O nascimento do Palhaço Pessoal: técnicas interdisciplinares de exercícios de Gestalt-Terapia e palhaçaria.

Autores

  • Rodrigo de Bastos

Palavras-chave:

nascimento do palhaço

Resumo

Introdução: Este mini-curso tem como proposta apresentar algumas práticas da junção dos saberes das artes circenses, em especial a que estuda a formação do palhaço, com os modelos vivenciais da abordagem gestáltica. Considerando a capacidade de criação da gestalt-terapia associadas à maneira criativa com que o personagem “palhaço” utiliza-se para se desvencilhar dos problemas de seu cotidiano, criou-se uma proposta dinâmica de trabalho que inter-relaciona os saberes artísticos populares, aqui representados pela arte da palhaçaria com a prática dos experimentos em gestalt, gerando com isto, modelos de técnicas psicológicas advindos dessas duas formas de conhecimento. A metodologia apresentada neste estudo em seus campos teóricos e práticos aproxima a psicologia da gestalt e o psicodrama (Pearls, Hefferline & Goodman, 1997) e a arteterapia e a palhaçaria (Tsallis, 2005). Os modelos de exercícios propostos a partir do encontro dos dois saberes e práticas, focam os conceitos de “contato” e “Awareness” da Gestalt-Terapia. Entende-se como “contato” a consciência de si mesmo e de sua relação com o todo. “Awareness” é a capacidade humana de auto-reflexão mediada pela inter-relação. As concepções de contato e awareness apresentam características processuais e sistêmicas que possibilitam uma linha de ação para trabalhar em grupos, já que estes se criam pelo contato. (D`acri, Lima & Orgler, 2007; Ribeiro, 2006). O psicodrama e a palhaçaria se aproximam dessa concepção sendo traduzidos em uma prática facilitadora, criativa e efetiva que possibilita a reflexão de problemas reais, sendo eles de ordem pessoal, ps icossocial e organizacional. Nesse sentido, a figura do palhaço é usada como ferramenta de permissão, através da sua postura social e do seu nariz vermelho, que possibilita uma forma espontânea de trabalhar ludicamente com conteúdos importantes voltados sempre para o crescimento no sentido da solução consciente. (Tsallis, 2005) Silveira e Peixoto (2012) citam em seu livro “A Estética do Contato” de quanto se perde ao não se prestar atenção nos contatos que são produzidos a cada instante entre o homem e o mundo e que a falta desta percepção deixa de propiciar encontros transformadores e potentes. Dentre algumas evidências que permitem a percepção das afinidades entre estudos de palhaçaria e de gestalt-terapia, podemos citar Thebas em seu estudo “O Livro do Palhaço”, que nos revela o poder que o palhaço possui de observar os mínimos detalhes das coisas, buscando portanto, pela curiosidade e desejo de fazer trocas com o mundo, a experimentação do contato. O autor traduz a filosofia do modo de ser do palhaço através da descrição do pesquisador, diretor teatral e artista Márcio Libar quando este descreve que ser palhaço “significa a possibilidade de cura constante, como se fosse um remédio que controla as minhas ansiedades, que dá vazão aos meus sonhos, que me permite ser uma pessoa que delira e ainda assim se sente normal”. (LIBAR, apud THEBAS, 2005, p. 64) Objetivo: Mostrar ao participante as possibilidades de criação de métodos de tratamento a partir das junções de saberes de outras disciplinas, com a prática gestáltica. A oficina apresenta sua abordagem ao público em forma de intervenções através de jogos cômicos e sensibilizadores, trazendo novas possibilidades para a prática de vivências em gestalt-terapia. Tem como intuito promover mudanças positivas, estimular a reflexão, bem estar e competências nos indivíduos, os ajudando a se posicionar melhor no mundo. Metodologia: A intervenção grupal consiste em cinco etapas: (1) Aquecimento, (2) a Sensibilização e a (3) Tomada de Consciência, (4) Processo Criativo e o (5) Feedback e finalização. Todas as etapas se utilizam dos aportes teóricos apresentados. Resultados obtidos em outras intervenções: Em uma análise dos feedbacks das últimas vinte e cinco intervenções, observam-se categorias significativas que correspondem ao cumprimento dos objetivos. São elas: participantes afirmam que a oficina possibilitou observar as situações de outra forma. Nas organizações é comum a mobilização de pessoas para a colocação em pautas nas reuniões alguns temas que eram deixados sempre para o futuro. Nas escolas, temas como violência doméstica e bullying são tratados ludicamente, promovendo a discussão entre os pares. Houve algumas situações em que os indivíduos procuraram por psicoterapia individual para trabalhar questões levantadas a partir das intervenções já citadas. Rodrigo Bastos – gtbastos@ig.com.br -https://www.facebook.com/facedaarte Psicólogo, Mestre em Ciências Sociais pela UFJF. Discente do curso de Pós-Graduação em Psicologia do IPGL; Palhaço membro da Caravana Mezcla de Palhaços. Público-alvo: Profissionais e estudantes de psicologia.

Publicado

2015-12-01