Poster 1: Amor e idealização - A Gestalt-terapia como possibilidade de atuação frente ao amor romântico.

 

Janaína Maria Carneiro Patrício e Marcela Cristina Mélo

 

Resumo
Este pôster tem a finalidade de compreender a luz da Gestalt-terapia os diversos tipos de relação de casais e principalmente o termo expectativas, palavra tão presente na construção de uma relação em que o individuo deposita no outro toda a responsabilidade pela sua felicidade. Quase todos os elementos da vida cotidiana trazem referências aos relacionamentos de casal: homens e mulheres de todas as culturas paqueram, apaixonam-se, namoram e casam, considerando um bom relacionamento de casal como um elemento importante para serem felizes.Os autores da abordagem fenomenológico-existencial que nos
auxiliaram nesta revisão bibliográfica como Zinker, Yontef, Cardella, Buber nos fazem refletir sobre o modo de intervenções terapêuticas junto a casais.

Proposta

Introdução
Produtos feitos para não durar, refeições ligeiras, ruptura, instante, descartável, apelo às novidades, modismos, caracterizam um povo que valoriza o transitório e expressa que a idéia central do mundo contemporâneo é de consumo, consumo este que influenciará diretamente nas relações interpessoais. Áries (1987) acredita que neste contexto, é comum passar por vários casamentos, em vez de trabalhar
para manter ou salvar uma relação complicada. Investir num casamento para durar uma eternidade já não é uma meta para a maioria.

Rogers (1976, p. 19) previu algumas destas transformações, ao falar do casamento e suas alternativas, e fez previsões para os casais do século XXI, “Maior tendência à liberdade no tema das relações sexuais; intimidade sexual como parte importante na relação; atividade sexual gozosa e enriquecedora; maior tendência à possessão; variedade na qualidade das relações sexuais; o casal será estável na medida em que se
satisfaçam as necessidades emocionais, psicológicas, intelectuais e físicas de seus membros entre muitas outras.”

Matarazzo (1996) acredita que a frustração dos relacionamentos não se deve ao erro na escolha dos parceiros, mas a expectativas e crenças erradas colocadas nesses parceiros.

De acordo com o autor supracitado, o casamento é dividido em cinco fases, a primeira é a fase do encantamento, quando um estar enamorado do outro, a segunda é a do desencantamento, da des-idealização, a terceira é a que a autora chamou de crescei e multiplicai-vos, quando a mulher se dedica aos filhos pequenos e o homem esta se firmando profissionalmente, a quarta fase é a de questionamentos e redefinições de papeis e por fim vem a quinta fase que é a fase da maturidade, quando os filhos já são adultos e o casal pode se redescobrir e se reaproximar.

Nesse estudo, nos deteremos somente na fase I que é a de encantamento e a fase II que é a fase do desencantamento. A primeira fase é a fase romântica ou também conhecida como cegueira do amor, no qual o cônjuge sente-se totalmente em comunhão com o outro, com a sensação de completude e totalidade, num mundo de fantasias em que tudo é perfeito, a comunicação é plena e intensa, um não quer desgrudar do outro e os aspectos negativos ficam escondidos para não irem de encontro ao desejo do outro. Em seguida vem à fase do desencantamento, fase de confrontação com as expectativas irreais do casamento, em que se começam a ver as diferenças entre as imagens que construiu do outro e o que realmente ele é no cotidiano.

No entanto, Salomé (1992) acredita que a relação de casal será, antes de tudo, uma relação de esperanças baseadas em expectativas mútuas, satisfeitas ou não, portanto nesta relação será necessário um nível mínimo de satisfação para mantê-la estável. Nos chama atenção ainda para a escolha amorosa e salienta que esta pode ser feita através das primeiras alianças, das primeiras cumplicidades de se realizar com o outro.

Na perspectiva de Anton (2000), a capacidade de amar desenvolve-se processualmente e se relaciona com o objeto que ofereça agrado lentamente. Para Rodrigues (2000) precisamos de afeto, aprovação, ter alguma noção de sentido para a vida, afinal, as necessidades podem variar muito de acordo com a vida de cada um.

