TL 09: PENSAMENTO CLÍNICO EM GESTALT-TERAPIA: O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL NA PSICOTERAPIA DO ADULTO
Palavras-chave:
PENSAMENTO, DESENVOLVIMENTO, EMOCIONAL, ADULTOResumo
Pretendo demonstrar nesse trabalho como o conhecimento do processo de desenvolvimento infantil pode ampliar a compreensão do sofrimento expresso em psicoterapia e como, com base nesse conhecimento podemos nortear nosso pensamento clinico.Irei abordar as questões sobre o desenvolvimento infantil a partir do olhar da Gestalt Terapia com foco no processo de construção de identidade, o qual inicia-se em um período anterior à fecundação (no imaginário dos pais, influenciado pelos mitos e valores familiares), prossegue na gestação (o feto esta desenvolvendo suas funções de contato e se relacionando com o ambiente intra uterino), e estende-se ao longo dos primeiros anos de vida da criança (Ajzenberg et al, 1995). Após o nascimento, a função primordial a ser exercida é a função materna. Nesse período, a principal tarefa da mãe é a de ensinar seu filho(a) a percorrer seus ciclos de contato. Para tanto, é importante que ela suspenda temporariamente a realização dos seus desejos e a satisfação de certas necessidades, para que possa sintonizar com as sensações do bebê, e em seguida, as decodifique para ajudá-lo a obter a satisfação das suas necessidades. (Ajzenberg et al, 1995). Na medida em que a criança vai desenvolvendo suas habilidades físicas e adquirindo uma maior autonomia, é importante que o pai (ou o masculino de maneira mais ampla) comece a aparecer nessa relação. As experiências de confronto favorecem a percepção da diferença. Apropriar-se da diferença implica em separação, o que faz surgir o espaço necessário para que a criança desenvolva uma percepção do que se encontra dentro e fora de si e, dessa maneira, a fronteira de contato começa a ser constituída. (Ajzenberg et al, 1998). Assim, podemos pensar que a capacidade de percorrer seus ciclos de contato e a constituição da fronteira de contato são conquistas importantes que acontecem ao longo dos primeiros anos de vida da criança. Sem essas conquistas, o processo de construção de identidade fica comprometido. A criança torna-se um adulto incapaz de dar uma boa forma para suas sensações corporais. Ou seja, não consegue nomear sua sensações, tampouco ir em busca de satisfazê-las. Por não se apropriar das suas necessidades e desejos e por não ter um contorno definido que a permita sentir-se como um ser destacado (no sentido de separado e singular) no mundo, pessoas com essas lacunas sentem-se confusas, sem acesso aos seus sentimentos, não reconhecem quem são. São estranhos para si mesmos, porque, na verdade, elas ainda não são. A experiência é de vazio. Nesses casos, a terapia representa a possibilidade de realizar um novo percurso ao longo do processo de construção de identidade. Pretendo ilustrar esses conceitos com a descrição do atendimento de um caso, no qual, entre outras questões trabalhadas, precisei exercer a função materna e aos poucos, graduar minhas intervenções para lhe proporcionar também a experiência da função paterna. A intenção é de oferecer as experiências necessárias para preencher as lacunas deixadas ao longo do seu processo de desenvolvimento e dessa forma, ajudá-lo a alcançar a experiência de um si mesmo integrado. Referências Bibliográficas AJZENBERG, T.C.P. ; CARDOSO, S.R. ; FERNANDES M.B. ; LAZAROS, E.A.; NOGUEIRA, C.R. Reflexões sobre o desenvolvimento da criança segundo a perspectiva da Gestalt Terapia. Revista de Gestalt São Paulo, n. 4, p. 87:92. 1995. AJZENBERG, T.C.P. ; CARDOSO, S.R. ; FERNANDES M.B. ; LAZAROS, E.A.; MAFFEI, C.M.;NOGUEIRA, C.R. A Gênese da construção da identidade e da expansão de fronteiras na criança. Revista de Gestalt. São Paulo, n. 7, p. 43:48. 1998.Downloads
Publicado
2014-01-10
Edição
Seção
Temas-Livres