TL 02: PSICOTERAPIA DE GRUPO NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO BIPOLAR: CONTRIBUIÇÕES GESTÁLTICAS
Palavras-chave:
GRUPO, TRATAMENTO, DEPRESSÃO, BIPOLARResumo
O transtorno afetivo bipolar (TAB) configura-se como uma questão de saúde pública, pois segundo (HILTY et al. 1999) sua prevalência está em torno de 1,5% da população. Também está associado a um elevado índice de mortalidade, 25% dos pacientes tentam o suicídio e 11% concluem seu intento. Em nossa realidade brasileira ainda é uma doença conhecida de forma limitada pelos profissionais de saúde e, portanto, subdiagnosticada, o que pode deixar grande parte da população desassistida (GOMES; LAFER, 2007). Dentre as características do TAB destaca-se a alteração da vida cotidiana dos pacientes e esta consiste, fundamentalmente, na saída do mercado de trabalho, no isolamento social e a consequente modificação das relações familiares, tanto pela necessidade de cuidado ao paciente quanto pela mudança nas condições financeiras (SEVERO; DIMENSTEIN, 2009). Estudos apontam que 1/3 dos pacientes apresenta estas condições (TUCCI, et al. 2001). Mesmo na ausência de sintomas aparentes, a experiência da doença transforma o modo de vida do paciente (JUSTO; CALIL, 2004). Compondo este espectro está a possibilidade de o diagnóstico persistir como um definidor de normalidade, de forma que as representações acerca da doença serão determinantes nas decisões do paciente (SEVERO; DIMENSTEIN, 2009). Compreendo saúde e doença como um paradoxo, como polaridades passíveis de integração em alternativa à exclusão de uma pela outra. Desta perspectiva a postura do psicoterapeuta configura-se na forma de um cuidado que “[...] significa, também, compreender o outro ser humano em busca de conhecimento de seus processos que, muitas vezes, transcendem o próprio sintoma que expressa” (FUKUMITSU, et al, 2009), ampliando, assim, as condições pelas quais ele estabelece o diálogo interno entre saúde e doença na direção da atribuição de sentidos e de poder compreender seu processo singular de adoecimento criando condições para vivenciá-lo de maneira saudável. Partindo destes pressupostos, e conforme postula (TELLEGEN, 1984) quando diz: “[...] parece-me teoricamente insustentável que um terapeuta que baseia sua atuação numa abordagem gestáltica, que justamente enfatiza a relação figura-fundo, evento-contexto, não considere explicitamente o contexto grupal no qual ocorre o trabalho[...]”, o grupo será um ambiente onde as pessoas sentem-se acolhidas, recebidas, aceitas e desafiadas, formando uma pequena comunidade de aprendizagem coesa. Em virtude deste tipo de grupo caracterizar-se como um microcosmos do verdadeiro ambiente social, delineia-se um terreno fértil para a ampliação da awareness grupal e por conseqüência a ampliação da awareness individual, privilegiando a possibilidade da pessoa descobrir-se e entender-se, uma vez que [...]”o contato é experienciado como a sensação da singularidade de cada um, a sensação da diferença que há entre os membros do grupo e também as semelhanças entre eles” (ZINKER, 2007, p.184). Finalmente, através das relações estabelecidas neste ambiente relativamente seguro e flexível, abre-se campo para que cada um de seus integrantes experiencie problemas pessoais, interpessoais e as inter-relações com o ambiente podendo desenvolver ao máximo seu potencial humano. Bibliografia FUKUMITSU, Karina Okajima; CAVALCANTE, Flaviana; BORGES, Marcelo. O cuidado na saúde e na doença: uma perspectiva gestáltica. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, abr. 2009 . Disponível em . acessos em 01 dez. 2010. GOMES, Bernardo Carramão; LAFER, Beny. Psicoterapia em grupo de pacientes com transtorno afetivo bipolar. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 34, n. 2, 2007 . Disponível em . acessos em 18 nov. 2010. doi: 10.1590/S0101-60832004000200005 SEVERO, Ana Kalliny de Sousa; DIMENSTEIN, Magda. O diagnóstico psiquiátrico e a produção de vida em serviços de saúde mental. Estud. psicol. (Natal), Natal, v. 14, n. 1, abr. 2009 . Disponível em . acessos em 18 nov. 2010. doi: 10.1590/S1413-294X2009000100008. TELLEGEN, T. A., Gestalt e Grupos – Uma perspectiva sistêmica. São Paulo: Summus Editorial, 1984. TUCCI, Adriana M; KERR-CORREA, Florence; DALBEN, Ivete. Ajuste social em pacientes com transtorno afetivo bipolar, unipolar, distimia e depressão dupla. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 23, n. 2, jun. 2001 . Disponível em . acessos em 18 nov. 2010. doi: 10.1590/S1516- 44462001000200006 ZINKER, J. Processo Criativo em Gestalt-terapia. São Paulo, Editora Summus, 2007Downloads
Publicado
2014-01-10
Edição
Seção
Temas-Livres