Compreendendo as relações conjugais com base da Gestalt-terapia.

Quando um homem se aproxima de uma mulher (ou vice-versa) e os dois resolvem viver uma vida de casados, ao se unirem trazem para o casamento duas histórias de vida completamente diferentes(mesmo que pareçam semelhantes). Essas histórias são construídas através de um número infinito de experiências sobe a vida de cada um e assim constroem grande parte do nosso e abrangem dimensões tais como self
nosso modo de ver o mundo, expectativas em relação ao sentido da vida, nosso modo de crer como as pessoas nos vêem, o que esperam de nós, que idéias fazem a nosso respeito, o que esperamos de nós mesmo, e é claro dentre tantas outras dimensões de cada EU que são, ao nosso ver, fundamentais para se entender como a história de cada parceiro interfere na construção do relacionamento conjugal. Para tanto, Gikovate (1998, p. 148) acrescenta que “nossas relações afetivas adultas existem, entre outras razões, com a mesma finalidade, qual seja, a de nos aconchegar, a de nos fazer sentir menos incompletos”.

Matarazzo (1996) acrescenta que essa busca pelo parceiro (a) ideal torna-se incessante ao longo da vida, visto que a necessidade de vincular-se a alguém é ontológica e no estágio inicial do amor, a pessoa amada é vista como única, singular e incomparável. Sobre este tema Gikovate (op cit) comenta que o fenômeno amoroso é o complemento buscado pelos homens e mulheres e por experimentamos a é que buscamos sensação de incompletude desde o desamparo vivenciado com a mãe através dos relacionamentos o complemento para as nossas faltas.

Maldonado (2000) complementa que é comum buscar no outro, um messias que vai nos resgatar de males e infelicidades, porém, apenas nós podemos nos salvar; a responsabilidade por nossas mudanças é nossa; esperar que outra pessoa ocupe esse lugar é uma missão falida. Na busca do messias, não enxergamos a realidade do outro, até dar de cara com a frustração e o desapontamento: “Ele (a) não é aquilo que eu esperava”. No entanto, para Matarazzo (1992) o vinculo ao se constituir forma uma aliança que exprime uma noção de ligação, de fluxo, de continuidade e de uma forte atração entre os parceiros. Contudo, o vínculo só se mantém vivo na relação amorosa entre os cônjuges se essa força atrativa permanecer no decorrer da relação conjugal. É a partir dessa sensação de Incompletudes que muitos casais procuram ajuda da psicoterapia.

Nestas perspectivas, Zinker (2001) acredita que as intervenções do terapeuta têm o objetivo de trazer awareness ao casal. “Awareness por sua vez é uma forma de experiência que pode ser definida aproximadamente como estar em contato com a própria existência, com aquilo que é”. (YONTEF, 1998, p. 30). Complementa o autor supracitado que na Gestalt o único objetivo é awareness, tanto como conteúdo como enquanto processo, ou seja, a terapia progride para níveis mais profundos com o avanço dos conteúdos e do processo, assim awareness é o processo de estar em contato vigilante com os eventos mais importantes do campo individuo/ambiente, com total apoio sensorimotor, emocional, cognitivo e
energético, ou seja, a pessoa que esta conscientemente awareness, sabe o que faz, como faz e sabe que possui alternativas e escolhas de ser como é.

A primeira tarefa terapêutica na fase da awareness de acordo com Zinker (op cit), é incentivar articulações mais completas de faixas mais amplas de auto-favorecer as habilidades de observar, enxergar e ouvir o awareness, e assim outro. Deste modo a consciência de seu próprio processo possibilita que o casal se interesse pelo modo em que funciona, em vez de tentar encontrar alguém a quem culpar pelas dificuldades apresentadas. O terapeuta, em suas intervenções, atuando de modo sensível e cuidadoso, possibilita ao casal querer compreender cada vez mais a dinâmica de suas interações.) Deste modo é awareness acompanhada por aceitação, isto é, o processo de conhecimento do controle, escolha e responsabilidade dos próprios sentimentos e comportamentos. Para ele é a projeção. Ela a principal forma de resistência ao contato na fase da awareness ocorre quando uma pessoa, sem fazer perguntas, preenche a informação pelo outro e o outro nem informa nem corrige a informação projetada.

