CF 02: A CLÍNICA GESTÁLTICA E A CRISE AMBIENTAL: EM BUSCA DE UMA PSICOTERAPIA PARA A DESCONEXÃO SER HUMANO-NATUREZA
Resumo
CF 02: A CLÍNICA GESTÁLTICA E A CRISE AMBIENTAL: EM BUSCA DE UMA PSICOTERAPIA PARA A DESCONEXÃO SER HUMANO-NATUREZA Marco Aurélio Bilibio Presenciamos, atualmente, o fortalecimento de uma mobilização internacional sem precedentes para livrar o planeta do destino que preparamos para ele e, por conseqüência, para todos nós. Podemos presenciar os primórdios de uma mudança radical de conceitos, que começa a produzir os primeiros impactos na ordem econômica vigente, cuja primeira manifestação clara é a busca de nova matriz energética para nossa civilização. Na mesma direção, muitas áreas profissionais passam a integrar tendências teóricas e tecnológicas que focalizam alternativas sustentáveis. Porém, devemos notar que a origem da crise ambiental está na dimensão subjetiva. Esta proposta é de um compartilhamento com colegas brasileiros da evolução da pesquisa apresentada no X Congresso Internacional de Gestalt-Terapia, na Argentina, em 2007, cujos desdobramentos foram partilhadosno XII Congresso Internacional, em maio de 2011 no Uruguai. Trata-se da resposta da Gestalt-Terapia, em termos de sua teoria e de sua prática, à emergência aguda da crise ambiental como figura em nosso mundo e nossas vidas. Buscando ampliar o entendimento das dimensões clínicas e subjetivas dessa crise, o caminho escolhido foi o de retomar a reflexão iniciada na Conferência Anual do The Gestalt Journal de 1994, atualizála e aprofundá-la. Naquele ano, o Convidado de Honra foi o historiador Theodore Roszak, proponente da Ecopsicologia, que em sua palestra afirmou que uma visão de ser humano indissociável dos sistemas de vida que compõe o planeta precisa de uma melhor inserção na teoria e na prática das psicoterapias. Em resposta às suas colocações, toda a edição de primavera de 1995 do The Gestalt Journal foi dedicada à respostas de gestalt-terapeutas sobre as conexões entre Gestalt-Terapia e o mundo natural. Torna-se evidente que a Psicologia, e também as psicoterapias, precisam de aprofundamentos teóricos para integrar conceitos surgidos na literatura recente, como o de Comportamentos Ambientalmente Disfuncionais, Transtorno de Déficit de Natureza, Ecocídio, Ansiedade Ambiental, e outros, todos afinados com a noção de que a conexão entre natureza e natureza humana é uma questão de saúde psicológica. Evidencia-se que a Abordagem Gestáltica, por sua afirmação da inseparabilidade do sistema indivíduo –ambiente, e de que o ser humano só pode ser compreendido a partir desta pressuposição, é filosófica e teoricamente privilegiada para fazer esse aprofundamento. A Conferência proposta se apóia no diálogo entre Gestalt-Terapia e Ecopsicologia, buscando a compreensão da fenomenologia da desconexão ser humano/natureza. Ao fazer a leitura do ente humano nessas relações surgem suas introjeções culturais, e outros mecanismos de defesa que o mantém alienado da vida à sua volta e, por conseqüência, dos sentimentos de enlevo e pertencimento, cuja falta estão na base da filosofia econômica dominante, e de outras manifestações da vida social. Tal diálogo expressa a postura aberta original da Gestalt-Terapia, abertura essa que se enriquece ao apontar a coerência entre suas bases teóricas e conceitos provenientes da Psicologia Ambiental (Gerald Gardner; Paul Stern), Ecologia Profunda (Arnie Naess), Ética Ambiental (Hans Jonas e Patrick Curry), autores da Filosofia da Alteridade (Levinas e Buber) e da Mitologia Comparada (Joseph Campbell), buscando ampliar o paradigma de Campo e da Dialogicidade para além da perspectiva antropocêntrica. Além das considerações de ordem teórica, a Conferência explorará algumas possíveis aplicações práticas desse diálogo no contexto clínico.Downloads
Publicado
2014-09-19
Edição
Seção
Conferências