Oficina de teatro e imagem: reflexões sobre as contribuições gestálticas em um CAPS

Autores

  • Ana Carolina Pacheco de Paula

Palavras-chave:

TEATRO E IMAGEM

Resumo

O presente trabalho foi construído durante meu curso de especialização em Psicologia Clínica (Gestalt-Terapia, Indivíduo, Grupo e Família) no IGT e é um resumo do meu trabalho monográfico, de conclusão desta especialização. Ele nasceu da experiência prática e teórica da autora com portadores de transtorno mental, somado ao interesse nos desafios atuais da saúde pública, em especial a temas relacionados à promoção da saúde, observando-os sob uma perspectiva gestáltica. O objetivo deste trabalho é contribuir teoricamente com estudos e práticas relacionados à atuação do gestalt-terapeuta com grupos terapêuticos, cujo público-alvo são portadores de transtorno mental, além de verificar as contribuições do uso do teatro e da imagem como ferramentas terapêuticas. Como metodologia foi utilizado uma revisão de literatura sobre o tema, utilizando textos de Gestalt-terapeutas, sugeridos na bibliografia básica do curso de especialização em psicologia clínica realizado no IGT, artigos científicos publicados no site Scielo e na Revista IGT na Rede, tendo como palavras-chave gestalt-terapia, saúde mental e grupos terapêuticos, e livros lançados no Congresso Estadual de Gestalt-terapia no Rio de Janeiro em 2012. Somado ao relato da experiência prática da autora no trabalho com grupos terapêuticos de 2009 até apresente data, também chamados de oficinas terapêuticas, em um CAPS I da Costa verde do Rio de janeiro. Ainda foram utilizados registros desta prática ao longo desses anos, feitos pela autora em um livro de diário de bordo da oficina de teatro e os vídeos que foram criados ao longo desta oficina. Na última década houve um visível aumento de gestaltistas engajados na luta an timanicomial, o que podemos observar quanto a produção de textos nos congressos de Saúde Mental e de Gestalt-terapia. Os pressupostos teóricos da Gestalt-terapia estão sendo utilizados como instrumento de inclusão social e familiar para portadores de transtorno mental, com histórico de internações, sofrimento e discriminação. Porém o embasamento teórico para atuação dos gestaltistas em instituições comprometidas com a desinstitucionalização da loucura é algo que está em construção neste momento através da atuação de profissionais de saúde, familiares e usuários de serviços de saúde mental.Torna-se relevante essa construção teórica, visando uma contribuição sobre o trabalho com grupos terapêuticos com portadores de transtorno mental, utilizando o teatro e a imagem, beneficiando psicólogos que atuam nesta área, seus clientes, familiares e pessoas interessadas por este tema. Na história da Gestalt terapia, podemos observar, o quanto as art es foram e são utilizadas pelos gestaltistas como ferramenta de trabalho. Tendo em vista também o fato do teatro e do cinema serem admirados por pessoas das diferentes faixas etárias, raças, religiões e classes sociais, entendo que utilizá-los como instrumento de inclusão social é uma ideia interessante, para ser experimentada como forma de fazer valer a fala dos usuários de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). Percebi mudanças significativas na forma desses usuários se relacionarem com o mundo, refletindo como uma ferramenta facilitadora das relações interpessoais dos mesmos. A oficina leva a reflexão não apenas dos usuários, mas também de seus familiares, pessoas da sociedade e nós enquanto profissionais de saúde. Podemos refletir sobre a seguinte questão: do que de fato essas pessoas são incapazes? Na verdade quando os escutamos, percebemos que os mesmos são capazes de ir muito além daquilo que os preconceitos e rótulos impostos presumem que el es podem fazer. Não devemos ter uma visão rígida que nos engessa e nos gruda a um script, mas encararmos as diferentes possibilidades que surgem, como uma forma de experimento é algo enriquecedor para nossa prática. Os resultados apontam o uso do teatro e da imagem como um experimento, que mostrasse um campo fértil para importantes mudanças na vida dos participantes e uma interessante ferramenta de inserção social e familiar dos mesmos. Além de um convite ao terapeuta à utilizar seu ajustamento criativo e ampliar suas possibilidades de atuação dentro do CAPS. Este é um dispositivo substitutivo das internações psiquiátricas, não deve ser entendido como um depósito de seres humanos, o que era e é observado, ainda hoje em algumas instituições de saúde mental. Proponho o entendimento do CAPS, como um espaço de possibilidades de reciclagem, onde são valorizadas as potencialidades de cada usuário. Espero com este trabalho contribuir com estudo e prática de outros psicólogos e estudantes de psicologia, e encorajá-los a escreverem sobre suas práticas, visando enriquecer nossos constructos teóricos. Palavra 1: Gestalt-terapia Palavra 2: CAPS Palavra 3: teatro e imagem Modalidade de apresentação: Comunicação/ tema livre Área de concentração: Contribuições teóricas

Publicado

2015-12-01