Perls (1988) ressalta que à medida que a Gestalt-terapia foi se delineando projeção então é designada como mecanismo neurótico no qual existe uma tendência a fazer o meio responsável pelo que se origina na própria pessoa. Zinker (op cit) acrescenta que no momento em que um sujeito atribui ao outro aquilo que deseja, as projeções tendem a repetir-se, no qual o relacionamento entre o casal fica estereotipado, sem variação e assim adquire uma qualidade mortal. Um casal que sustenta um estilo de vida projetivo tende a ter um líder que “carrega” e seguidores “passivos e desatentos”. Esses seguidores passivos e desatentos seriam o que a Gestalt-terapia chama de introjeção, que de acordo com o autor supracitado é o modo que o sistema preguiçoso tem para resistir a awareness.

Para Yontef (1998) o sujeito ao chegar na terapia, freqüentemente vem com um conflito básico entre o que ele deveria ser e como ele percebe que é, deste modo o papel do terapeuta é encoraja-lo a ser o que realmente é para que a partir daí ele passe a ter uma base mais sólida para se movimentar e assim tornar-se responsável pela sua existência e pela sua relação com o outro. A terapia muitas vezes é encarada como causa de conflitos conjugais ou de separação, visto que o sujeito passa por mudanças que seu parceiro não acompanhou.

Na verdade o que acontece é o encontro com sua própria imagem, um caminho longo de autoconhecimento e que muitas vezes a pessoa deixa de ser cega e de se iludir com o outro que ele (a) próprio criou e passa a ser honesta consigo mesma.

Sobre esse tema Anton (2002) diz que a terapia de casal busca a revisão dos motivos e objetivos da escolha mútua, significados e funções, conflitos a serem clarificados e elaborados e possibilidades de reconstrução. Complementa ainda que a participação do terapeuta no contexto da psicoterapia de casal facilita uma canalização, ordenação da relação e possibilita uma contínua criação de novos tipos de relação, entre si mesmo e entre os diversos vínculos existentes em um casal. Porém para que isso aconteça é preciso que o terapeuta na visão fenomenológica possa entender o fenômeno simplesmente por aquilo que se mostra como expressa Rodrigues: (2000, p. 154)

“Participando do processo terapêutico e se considerando a si mesmo como uma força que atua no campo vivencial do cliente, da mesma maneira que o cliente atua no campo vivencial dele. Assim sendo, o terapeuta considera não só o que se passa com o cliente, mas considera o que se passa nos três tipos de relação que se estabelece: do terapeuta com ele mesmo, do cliente com ele mesmo e da relação entre os dois.”

Será preciso que o terapeuta de acordo com o método fenomenológico Husserliano apud Karwowski (2005) suspenda os apriores, ou seja, coloque entre parênteses seus valores, preconceitos e deverias necessário para que seja capaz de contemplar a relação, enfim tornar-se capaz de se surpreender com tudo o que é trazido pelo cliente.

Rodrigues (2000) acredita que ao incluir-se no encontro terapêutico, o terapeuta reconhece sua própria presença e as forças inerentes as suas próprias fronteiras e situações inacabadas, reconhece sua impossibilidade de inserção, lida com as conseqüências das observações que o afeta. Lidar com as próprias dificuldades, com os próprios limites e incompletudes é talvez o maior desafio de um terapeuta em qualquer abordagem em especial para os gestalt-terapeutas, pois estão muito próximos do cliente na relação quem estabelecem.

Para Cardella (2002) o limite que cada individuo apresenta numa relação é compreendido pela Gestalt-terapia como fronteira de contato. É na fronteira de contato que as ações, emoções, pensamentos ocorrem, e são formas do individuo vivenciar em seu meio, em suas relações e afasta o “eu” do ”não eu“ e constituem o ego que só funciona e existe ao se encontrar com o outro.

