de comprometimento da função id, a saber, que apesar de tal comprometimento o sistema self é capaz de produzir ajustamentos psicóticos (ou de busca); dessa vez, arriscamo-nos a dizer que, em se tratando do comprometimento da função personalidade, o sistema self segue criando. A criação, agora, não implica a produção de um laço amoroso/odioso com alguém que deve fazer algo “por nós”, como nos ajustamentos de evitação. Tampouco se trata de uma construção voltada exclusivamente para o fundo de excitamentos, não importando o horizonte de desejo descortinado na mediação das demandas do Grande Outro, como no caso dos ajustamentos psicóticos (de busca). A criação, em situações em que se pode verificar sofrimento ético-político, tem relação com a solidariedade, com os pedidos genuínos de inclusão, na forma da qual efetivamente atribuímos e reconhecemos o poder do semelhante para nos ajudar.

De fato, não é preciso ir muito longe para encontrarmos, em nosso cotidiano, situações que ilustram o que PHG estão chamando de sofrimento ético-político (misery). Os múltiplos conflitos sociais (econômicos, políticos, étnicos, religiosos...), os acidentes e adoecimentos em geral configuram situações de tensão, que aqui estamos chamando de sofrimento ético-político. Mas é importante não confundirmos o sofrimento ético-político propriamente dito com os fenômenos que o possam desencadear. Não obstante se tratar de algo diretamente relacionado à maneira como os estados da natureza e as múltiplas formas de poder viabilizam ou não a autonomia de uma função de ego para viver uma experiência de contato que culmine na produção de uma personalidade, o sofrimento ético-político é tão-somente a vivência da impossibilidade da identificação à determinada personalidade. Isso significa dizer que, em decorrência de uma privação natural ou de um conflito social, nossa função de ego não consegue encontrar dados de realidade (aos quais também chamamos de Grande Outro Social), por meio dos quais possa, por um lado, abrir uma dimensão de desejo a partir das possibilidades oferecidas por tais dados e, por outro, alienar-se nessas possibilidades, de sorte a alcançar uma imagem unificada da própria experiência de contato; imagem essa à qual denominamos de nossa personalidade. De onde se segue que o sofrimento ético-político é antes um efeito dos acidentes naturais e dos conflitos sociológicos e sua característica fundamental tem relação com o fato de a função de ego sentir-se privada dos dados sociais concretos em que pudesse fruir de determinada identificação. Por conta de uma limitação do meio – que assim se furta à livre ação da função de ego – sentimo-nos impedidos de encontrar dados de realidade ou, o que é a mesma coisa, laços sociais (instituições, valores, identidades ou valores), na mediação dos quais conseguíssemos viver o contato. Dizendo de outro modo: apesar de dispormos de um fundo de excitamentos (função id), a falta de dados (de uma realidade material e sociolingüística) impede o sistema self de agir, de desempenhar a função de ego. Conseqüentemente, o sistema não apenas deixa de estabelecer o contato entre sua dimensão passada (excitamentos) e sua dimensão futura (expectativas, desejos), como também se vê impedido de assumir um valor ou identidade objetiva no presente. A função personalidade, portanto, não se desenvolve e o processo self sofre em decorrência de não poder assumir uma identidade objetiva.

Nos contextos em que há sofrimento ético-político (privação de dados ou, o que é mesma coisa, privação de contexto material e sociolingüístico), a função de ego opera um tipo de ajustamento criativo, que chamaremos de “ético-político”. Nele, a função de ego faz da ausência de dados (da exclusão social ou da privação natural) um “pedido de socorro”. Dessa forma, ao mesmo tempo em que aliena seu poder de deliberação em favor do meio, dá ao meio o status objetivo de alteridade. Por outras palavras: o pedido de socorro faz do meio um “ego auxiliar”. O Grande Outro Social deixa de ser um demandante ou um arcabouço de possibilidades para se tornar um “semelhante”. Funda-se, assim, a experiência da ajuda desinteressada e um tipo especial de identificação personalista que é a solidariedade. À gratuidade do Grande Outro como semelhante, a função de ego responde com gratidão e a função personalidade, assim, alcança um patamar propriamente humano.

Mas é preciso atenção aqui. O Grande Outro enquanto “semelhante” não é, como nos ajustamentos neuróticos, a personalidade a quem nós manipulamos de sorte a ela se sentir responsável por nossa ansiedade (excitamento inibido). Tampouco é alguém a quem desejamos destruir (como nos ajustamentos anti-sociais) ou a quem tornamos representantes de nossos próprios excitamentos (como no caso dos ajustamentos de busca). Ao contrário, “o semelhante” é a personalidade em quem reconhecemos uma genuína capacidade de ajuda solidária, que favoreça nossa inclusão. Isso quer dizer: nos ajustamentos aflitivos, o semelhante não é responsabilizado por nosso “sofrimento”, alvejado por deliberações anti-sociais ou restringido à condição de instrumento. Ele é convocado a ajudar-nos, apoiar-nos; o que significa dizer que ele é simultaneamente reconhecido na condição de “ego fazedor”. Em vez de manipulação, destruição ou uso há, sim, autorização do semelhante. Supomos que ele (o semelhante) saiba como nos ajudar a lidar com isso que para nós é impossível naquele momento: a inclusão em determinado contexto social, que pode ser desde um horário para consulta a uma vaga de internação em um hospital.

