Uma reflexão sobre a solidão no mundo contemporâneo

Autores

  • Gisele Albuquerque Lacorte
  • mauricio Guimaraes Guimaraes

Palavras-chave:

reflexão sobre a solidão

Resumo

Nos últimos anos houve um expressivo crescimento e avanço de tecnologias, tanto da indústria de informática quanto de telefonia, fazem parte de uma comunicação que está se popularizando a cada dia. No ambiente virtual ninguém está suficientemente distante que não possa ser alcançado em um click. De acordo com Van Dusen (1977) o mundo atual é preenchido por objetos, espaço vazio é desperdiço, assim sendo, torna-se cada vez menos provável que se utilize os recursos internos para alcançar o mundo exterior, afinal, no mundo contemporâneo a companhia entra pela tela ao invés de portas. O fato de não estar conectado pode ser motivo de estranhamento e exclusão social, pois não pertencer às redes sociais ou não estar on line, naturalmente, possibilita a exclusão do indivíduo das novas configurações relacionais. Ao viver conectado, pode se fazer a escolha de nunca estar sozinho, consigo mesmo, com seus pensamentos, sonhos, preocupações, esperanças. Van Dusen (1977) salienta que a cultura ocidental ensina o medo do vazio de forma que fique cada vez mais distante a possibilidade deste vazio tornar-se espaço fértil e produtivo. Comunicar-se com pessoas distantes através de mensagens de 140 caracteres ou menos, torna-se mais seguro do que o contato real e pessoal, pode - se conversar com um colega de escola que não encontra há mais de quinze anos através de mensagens rápidas e sucintas como: “quanto tempo”, “mande notícias”, “saudades”, “por onde anda”. Não se pode atribuir aos aparelhos e a internet essa nova forma de comportamento abordada acima. Vale ressaltar que o contexto virtual, citado acima, é utilizado de forma muito paradoxal: pessoas que estão geograficamente distantes, hoje têm a possibilidade de maior contato, o que anteriormente seria impossível. Certamente, em muitos casos, mesmo um contato virtual é mais válido do que nenhuma possibilidade de contato, mas, muitas pessoas utilizam esse espaço de forma que os contatos físicos estão sendo substituídos pelos virtuais. Cada um em seu casulo, essa torna - se a nova configuração relacional evitando-se todas as delícias do renovador e revigorante calor da companhia humana. Sempre foi possível sentir-se sozinho na multidão e atualmente também é possível distanciar-se do ambiente em que se está para contactar pessoas fisicamente ausentes. De acordo com Perls (1977) “O mundo não está ai para atender às suas expectativas, e também pouco você precisa viver de acordo com as expectativas do mundo.” Torna-se uma difícil missão estar no “aqui e agora” enquanto pode-se estar e mil lugares com o click de um único botão. Vale ressaltar que pessoas fisicamente ausentes não exigem, não cobram, tornam-se seguras, disponíveis e substituíveis, pois quando uma está ausente sempre se pode recorrer a uma lista de outras pessoas para preencher o vazio deixado. Estamos em constante processo de autorregulação organísmica, buscamos no contato com o meio a satisfação de nossas necessidades. Homem e meio funcionam como uma totalidade indivisível, o meio só existe porque há o homem e o homem só existe no meio. No mundo virtual e tecnológico há a idéia de segurança, pois quando o outro se torna ameaçador, ou indesejável pode-se interromper o contato. Sem contar que através da tela, expressões faciais, reações fisiológicas ficam ocultas ou disfarçadas, dessa forma as pessoas não precisam ter medo de ficar sozinhas, mas ao mesmo tempo protegem-se das possíveis ameaças do encontro face a face. Deixam de viver um encontro genuíno consigo mesma e com o outro, transformando relações que poderiam estar baseadas no conceito EU- TU para viverem uma relação EU – ISSO. Fugindo da solidão, perde-se a oportunidade de experenciar a solitude, ou seja, a extasiante condição da qual, Bauman diz que: “se pode “reunir pensamentos”, ponderar, refletir, criar – e adiante, em última instancia dar sentido a comunicação, mas então por nunca ter provado o gosto da solidão, você pode nunca saber o que deixou cair e perdeu”. Palavra 1: solidão Palavra 2: contemporaneidade Palavra 3: relações Modalidade de apresentação: Comunicação/ tema livre Área de concentração: Pesquisa empírica ou prática

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Publicado

2015-12-01