“O contato acontece na fronteira; o crescimento se dá na fronteira; a formação e a destruição da figura ocorrem na fronteira [...] Os relacionamentos na fronteira incluem contato, organismo/meio, novidade, excitação, self, awareness, situação de emergência, possibilidades neuróticas, resistência e ‘natureza humana’.” (PERLS apud ZINKER, 2001, p. 74).

A abordagem Gestáltica como refere Ribeiro (2007) utiliza o contato entre o eu e o não eu. Valoriza e ratifica o contato, a comunicação de trocas entre o ser humano e o seu mundo, de maneira saudável, satisfatória e auto-reguladora, de acordo com as necessidades emergentes do seu organismo. Isto porque viver é estar em contato e por sermos seres de relação é que nos percebemos como existentes.

“ ‘Nós’ não existe, mas é composto de Eu e Tu; é na fronteira sempre móvel onde duas pessoas se encontram. E quando há encontro, então eu me transformo e você tambem se transforma” (PERLS, 1977, p. 9).

Neste sentido, é também na relação “Eu-Tu”, relação dialógica segundo Martin Buber (2001) que se percebe a existência de uma relação em que o casal estará pronto para dar e receber, no qual o Eu é uma pessoa e o outro é o Tu. O Tu se oferece (não é procurado) ao encontro e o Eu decide encontrá-lo. Temos então o escolher e o ser escolhido, na mutua ação do face a face. O Tu orienta a atualização do Eu e este, pela aceitação, exerce sua ação na presentificação do outro que neste evento, é o seu Tu em que a relação atuante envolve simultaneamente passividade e espontaneidade e de acordo com D’Acri (2007, p. 91) “ao pronunciar o ‘Eu-Tu’ o homem se dirige diretamente ao Outro, sem intermediário de qualquer natureza, isto é, sem nenhum fim utilitário, movido somente pela reciprocidade do encontro”.

Buber (op cit) acrescenta que é no “entre”, uma das manifestações mais concretas da existência que a relação acontece e a resposta para esta interação do Eu-Tu pode ser amor; aqui entendemos amor como algo que não é possuído pelo Eu como se fosse um sentimento, pois os sentimentos o homem os possui; porém o amor é algo que acontece entre dois seres humanos, além do Eu e aquém do Tu na esfera “entre” os dois.

Contrasta-se com a relação “Eu-Isso”, relação monológica, no qual o Eu é
um sujeito de experiência e conhecimento em que o homem é movido por um propósito, visa uma meta ou qualquer coisa utilitária, que não a relação em si. É o que Buber chamou de egótico, ou seja, aquele que se relaciona consigo mesmo.

O Eu do Eu-Isso usa a palavra para conhecer o mundo, para impor-se diante dele, ordená-lo, estrutura-lo, vencê-lo, transforma-lo, no qual esse mundo nada mais é que objeto de uso e experiência. Entretanto o mundo do “Eu-Isso” é fundamental a vida humana, condição para a sobrevivência e o progresso do homem, embora não possa ser o sustentáculo ontológico do inter-humano.

Em si o Eu-Isso não é um mal; ele se torna fonte do mal, na medida em que o homem se deixa dominar por essa atitude, absorvido em seus propósitos, movido pelo interesse de pautar todos os valores de sua existência unicamente pelos valores inerentes a esta atitude, embora se deixe enfim, extinguir-se o poder de decisão e responsabilidade, de disponibilidade para o encontro com o outro e com o mundo, ou seja, por esta razão, a relação perde o seu sentido de construtora do engajamento responsável com a verdade do inter-humano, ai então, o Eu-Isso se torna arbitrário e submetido à fatalidade.

Buber (2001) justifica essa idéia ao refletir, “se o homem não pode viver sem o Isso, não se pode esquecer que aquele que vive só com o Isso não é homem”.

