Fórum 3: Prática clínica na contemporaneidade.

 

Ana Cristina Balieiro

 

Proposta

O nosso objetivo neste fórum é discutirmos como as questões inerentes à contemporaneidade se refletem na prática do Gestalt- terapeuta uma vez que este se coloca para/ em relação com o cliente como próprio instrumento da terapia.Tais questões como: solidão, consumismo exacerbado, violência urbana, perda dos referencias de tempo e de espaço em função dos avanços virtuais e dos fenômenos relativos à globalização, vão influenciar de forma drástica o fazer terapêutico e gostaríamos de propor uma discussão com os colegas de como estes estão experimentando esta realidade no seu dia-a-dia clínico.
Essa influência nem sempre se dá de forma clara ou perceptiva uma vez que ambos, cliente e terapeuta, estão imersos dentro desse “caldo” da contemporaneidade. Como exemplo, podemos questionar a visão corrente de que a saúde é um bem de consumo a ser adquirido. Um dado que aponta para isso é a forma como os planos de saúde estão encaminhando a obrigatoriedade de cobertura com relação à saúde mental. O terapeuta que se recusar a entrar nessa engrenagem corre o risco de elitizar sua clientela, uma vez que uma pequena parcela da população tem condições de pagar uma consulta particular.

Por outro lado, se entramos nessa engrenagem, passamos também a reforçar a idéia da saúde mental como mais uma das especialidades da medicina onde se busca uma relação entre os quadros clínicos e o mal-estar experimentado pela pessoa e a busca de uma medicação mais adequada para eliminá-los. Isto contribui também para a visão da saúde como algo a ser adquirido, um bem de consumo, fornecido a partir da ação de um especialista. Como sabemos a Gestalt-terapia não só foi nascida mas criada e alimentada no movimento de contra cultura da década de 60 onde os valores de saúde e bem estar estavam vinculados a busca de liberdade e de auto-expressão. Pretendemos, neste fórum, promover um contraponto entre as décadas passadas e a atual em busca de um olhar critico sob a inserção do Gestalt- terapeuta nesses parâmetros da contemporaneidade.

Nosso principal objetivo é, portanto, promover o diálogo e “atiçar” uma discussão mais aprofundada sobre o papel da psicoterapia e a postura do gestalt-terapeuta diante das problemáticas específicas da contemporaneidade, apontadas acima.


Bibliografia

Ciornai, Selma (organizadora). Gestalt-terapia, Psicodrama e Terapias Neo-Reichianas no Brasil – 25 anos depois. São Paulo: Ágora, 1995.

Holanda, A e Faria, Nilton (organizadores) . Gestalt-terapia e contemporaneidade. Campinas: Livro Pleno, 2005

Rodrigues, Joelson. Terror, Medo e Pânico. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006.

Schnitmam, Dora (organizadora). Novos Paradigmas, Cultura e Subjetividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

Yontef, Gary - Processo, diálogo e awareness. São Paulo: Summus, 1998.