O ajustamento ético-político, portanto, é um pedido de reconhecimento, mas um pedido especial, uma vez que ele parte de alguém que não consegue mais se identificar à realidade natural e social em que se encontra. Não há um pedido de reconhecimento específico voltado para esta ou aquela identidade. O sofredor não sabe sequer o que lhe falta. Seu pedido é para que ele possa voltar a pedir. Trata-se de um ajustamento cuja meta é encontrar “suporte” para que se possa voltar a criar, para que os ajustamentos criadores voltem a acontecer, sejam eles sincréticos, de busca, de evitação ou anti-sociais.

O lugar do clínico nos ajustamentos ético políticos

Não é incomum ouvirmos, mesmo entre profissionais psicólogos, que as situações que envolvem sofrimento ético-político não são objeto da intervenção clínica. Isso por que a solução daquelas situações implica ações políticas mais amplas, nas quais o clínico deve se inserir como mais um. Há dois grandes equívocos aqui. Em primeiro lugar, confunde-se a situação geradora de sofrimento ético-político com o sofrimento ético-político enquanto tal. Em segundo lugar, reduz-se o espectro de atuação clínica às práticas inspiradas no cuidado médico. Afiliados a uma compreensão de clínica enquanto “ética” - desvio em direção às manifestações do estranho enquanto excitamento (função id), ação criadora (função de ego) e identidade frente ao Grande Outro (função personalidade) -, acreditamos que o clínico não é apenas mais um a intervir nos conflitos sociais ou nas variáveis naturais que possam estar gerando sofrimento ético-político. O clínico é, sim, aquele que pode escutar, nesse sofrimento, o apelo por suporte, o apelo por inclusão, bem como aquele que, a partir desse apelo, pode acompanhar o processo de tomada de decisão que cada sujeito sofredor (cada função de ego) empreende face aos conflitos e dificuldades que esteja vivendo.

Nossa compreensão sobre a função do clínico junto aos ajustamentos ético-políticos vai ao encontro da maneira como Philip Lichtenberg, em seu livro “Psicologia de la opressión” propõe uma forma de uma clínica cujo foco “estaria orientado hacía um fin mayor que es permitir a los indivíduos ser partícipes em la transformación de relaciones sociales opresivas cada vez com mayor posibilidad de êxito”. Segundo Lichtenberg, “(e)sto les ayudaría a revisar su vida interior y sus relaciones interpersonales ,especialmente si en el passado los ha afectado su participacion dentro de um proyecto colectivo com condiciones de opresión” (2008, p. 130). Ora, assim compreendida, a clínica não é uma prática curativa, que devesse ser exercida em um consultório a partir de uma farmácia ou de uma biblioteca. A clínica é sim a co-participação em uma forma de ajustamento criador, no caso, um ajustamento ético-político, cuja característica é justamente a formulação de um apelo, de um pedido de socorro. Afinal, tão difícil quanto sofrer as conseqüências de um acidente ou de uma exclusão social é, às vezes, conseguir pedir ajuda.

Nesse sentido, para nós clínicos, mais do que ver qual é a necessidade material ou por qual razão alguém nos pede comida, dinheiro, emprego, escuta...; interessa-nos acompanhar o processo de reconstrução da autonomia e do auto-reconhecimento da função de ego que nos faz esse pedido. Interessa-nos estar junto dessa função de ego, onde quer que ela precise estar para reconquistar sua autonomia e voltar a fazer ajustamentos criadores, aconteça isso em nosso consultório, em uma agência de saúde, em uma empresa ou em praça pública. Nos contextos de sofrimento ético-político, o clínico é aquele que cuida da autonomia dos sujeitos (funções de ego) envolvidos nos processos criativos de pedido de ajuda.

Enfim, conforme acreditamos, intervir em situações em que haja sofrimento ético-político significa disponibilizar-se a acompanhar os sofredores em seus pedidos de socorro, de modo a ajudá-los a encontrar os meios pelos quais eles possam ser ouvidos e atendidos em seus apelos. Tal envolve: i) ajudá-los a identificar as suas necessidades (e não seus excitamentos ou desejos); ii) ajudá-los a reconhecer e constituir o “semelhante” junto a quem possam merecer atenção e resultado; iii) e ajudá-los a executar as tarefas que possam valer o resgate de um lugar social Porém, isso não significa “fazer por”. O trabalho de acompanhamento de alguém em sofrimento ético-político não caracteriza uma forma de assistência social. Trata-se, como em toda clínica gestáltica, de um “treinamento” ou “ampliação” da autonomia da função de ego. No caso dos ajustamentos ético-políticos, trata-se de favorecer a autonomia da função de ego na construção de um pedido de inclusão. Ademais, a intervenção gestáltica nunca é normativa. Ela não visa “defender” ou “criticar” uma ideologia especificamente. Trata-se de ajudar alguém a compreender e fazer sua opção.

Referências Bibliográficas


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Madrid: AETG y CTP, 2006, v. II.