Frustrações e Ressentimentos: eu sou honesto comigo mesmo.

Autores

  • Eliane De Oliveira Farah

Palavras-chave:

Honesto comigo mesmo

Resumo

Não há quem diga jamais ter sentido frustração e ressentimento. O sentimento de frustração indica que não houve êxito sobre certas expectativas e esforços ao mesmo tempo em que a impossibilidade de se conseguir aquilo no qual investimos energia, invariavelmente, gera raiva. Muitas vezes a frustração é reconhecida como sinônimo de raiva e embora tal relação não seja verdadeira, torna-se fácil de assim ser reconhecida, uma vez que a raiva é a consequência natural da frustração. Enquanto na frustração a vivência é a de sentir-se impedido e bloqueado, na raiva a vivência é a da necessidade de quebrar ou destruir a barreira que é vivida como empecilho à satisfação. Em princípio frustração e raiva são dois sentimentos tão naturais quanto a alegria e a tristeza e não existe nada de errado em quem os experimenta. “Sem frustração não existe necessidade, não existe razão para mobilizar os próprios recursos, para descobrir a própria capacidade, para fazer alguma coisa; e, a fim de não se frustrar, o que é uma experiência muito dolorosa, a criança aprende a manipular o ambiente.” Perls, 1977 p.54. Os problemas começam a surgir quando pensamos em termos de intensidade, direção e duração de tais sentimentos. Em primeiro lugar devemos levar em conta a importância do objeto para aquele que o perdeu e isso significa que quanto maior a importância, maior a frustração e maior a raiva. Em outras palavras, quanto mais importante é algo para uma pessoa, mais forte a sensação do bloqueio e mais forte o movimento para remover tal bloqueio. Desse modo, a intensidade da raiva gerada pela frustração depende do quanto a perda de um objeto pode nos deixar inseguros. Em relação às direções tomadas pela raiva consideramos três possibilidades. A primeira é para aquele que causou a frustração, a segunda para um substitutivo e a terceira para a própria pessoa, direção essa que em GT chamamos de retroflexão. A duração do sentimento de frustração e de raiva está intimamente ligada ao apego ao objeto. O apego mantém a pessoa fixada num objeto, o que impede a frustração pelo reconhecimento da perda o que promove a manutenção da raiva. Desse modo o apego ao objeto e a não aceitação da frustração constituem uma situação inacabada. De acordo com Perls (2002) a emoção correspondente às situações inacabadas é o ressentimento. Na medida em que a pessoa não renuncia ao objeto, ela aumenta o seu ressentimento ao mesmo tempo em que não busca novas situações que possam trazer satisfação. “Se o “ressentido” assimilasse a situação, teria de soltar, renunciar ao objeto de fixação, encerrar a situação, sofrendo o transtorno emocional do trabalho de luto para alcançar o ponto-zero emocional de resignação e liberdade. [...] As pessoas são envenenadas pela amargura contra o mundo inteiro se não conseguem descarregar sua fúria contra um objeto em particular.” Perls (2002 p. 253) Uma vez que o ressentido impede a manifestação explicita da raiva, o bloqueio das emoções gera de acordo com Perls (2002 p. 253) uma intoxicação emocional. Já no entendimento de Polster e Polster (2001), o ressentido sente-se lesado, ferido e culpa alguém pelo seu desconforto ou sofrimento. Sua conduta pode oscilar entre exigir esforços extenuantes de reparação do outro ou buscar satisfazer a si mesmo. Como suas exigências tendem a ser irrealistas, o ciclo vicioso frustração – ressentimento se instala levando a pessoa a uma postura de autopiedade e a comiseração. O que fazer então para fechar as situações inacabadas, aceitar a frustração e não sentir ressentimento? Começamos buscando entender a frustração. Como dito anteriormente a frustração envolve um bloqueio à satisfação de um desejo, então temos no início de tudo, um desejo que pode depender de outra pessoa para sua satisfação. Muitas vezes esse desejo toma a forma de exigência na relação com o outro e na maioria das vezes não é expresso de maneira clara e direta. De acordo com Stevens,1971 p.111 “Qualquer empecilho para ser honesto consigo mesmo, com seus sentimentos e experiências, cria distância entre as pessoas. A expressão dissimulada dos sentimentos e ações acrescenta confusão, ressentimentos e dificuldades a quaisquer problemas que já existiam entre nós.” Então podemos ter várias situações: o outro pode não entender a exigência, mesmo que possa atendê-las; não tenha condição ou não queira atendê-las e desse modo, o ressentimento se instala ou perdura. O objetivo do presente workshop é o de facilitar a ampliação da awareness da pessoa em relação a própria responsabilidade sobre suas frustrações e ressentimentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PERLS, F. Ego, fome e agressão: uma revisão da teoria e do método de Freud. São Paulo, Editora Summus, 2002. ________Gestalt-terapia Explicada. São Paulo, Editora Summus, 1997. POLSTER, M., POLSTER, E. Gestalt-Terapia integrada. São Paulo, Editora Summus, 2001. STEVENS, J. O Tornar-se presente. Experimentos de crescimento em Gestaltterapia. São Paulo,Ed. Summus, São Paulo, 1988. Palavra 1: frustração Palavra 2: ressentimento Palavra 3: awareness Modalidade de apresentação: Workshop

Publicado

2015-12-01