Continua o autor a esclarecer que há uma distinção radical entre as duas palavras principio, ou seja, o Eu-Tu e o Eu-Isso, não significa porem que existem dois “Eus” mais sim a existência de duas possibilidades de existir e de interagir, no qual o face a face se realiza através do encontro; ele penetra no mundo das coisas e continua a atuar indefinidamente, para torna-se incessantemente um Isso, mas tambem para torna-se novamente um Tu. A relação é um autêntico encontro dialógico na medida em que ocorre o diálogo entre dois seres humanos. O critério de autenticidade é o maior grau de reciprocidade, de mutualidade entre os dois parceiros relacionados pela imediatez da palavra que instaura presença.

De acordo com Mendonça (2007), para o existencialismo sartriano, os seres humanos são livres e responsáveis pela condução de suas próprias vidas, portanto, assumir responsabilidade pelas próprias atitudes e poder funcionar na vida de modo coerente com quem realmente é, é o caminho na busca da ‘re-integração’ de cada individuo e requer do sujeito um longo caminho em direção a sua autonomia.

A filosofia da Gestalt-terapia de acordo com Boff (1999) entende a responsabilidade como uma conseqüência do processo de reflexão sobre si mesmo e sobre nosso papel no mundo, uma atitude espontânea e conseqüente da awareness. Prioriza a pessoa na medida em que se descortina e assume a responsabilidade por suas próprias escolhas, portanto ser responsável é algo muito além de agirmos de acordo com as regras sociais; diz respeito a um sentido holístico de interação com a natureza e pertencimento do holos, a totalidade.

Yontef (1998) defende que o objetivo geral da Gestalt-terapia é facilitar a exploração de forma que maximizem aquilo que continua a se desenvolver depois da sessão, sem o terapeuta, ou seja, o casal é freqüentemente deixado incompleto, mas pensativo, “aberto”, ou com uma tarefa, para que os gestalt-terapeutas cooperem com o crescimento do casal sem a sua presença, uma vez que a idéia de liberdade da Gestalt-terapia prega a facilitação do processo em vez de completar um procedimento de cura e assim os deixar livres e responsáveis pelo seu desenvolvimento enquanto pessoa e enquanto casal.

Considerações finais
Estudar o amor, sua origem, causas, conseqüências e expectativas são conhecer um dos fenômenos mais relevantes para o ser humano e, ao mesmo tempo, tomar consciência do curso natural das relações amorosas. Trata-se de adquirir habilidades para a convivência no dia-dia, bem como uma forma de compreender muitos sentimentos opostos e contraditórios. É uma forma de experimentar, teórica ou concretamente, o convívio da individualidade e da conjugalidade, e considerar que os relacionamentos vivem sua própria evolução, porque contém em sua imediatez a união de vários contrários.

A fenomenologia foi o referencial teórico deste trabalho compreendido pela abordagem da Gestalt-terapia. O trabalho psicoterapêutico de abordagem gestáltica, prima por observar o ser em constante processo de renovação e singularidade. Assim, o sujeito cresce e forma a identidade em detrimento da relação de diálogo estabelecida com o outro a fim de significar e apropriar-se com o que é do Eu. Visto que a Gestalt-terapia tem por objetivo o processo de awareness, focalizada na experimentação, a pessoa passa a dar sentindo aos componentes subjetivos e objetivos da relação e assim respeita o diferente, compreendendo a singularidade do humano para satisfazer as necessidades que emergem na relação.

O gestalt-terapeuta deve respeitar, singularizar e observar o cliente como um fenômeno da maneira global que se apresenta sem preconceitos e sem a priores.

Portanto nossa tarefa como terapeutas é ajudar o casal a perceber como e em que modo o sistema entra num impasse e como usar sua awareness e sua energia coletiva para ultrapassar esses impasses em suas interações.

No momento em que o casal puder iniciar, desenvolver e completar interações bem-sucedidas, por diversas vezes consideramos que têm condições de auto-sustentação e de uma relação, que por escolha mútua, deseja se perpetuar.

Nessa perspectiva, acreditamos que o amor é muito mais que o encontro de dois corpos, muito mais que a união entre duas pessoas, é a própria consciência da existência e da importância da presença do outro em nossa vida. Finalizamos certos de que o tema é bastante complexo e exige do casal abertura para se manterem na relação sustentada pelo amor, no “entre”, apesar do desencontro referente ao outro inicialmente idealizado.


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