Pinóquio: A história de uma marionete e a Gestalt-terapia.
Palavras-chave:
PinóquioResumo
Em 2009, Felicia Carrol, gestalt-terapeuta americana, veio ao Brasil para uma série de eventos onde apresentava sua experiência como terapeuta infantil. Em sua palestra, contou sua paixão pela história escrita por Carlo Collodi, pseudônimo de Carlo Lorenzini, sobre Pinóquio, um boneco de madeira que se transforma em menino de verdade, e relacionava o conto à maneira de entender o mundo infantil pela visão gestaltista. Estar presente nesta palestra me motivou a ler a história de Pinóquio original, representada no Brasil pela edição publicada pela Companhia das Letrinhas em 2002, e fazer uma articulação entre tudo aquilo que aprendi sobre a Gestalt-terapia em minha graduaçãoe a história do boneco de madeira, o que resultou na minha monografia de conclusão de curso (FAILLACE, 2010). Inicialmente publicada em um jornal infantil, entre os anos de 1881 e 1883, a história contada por Collodi difere muito da popularizada pelo desenho produzido pela Walt Disney, onde um generoso idoso faz um boneco de madeira para lhe fazer companhia, já que não tinha filhos, e tem seu desejo de que o boneco ganhe vida realizado por uma bela fada loira e de olhos azuis. Sua história possui um teor de humor negro e conflitos existenciais que escapam à versão animada do conto. Na história de Collodi, Pinóquio é um boneco ingênuo e inconsequente, criado para dar lucro a Gepeto que, até então, não demonstrava querer ter filhos. Vivendo em conflito em seguir as suas vontade ou fazer as coisas que o velho o mandava fazer, Pinóquio faz muitas besteiras, é enganado pelos outros, salva algumas vidas, e acaba sendo morto em uma tentativa de roubo. Collodi pretendia acabar a história do boneco de madeira com a sua morte, mas com a enorme quantidade de cartas pedindo que fosse dada continuação ao conto recebidas pelo jornal em que era publicado, ele deu uma continuação à história. Assim, Pinóquio começa um longo e difícil caminho até virar um “menino de verdade”, transformando não só a si mesmo, mas também à sua amiga de cabelos azul, a Fada. O sentimento moderno da infância é definido por Ariès (1981) como uma perspectiva dual, onde, por um lado a criança é considerada um ser frágil, desprotegido, puro e inocente, e por outro ela é um ser imperfeito e incompleto, que necessita da “educação” realizada pelo adulto. A Gestalt-terapia considera essa concepção como uma desqualificação da infância, além de propiciar o risco de que se tente determinar modelos de saúde a serem alcançados, como se soubéssemos o que é certo ou errado para a criança e que se imponham esses modelos através das intervenções terapêuticas como se fossem a única forma de viver a vida de forma satisfatória (AGUIAR, 2005). Ao contar a história de Pinóquio, pretendo fazer uso da metáfora para falar sobre como a Gestalt-terapia compreende a terapia infantil, seu método de trabalho e como o gestalt-terapeuta (representado pela personagem da Fada) se transforma e desenvolve no contato com aqueles que atende. Referências Bibliográficas AGUIAR, Luciana. Gestalt-terapia com crianças: teoria e prática. Campinas: Livro Pleno, 2005. ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Tradução Dora Flaksman. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1981. COLLODI, Carlo. As aventuras de Pinóquio: história de uma marionete. Tradução Marina Colasanti. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002. FAILLACE, Pedro Garcia. Pinóquio: o processo terapêutico infantil contado por um boneco de madeira. Niterói: Faculdades Integradas Maria Thereza, 2010. Palavra 1: Pinóquio Palavra 2: Infância Palavra 3: Gestalt-terapeuta Modalidade de apresentação: Comunicação/ tema livre Área de concentração: Didática e formaçãoPublicado
2015-12-01
Edição
Seção
Temas-Livres