GD 08: CAMPO FÉRTIL: REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA TERAPÊUTICA EM GESTALT TERAPIA
Resumo
GD 08: CAMPO FÉRTIL: REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA TERAPÊUTICA EM GESTALT TERAPIA Fádua Helou Elaine Magaldi Daemon Laura Furst Arantes O que nos traz aqui é o desejo de compartilhar a Gestalt Terapia através de uma reflexão a respeito da nossa experiência profissional como psicoterapeutas há mais de 30 anos, considerando - os desafios teóricos da Gestalt Terapia frente ao trabalho clínico, e em especial, em relação à postura gestáltica; - a necessidade do cuidado com nossa formação como psicoterapeutas; - nossa participação no desenvolvimento da Gestalt Terapia. O que ainda nos parece desafiador é a postura gestáltica, básica no desenvolvimento de nosso trabalho clínico. Esta postura, nosso ponto de partida, se refere a uma relação de consideração positiva incondicional para com o outro, à confiança no outro e em nós mesmos, ao respeito e à fé na capacidade do ser humano de ser agente do seu próprio crescimento. Por basearmos nossa atuação terapêutica numa atitude relacional, ela será peculiar a cada encontro e a cada relação. Porém, essa dificuldade passou a fazer parte do nosso dia-a-dia, motivando-nos pessoal e profissionalmente. Tentamos aprender com essa dificuldade, comparando nosso trabalho com o de um chacareiro, como proposto por Walter da Rosa Ribeiro: “... lavrar a terra é uma tarefa árdua e diária” (1992). Hoje, percebemos que encaramos essa tarefa de forma diferente. Como a nossa prática tem comprovado a teoria que adotamos, talvez possamos dizer que a dificuldade que vimos encontrando pelo caminho tem parecido menor, ou talvez seja a ansiedade que tenha diminuído, ou talvez tenhamos aceitado tal dificuldade. Vimos que o foco, décadas após os nossos primeiros estudos a respeito, parece ter deslocado a ênfase da dificuldade da proposta para os resultados que colhemos quando adotamos radicalmente essa mesma proposta.A postura terapêutica de que falamos propicia um espaço de encontro menos conflituoso da pessoa com ela mesma, num resgate do que há de mais íntimo e mais peculiar em cada um de nós. Remexe nos lugares ermos e esquecidos de cada pessoa, porque até então desconfirmados, e permite à pessoa uma nova, ou até mesmo, uma primeira experimentação com partes de si mesma. Encontramos também maior compreensão do modo de ser único de cada um e, como consequência, maior aceitação daquilo que existia, mas que vinha encontrando dificuldades de ser integrado. Ressaltemos ainda a importância de o terapeuta estar sempre “tentando” se ver e se rever em uma psicoterapia, que, além de referência para ter algum ponto de vista do seu trabalho como psicoterapeuta, serve também para se perceber, para não tentar ir aonde não se sente preparado, para refletir sobre si mesmo, já que o terapeuta é seu próprio instrumento, segundo Erving e Miriam Polster. E, então? Temos confirmado ao longo desses anos a importância e a eficácia da nossa abordagem. Sentimos uma premência cada vez maior de atualizarmos nosso discurso, para que nos acompanhe nessa caminhada. É nossa esperança também que, através dele, possamos estar mais aptos a compartilhar, dividir e divulgar nossa crença nas potencialidades do ser humano e na nossa teoria, a Gestalt Terapia, frente aos desafios com que nos defrontamos na clínica contemporânea. Referências bibliográficas Perls, F., Hefferline, R. e Goodman, P. (1997). Gestalt Terapia. SP: Summus. Polster, E. M. (2001). Gestalt-terapia Integrada. SP: Summus. Ribeiro, W. (1992). O Gestalt Terapeuta e o Chacareiro in Revista de Gestalt, SP, ano 2, nº2.Publicado
2014-09-19
Edição
Seção
Grupos de Dialogo