MC 03: O DESENVOLVIMENTO DA COMPREENSÃO SOBRE GRUPOS HUMANOS NA PERSPECTIVA DA GESTALT-TERAPIA

Autores

  • Rafael Gomes Souza Zunino

Palavras-chave:

DESENVOLVIMENTO, GRUPO

Resumo

Os fenômenos e processos envolvendo a análise e a intervenção em grupos humanos foram objetos de estudo e teorização em diversas abordagens da psicologia e das ciências sociais, em função de sua contínua utilização e constante relevância em diferentes momentos da história. Os conhecimentos produzidos acerca do tema, elaborados mormente por métodos empíricos, oferecem uma vasta gama de leituras e propostas de trabalho aos profissionais que ensejam incursões por este campo. A compreensão do objeto-grupo firmou-se, entretanto, ao longo da história, na associação ou negação a dois modelos: o de agrupamento-deindividualidades e o de todo-sociedade (Barros, 2009), instaurando uma dualidade que perpassa todas as elaborações teóricas no século XX. Por esta dualidade, a noção de grupo incorre, ou no retorno a um “solipsismo no coletivo” ou, por outro lado, a uma alienação na virtualidade do imaginário social. Não avança, assim, numa caracterização da vivência grupal como experiência mesma do descentramento, da nãocoincidência e da abertura ao não-eu, à não-unidade – justamente a perspectiva que, apostamos, a Gestalt-Terapia possa contemplar. Com este intuito, queremos abordar a compreensão dos grupos humanos sob a perspectiva da Gestalt-Terapia, apontando para uma construção fenomenológica da descrição dos processos grupais. Nossa proposta é discutir o trabalho de Perls com grupos, e as elaborações teóricas de Kurt Lewin e Joseph Zinker, hoje tomados como referências para os gestalt-terapeutas que trabalham com grupos. Propomos retomar as contribuições originais dos fundadores da Gestalt-Terapia, em suas intuições e elaborações conceituais e metodológicas, sob três aspectos essenciais, revisados e aprofundados por Müller Granzotto e Müller-Granzotto (2007), a saber: a influência da descrição organísmica de Kurt Goldstein na experiência clínica; o reconhecimento, na metapsicologia freudiana, da concepção brentaniana de fenômeno psíquico como todo intencional, emergente como “afeto” na experiência relacional; e, o resgate de uma leitura fenomenológica husserliana mais pertinente à teoria do self (Goodman, Hefferline e Perls, 1997), onde a noção espacial dos grupos cede lugar a uma perspectiva temporal. Todo este aporte para então indagarmos: é possível, no trabalho com grupos, superar a perspectiva topológica, espacial, em favor de uma perspectiva temporal? Em caso afirmativo, com este viés depreenderemos novas formas de configurar e intervir nos grupos? Referências Bibliográficas BARROS, R. B. (2009). Grupo: a afirmação de um simulacro. Porto Alegre: Sulina/Editora da UFRGS. GOODMAN, P.; HEFFERLINE, R.; PERLS, F. (1997). Gestalt-Terapia. São Paulo: Summus. MÜLLER-GRANZOTTO, M. J.; MÜLLER-GRANZOTTO, R. L. (2007). Fenomenologia e Gestalt-Terapia. São Paulo: Summus

Publicado

2012-09-06