GD 07: ANTES, O DURANTE E O DEPOIS
Resumo
GD 07: ANTES, O DURANTE E O DEPOIS José A dos Santos Neto O Antes, o durante e o depois... “O homem é um organismo de grande força e eficiência, mas é também um organismo que pode agüentar um tratamento grosseiro e épocas ruins. Os dois lados vêm juntos: A habilidade conduz à aventura e esta ao infortúnio. O homem tem de ser maleável. Todas essas funções de segurança naturalmente desempenham um papel essencial nas desordens mentais, mas em si próprias saudáveis”. Perls, Hefferline e Goodman, 1997, pg. 119. Diante de tantos fatos que aconteceram no desenrolar deste ano de 2011, em que os acidentes envolvendo questões ambientais, e a natureza de forma incontestável, se mostrou destruída e destruindo seus cenários e com eles “vidas”, várias vidas humanas, animais, vegetações, relevos, comunidades, cidades, países... É de extrema relevância compartilhar num espaço de troca, os sentimentos envoltos que vimos pela tela, que escutamos por algum aparelho, ou nos deparamos em loco com a tragédia, ou quem sabe, fomos vítimas ou acabamos por lidar com parentes, amigos ou familiares de alguém vitimado pela perda de um ou mais entes, de sua moradia, do seu campo, ou do que “partiu” em sua vida. A questão coletiva que marcam estes fatos além de tantos outros que não ganharam a proporção como da Região Serrana no Rio de Janeiro, os tsunamis no Japão, as enchentes no sul do Brasil, as mudanças climáticas influenciando e mudando comportamentos e culturas, enfim como estamos neste lugar de escuta, troca, sendo escutados... Somado a todas estas situações, há também a questão ocorrida em uma sala de aula em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, em que a comoção vivida dentro, fora e nos arredores, criou impactos severos diante da necessidade de continuar uma caminhada e a dificuldade para isto dos educadores, alunos, familiares, autoridades, moradores do local. Embora todos estes fatos tenham uma dimensão trágica, triste e de luto, é relevante ressaltar a importância da relação do “ser humano” criada em cada situação, onde demonstrações de solidariedade, presença, disponibilidade, reconhecimento, trégua e ressignificação, deram lugar e transformaram um cenário de caos em cenário de lutas e determinação pelo que existe. A experiência presente e inegável dos fatos nos leva a ter que encarar o “fim”, o que não mais existe de uma forma em que mesmo diante da “dor”, há o que fazer, há o que socorrer, há o que lidar e mudar, transformando e ajustando criativamente o comportamento na pessoa e na sociedade. Parar é o fim não admitido, é negar que precisamos viver o luto, embora diante da realidade surpreendente e inesperada do que o ambiente e a natureza estão sutilmente encontrando o “seu lugar". O ANTES, O DURANTE, E O DEPOIS. Alguns aspectos da relação humana diante do caos. O presente, o que estava ali, a dor, o sofrimento, o questionamento, a dúvida, a perda e o hoje, o agora... Estes são alguns dados em que as vítimas, o socorro, a população teve que encarar num passo a passo diante de uma realidade nem sempre definida, mas que transpareceu que a forma de alento era transmitida com a honestidade de uma situação drástica e o suporte foi além do profissionalismo, estendido para uma doação e dedicação humana que traduzia esperança, coragem e fé. As feridas marcadas por fisionomias e marcas devastadas no ambiente, nos davam a dimensão da tragédia e, de alguma forma, sentiamos diante dos fatos a realidade do que ali existia e nos incluia enquanto parte deste todo. Generosidade, compaixão e amor, estes são ingredientes importantes que curam, transformam, revitalizam, fazem ver e entender na medida necessária do tempo, o que é, o que aconteceu e o que fazemos diante disto, é terapêutico e quantos destes terapeutas vimos, utilizando estes sentimentos que precisamos ter em nossa caminhada. Portanto, baseado em fatos e experiências de pessoas que viveram e estiveram no “campo” onde uma verdadeira batalha contra a morte ocorreu, gostaria de sugerir um espaço com outros profissionais, para não deixar de lado algo que me sensibilizou profundamente como pessoa, como ser humano e por fim profissionalmente. Referência Bibliográfica Perls. F, Hefferline. R, Goodman. P. Gestalt-terapia. 2ª edição. São Paulo: Summus editorial, 1999.Publicado
2014-09-19
Edição
Seção
Grupos de Dialogo